sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

EUA VÃO INVESTIGAR OS BANCOS USADOS EM ESQUEMA INTERNACIONAL DA ODEBRECHT

O esquema de corrupção revelado pelo acordo de leniência da Odebrecht e da Braskem, assinado nesta quarta-feira, continuará sendo alvo de investigação nos Estados Unidos. Investigadores americanos devem se concentrar no caminho feito, dentro do sistema financeiro daquele país, pela propina paga pelas duas empresas a autoridades de 12 países. Segundo o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, outras pessoas podem ser responsabilizadas pela investigação, que está em andamento.
Embora os Estados Unidos não sejam uma das nações em que a Odebrecht assumiu ter pagado propina, o país está processando a companhia porque seu sistema financeiro foi utilizado para operacionalizar os repasses irregulares, segundo Sung-Hee Suh, assistente do procurador-geral do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. A construtora está sendo acusada de conspiração contra o sistema financeiro e violação das leis anticorrupção. As investigações envolveram equipes em Washington, Nova York, Los Angeles, Boston e Miami.

OFFSHORES – “Empregados das duas companhias agiram dentro dos Estados Unidos. Por exemplo, algumas das offshores, utilizadas para dificultar o rastro do dinheiro, foram instaladas ou operadas por indivíduos que estavam nos Estados Unidos. Além disso, indivíduos que trabalhavam no Departamento de Propinas da Odebrecht tomaram atitudes para que o esquema acontecessem quando estavam nos Estados Unidos. Em 2014 e 2015, houve reuniões com seus cúmplices em Miami, por exemplo. Houve transferências de dinheiro dentro dos Estados Unidos etc” — disse Sung-Hee, durante uma entrevista coletiva para a imprensa internacional.

Sung-Hee classificou como “histórico” e “um modelo para acordos futuros” o acerto pelo qual Odebrecht e Braskem se comprometem a pagar uma multa de US$ 3,5 bilhões (R$ 11,6 bilhões, em valores atuais) aos governos de Brasil, Estados Unidos e Suíça. Segundo ela, até então, o maior acordo internacional anticorrupção tinha ficado em US$ 1,6 bilhão (R$ 5,3 bilhões).

ESCALA GIGANTE – Ao assumir sua culpa, a Odebrecht afirmou que, por mais de uma década, fez operações financeiras não contabilizadas com o propósito de pagar propina numa escala gigante. Eles tinham um departamento de propina, por assim dizer, que pagou sistematicamente milhões de dólares para corromper autoridades de países em três continentes. A Braskem admitiu que também usou essa estrutura de corrupção da Odebrecht. Esses pagamentos tinham o objetivo de incentivar autoridades a beneficiarem Odebrecht e Braskem a fazerem negócio em seus países em vez de privilegiar uma competição justa.
Também presente na coletiva de imprensa, a procuradora Bridget Rohde, do Distrito de Nova York, afirmou que espera que o acordo seja um marco na luta contra a corrupção.

“Esse acordo representa um marco na luta contra a corrupção global. Por mais de uma década, Odebrecht e Brasken operaram um sofisticado esquema que resultou em pagamento de propina a autoridades de vários níveis de vários países. Essa resolução demonstrou que não importa quão complicado e quão grande é o alcance dos esquemas, nós temos o compromisso de investigá-los”.

ESFORÇO INTERNACIONAL – Segundo Rohde, o caso não poderia ter sido resolvido sem um esforço internacional. As autoridades americanas agradeceram o apoio dos investigadores brasileiros e suíços neste caso.

“A colaboração das autoridades brasileiras foi muito importante para o sucesso dessa investigação. O Brasil tem feito um esforço impressionante. Nós esperamos que eles continuem sendo um parceiro importante dos Estados Unidos no combate à corrupção” — afirmou a representante do Departamento de Justiça.


