sábado, 29 de julho de 2017

'O RESPEITO AO CRIADOR DA RIQUEZA É O COMEÇO DA SOLUÇÃO DA POBREZA'


'O RESPEITO AO CRIADOR DA RIQUEZA É O COMEÇO DA SOLUÇÃO DA POBREZA', Roberto Campos
É isto que os esquerdopatas não conseguem entender. 

Gilberto Carvalho foi recrutado por Gleisi Hoffmann para ajudá-la no PT

A senadora Gleisi Hoffmann (PR), presidente do PT, tirou o ex-ministro Gilberto Carvalho do Senado, onde estava como assessor parlamentar da liderança, para ajudá-la no comando do partido. 

Carvalho conhece a máquina partidária e os caminhos do diálogo entre as diversas correntes. Algumas delas não querem conversa com Gleisi.

Provas reunidas pela JBS-Friboi somam R$ 1,1 bilhão em propinas

A um mês do prazo estipulado para entregar à Procuradoria-Geral da República (PGR) evidências comprobatórias das delações feitas pelos irmãos Joesley e Wesley Batista, da JBS, um conjunto de documentos incluindo planilhas, comprovantes bancários, notas fiscais frias, contratos fraudulentos e contas secretas no exterior mostram que a empresa destinou R$ 1,1 bilhão em propinas a políticos ou empresas indicadas por políticos entre 2006 e 2017. Desse volume, segundo reportagem da revista "Época", que teve acesso exclusivo ao conjunto de papéis, R$ 301 mil ocorreram em dinheiro vivo e R$ 395 mil por meio de empresas indicadas por políticos, além de R$ 427,4 milhões em doações oficiais.

Do papelório, emergem provas como recibos de pagamentos fraudulentos a empresas indicadas à JBS, durante a campanha eleitoral de 2010, pelo então candidato a vice-presidente Michel Temer (PMDB) ou do candidato a presidente José Serra (PSDB). Ou extratos das duas contas mantidas nos Estados Unidos, com saldo de US$ 150 milhões de propina do BNDES, para financiar a campanha da candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) e dos partidos que se aliaram a ela. Para a primeira campanha da petista, em 2010, foram destinados R$ 12 milhões, segundo “Época”.

De acordo com a revista, a JBS relata que R$ 21,7 milhões foram distribuídos, a pedido de Temer, a aliados políticos e amigos em campanhas eleitorais ou fora delas. A publicação traz uma reprodução do que seria uma nota fria da empresa do marqueteiro do presidente, Elsinho Mouco, para justificar dinheiro pedido por Temer à JBS.

Ainda segundo a reportagem da “Época”, para Temer foram destinados R$ 2,2 milhões na campanha de 2010 por meio de pagamentos com notas frias de empresas indicadas por ele. Outros R$ 9 milhões foram por meio de doação eleitoral oficial. A reportagem aponta que, segundo os executivos da JBS, R$ 138 milhões foram usados nas campanhas de 2010 e 2014 para comprar partidos que hoje defendem o presidente no Congresso. A revista reproduz uma nota fria emitida por uma empresa de Salvador ligada ao PR.

 ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso, teria recebido R$ 3 milhões na campanha de 2014 em dinheiro vivo. Ao núcleo do PMDB no Senado, composto por cinco parlamentares, teriam sido destinados R$ 29,1 milhões. Para o núcleo do partido na Câmara, foram R$ 55,2 milhões, de acordo com a revista.

Ao PT, de acordo com os delatores, foram remetidos US$ 151 milhões no exterior e R$ 111,7 milhões no Brasil a título de propina paga em troca de financiamentos à JBS obtidos no BNDES. Já o montante aplicado em candidatos do PSDB nas campanhas de 2010 e 2014 foi de R$ 42,2 milhões. A revista traz a reprodução de um recibo que seria fraudulento e foi emitido por uma empresa indicada pela campanha de José Serra para dar apareência legal a uma doação de dinheiro em 2010. O senador Aécio Neves teria recebido R$ 5,3 milhões na campanha de 2010 em dinheiro vivo e outros R$ 12 milhões por meio de notas frias de empresas indicadas por ele.

Há também novidades, segundo a revista. Provas do pagamento de US$ 1 milhão ao ex-ministro Antonio Palocci por meio de conta nos Estados Unidos. E pagamentos em dinheiro a políticos que fazem parte do atual governo, como Eunício de Oliveira, presidente do Senado, e aos ministros Bruno Araújo, Gilberto Kassab, Helder barbalho e Marcos Pereira. Kassab teria recebido, até o ano passado, cerca de R$ 18 milhões.

Os registros mostram que houve um aumento de 4.900% nos gastos da JBS com pagamentos irregulares ao longo de três eleições. Os valores saltaram de modestos R$ 12,5 milhões, em 2006, para R$ 617 milhões, em 2014. Na reeleição de Lula, a empresa pagou propinas a políticos de 11 partidos em seis estados; na reeleição de Dilma Rousseff, esse número subiu para 27 partidos, cobrindo todo o território nacional.

De acordo com a reportagem, o acervo demonstra que a JBS não fazia distinção entre os partidos. Não existia um "corte ideológico", o valor do político era proporcional à capacidade de proporcionar benefícios à empresa. Em estados como Ceará, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, onde a empresa tinha mais interesses comerciais, o volume de dinheiro distribuído era proporcionalmente maior.

OUTRO LADO

Em nota enviada à revista, Temer disse jamais ter ordenado “ao meliante Joesley Batista qualquer pagamento a quem quer que seja. Nem o fez a nenhum de seus capangas”. “A delação é uma peça de ficção, baseada em mentiras e ilações”, afirmou o presidente.

O marqueteiro Elsinho Mouco afirmou, por meio de nota que Joesley Batista se dispôs, “voluntariamente”, a bancar os custos de monitoramento e proteção digital a Temer durante o impeachment e que tem toda a documentação que comprova o trabalho.

A Dilma Rousseff afirmou, em nota, que todas as doações feitas a sua campanha foram dentro da lei, “conforme determina a legislação, registradas e aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral”. O texto diz ser “inaceitável que, mesmo com os recursos registrados conforme determinam as normas legais, insinue-se agora que o dinheiro teria como origem algum tipo de ilicitude”.

Eunício Oliveira disse à “Época” que as informações são “inverídicas”. Os quatro ministros de Temer citados negam as acusações. A defesa de Marcos Pereira afirma que está à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos necessários. O ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho disse, em nota, que “a doação era prevista em legislação vigente à época” e Fernando Bezerra Filho, ministro de Minas e Energia, disse que não comentaria a reportagem da revista porque “o nome do ministro não aparece” em qualquer documento público referente às delações da JBS. O ministro das Comunicações, Gilberto Kassab, afirmou que a empresa de sua família presta serviços à JBS há anos e que já enviou esclarecimentos à Receita Federal. A defesa de Eduardo Cunha afirmou à revista não ter conhecimento sobre os fatos citados.

