terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Sobre quotas acadêmicas e dívida social: a irresponsabilidade e a demagogia

Sem dúvidas, pelos padrões éticos atuais, a escravatura é uma monstruosidade.
Mas nem sempre foi considerada assim. Abraão, o patriarca das religiões judaica, cristã e muçulmana, teve muitos servos. A mulher de Abraão, Sarai (depois Sara), quando já em idade imprópria para procriar - e sem mais crer na promessa de Deus de que daria, com o marido, uma grande geração -, cedeu a Abraão sua serva egípcia, Hagar, para que com ela ele tivesse muitos filhos. Teve um, Ismael, pai da nação árabe. Isaac, filho de Abraão com Sara, após o nascimento de Ismael, também teve muitos servos. Aliás este era o costume, e servos faziam parte da riqueza da descendência de Abraão, somando-se aos animais, terras e moedas.
Vê-se que a escravidão é coisa antiga e, naquele passado remoto, vista com naturalidade até pelo Deus de Abraão. Os gregos, que inventaram a democracia (demos + kratia, povo + poder), praticavam a escravidão. E não só estrangeiros eram escravizados. Por exemplo, os efebos serviam aos heróis olímpicos dos quatorze aos dezoito anos. Estes não tinham escolha. Eram entregues aos heróis olímpicos para servi-los, não raro pelos próprios pais (as mulheres eram consideradas sujas, impuras e, como tais, imprestáveis para satisfazer um herói olímpico!). Não era isto também uma forma de escravidão?
Os romanos fizeram escravos a rodo e de várias origens. Entre eles, alguns gregos.
A escravidão existia naturalmente entre os africanos, antes mesmo de eles serem negociados, como mercadoria ordinária, para terras americanas. Pretos africanos eram feitos escravos por pretos africanos, da mesma tribo ou de outras, e vendidos como tais.
Na realidade, os brancos não faziam escravos na África, ou faziam poucos: compravam-nos, que isto era mais fácil e seguro. Compravam negros presos e escravizados por outros negros. Não lembro isto para livrar a pele dos brancos europeus ou americanos. Certamente que comprar seres humanos escravizados e mantê-los escravos é, pelos padrões éticos atuais, uma monstruosidade. Mas isto mostra, mais uma vez, que não é correto fazer a dicotomia entre o pobre e injustiçado negro, de um lado, e o branco diabólico, de outro. Não existem santos nesta suja e trágica história.
Há um conto do francês Prosper Mérimée (1803-1870), muito a propósito dessa triste prática. Descreve as aventuras e desventuras de um respeitável chefe africano, Tamango, cujo grande negócio era precisamente caçar, prender e escravizar africanos e vendê-los, como mercadoria qualquer, a mercadores europeus e americanos. A escravidão na África ainda persiste hoje, de forma explícita, ou disfarçada. Ou não será escravidão o sequestro de meninos inocentes para lutarem em guerras fratricidas, estúpidas e sem sentido, a não ser para os interesses de algum monstro ditatorial?
Vista sob o contexto histórico, a tal “cobrança” da divida social da escravatura é absurda, hipócrita, tão difusa é sua responsabilidade. Fica muito difícil cobrar alguma coisa de alguém. Parece que ao fim e ao cabo, somos todos credores e devedores. Se, de um lado, brancos compraram pretos escravizados por outros pretos, de outro, ao fim da escravatura nas Américas, foi-lhes dado uma linguagem escrita (que não tinham na África) e a oportunidade de competirem no mercado de trabalho e no ingresso às universidades. Barak Obama é o caso mais emblemático desta história.
Parece justo alegar que os pretos não foram devidamente preparados para esta competição por aqueles que lhes outorgaram a liberdade. Mas isto é uma questão basicamente de política social de governo e não uma questão acadêmica. À universidade impõem-se os objetivos, estabelecidos desde a Idade Média, em Bologna, que são: gerar conhecimentos, preservar e sistematizar os conhecimentos gerados, difundir e aplicar os conhecimentos. Universidade é para isso! Só para isso! O resto é papo furado a serviço de ideologias da esquerda demagógica, ignorante, jurássica.
Para bem cumprir aqueles objetivos acima enunciados, a universidade precisa de bons professores pesquisadores, de administradores acadêmicos competentes, apolíticos, com mérito reconhecido.