JUSTIÇA PÕE CINCO EM PRISÃO PREVENTIVA POR FRAUDE E DESVIOS NO 'MUSEU DO LULA'

A Justiça Federal converteu em prisão preventiva cinco alvos da Operação Hefesta, investigação conjunta da Polícia Federal e da Procuradoria da República sobre fraudes e desvio de R$ 7,9 milhões na licitação para construção do Museu do Trabalho e do Trabalhador, o ‘Museu do Lula’, em São Bernardo do Campo, região do ABC paulista. Entre os investigados que vão ficar presos por tempo indeterminado estão o secretário da Cultura e o secretário de Obras de São Bernardo, respectivamente Osvaldo de Oliveira Neto e Alfredo Luiz Buso.
Além dos secretários municipais, a Justiça Federal impôs a preventiva aos empresários Antonio Célio Gomes de Andrade (empresa CEI), Eduardo dos Santos e Gilberto Vieira Esguedalho (estes da empresa Cronacron), responsáveis por pessoas jurídicas supostamente de fachada contratadas para o empreendimento até hoje inacabado.

Todos estavam em regime de prisão temporária, desde a deflagração da Hefesta.

Ao mesmo tempo, a Justiça Federal mandou soltar outros três investigados, o ex-subsecretário de Obras Sérgio Suster, o empresário Artur Anísio dos Santos e, ainda, Francisco de Paiva Fanutti, do escritório Brasil Arquitetura.

O Museu do Trabalhador, ou ‘Museu do Lula’, foi criado para homenagear o movimento sindical do ABC paulista, berço político do ex-presidente.

Hefesta, nome da missão integrada da PF e da Procuradoria, é uma alusão ao deus do trabalho, do fogo, dos artesãos, dos escultores e da metalurgia.

Quando a Operação Hefesta foi deflagrada, a prefeitura de São Bernardo do Campo informou, em nota, que ‘é a maior interessada em que tudo seja esclarecido e está à disposição das autoridades competentes para fornecer as informações necessárias’. “A Prefeitura tem certeza que nenhum desvio institucional foi cometido nesta obra.”



POLICIAIS PODERÃO USAR ARMAS APREENDIDAS COM CRIMINOSOS

O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, anunciou ontem (22) que as armas de fogo apreendidas com criminosos poderão ser doadas a órgãos de segurança pública. O decreto que trata da questão foi publicado no Diário Oficial da União desta quinta-feira. Os policiais poderão utilizar fuzis e metralhadoras retirados do crime, que antes eram destruídos. A declaração foi dada em cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, na assinatura de convênio com o governo paulista.
De acordo com o Decreto 8.938, “as armas apreendidas serão encaminhadas pelo juiz competente ao Comando do Exército, no prazo máximo de 48 horas, para destruição ou doação aos órgãos de segurança pública ou às Forças Armadas”.

Segundo o ministro, o decreto passa a autorizar que as polícias possam utilizar fuzis, metralhadoras e armamentos que apreendem, desde que peçam autorização. “Esse armamento vai ser cadastrado e o armamento deve estar em boa utilização. Isso é importantíssimo”, disse o ministro, que acredita que a medida trará economia aos cofres públicos.

Moraes disse que somente este ano, somando todas as polícias estaduais, a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal foram apreendidos 873 fuzis. “Pelo preço do dólar, US$ 8,5 mil dólares cada fuzil, mais os custos de importação, são R$ 30 milhões que as forças de segurança do país acabam economizando só dos apreendidos esse ano”, disse Moraes. Segundo ele, há outros armamentos que foram apreendidos nos anos anteriores e que o Exército ainda está guardando.

“A partir de agora cada polícia que apreendeu tem prioridade no recebimento. No final do ano [de 2016] e em janeiro [de 2015], nós vamos iniciar essa distribuição [dos armamentos]”, disse o ministro.