A defesa de Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou que “os valores recebidos da JBS pelo PSDB estão devidamente declarados ao TSE” e que se tratam de “doações oficiais, desvinculadas de qualquer contrapartida ou ilegalidade”. Já o senador José Serra declarou que as doações foram declaradas na forma da lei.

Alberto Youssef: 'Não menti. Era evidente que Lula e Dilma sabiam de tudo'

Quando o doleiro Alberto Yous­sef foi preso, na manhã de 17/03/2014, nem o mais perspicaz dos investigadores da Operação Lava-Jato tinha ideia do tamanho do peixe que fora fisgado. No escritório de Youssef em São Paulo, a Polícia Federal apreendeu uma infinidade de documentos. Mensagens de celular mostravam o doleiro como interlocutor frequente de políticos importantes. Planilhas e contratos listavam personagens de alto quilate do empresariado nacional. 

No meio de tudo, uma nota fiscal de aparência irrelevante — apenas na aparência. Juntas, as evidências sugeriam que ainda havia muito mais a ser descoberto na investigação que tinha como alvo uma obscura casa de câmbio que funcionava em um posto de gasolina em Brasília. Quase por acaso, os agentes esbarraram em algo que envolvia de golpistas contumazes a grandes empreiteiras, de altos funcionários públicos a autoridades de grosso calibre. 

Mas qual seria o elo entre eles? Depois de seis meses preso e diante da perspectiva de uma condenação que poderia chegar a algumas décadas, Youssef decidiu assinar um acordo de delação premiada. Em troca da redução de pena, contou às autoridades o que sabia — e sabia muito. Sabia, principalmente, os fios que uniam os personagens aparentemente tão distintos: um gigantesco esquema de corrupção.

Em seus depoimentos, o doleiro contou que empreiteiras como Odebrecht e OAS eram suas clientes, contou que distribuiu milhões em propina a políticos e contou que participou de reuniões secretas em gabinetes de autoridades. A tal nota fiscal, por sua vez, era referente à compra de um carro importado, gentilmente presenteado a um diretor da Petrobras. Era a ponta do iceberg cujo tamanho espantaria o país. 

O doleiro Youssef foi o primeiro dos delatores a dizer que os ex-presidentes Lula e Dilma sabiam das trapaças na Petrobras, como revelou VEJA em outubro de 2014. 

Hoje, os políticos e empresários que ele denunciou estão presos, condenados ou sob investigação. Alberto Youssef cumpriu três anos de prisão. Foi para o regime aberto em março passado. 

Em duas oportunidades distintas, o doleiro falou com exclusividade a VEJA sobre a vida dentro e fora da cadeia. 

Leia abaixo os principais trechos dessa entrevista.

Três anos não é pouco tempo de prisão para quem se envolveu num escândalo dessa proporção? 
Vocês não sabem o que é ficar preso no meio de um tiroteio desse tamanho. Vocês nem sonham. Uma semana só já é uma eternidade. Tem uma série de coisas que só sabe quem está preso. Mas o importante é que entrei pela porta da frente, saí pela porta da frente. Colaborei com a Justiça. Saí de cabeça erguida.

Qual é o sentimento que predomina? 
Estou alegre, feliz. Imagine a ansiedade de chegar em casa, tomar um banho, encontrar minhas filhas, ficar com elas. Passar um dia preso é uma infinidade. Eu fiquei três anos. A única coisa que eu queria era ver as meninas, sentar com elas, abraçar, beijar. O básico. É um recomeço depois de passar o pior.

O senhor foi o primeiro a dizer que Lula e Dilma sabiam do esquema de corrupção na Petrobras. 
E eu menti? Eu não menti. Se tem uma coisa em que você não vai me pegar é na mentira. Eu tive a coragem de falar. Era evidente que eles sabiam de tudo. O Lula já está condenado. Eu disse que derrubaria a República. E derrubei.

Qual é a rotina de delator? 
Eu confesso que não gosto muito da palavra delator. Gosto mais do termo colaborador. Delator é um cara que alcaguetou. E não foi isso que eu fiz. Mas não é fácil exercer esse papel. A pior das consequências foi ter a vida da minha família vasculhada.

Como foi conviver na cadeia com aqueles que já representaram a nata do poder? 
Convivi com todos eles e não tive diferença com ninguém. Estive com Léo Pinheiro (ex-presidente da OAS), Renato Duque (ex-diretor da Petrobras), Pedro Corrêa (ex-deputado), Marcelo Odebrecht (dono da empreiteira Odebrecht), um tal de Paulo e outro Flávio (Macedo, operador ligado a José Dirceu, chefe da Casa Civil no governo Lula). Tem pessoas que são verdadeiras e outras que fazem que são verdadeiras, mas não são. Garanto que duas ou três pessoas ali ficaram felizes de eu ter saído da cadeia. O resto, não.

Como era a relação com o ex-deputado Eduardo Cunha, que virou seu desafeto? 
A própria Polícia Federal tomou o cuidado de deixá-lo totalmente separado, sem que a gente pudesse se encontrar. Ele não criou confusão. Ficava lá na celinha dele, quietinho. Foi isolado para evitar problemas. Nós nos cruzamos durante o atendimento de advogado uma ou outra vez. Eu saindo do parlatório e ele chegando. Mas nem cumprimento rolou.

Vocês ficaram separados para evitar um conflito? 
Eu não tenho bronca nenhuma de ninguém. Mas logicamente não conversei com o Eduardo Cunha. Quando ele estava no poder, quis ferrar as minhas filhas. Quis ferrar a minha esposa — pessoas que nunca participaram de nada. Eu nunca deixei que a minha esposa e as minhas filhas chegassem perto dos meus negócios. Eu nem sequer depositava dinheiro na conta-­corrente delas. Zero. Nunca participaram ou souberam de nada. E o cara vem querer ferrar as minhas filhas?

O senhor está se referindo à acusação de que o senhor mantinha contas bancárias escondidas no exterior? 
Naquele dia (refere-se ao dia em que depôs na CPI da Petrobras no Congresso), se não fosse o advogado do Paulo Roberto Costa me segurar, eu tinha pulado para cima do Pansera (deputado Celso Pansera, aliado de Cunha, que Youssef acusou de ser “pau-mandado” do ex-presidente da Câmara). Foi o advogado do Paulo que me segurou. Eu sabia que o Eduar­do Cunha estava por trás das besteiras que ele estava falando.