Precisa de infraestrutura material, laboratorial e normativa rigorosa em favor da qualidade acadêmica, bem como de uma massa de alunos preparada e competente para poder entender e assimilar os conhecimentos, que se expandem continuamente e se tornam cada dia mais complexos. Essa massa de alunos precisa ter preparo intelectual adequado para digerir os cada vez mais complexos conhecimentos difundidos e ser capaz de aplica-los para o bem da sociedade - aí sim, entra o lado social da universidade - e alarga-los. E isto não se consegue deixando que alunos entrem na universidade pela porta dos fundos, uma linha de clivagem para jovens despreparados para a tarefa acima descrita, caracterizada por cotas raciais permissivas, absurdas, antiacadêmicas, antissociais e imorais.
É voz corrente, no Reino Unido, que a grande qualidade e reputação de universidades como as de Cambridge e Oxford se devem, em boa parte, à elevada qualidade intelectual dos seus alunos ingressos, tanto quanto a de seu corpo docente e laboratórios, estes dois últimos, de resto, não superiores ao de algumas outras instituições acadêmicas britânicas menos notórias. Por que é assim? Porque, sendo muito antigas e tendo um passado brilhante, a elevada reputação dessas universidades atrai os mais preparados alunos, que se submetem a um escrutínio mais rigoroso do que o usual em outras instituições universitárias, para nela entrarem. E isto gera um círculo virtuoso, que mantém a elevada e histórica reputação de Cambridge e Oxford.
Já nestas plagas tropicais, nossos ‘entendidos’ em educação (e como os temos, por Júpiter!) forçam um caminho inverso ao que historicamente seguiram as melhores instituições acadêmicas do mundo, que fatalmente descambará na redução da qualidade do ensino e, no longo prazo, na diminuição da quantidade e qualidade do conhecimento gerado.
Impõem à universidade o preço de um problema político e social gerado pela incompetência e desídia de sucessivos governos - desde a abolição da escravatura até agora -, sejam governos federais, estaduais ou municipais.
Preço político e social que a universidade só poderá pagar com o rebaixamento de seus padrões de qualidade. A imposição deste preço à universidade só é boa para governos incompetentes e demagógicos, que assim fingem uma preocupação social para com um problema que jamais tiveram e não têm. Mas assim fingindo, dão a desavisados a impressão de que a têm. Para a universidade, esta política governamental farsesca será, no longo prazo, um desastre.
Esta questão da divida social e seu pagamento por vias absurdas, como cotas raciais nas universidades, guarda semelhança com aquela outra, a da invasão e ocupação de terras alheias, como as que ocorreram no continente europeu e americano. Levada ao pé da letra a questão das dívidas históricas e sociais, a justiça se fará apenas quando os anglos e os saxões deixarem o território da velha ilha britânica, abandonando-a aos descendentes diretos dos celtas. Ou quando os descendentes de portugueses voltarem a Portugal, os de espanhóis à Espanha, os de ingleses, irlandeses, italianos, poloneses e outros abandonarem a América e o Canadá e voltarem para os países de seus antepassados. O que se quer dizer com isso é que remexer a História antiga, no afã de “fazer justiça” e reaver o status quo ante, pode ser estupidez, supina burrice ou pura demagogia.
Quando essa cobrança é feita em moeda que avilta o conceito histórico e universal de universidade (com a entrada de alunos despreparados pela porta do fundo), então atingimos o paroxismo do estapafúrdio, do irresponsável e da demagogia.
texto de José J. de Espíndola, Engenheiro Mecânico pela UFRGS. Mestre em Ciências em Engenharia pela PUC-Rio. Doutor (Ph.D.) pelo Institute of Sound and Vibration Research (ISVR) da Universidade de Southampton, Inglaterra. Doutor Honoris Causa da UFPR. Membro Emérito do Comitê de Dinâmica da ABCM. Detentor do Prêmio Engenharia Mecânica Brasileira da ABCM. Detentor da Medalha de Reconhecimento da UFSC por Ação Pioneira na Construção da Pós-graduação. Detentor da Medalha João David Ferreira Lima, concedida pela Câmara Municipal de Florianópolis. Criador da área de Vibrações e Acústica do Programa de Pós-Graduação em engenharia Mecânica. Idealizador e criador do LVA, Laboratório de Vibrações e Acústica da UFSC. Professor Titular da UFSC, Departamento de Engenharia Mecânica, aposentado.
( publicado originalmente no Jornal da Cidade)