Para que haja o repasse das armas, os órgãos de segurança pública ou das Forças Armadas responsáveis pela apreensão terão que manifestar interesse pelas armas apreendidas. O pedido deverá ser feito ao Ministério da Justiça e Cidadania ou ao Comando do Exército no prazo de até dez dias, contado da data de envio das armas ao Comando do Exército. As pastas avaliarão o pedido.

Se o órgão que apreendeu, não manifestar interesse, os demais órgãos de segurança pública poderão fazer a solicitação das armas.

MINISTRO DA JUSTIÇA ENDURECE REGRAS DE INDULTOS DE NATAL PARA PRESIDIÁRIOS


O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, disse que hoje (23) será publicado o indulto natalino com uma lógica diferente do que vinha sendo publicado ano a ano. “Pela primeira vez, nós separamos: de um lado, os crimes sem violência ou grave ameaça, e, de outro lado, crimes com violência ou com grave ameaça à pessoa. Nos indultos anteriores, pouco importava isso. Na verdade, era o tamanho da pena só [que importava], sem fazer essa divisão”, disse em cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, na qual firmou convênios com o estado paulista.
Segundo o ministro, o decreto de indulto é uma opção de política criminal. “Se é uma opção de política criminal, é uma sinalização, seja para a criminalidade, para quem está preso, seja para a sociedade, do que realmente se pretende combater de forma mais dura, do que se pretende como prioridade na questão da criminalidade”, disse o ministro.

Moraes explicou que, em relação aos crimes praticados com violência, grave ameaça, roubo, roubo qualificado, homicídio, os requisitos para a concessão do indulto serão mais duros. Tradicionalmente, vinha sendo aplicado um requisito geral de pena de até seis anos, independentemente do crime cometido. “Crimes mais graves, até quatro anos, [terão] os requisitos mais pesados; de quatro a oito, mais [pesados] ainda; e crime grave com pena superior a oito anos não terá indulto, porque são crimes graves e a pessoa deve cumprir a sua pena”, disse.

Segundo Moraes, essa divisão foi feita para que os requisitos para concessão do indulto de crimes menores não se iguale àqueles dos crimes mais graves. “Essa alteração [é] importante porque na questão dos crimes sem violência ou grave ameaça, presentes obviamente requisitos temporais e de comportamento, mas há um limite de quem foi condenado até 12 anos. Quando o limite anterior eram 20 anos”, disse. “A política criminal importante com o novo indulto é essa: crimes sem violência ou grave ameaça, a ideia é que não há necessidade de ficar muito tempo”.

"Brazilian Official 1" no Jornal Nacional

O Jornal Nacional, ontem, teve Lula nas versões "Amigo" e "Brazilian Official 1"

Uma reportagem de 11 minutos sobre o acordo da Braskem com os procuradores dos Estados Unidos mostrou também os 50 milhões de reais em propinas para a campanha de Dilma Rousseff, negociados por Guido Mantega.
Leia um trecho:
"Uma das transações da Braskem aconteceu em 2006, durante o governo Lula.
Decisões judiciais levaram à elevação de impostos que prejudicariam os lucros da Braskem.
Dois executivos da Braskem procuraram a autoridade 'número três' - um então ministro de Lula - para interceder a favor da empresa junto a um outro ministro e também à autoridade 'número um' do governo.
Ao mesmo tempo, um alto executivo da empresa também entrou em contato diretamente com a autoridade 'número um' para pedir que pressionasse a autoridade 'número quatro'.
Numa das reuniões, a 'autoridade quatro' passou um bilhete, pedindo ao 'executivo um' da Braskem uma contribuição para a campanha de 2010 da autoridade 'número dois' - no valor de R$ 50 milhões.
Segundo o documento, o executivo da Braskem concordou - mesmo sabendo que o dinheiro não iria para a campanha - e seria usado em benefício próprio dos políticos.
Em uma das planilhas do 'setor de propinas' do grupo Odebrecht, encontrada pelos investigadores da Lava Jato no Paraná, consta um valor de R$ 50 milhões.
O valor aparece como 'saldo' em 2012 e 2013, e está relacionado ao codinome 'pós-itália' que, segundo as investigações, há indícios de que seja o ex-ministro Guido Mantega.
A planilha tem ainda outros dois codinomes: 'Itália' e 'amigo'. A Polícia Federal afirma que 'amigo' é uma referência ao ex-presidente Lula e 'Itália', ao ex-ministro Antonio Palocci que, de acordo com os delegados, também era chamado de 'italiano'. Palocci seria o responsável por gerenciar esses pagamentos".
Ao anunciar a assinatura dos acordos de leniência da Odebrecht e da Braskem nos Estados Unidos nesta quarta-feira (21), o Departamento de Justiça americano afirmou que as empresas brasileiras concordaram em pagar US$ 3,5 bilhões para “resolver o maior caso de suborno internacional da história”.