Por quê? 
Antes de Eduardo Cunha pôr a Kroll (empresa de investigação internacional contratada pela Câmara dos Deputados para auxiliar o trabalho da CPI da Petrobras) atrás de mim e das minhas filhas para tentar me ferrar, eu tinha feito uma carta para ele enviar ao Supremo dizendo que uma história que tinham contado lá, que o comprometia, não era verdadeira. E não era verdadeira mesmo. Eu desmenti, ajudei o cara. Depois disso, ele se elegeu presidente da Câmara, e vem querer ferrar a minha família. O meu problema com o Eduardo Cunha é só esse.

O senhor acha que a Lava-Jato vai mudar a forma de lidar com a corrupção no país? 
Não vejo interesse em mudar os costumes políticos. Essa fase de Lava-Jato vai passar, e vai continuar tudo como está. O sistema vai continuar. O Brasil não vai mudar.

Alguém foi preso injustamente? 
Não é porque sou amigo do Pedro Corrêa, mas para que prender o Pedro? Ele ficou preso três anos. Ele tem diabetes, insuficiência renal, tudo que é doença que você possa imaginar… Ele toma 45 remédios por dia. Você tem de estar cuidando dele 24 horas. Tem outro cara, gente boa, o Flávio, que não merece estar ali. Ele se ferrou porque era chegado ao José Dirceu. Dizem que ele é laranja do cara.

É verdade que o senhor ficou amigo do ex-ministro Antonio Palocci? 
O Palocci ficou triste no começo, mas ele é um cara forte, tranquilo. Foi ministro da Fazenda durante três anos, ajudou o país a tirar o dólar de 4,20 para 1,60. Ajudou a baixar uma taxa de juros de 23% ao ano para 7,5%. Aí sai do governo, uma empresa o procura para dar consultoria. Ele não vai? Eu acho que foi isso que aconteceu com o Palocci. Não estou dizendo que ele não pediu dinheiro para campanha. Isso é outra coisa. Coitado.

Como é o dia a dia na prisão? 
O problema é durante o frio. Todo mundo fica de chinelo de dedo na cela. No frio, o cara colocava aquele Crocs com uma meia e pronto. E tem aqueles casos isolados. O Léo Pinheiro roncava muito. O Renato Duque também incomoda todo mundo. Ele, para você ter uma ideia, almoçava e ia dormir. Roncava a tarde inteira. Ninguém conseguia descansar. Tem gente disciplinada, como o Marcelo Odebrecht, que faz oito horas de ginástica e    come 5 000 calorias por dia. A cela dele é cheia de comida. O mais gente boa era o Adir (Adir ­Assad, dono de empresas de fachada que lavavam dinheiro do petrolão), um showman. E o Cerveró (Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras), que tem uma história engraçada. Ele foi flagrado fazendo coisas estranhas na cama, debaixo dos lençóis (risos).

Os críticos da Lava-Jato dizem que a cadeia tem servido como um instrumento para forçar o sujeito a fazer delação. 
Rapaz, não tem um ali que não quer fazer delação. A verdade é essa. Basta ver a fila.

Incluindo os petistas flagrados no esquema? 
O Vaccari (João Vaccari, ex-­tesoureiro do PT) já andou pensando… O Vaccari é um cara que não tem um centavo para puxar para ele. Um cara correto. Eu digo sempre que tem dois caras que não roubaram ali. Um sou eu. O outro é o Vaccari. No esquema da Petrobras eu, como operador, tirei a minha comissão e mandei o dinheiro roubado para quem devia. O Vaccari fez a mesma coisa. O dinheiro roubado entrava e ele mandava para o PT. Não ficou com um centavo para ele.

Mas vocês dois estavam envolvidos num esquema de corrupção, não? 
Mas não roubamos. Éramos prestadores de serviço. O dinheiro era dos outros.

O Brasil é mesmo um país movido a propina? 
Só se faz obra se pagar. Se não pagar, não faz. Veja o caso do Marcelo Odebrecht. O cara está em não sei quantos países. Tem uma estrutura enorme. Quantas vezes eu fiquei na recepção desses caras uma hora, duas horas, três horas, até seis horas… O cara passava, olhava e eu estava lá, e ele falava: “Só mais um pouquinho”. Fazia isso para ver se eu ia embora. Esses caras não querem pagar a ninguém. Pagam porque são obrigados. Tem de mudar o sistema.

Os políticos com os quais o senhor convivia também foram induzidos? 
Tem político que faz dinheiro para campanha e faz campanha os quatro anos. E tem político que faz dinheiro para pôr no bolso. São diferentes.

O senhor acha que um é melhor que o outro? 
Não estou dizendo isso. O que eles fazem é ilícito. O que estou dizendo é que, perante a visão de alguns partidos, o cara que põe no bolso é pior.

O senhor concorda? 
Partido político é uma m…!

Como o senhor pretende tocar a sua vida em liberdade? 
Estou procurando emprego. Qualquer coisa que eu possa fazer para recomeçar. Ainda estou rea­tivando meu CPF, resolvendo coisas básicas. Agora, não posso abrir uma quitanda na esquina. Tenho de trabalhar com o que eu sei fazer, que é mercado financeiro. Mas quem vai me contratar? É bem complicado.

O senhor vai escrever um livro? 
Já está na fase final. Vou ser totalmente autêntico, sem leviandade, uma coisa séria. Acho que a história é muito boa. Não quero fazer um livro só do que aconteceu na Lava-Jato. Temos uma história toda que aconteceu antes da Lava-Jato que daria um bom livro. Vou contar a verdadeira história. Quem não está preso não tem a mínima ideia do que acontece. O que sai publicado na imprensa não chega nem perto do que se vive lá na prisão.

A vida tem sido difícil?
Vi escrito em um monte de lugar que eu iria levar uma vida de luxo em São Paulo, morando em um prédio com vista para o Parque Ibirapuera. Não tem nenhum luxo na minha vida. Mal consigo ver minhas filhas, que trabalham para ganhar a vida.

Sua família sofre com essa situação? 
Você tem ideia do que é uma filha precisar abrir uma conta-salário no banco e não conseguir por causa do sobrenome? É muito difícil.