Novos tempos: Policiais que exterminaram assaltantes são homenageados em sessão solene

Efeito Bolsonaro. 
Em dois dias, a Brigada Militar do Rio Grande do Sul matou dez bandidos, todos eles assaltantes de banco, envolvidos num duplo assalto, nos dias 3 e 4 de dezembro, que aterrorizou a pequena cidade de Ibiraiaras, localizada na região norte do estado, com cerca de 8 mil habitantes, registra o Jornal da Cidade.
O povo reconheceu de imediato a corajosa atuação dos policiais, saudados como verdadeiros heróis.
Na última quinta-feira (19), o reconhecimento oficial da sociedade, através da Câmara de Vereadores de Passo Fundo (RS), cidade sede do 3º Batalhão de Operações Especiais (3º BOE), que homenageou a atuação dos policiais no combate a criminalidade, especialmente a memorável atuação mencionada.
Na prática do crime, os bandidos obrigaram reféns a formarem um cordão humano para que pudessem empreender fuga.
O detalhe revoltante é o de que todos os bandidos participantes da atividade criminosa tinham antecedentes graves e deveriam estar presos, cumprindo pena, mas estavam soltos em função dos inaceitáveis recursos proporcionados pela nossa Justiça.
Estão de parabéns os vereadores pela iniciativa.

No Natal, em Curitiba, militantes estampam placa associando Lula a Jesus Cristo

Sem limites a insanidade dos incautos militantes.
Causa asco a maledicência e a falta de respeito às pessoas de bem, aos cristãos e a sociedade.
Neste dia 24 de dezembro, na porta do xilindró onde o corrupto e lavador de dinheiro cumpre pena por um dos inúmeros crimes que cometeu, a placa infame: “Jesus lutou por nós. Lula também”.
O meliante petista, por sua vez, mandou uma carta que foi lida durante a esdrúxula manifestação.
Lula também lembrou do sofrimento de Jesus Cristo.
"Neste natal, não poderei estar fisicamente junto de minha família, dos meus filhos e netos. Mas não estou sozinho. Estou com vocês da Vigília, que tem sido minha família. E com todos aqueles e aquelas que vieram passar o natal junto de vocês"
"Sigamos fortes, o ódio pode estar na moda. Mas não temam, nem se impressionem com estas pessoas posando de valentões.
O tempo deles vai passar, e a verdadeira mensagem de Jesus, um marceneiro que foi perseguido pelos vendilhões do templo, pelos soldados e pelos promotores dos poderosos vai continuar a ecoar em cada natal uma mensagem de amor, fraternidade e esperança.
A luta por um mundo melhor continua. Feliz Natal, abraços do Lula"
Pura canalhice!
texto por Amanda Acosta, articulista e repórter.
(via Jornal da Cidade)