EM DELAÇAO, ODEBRECHT REVELA ESTRATÉGIA PARA MANTER LULA INFLUENTE

O ex-presidente e herdeiro do grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, relatou a procuradores da Lava Jato que uma espécie de conta que a empresa mantinha em nome de Luiz Inácio Lula da Silva tinha o objetivo de manter o petista influente depois que saísse da Presidência da República.
Lula deixou o Palácio do Planalto com grande aprovação popular em 2010, após a eleição de Dilma Rousseff, sua escolhida dentro do PT.
A expectativa era a de que o petista continuasse a ter relevância no cenário político, o que de fato ocorreu.
Preso há um ano e meio em Curitiba, Marcelo Odebrecht é um dos ex-executivos da empresa que relataram em acordo de delação como a empreiteira ajudou o ex-presidente a financiar o projeto.

Segundo ele e outros funcionários da empreiteira, foi criada uma "conta" financiada pela área da empresa denominado Setor de Operações Estruturadas, a responsável pelo pagamento de propinas e de caixa dois.

A conta, conforme os delatores, era gerenciada pelo ex-ministro Antonio Palocci, preso desde setembro. Branislav Kontic, ex-assessor de Palocci que também chegou a ficar preso em Curitiba, é apontado como um dos encarregados de transportar o dinheiro em espécie que abastecia a "conta".

Batizada de "amigo", termo usado pelos funcionários da empresa para se referirem a Lula devido à relação dele com Emílio Odebrecht, dono do grupo e pai de Marcelo, a "conta" foi usada para financiar projetos como a compra de um terreno em São Paulo que deveria abrigar a sede do Instituto Lula.

A criação de um espaço para que o petista despachasse e que também servisse para divulgar seus oito anos na Presidência da República era avaliada como vital para a consolidação do projeto de poder, segundo relatos obtidos pela reportagem.

Três ex-executivos da Odebrecht, entre eles Marcelo, disseram em seus acordos de delação que a empreiteira comprou, em 2010, um imóvel na capital paulista para a construção da sede do instituto.

A aquisição do terreno, localizado na zona sul da cidade, é central em uma das denúncias em que Lula é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Os procuradores afirmam que parte das propinas pagas pela Odebrecht em contratos da Petrobras foi destinada para a aquisição desse terreno.

Os relatos dos delatores explicam a rubrica "Prédio IL" associada a cerca de R$ 12 milhões que aparece em uma das planilhas do Setor de Operações Estruturadas apreendida pela Polícia Federal.

AMÉRICA LATINA

Outro meio de consolidar a influência política de Lula descrito pelos delatores foi por meio do financiamento de campanhas de líderes de esquerda latino-americanos em países onde a empreiteira tem atuação.

No mesmo documento em que consta a anotação sobre o instituto, há os dizeres "Evento El Salvador via Feira" vinculado ao valor de R$ 5,3 milhões.

O dinheiro, segundo delatores, foi pago ao marqueteiro João Santana, que comandou a comunicação da campanha que elegeu Maurício Funes presidente de El Salvador em março de 2009.