OS LUDISTAS “MODERNOS” E O BRASIL NA VANGUARDA DO ATRASO

No Brasil, o ludismo ainda vinga. Para quem não lembra, os ludistas eram aqueles que depredavam as máquinas a vapor durante a Revolução Industrial temendo o desemprego que elas gerariam.
A seguir, leia a ìntegra do artigo de Rodrigo Constantino: 
OS LUDISTAS “MODERNOS” E O BRASIL NA VANGUARDA DO ATRASO

Um protesto de taxistas em frente ao prédio da Prefeitura do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (27), terminou em confronto entre manifestantes e policiais militares. O ato seguia sem registro de confusão até 11h15, quando o tumulto começou e rapidamente se intensificou.
Os motoristas lançaram garrafas, morteiros e outros objetos em direção aos PMs, que responderam com bombas de gás lacrimogêneo e disparos de bala de borracha.
O ato –convocado em repúdio aos aplicativos de transporte de passageiros, tais como Uber e Cabify– começou durante a madrugada e, por volta das 8h, motoristas saíram em carreata com destino ao prédio da administração municipal, no centro da capital.
Apesar do tumulto criado pela máfia dos taxistas, apenas quatro deles foram multados, mostrando a leniência das autoridades.
No Brasil, o ludismo ainda vinga. Para quem não lembra, os ludistas (e o corretor automático insiste em mudar para “budistas”, que seriam talvez o seu oposto, ao menos no que diz respeito ao pacifismo) eram aqueles que depredavam as máquinas a vapor durante a Revolução Industrial(*) temendo o desemprego que elas gerariam.
Todo avanço tecnológico gera mudanças no mercado de trabalho, muitas vezes rupturas violentas. Não é confortável para quem se vê como vítima delas. Mas os economistas já cansaram de provar que são benéficas para a imensa maioria, e que, com o tempo, novos e melhores empregos são criados para todos.
O problema maior é a fase de transição. É preciso apostar no dinamismo do livre mercado, investir em treinamento constante, ter mobilidade. Nem sempre os trabalhadores aceitam isso. Em países que ficam mais atrasados, eles conseguem se organizar para impedir os avanços, preservar por meio de intervenções estatais o status quo, o atraso.
Quando a indústria chegou para revolucionar as sociedades agrárias, muitos chiaram, acreditando que seria o fim. Hoje, menos de 3% da população americana trabalha no campo, o país é um dos maiores produtores rurais do mundo, e a riqueza geral aumentou de forma exponencial. Não há o MST para atazanar a vida dos produtores, que investem pesado em máquinas modernas. Da indústria para os serviços ocorre fenômeno parecido.
Mas claro que o ritmo de crescimento não é igual para todos. Aqueles mais especializados e preparados colhem os frutos com seus trabalhos mais produtivos, agregam mais valor para a sociedade, enquanto os demais, ainda que tenham acesso a produtos mais baratos e maior conforto material, sentem o peso da desigualdade, e podem ser seduzidos pelo discurso da inveja (o socialismo), que foca apenas na relação entre os mais ricos e mais pobres, nunca na relação entre os “pobres” de hoje e os de ontem, ou então pelo discurso nacionalista, que culpa a globalização e o livre mercado por essa fase dura de transição.
Diante desse cenário cada vez mais fluido e global, quem vai sobreviver e prosperar são aqueles que investirem pesado em tecnologia, educação de ponta (não “humanas”, pois “estudar” a importância do ânus no funk ou feminismo não agrega absolutamente nada), e facilitarem o funcionamento do livre mercado.
O Japão, por exemplo, resolveu declarar guerra à área de “humanas” para focar em conhecimento prático e objetivo na produção científica. Está ciente do que vem pela frente. Os Estados Unidos ainda possuem áreas de excelência em tecnologia, como o Vale do Silício, além de um mercado de capitais avançado para permitir o financiamento desses projetos inovadores. Elon Musk, o bilionário da Tesla e da SpaceX, tem investido pesado na robotização, tanto que parece já viver no mundo de “Blade Runner” em sua cabeça, apostando que robôs farão tudo melhor do que humanos e que podem ser até uma ameaça em alguns sentidos.
Enquanto isso, o que faz nosso querido Brasil? Permite que máfias organizadas infernizem a vida de milhões de trabalhadores, em cenário com 15 milhões de desempregados, para “protestar” contra o Uber! E pior, muito pior: como sempre estamos na vanguarda do atraso, nosso governo resolveu aumentar a tributação de empresas de “venture capital” e anjos, ou seja, aquelas que justamente investem nas startups, normalmente de tecnologia.
Mas também, como esperar algo muito diferente de um país que teve, como ministro da ciência, ninguém menos do que o comunista Aldo Rabelo, o mesmo que apresentou projeto de lei contra a automação nos postos de gasolina? Segundo o autor do projeto, deputado Aldo Rebelo (PC do B-DF), a proibição da automação dos postos garante cerca de 300 mil empregos de frentistas. “O projeto garante empregos, saúde e segurança”, afirmou.
Sim! Tanto que eu mesmo abasteço meu carro toda semana sozinho aqui nos Estados Unidos, um país sem dúvida com muito mais problema de emprego do que o Brasil. Ops! Seguindo a “lógica” do comunista, se proibíssemos a eletricidade salvaríamos vários empregos dos produtores de velas e lampiões!  Frédéric  Bastiat deve estar se revirando no túmulo ao constatar que, no Brasil, aquilo que ele ensinou em 1850 ainda é tido como “revolucionário” e “radical”.
O Brasil cansa. E os ludistas “modernos” podem espernear à vontade, brigar contra o destino, mas não serão capazes de impedir o progresso para sempre. Vão conseguir apenas manter o Brasil lá na rabeira, na miséria, na mediocridade, até que mais e mais gente alienada aponte para a globalização ou o capitalismo como culpados por nossa triste condição.
O que não dá é alguém achar que, em pleno século XXI, está em condições favoráveis de enriquecer e competir com uma banana em uma mão e uma saca de café na outra. Depois não adianta ficar reclamando dos baixos preços de nossos produtos no mundo, enquanto os “imperialistas” nos “empurram” produtos caros, como computadores e outros bens de alta tecnologia.
Aí, quando o mundo ocidental capitalista estiver vivendo a realidade imaginada nos filmes de ficção, com um R2-D2 ou um C-3PO ajudando seres humanos no trabalho, lá estaremos nós, brasileiros, montando em jegues ou pagando mais só para um sujeito colocar gasolina no nosso carro, como se fôssemos retardados.
O ressentimento será inevitável, como já é para milhões de muçulmanos do Oriente Médio, que vivem no século XVIII em pleno século XXI, e pior: podendo ver com os próprios olhos a outra realidade possível que os “malditos” ocidentais criaram. O ódio é apenas natural, mas não venham culpar aqueles que progrediram por mérito próprio!
Rodrigo Constantino

Gazeta do Povo conteúdo

(*) Nota BECC: Revolução Industrial - Inglaterra, período entre 1760 e algum momento entre 1820 e 1840.