De Joana d'Arc a João de Deus, mistérios que nunca serão explicados

Não foram quatro semanas, nem quatro meses, muito menos quatro anos. Foram 40 anos de atuação em Abadiânia e fora dela, curando doenças e realizando cirurgias. Ou se não tanto, indicando o caminho para a cura. E milhares e milhões de pessoas enfermas, vindas até do exterior, foram até ele.
Ele, o João de Deus, hoje preso no cárcere, sem processo e sem condenação, enquanto o outro, o médico Abedelmashi, um ano (75) menos idoso que o médium goiano, condenado definitivamente a quase 300 anos de prisão por estuprar mais de 50 pacientes, cumpre prisão domiciliar em sua luxuosa mansão de dois andares em São Paulo. Há algo errado. Mas a questão aqui não é jurídica, não é penal. É metafísica. É transcendental. É paranormal.
Dizem os biógrafos que Franz Liszt, quando compôs, as 12 peças para piano que ele próprio depois batizou com o nome "Estudos Transcendentais" (tão difíceis que nunca consegui tocá-los minimamente bem e por isso de todos desisti), Liszt entrava em transe. E assim (em transe) perdurou até terminá-los. Depois, ele próprio teria reconhecido que a obra não foi fruto da sua genialidade e da sua agilidade no teclado. Era metafísica. Transcendia seu intelecto, sua criatividade, sua inspiração. Vinha de cima. Vinha dos céus.
Como é misteriosa a vida humana. E nossas mentes não foram feitas, criadas e jamais aptas a desvendar o mistério. Nunca, Em tempo algum, por mais que a ciência progrida.
Parece que o dom está no Espírito e não na natureza humana, que erra, que rouba, que destrói, que arruína. Que peca. Assim explica Allan Kardec. Respeitemos, pois.
"Seus quadros a óleo sobre tela são fenomenais, são sublimes e nada devem a Rembrandt, a Picasso...você fala fluentemente 8 idiomas e no entanto assalta bancos. Por que?".
E Lúcio Flávio me respondeu:
"Frente à tela, com tinta, pincel na mão e quando converso em outros idiomas não sou eu e não sei quem sou. Mas quando assalto, sou eu mesmo. Isso é agonizante".
Foi num rápido diálogo entre nós, quando Lucio foi levado a mim por Kátia Lucia Villar Lyrio, sua irmã, de quem dela era advogado.
Diante da resposta, me calei. E passei a compreender e admirar aquele talentoso homem-bandido, de belo porte, olhos verdes e que um dia, ao ser preso e extorquido, disse ao policial Mariel Mariscott, a quem recusou ser corrompido e entregar o dinheiro cobrado para não ser preso:
"Quando você me ver (sic), corra e me prenda e quando eu ver (sic) você eu fujo para não ser preso, porque bandido é bandido, polícia é polícia", frase que ficou famosa e até hoje é repetida no jargão da polícia do Rio, apesar dos pesares.
Século XV. A heroína nasceu em 6 de janeiro de 1412 no vilarejo de Domrémy-la-Pucelle, no vale da Meuse, entre as províncias de Champanhe e Lorena. A pequena filha do casal de camponeses, Jacques d'Arc e Isabelle Romée nasceu predestinada a libertar a França do jugo inglês que durou mais de 100 anos (1337-1453).
Aos 13 de idade era "viva e alegre, mas não menos séria e reflexiva", como relatam os biógrafos. Foi quando começou a ter visões de anjos e santos e ouvir vozes, sobretudo de São Miguel, da Virgem Maria e de Santa Catarina que a exortavam a libertar o Rei Carlos VII e, consequentemente, a França.
E Joana d'Arc, à frente de um exército de soldados, liberta a França na noite de 7 para 8 de maio de 1429, quando triunfa sobre os ingleses. E quando Carlos VII é coroado em 17 de julho de 1429 rei da França, Joana dá sua missão por cumprida. Mas a Donzela (la Pucelle, em francês), sofreu a ingratidão de Carlos VII. Vendida aos ingleses, Henrique VI, soberano inglês, entregou a heroína à jurisdição do bispo de Beauvais e Joana D'Arc foi condenada a ser queimada viva. E assim foi.
Somente 25 anos depois de seu assassinato é que sua mãe conseguiu que Joana fosse "reabilitada" pelo papa Calisto III e em 1920 é que a heroína foi canonizada por Bento XV e hoje é considerada, junto com Nossa Senhora de Lourdes e Santa Teresa de Lisieux, padroeira da França.
Chega-se à conclusão de que o mal sempre existiu na espécie humana, em maior ou menor intensidade, numa ou noutra circunstância e ocasiões.
A propósito: nesta véspera de Natal as tvs exibiram o vídeo feito em Marambaia (RJ), em que Jair Bolsonaro, sorrindo, brinca com um segurança seu, e finge enfiar um facão de grande lâmina na barriga do homem, que acha engraçado e ri também.
Qual a graça? A facada virou piada? Mas é assim mesmo. É da própria natureza humana. É corpóreo. É físico. É tosco. É turvo. É imbecil e burro. É transitório: tem início, meio e fim.
Mas qual a explicação que pode ser dada ao mistério de Joana? Certamente que sua vida somente pode ser lida no plano dos acontecimentos místicos, transcendentais, ainda mais na Idade Média (e para toda a eternidade), tanto quanto hodiernamente, seja com a história de João de Deus ou de Lúcio Flávio, aqui mencionadas.

texto por Jorge Béja, advogado no Rio de Janeiro e especialista em Responsabilidade Civil, Pública e Privada (UFRJ e Universidade de Paris, Sorbonne). Membro Efetivo do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB)
(via Jornal da Cidade)

Juiz nega “saidinha” a Lula

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretendia deixar a prisão nesta terça-feira (25) para comparecer ao velório do advogado e ex-deputado federal Sigmaringa Seixas.
Para tanto, Lula alegou relação intima de amizade com o falecido, “há mais de 30 anos”.
O juiz plantonista precisou de pouco mais de uma hora para decidir sobre o pedido do petista.
O magistrado Vicente de Paulo Ataíde Júnior indeferiu peremptoriamente a pretensão.
Na decisão ele assinalou que o motivo alegado pela defesa não é suficiente para permitir a saída. O artigo 120 da Lei de Execução Penal garante o direito para condenados que cumprem pena em regime fechado, caso de Lula, apenas em caso de "falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão".
De qualquer forma, a negativa confirma a má fama dos advogados do ex-presidente, contumazes na prática de pleito ilegais.
texto por Otto Dantas, articulista e repórter 
(via Jornal da Cidade)