Segundo pessoas envolvidas nas investigações, os delatores também esclareceram que esse pagamento fez parte do projeto de manter Lula influente na política.

O montante teria sido descontado do caixa dedicado ao petista com autorização dele.

OUTRO LADO

O Instituto Lula afirmou, por meio de nota, que não comenta "delações para obtenção de benefícios judiciais, quanto mais especulações sobre supostas delações".

Repetiu ainda que o ex-presidente Lula jamais solicitou qualquer vantagem indevida e que o referido terreno na rua Dr. Haberbeck Brandão, que teria sido adquirido pela Odebrecht, "jamais foi do Instituto Lula ou de Lula".

A nota diz que mais de 20 testemunhas em depoimentos em Curitiba, incluindo os principais delatores da Operação Lava Jato, não apontaram envolvimento do petista em contratos ou desvios da Petrobras e não mostraram conhecer qualquer vantagem indevida dada a ele.

"Repudiamos atribuições de intenções ou interpretações referentes ao ex-presidente Lula feitas de forma leviana pelo vazamento ilegal de versões de supostas delações que são sigilosas."

A Odebrecht afirmou que não se manifesta sobre o conteúdo de delações, mas reafirma seu compromisso de colaborar com a Justiça. Disse ainda que vem implantando as melhores práticas de compliance, baseadas na ética, transparência e integridade.

O advogado Roberto Batochio, que defende Antonio Palocci e Branislav Kontic disse que os fatos relacionados a seus clientes "não correspondem à verdade". "Palocci nunca administrou conta alguma e Kontic nunca realizou a função de mensageiro dessa espécie", declarou. 



Advogado de Lula 'apela' na baixaria e publica vídeo com ataques a Sergi...

Advogado de Lula 'apela' na baixaria e publica vídeo com ataques a Sergio Moro


A defesa de Lula, sem conseguir apresentar qualquer argumento jurídico, insiste na 'estratégia' de apresentar o ex-presidente como um 'perseguido' e provocar o juiz Sérgio Moro incansavelmente. Nessa tentativa, o advogado Cristiano Zanin baixou o nível e publicou um vídeo com ataques ao juiz.

DOCUMENTOS DOS EUA MOSTRAM QUE CAMPANHA DE DILMA FOI IRRIGADA COM PROPINA  E ACABAM COM DISCURSO DE "HONESTA"

Documentos do Departamento de Justiça dos Estados Unidos revelados na última quarta-feira 21, e que integram a papelada sobre o acordo de delação premiada da Odebrecht, causaram perplexidade mundial pela grandeza dos números. Segundo a papelada, o grupo Odebrecht pagou mais de US$ 1 bilhão (R$ 3,3 bilhões) em propinas a governantes e políticos de 12 países desde 2003. A maior parte desses subornos – US$ 599 milhões ou quase R$ 2 bilhões – foi repassada a autoridades brasileiras. O que mais chama a atenção, no entanto, é que entre os principais beneficiários está a ex-presidente Dilma Rousseff. Apesar da fartura de evidências, a mais importante delas as próprias delações dos executivos da empreiteira que já apontavam a sua participação direta nas negociações de propina e caixa dois, a petista insistia em vender uma imagem de política pura e imaculada. A investigação dos EUA ajuda a desmontar esse discurso. De acordo com a documentação em poder das autoridades norte-americanas, a campanha de Dilma em 2010 foi irrigada com R$ 50 milhões em propinas.
A ex-presidente é descrita nos documentos americanos como a “Brazilian Official 2”. O texto do acordo com a Odebrecht mostra que a fortuna foi negociada pelo então presidente Lula em 2009 junto a Alexandrino Alencar, na época diretor do grupo. Lula, identificado na papelada como “Brazilian Official 1”, autorizou que Alexandrino acertasse com o ministro da Fazenda Guido Mantega, que nos documentos dos EUA é conhecido como “Brazilian Official 4”, a concessão de benesses para a petroquímica Braskem. A empresa integra o grupo Odebrecht. Mantega, segundo a papelada, disse que atenderia a petroquímica em troca de propina para a campanha de Dilma. O valor negociado ficou registrado num pedaço de papel: R$ 50 milhões. Os diretores da empresa fizeram os repasses por meio do já proverbial “departamento de propinas” do grupo.