O PT AGITA A MARÉ VERMELHA DO FORO DE SÃO PAULO

O que o PT, através de sua presidente, apoia na Venezuela é: 1º) uma constituinte inventada para compensar a perda de apoio popular e a derrota na eleição parlamentar; 2º) uma regra eleitoral que permitirá ao governo vencer mesmo sem votos universais suficientes; 3º) uma sentença do ditador determinando que vai às armas (e ele tem todas) se ainda assim for derrotado.
O PT AGITA A MARÉ VERMELHA DO FORO DE SÃO PAULO, por Percival Puggina
Quem pensou que o Foro de São Paulo perderia força com suas derrotas na Argentina, Paraguay, Honduras e os escândalos no Brasil, deveria dar uma lida nas resoluções do seu 23º Encontro, encerrado em 18 de julho, em Manágua.
 De sua leitura se depreende que "democracia", na perspectiva dos partidos do Foro, é o que acontece quando, através deles (que tolos não são), seus militantes em camisas vermelhas, identificados como "o povo", exercem o poder. Alinhadas com Antonio Gramsci, essas legendas reservam para si os papéis de novos Príncipes de Machiavel. E vivem como tal, que ninguém faz revolução para passar necessidade, não é mesmo, senadora Gleisi Hoffmann?
 Não surpreende, portanto, que persista, mesmo sob o sol dos fatos, o apoio desses partidos ao regime venezuelano. "Em respaldo à luta do povo venezuelano e defesa da Revolução Bolivariana" o FSP se declara em "estado de alerta e Sessão Permanente". Todas as tropelias, todos os mortos, toda a miséria causada encontra justificação na causa política.
Ninguém no Brasil, fora do estreito círculo de extremistas concentrados no PT e nas pequenas legendas que com ele pegam carona, haverá de negar a completa ruptura do país vizinho com a democracia e com o estado de Direito. A Venezuela faliu sob a estupidez de um governo comunista e seu povo está sendo executado nas ruas, por ordem de um ditador que arroja milícias e polícias contra multidões desarmadas. Mas para obscurecer a realidade, a declaração final do 23º encontro recomenda às militâncias virtuais e aos professores que vinculem "o estudo de História com a Teoria Revolucionária, para dar batalha na luta das ideias, que é a mais importante das lutas revolucionárias". Conforme o meu artigo "Por que tantos professores de História são comunistas?", danem-se os fatos!
Nesse cenário, durante a reunião do Foro, a senadora Gleisi Hoffmann, assim se expressou:
“O PT manifesta seu apoio e solidariedade ao governo do PSUV, seus aliados e ao presidente Nicolás Maduro frente à violenta ofensiva da direita contra o governo da Venezuela e condenamos o recente ataque terrorista contra a Corte Suprema. Temos a expectativa que a Assembleia Constituinte possa contribuir para uma consolidação cada vez maior da revolução bolivariana e que as divergências políticas se resolvam de forma pacífica."
Essa farsa constituinte - denominada por Maduro "comunitária e chavista" - que o PT defende para a Venezuela está urdida de tal maneira que a oposição, mesmo com 80% da opinião pública, não vai compor maioria porque a regra definida, meio distrital majoritária, meio sei-lá-o-quê, o impedirá: dos 540 constituintes, 176 serão eleitos entre movimentos sociais controlados pelo chavismo; as grandes cidades, onde se concentra a maior parte da população e onde haveria votos universais suficientes para derrotar o chavismo, elegerão apenas dois representantes, de modo que por mais votos que o candidato oposicionista faça, sempre se elegerá um chavista em segundo lugar. É uma regra para perder e, assim mesmo, vencer. Com as bênçãos do petismo.
Se você não se sente ameaçado com isso, alarmado com isso e não dá importância a isso, assista este vídeo sobre a violência que grassa na Venezuela de Maduro. E se lhe parece pouco, pondere esta frase proferida pelo ditador no dia 27 de junho:
"Si Venezuela fuera sumida en el caos y la violencia y fuera destruida la Revolución bolivariana, nosotros iríamos al combate, nosotros jamás nos rendiríamos y lo que no se pudo con los votos lo haríamos con las armas, liberaríamos nuestra patria con las armas".
Resumindo, o que o PT, através de sua presidente, apoia na Venezuela é: 1º) uma constituinte inventada para compensar a perda de apoio popular e a derrota na eleição parlamentar; 2º) uma regra eleitoral que permitirá ao governo vencer mesmo sem votos universais suficientes; 3º) uma sentença do ditador determinando que vai às armas (e ele tem todas) se ainda assim for derrotado.

Lula é o nome mais rejeitado pelos brasileiros

Conforme levantamento divulgado ontem, dia 28, pelo instituto Paraná Pesquisas feito com exclusividade para a ISTOÉ revela que o ex-presidente Lula é o nome mais rejeitado por 55,8% da população. 
Por isso, Lula tem tudo para personificar o adversário dos sonhos num segundo turno. Ou seja, aquele moldado para perder, a despeito de ser o único praticamente assegurado numa segunda fase da eleição – claro, se conseguir escapar da condenação e homologar sua candidatura. 
O mais surpreendente, no entanto, no levantamento da Paraná Pesquisas, é que Lula não é o único a assumir essa condição de possível “candidato destinado à derrota” num segundo turno. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o deputado Jair Bolsonaro (PSC) também são potenciais candidatos a experimentar o mesmo infortúnio. Alckmin registra 54,1% de reprovação, enquanto Bolsonaro 53,9%. Ou seja, mesmo numa hipotética disputa de segundo turno em 2018 contra Lula, hoje o nome mais rejeitado pela população, tanto Alckmin quanto Bolsonaro correm sérios riscos.
“Se Lula, Alckmin e Bolsonaro não conseguirem reduzir a rejeição, dificilmente ganham a eleição de 2018. E se Alckmin ou Bolsonaro forem os adversários de Lula num segundo turno, tudo pode acontecer. Até a vitória de Lula”, afirmou Murilo Hidalgo, diretor do instituto. 
O QG do governador tucano tem um motivo extra para preocupação. A pesquisa apontou um desastroso desempenho de Alckmin no Sudeste, região onde ele deveria nadar de braçada: apenas 10,6% declararam apoio a ele.
O menos rejeitado da lista de sete presidenciáveis, segundo o instituto Paraná Pesquisas, é o prefeito de São Paulo, João Doria. Perguntados se votariam em Doria para presidente do Brasil, 42,2% responderam “não”. O tucano também é o menos conhecido entre todos os nomes elencados: 15,4% disseram não conhecê-lo suficientemente para opinar. Além de Doria, Alckmin, Bolsonaro e Lula, o levantamento incluiu os nomes de Joaquim Barbosa, Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT) na hora de aferir a reprovação. 
Cabe lembrar que os índices de rejeição são determinantes para definir o resultado do segundo turno das eleições, que é quando o pleito assume um caráter quase que plebiscitário. Por exemplo, com Lula na segunda etapa da eleição, a população vai escolher se quer ou não ele de volta à Presidência da República. 
Se mais de 50% o reprovarem, como já indicam os números do instituto Paraná Pesquisas, ele pode até conquistar a vaga no segundo turno, como Paulo Maluf em 1998, mas não vence as eleições. A não ser que os adversários sejam Alckmin ou Bolsonaro, cenário em que o jogo estaria totalmente embolado.
O instituto Paraná Pesquisas não se limitou a medir o grau de aversão aos candidatos. Para tentar identificar quem potencialmente pode vir a encarnar o anti-Lula, aquele com mais condições de derrotá-lo, o levantamento fez a simulação de “Lula contra todos” individualmente. Neste cenário, os mais bem sucedidos foram Jair Bolsonaro e João Doria, com 32,3% e 32,2% respectivamente – situação de empate técnico. Em seguida apareceram Joaquim Barbosa (31,1%), Marina Silva (29%) e Alckmin (26,9%). 
A exemplo do que ocorria com Maluf, em 1998, Lula também supera os adversários nas pesquisas de segundo turno – o “fator rejeição” em geral se faz menos presente nesse tipo de simulação. 
Como Lula, Maluf também demonstrava não só musculatura eleitoral como favoritismo nos levantamentos prévios de segundo turno. 
Quando a disputa foi para valer mesmo, a rejeição se impôs e inviabilizou suas chances de vitória.
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Diálogo sobre tributação, da peça teatral 'Le Diable Rouge' (reinado de Luís XIV, século XVIII) ... bem atual