R$ 100 milhões para o PT

O objetivo da Braskem era “assegurar uma vantagem imprópria para obter e manter seus negócios”. O órgão também calcula que a Odebrecht se beneficiou em US$ 1,9 bilhão como resultado dos pagamentos de subornos. Segundo o Departamento de Justiça, a “negociação espúria” deu certo e o governo implantou um programa que permitiu à Braskem continuar tendo abatimentos em impostos. A partir de 2006, estava em discussão a mudança no sistema de tributos de empresa. Por isso, a Braskem procurou integrantes do governo Lula para negociar uma legislação que não prejudicasse o grupo. E isso custou à Braskem a contribuição para a campanha de Dilma.

Em outro trecho do documento, os americanos dizem que o “Brazilian Official 4” (Mantega) negociou com a Braskem o pagamento de propinas no total de R$ 100 milhões para diversos candidatos petistas em 2014, incluindo Dilma Rousseff, candidata à reeleição. Antes de liberar os R$ 100 milhões para o PT, a Braskem iniciou uma tentativa de convencer o governo federal em 2011 a implantar mudanças tributárias que beneficiaram o setor petroquímico. A legislação foi apresentada no Congresso Nacional em 2013, mas enfrentou resistências dos parlamentares e acabou sendo paralisada por causa disso. “A Braskem precisou pagar quantias significativas para vários membros do Congresso para manter a tramitação do projeto”, diz o documento. Depois disso, a legislação foi aprovada. “A Braskem foi solicitada para pagar um adicional de R$ 100 milhões além do que o Empregado da Braskem 1 havia previamente acordado com o ‘Brazilian Official 1’ (Lula) para pagar ao partido político e aos membros do governo federal. Este acréscimo foi negociado pelo ‘Brazilian Official 4” (Mantega) e foi pago por doações a integrantes do partido nas eleições de 2014”, descreve o documento.

Os dados foram divulgados pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, órgão com o qual a Odebrecht assinou, em conjunto com Brasil e Suíça, seu acordo de leniência –tipo de delação premiada para empresas. A entidade norte-americana ficou impressionada com a prática criminosa da empreiteira. Em um comunicado, o Departamento de Justiça classificou de “maior caso de pagamento global de propina da história”. De acordo com a documentação, houve pagamentos de propina relacionados a mais de cem projetos da Odebrecht nesses 12 países: Angola, Argentina, Brasil, Colômbia, Equador, Guatemala, México, Moçambique, Panamá, Peru, República Dominicana e Venezuela. A documentação divulgada contém um panorama geral das revelações feitas na delação premiada, mas não identifica os nomes dos funcionários da Odebrecht nem dos políticos envolvidos. Suas identidades até então são mantidas sob sigilo.
Contas no exterior

A engenharia financeira descrita no acordo é extremamente profissional. A Odebrecht e seus operadores usavam contas no exterior, principalmente nos Estados Unidos e na Suíça, para fazer sucessivas transferências bancárias que impedissem o rastreamento da origem do dinheiro até o destinatário final. A distribuição da propina se concentrava no Setor de Operações Estruturadas. Também eram usados doleiros que entregavam os recursos em dinheiro ao destinatário, usando malas e mochilas. A logística incluiu ainda a aquisição de um banco na Antígua, no Caribe, entre 2010 e 2011, para facilitar os repasses de propina no exterior.