Os tempos e os regimes mudam mas as motivações das pessoas mantêm-se. "Le Diable Rouge" é uma peça teatral de 2008, de autoria de Antoine Rault.
O extrato seguinte, dela retirado, é um diálogo entre Jean-Baptista Colbert, ministro da Fazenda  e Cardeal Mazarino, primeiro-ministro de Luís 14, passado noutro tempo e noutro lugar, no reinado de Luís XIV, em França. Mas bem poderia ter sido aqui no Brasil atual.

Colbert: – Para arranjar dinheiro, há um momento em que enganar o contribuinte já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é possível continuar a gastar quando já se está endividado até o pescoço…

Cardeal Mazarin: – Um simples mortal, claro, quando está coberto de dívidas, vai parar à prisão. Mas o Estado… é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se… Todos os Estados o fazem!

Colbert: – Ah, sim? Mas como faremos isso, se já criámos todos os impostos imagináveis?

Mazarin: – Criando outros.

Colbert: – Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.

Mazarin: – Sim, é impossível.

Colbert: – E sobre os ricos?

Mazarin: – Os ricos também não. Eles parariam de gastar. E um rico que gasta faz viver centenas de pobres.

Colbert: – Então como faremos?

Mazarin: – Colbert! Tu pensas como um queijo, um penico de doente! Há uma quantidade enorme de pessoas entre os ricos e os pobres: as que trabalham sonhando enriquecer, e temendo empobrecer. 
É sobre essas que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Quanto mais lhes tirarmos, mais elas trabalharão para compensar o que lhes tiramos. 
Formam um reservatório inesgotável. 
É a classe média!


Nota: favor não confundir o texto se passando no reinado de Luís XIV com a data da peça. Essa peça foi escrita em 2008 pelo autor teatral Antoine Rault, na França. Foi premiada em 2009 na França.

Amigos de Bendine apostam que ele fará delação

Os colegas do ex-presidente do BB e da Petrobrás Aldemir Bendine, preso pela Lava Jato, dizem não ter dúvidas de que ele deve partir para a delação premiada caso sua prisão temporária se converta em provisória, quando não há prazo para a soltura. 

Bendine é descrito como depressivo e fumante inveterado, vício que será obrigado a abandonar na carceragem da PF. Há dúvidas se ele terá provas para revelações que vier a fazer. Mas há uma certeza: se ele falar, seu alvo será o ex-ministro Guido Mantega, de quem era muito próximo. 

Bendine também era muito próximo de Dilma Rousseff, que o nomeou para a Petrobrás. Foi na gestão dele que a empresa revelou ter destruído áudios das reuniões sobre a compra de Pasadena, negócio autorizado pela petista. 

Foi Gilberto Carvalho quem convenceu Lula a nomear Aldemir Bendine presidente do Banco do Brasil.

Ex-aliado de Aldemir Bendine, o atual presidente do BB, Paulo Caffarelli, se afastou dele ainda na gestão Dilma.

Os dois se estranharam quando Bendine pediu a Dilma para que seu sucessor no comando do banco fosse Alexandre Abreu e não Caffarelli, que já estava praticamente nomeado.

Aldemir Bendine ainda tem três aliados na estrutura do BB. O vice-presidente de varejo e gestão de pessoas, Walter Malieni; o vice-presidente de negócios e atacado, Maurício Maurano, e Paulo Ricci, chefe do BB DTVM.

Esses aliados de Aldemir Bendine no Banco do Brasil já dizem pelos corredores do banco que foram traídos por ele.

O advogado da Odebrecht que escapou da Lava Jato fala pela primeira vez

Rodrigo Tacla se transformou em uma bomba-relógio. Em um dos homens mais temidos pelos presidentes e altos funcionários da América Latina. Aos 44 anos, este advogado conhece bem os segredos da Odebrecht, a gigante brasileira da construção que abalou as estruturas políticas do continente depois de confirmar o pagamento de subornos milionários a Governos de 12 países. 

Até 2016, Tacla trabalhou como advogado do Departamento de Operações Estruturadas da empresa, a hermética unidade de negócios especializada em comprar vontades. Campanhas eleitorais, presentes, festas, prostitutas... Tudo valia para afagar os políticos.

Como contrapartida, presidentes e chefes de Estado correspondiam com contratos de obras públicas, principal fonte de receita da maior construtora da América Latina. Um colosso com 168.000 empregados e tentáculos em 28 países.

O jornal EL PAÍS localizou em Madri esse advogado de nacionalidade hispano-brasileira que foi preso em novembro por ordem do juiz de Curitiba, magistrado-estrela da Operação Lava Jato, Sérgio Moro. Depois de passar 72 dias na prisão de Soto del Real –acusado de suborno e lavagem de dinheiro–, encontra-se em liberdade provisória. 

Tacla será julgado na Espanha depois que um tribunal superior do país rejeitou o pedido de extradição feito para que voltasse a seu país natal, Brasil. O advogado só tem nacionalidade espanhola desde 1994, porque seu pai e avô eram galegos.

A Justiça brasileira pede sua extradição por supostamente lavar mais de 50 milhões de reais a pedido  da empresa. E a Odebrecht afirma que o contratou para lavar as comissões ilegais. 

Tacla nega. Argumenta que só prestou serviços. E que conheceu os esgotos da empresa porque “avaliou riscos” como advogado naqueles países onde a construtora comprou dezenas de políticos.

O advogado, que está colaborando com o Departamento de Justiça dos EUA e a Procuradoria anticorrupção espanhola, revela em sua primeira entrevista os pontos-chave do maior escândalo da América. 

Uma bomba política carregada de metralha que já afeta os presidentes Michel Temer (Brasil), Juan Manuel Santos (Colômbia) e Danilo Medina (República Dominicana), e os ex-mandatários Ollanta Humala (Peru) e Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil).

EL PAÍS - Você foi preso em um hotel em Madri em 18 de novembro de 2016, dois dias após desembarcar na Espanha. Foi detido por ordem do juiz Sérgio Moro que o acusa de suposto delito de suborno, lavagem de dinheiro e de integrar uma organização criminosa, por que veio para Madri?

Tacla - Não fugi do Brasil. Cheguei a Madri para participar da inspeção do Ministério da Fazenda nas minhas duas empresas espanholas. Depois da explosão do caso Odebrecht, as autoridades brasileiras e a construtora tentaram me pressionar para ser parte do acordo, um documento que assinaram 78 diretores da empresa e que significou reconhecer crimes em troca de uma redução da sentença e uma multa. No meu caso: seis meses de prisão domiciliar com tornozeleira, serviços comunitários e uma multa de até 44 milhões de reais. Odebrecht se ofereceu para me pagar 15 anos de folha de pagamento, se eu aceitasse o acordo. Neguei por uma questão de princípios. Enquanto falava com o Departamento de Justiça em Washington, o Brasil exigiu minha prisão em julho e setembro de 2016. Os EUA, no entanto, não me prenderam. Não quero trair ninguém.

EL PAÍS - A Audiência Nacional (tribunal espanhol para crimes especiais) decidiu não extraditá-lo ao Brasil, por que quer ficar na Espanha?

Tacla - Os promotores do Brasil querem que eu reconheça crimes que não cometi. Não respeitaram meus direitos como advogado. Além disso, também querem atribuir crimes por informações que obtive na minha condição de advogado. Estão me atribuindo delitos sem provas, com base em declarações. Não houve nenhuma investigação policial.

EL PAÍS - Como a Odebrecht atuava?

Tacla - A construtora arranjava tudo pagando. Distribuía comissões ao funcionário mais baixo da Administração e ao chefe de Estado. O primeiro contato era estabelecido na campanha eleitoral. A Odebrecht arcava com os gastos do marketing político dos candidatos. Tinha um acordo com o publicitário João Santana [responsável pelas bem-sucedidas campanhas dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff]. A construtora sugeria depois as obras que seriam incluídas nos planos do Governo.

EL PAÍS - O político devolvia o favor quando chegava ao poder...

Tacla - Sim. O dirigente incluía em seu plano de Governo as obras que interessavam à Odebrecht. A construtora, em alguns casos, assessorava os países sobre como conseguir financiamento por meio de órgãos como o Banco Mundial ou o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

EL PAÍS - Quantos funcionários, candidatos e presidentes a Odebrecht subornou?

Tacla - Mais de 1.000. Através da empresa, receberam desde gerentes de empresas públicas a chefes de Estado. Somente no Brasil há 500 pessoas afetadas. E existem políticos e altos funcionários brasileiros cujos nomes ainda não apareceram.

EL PAÍS - A Odebrecht pagou em 2016 a maior multa da história –-8,25 bilhões de reais– aos Governos do Brasil, Suíça e EUA para poder voltar a se candidatar a licitações públicas. A construtora reconheceu com este acordo que desde 2001 distribuiu subornos em 12 países. Consta a existência de mais Estados implicados?

Tacla - Sim. Por exemplo, a empresa desembolsou 11 milhões de reais em janeiro de 2016 ao primeiro-ministro de Antígua e Barbuda, Gaston Browne. [O EL PAÍS tentou sem êxito contactar Browne. O primeiro-ministro de Antigua e Barbuda negou a meios locais ter recebido propina da Odebrecht]. O pagamento foi feito por intermédio do diplomata desse país Casroy James. E contou com o aval do vice-presidente jurídico da Odebrecht, Maurício Ferro. O dinheiro tinha por objetivo evitar que Antígua e Barbuda comunicasse às autoridades judiciais do Brasil as movimentações no Meinl Bank, uma instituição local adquirida pela Odebrecht e que foi utilizada para a lavagem de recursos dos subornos.
Embora Browne tenha recebido 11 milhões, a operação custou à Odebrecht 39 milhões. A maior parte desse dinheiro acabou no bolso de vários diretores da construtora e do Meinl Bank. A decisão [do suborno de Browne] foi adotada em setembro de 2015 durante uma reunião no Hotel InterContinental de Madri da qual eu mesmo participei.

EL PAÍS - Pode explicar qual era a missão desse pequeno banco de Antígua e Barbuda comprado pela construtora?

Tacla - O Meinl Bank era uma fachada nesse paraíso fiscal do Caribe, tinha só três empregados em um pequeno escritório. Sua sede em São Paulo estava no Consulado. Era o centro nevrálgico de onde se faziam os pagamentos irregulares. Daí se transferia dinheiro a outros bancos, como a Banca Privada de Andorra (BPA), uma instituição fechada em 2015 por corrupção. Mediante pagamentos internos se evitava deixar rastro e escapar das digitais dos fundos quando se inclui o Swift (código de transferência internacional).

EL PAÍS - Que papel desempenharam na estrutura de lavagem a Banca Privada de Andorra (BPA) e sua filial na Espanha, o Banco Madrid?

Tacla - A BPA era o banco encarregado dos pagamentos finais. A Odebrecht abria contas nessa instituição em nome de Pessoas Politicamente Expostas (PEPs), que é como se denominam os cargos públicos suscetíveis de lavar dinheiro. A construtora ordenava transferências ao BPA de seu banco em Antígua e Barbuda. Depois, o dinheiro no BPA era transferido através de movimentações internas –alheias aos registros– até as contas dos beneficiários.

EL PAÍS - Quanto a empresa gastava por ano em propina?

Tacla - Cerca de 960 milhões de reais. Era movimentado em dinheiro por meio de contas em paraísos fiscais e transferências internacionais. A construtora, por segurança, nunca pagava nos países de origem do beneficiário. E usava o Meinl Bank para enviar fundos a Pessoas Politicamente Expostas (PEP). Assim se fez chegar dinheiro a Michelle Lasso, uma pessoa próxima ao presidente do Panamá, Juan Carlos Varela.

EL PAÍS - Quem idealizou o esquema de lavagem de dinheiro? Quem era o cérebro?

Tacla - Não há um cérebro. Há um banco como cérebro: o Meinl Bank de Antígua e Barbuda. O funcionário do Departamento de Operações Estruturadas (o escritório que distribuía os subornos), Luiz Eduardo da Rocha Soares, idealizou o sistema. Ele foi também o responsável pela compra do Meinl Bank. Havia dois diretores da construtora que eram acionistas dessa entidade em Antígua e Barbuda sem que a empresa soubesse, o próprio Rocha Soares e Fernando Migliaccio.

EL PAÍS - Quantas empresas a Odebrecht manejava em paraísos fiscais?