Mais um fato grave admitido pela companhia e relatado pelo Departamento de Justiça foi a tentativa de obstruir a Operação Lava Jato. Quando as investigações vieram à tona, em 2014, e começaram a atingir a Odebrecht, os funcionários da empresa receberam a ordem de apagar registros que pudessem revelar as atividades ilegais. Em meados de 2015, funcionários da Odebrecht prometeram pagar US$ 4 milhões a agentes públicos do governo da Antígua para que eles não fornecessem documentos bancários que revelassem os pagamentos ilícitos do Setor de Operações Estruturadas. O encontrou teria ocorrido em Miami, na Flórida. A Lava Jato avançava ainda mais, porém a Odebrecht não se rendia. Já em janeiro de 2016, os funcionários da empreiteira destruíram as chaves de acesso a um sistema informatizado que tinha registros das propinas. Esses relatos são emblemáticos porque a Odebrecht foi a empresa mais resistente à Lava Jato. Negava enfaticamente a prática criminosa e ainda tentava atacar a origem das provas contra ela. Dois fatos minaram a resistência da empreiteira: a assinatura de um acordo de delação premiada por uma secretária da empresa, Maria Lúcia Tavares, e a descoberta do Setor de Operações Estruturadas, na 26ª fase da Lava Jato, em março.

Dentre os países estrangeiros que foram assediados pela corrupção da Odebrecht, a Venezuela foi o que teve maiores valores envolvidos. Segundo o Departamento de Justiça, foram pagos US$ 98 milhões em propina entre 2006 e 2015, nas gestões Hugo Chávez e Nicolás Maduro. Em um dos casos, a Odebrecht pagou US$ 39 milhões a um intermediário do governo para obter contrato com uma companhia estatal. Também houve pagamentos para obter informações confidenciais sobre projetos de obras do governo. Até agora, esse é apenas o resumo das acusações da Odebrecht. Quando a íntegra vier à tona, o terremoto político promete atingir não apenas o Brasil, mas vários outros governos pelo mundo. Cada vez mais se justifica o apelido dado inicialmente de “mãe de todas as delações”.



CONHEÇA A JUÍZA QUE SUBSTITUIRÁ O JUIZ SÉRGIO MORO ATÉ 20 DE JANEIRO

Ela se chama Gabriela Hardt. Pratica natação. Compete em provas de maratona aquática. Formou-se em Direito pela Universidade Federal do Paraná. Juíza substituta da 13ª Vara Federal de Curitiba, cobrirá as férias de Sergio Moro. Zelará pelo andamento da Operação Lava Jato até 20 de janeiro.

Os encrencados não devem ter vida fácil. Gabriela é admiradora de Moro. Enxerga nele potencial para ocupar uma poltrona no Supremo Tribunal Federal. Ao compartilhar no seu Facebook, em 13 de outubro de 2014, uma nota de associações de juízes em defesa da Lava Jato, a doutora anotou no preâmbulo:

“Compartilho abaixo a nota […] para ciência dos amigos e em homenagem ao juiz federal Sergio Moro, cuja retidão e dedicação me inspiram diariamente na atividade judicante. Nosso país terá muito a ganhar se ele um dia vier a integrar nossa Corte Suprema.”

O primeiro réu da Lava Jato a experimentar os rigores de Gabriela Hardt foi Paulo Ferreira, ex-tesoureiro do PT. Num depoimento a Moro, em 14 de dezembro, o ex-coletor admitiu o ingresso de verbas de má origem nas arcas do PT. “Negar informalidades nos processos eleitorais brasileiros de todos os partidos é negar o óbvio”, disse ele, fulminando a retórica petista oficial, segundo a qual apenas dinheiro limpinho passou pela caixa registradora do PT.

Moro pediu ao depoente que explicasse a contradição entre seu depoimento e a versão do seu partido. Paulo Ferreira reiterou: “É um problema da cultura política nacional, doutor Moro. Eu não estou aqui para mentir para ninguém. Estou aqui para ajustar alguma dívida que eu tenha, minha disposição aqui é essa.”