Tacla - Os números da Colômbia reconhecidos pela empresa são muito baixos. Não acredito

EL PAÍS - O presidente da empresa, Marcelo Odebrecht, foi condenado a 19 anos de prisão. Junto com ele, 77 executivos da empresa colaboraram com o Ministério Público do Brasil em troca da redução de suas penas. A Odebrecht admitiu o pagamento de 2,5 bilhões de reais em subornos. Esse número está correto?

Tacla - Não. Um ex-diretor do Meinl Bank declarou que essa instituição movimentou 8,15 bilhões de reais. E esse banco trabalhava exclusivamente para a Odebrecht. Não tinha clientes normais.

EL PAÍS - Por que a Odebrecht aceitou um acordo que implicava a admissão de culpa?

Tacla - Porque havia muita pressão por parte dos funcionários. Se os diretores não tivessem feito o acordo, os trabalhadores o teriam feito individualmente. E a empresa não teria controlado o processo.

EL PAÍS - Foram pagos subornos em espécie?

Tacla - Sim. Em 2014 a Odebrecht tentou dar um avião ao ex-presidente Panamá, Ricardo Martinelli. O político recusou. A empreiteira queria agradar Martinelli e o candidato do seu partido (o governista Mudança Democrática), que disputava as eleições gerais de 2014, José Domingo Arias, o Mimito.
A Odebrecht também organizava festas. E mandava mulheres do Brasil para festas com políticos no Panamá e na República Dominicana. Era a maneira de a empreiteira manifestar sua gratidão. Mas isso também se tornou uma chantagem...

EL PAÍS - Eram feitas fotos nessas festas?

Tacla - Sim. E eram guardadas. O executivo da Odebrecht no Panamá, André Rabello, sabia como usar essas fotos. Rabello também lidava com informações sobre as esposas e as relações extraconjugais dos políticos panamenhos. A empreiteira dava presentes às esposas destes. Participei de uma reunião na qual Rabello disse que tinha a confirmação do presidente do Panamá, Juan Carlos Varela, de que o país não iria responder às solicitações da Justiça do Brasil [sobre o caso Odebrecht].

EL PAÍS - A Odebrecht sabia que as esposas e as amantes dos políticos recebiam subornos?

Tacla - Sim. A empreiteira resolvia a vida financeira das esposas dos políticos. Especialmente a das ex-mulheres.

EL PAÍS - No Brasil, a Odebrecht admitiu o pagamento de 1,12 bilhões de reais em subornos para obter contratos de obras no valor de 1,6 bilhões durante as presidências de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff...

Tacla - O montante foi muito maior. A empresa gastava 481 milhões de reais por ano em propina. O pagamento era feito em espécie ou por meio de transferências. Até o porteiro recebia. Os subornos respingaram em todos os partidos. De direita, de esquerda... Do Governo, da oposição... E não há somente políticos entre os beneficiários... A empresa apostava. Por exemplo, na disputa entre Lula e Dilma, a Odebrecht preferiu Lula.

EL PAÍS - A empresa confirmou que na Colômbia pagou 37 milhões de reais em subornos para conseguir contratos no valor de 159 milhões entre 2009 e 2014. O montante está correto?

Tacla - Não conheço em profundidade o caso da Colômbia, como tampouco tenho detalhes da situação na Argentina, Peru, Venezuela ou Guatemala. Mas os números da Colômbia reconhecidos pela empresa são muito baixos. Não acredito que a Odebrecht tivesse uma estrutura no país por causa de apenas 159 milhões de reais.

EL PAÍS - E no Equador, a empreiteira admitiu ter destinado 107 milhões de reais para propina ilegais para obter contratos no valor de 370 milhões durante o mandato do presidente Rafael Correa (2007-2017). Quais políticos equatorianos estão envolvidos?

Tacla - Acabo de responder na Espanha a uma comissão rogatória –pedido de auxílio judicial entre Estados– do Equador. Informei que o ex-ministro de Eletricidade do Governo de Rafael Correa, Alecksey Mosquera, que foi preso pelo caso Odebrecht, recebeu uma comissão de 3,22 milhões de reais por meio da Banca Privada de Andorra (BPA), onde teve uma conta. Desconheço porque Mosquera recebeu essa comissão.

EL PAÍS - O que nos pode dizer sobre o México?

Tacla - Que a Odebrecht acreditava que o presidente do México seria o ex-diretor geral da companhia petrolífera estatal Petróleos Mexicanos (Pemex), Emilio Lozoya Austin. E gostava da ideia. A empreiteira tinha muito interesse em Lozoya.

EL PAÍS - A Odebrecht admitiu que pagou 189 milhões de reais em subornos a funcionários do Governo no Panamá entre 2010 e 2014, o número está correto?

Tacla - A quantia é maior. A empresa arcou com as despesas dos principais candidatos às eleições gerais panamenhas de 2014: o situacionista José Domingo Arias e seu adversário, o atual presidente Juan Carlos Varela. Apostou nos dois. A empreiteira também pagou 3,7 milhões de reais a dois fornecedores de uma empresa de rum de propriedade de Varela. O pagamento foi feito através de uma conta no HSBC em Hong Kong. Quando Varela era vice-presidente (2009-2014), foi enviado dinheiro a Michelle Lasso, uma pessoa ligada ao político que tinha uma conta no banco da Odebrecht em Antígua e Barbuda. A empreiteira ficou assustada porque Lasso teve um problema de negócios nos EUA e temia que fosse investigada.

EL PAÍS - A empreiteira reconheceu o pagamento de 296 milhões de reais em comissões ilegais na República Dominicana, onde conseguiu contratos no valor de 526 milhões. Quem se beneficiou desses subornos?

Tacla - A Odebrecht tinha uma relação muito próxima com o presidente da República Dominicana, Danilo Medina. E recomendou a Medina o publicitário João Santana. Além disso, Marcelo Odebrecht, presidente da empreiteira, decidiu mudar o departamento de Operações Estruturadas (o escritório que pagava os subornos) de São Paulo para Santo Domingo em 2015. O objetivo era ter maior controle contra possíveis operações policiais e investigações.

EL PAÍS - O senhor já recebeu ameaças nos EUA ou na Espanha?

Tacla - Sim, por telefone e pelas redes sociais. Exigiam que me calasse. Minha mãe também foi ameaçada. Denunciei essa situação às autoridades da Espanha e dos EUA. [Tacla mostra uma mensagem de WhatsApp da mãe com o seguinte: texto: “Filho, estou sendo ameaçada por telefone. Eles dizem que te amarraram. Que é um assalto. Que querem joias, dinheiro para te libertar... São três horas da manhã..."].

EL PAÍS - O senhor acredita que altos funcionários e governantes da América Latina temem sua confissão?

Tacla - Sem dúvida. Meu depoimento pode afetar muita gente poderosa no mundo.

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