Sensibilizado, Moro autorizou o ex-tesoureiro petista a deixar a cadeia. Entretanto, condicionou a libertação ao pagamento de uma fiança salgada: R$ 1 milhão. Por meio de seus advogados, Paulo Ferreira disse que não dispõe desse dinheiro. Pediu reconsideração. Moro indeferiu. A defesa reiterou o pedido. Dessa vez, a petição foi às mãos de Gabriela Hardt, que manteve a resposta negativa.

A substituta de Moro ofereceu como alternativa a hipótese de Paulo Ferreira oferecer um imóvel como caução, para assegurar o pagamento da fiança. “Caso o imóvel não pertença a Paulo Adalberto Alves Ferreira, deverá o proprietário apresentar termo oferecendo o bem em garantia”, ela escreveu em seu despacho.

DELTAN DALLAGNOL COMEMORA ACORDOS DA ODEBRECHT E BRASKEM: "É POSSÍVEL UM BRASIL DIFERENTE, E A HORA É AGORA'


O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato, usou as redes sociais para comemorar o acordo internacional com a Odebrecht e a Braskem, no qual as duas empresas tiveram que devolver quantias bilionárias. Dallagnol postou um link para a notícia dos acordos, e pediu ajuda dos brasileiros para continuar o combate à corrupção. 
Leia abaixo o texto postado por Dallagnol: 
Se Você acha que o Brasil não tem jeito e veste a camisa do complexo de vira-lata, esta mensagem é para Você. É possível um Brasil diferente, e a hora é agora. A Lava Jato está fazendo a sua parte. Na notícia abaixo, Você vê uma parte dos resultados do trabalho, que levou ao maior acordo num caso de corrupção na história mundial. Vou repetir: não só o maior caso de corrupção internacional no mundo foi descoberto pelas autoridades brasileiras, mas também foi alcançado o maior ressarcimento na história mundial em acordos dessa espécie.
Estamos fazendo o nosso melhor, e agora precisamos que Você faça o seu melhor. Incentive os políticos a realizarem as reformas política e no sistema de justiça criminal que são necessárias para os índices de corrupção diminuam. Precisamos tornar essa experiência “efêmera”, que é a Lava Jato, em um legado permanente para nós e para as futuras gerações. Incentive os políticos do seu Estado. Não desista. Ninguém está prometendo que será fácil, mas com perseverança chegaremos lá. Vamos, como brasileiros, alcançar o Brasil que nós merecemos, o Brasil como o país do presente e não mais apenas o país do futuro. De modo democrático e pacífico, o povo brasileiro conseguirá o que quer.


INSTITUTO LULA CONVOCA PARLAMENTARES E TENTA SALVAR VAQUINHA PARA LULA

A dois dias do fim, campanha virtual arrecada menos da metade da meta de R$ 500 mil: dinheiro seria usado para custear defesa do ex-presidente.
A vaquinha virtual organizada para arrecadar recursos capazes de financiar a defesa de Lula nos milhares de processo a que responde é um fiasco. A dois dias do fim da campanha, a turma contabiliza R$ 188 mil, menos da metade da meta da R$ 500 mil.

Vendo que o pixuleco não está pingando o quanto planejou, o Instituto Lula – verdadeiro responsável pela mobilização – pediu aos quadros do partido, principalmente a deputados e senadores, para gravarem vídeos convocando a militância a abrir o bolso.

Já solicitaram contribuições Paulo Rocha, Fátima Bezerra, Humberto Costa, Regina Sousa e mais uma galera.

Nas correntes internas do partido, os pedidos começaram com R$ 5, R$ 10, duas semana atrás. Ontem, o desespero bateu, e quem capitaneia o movimento está mandando mensagens para apelando para doações de R$ 30.

O mico vira um gorila quando se compara o montante arrecadado para Lula com o que se viu na campanha idêntica lançada para socorrer Dilma. A ex-presidente levou R$ 726 mil, bem acima dos R$ 500 mil, mesma meta estipulada para bancar os advogados de Lula.

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