quinta-feira, 12 de janeiro de 2017


LEI DE DROGAS É 'FATOR CHAVE' PARA AUMENTO DA POPULAÇÃO CARCERÁRIA, DIZ ONG
Condições desumanas nas cadeias são destaque em relatório anual da Human Rights Watch sobre situação de direitos humanos no país em 2016; legislação permite que usuários acabem recebendo penas dadas a traficantes, diz texto.
A Lei de Drogas (Lei 11.343) aprovada em 2006 - que endureceu penas para traficantes e as abrandou para usuários - é "um fator chave para o drástico aumento da população carcerária no Brasil", afirma o 27º relatório global da organização Human Rights Watch, divulgado nesta quinta-feira.
O relatório faz uma análise da situaçao de direitos humanos ao longo de 2016 em mais de 90 países.
De acordo com o documento, em 2005, 9% dos presos no Brasil haviam sido detidos por crimes relacionados às drogas. Em 2014, eram 28%. Para a ONG, a falta de clareza da legislação acabou levando muitos usuários a serem condenados como traficantes.
"Embora a lei tenha substituído a pena de prisão para usuários de drogas por medidas alternativas, como o serviço comunitário - o que deveria ter reduzido a população carcerária -, sua linguagem vaga possibilita que usuários sejam condenados como traficantes", diz o texto.
Pela legislação, aprovada em agosto de 2006, para definir se o preso é usuário de drogas ou traficante, o juiz deve analisar quesitos como quantidade apreendida, histórico do detido, condições da ação, antecedentes, etc. Mas para críticos, essa orientação abriu espaço para que decisões fossem tomadas por fatores subjetivos.
Para a diretora no Brasil da HRW, Maria Laura Canineu, "a lei deixou uma subjetividade grande na determinação de quem é traficante ou usuário. Pela nossa experiência e nas visitas que fazemos aos presídios, percebemos que há um número grande de pessoas cumprindo penas por porte de quantidade pequena de drogas. Em um caso em Pernambuco, conhecemos um réu primário de 19 anos que cumpre pena de 4 anos de prisão por portar 15 gramas de maconha".
Condições desumanas
Além de apontar para a legislação - e suas distorções - como uma das principais razões para o aumento no número de detentos no Brasil, a ONG cita as rebeliões ocorridas em algumas cidades do país desde o início do ano e alerta para a situação precária dos presídios do país e os casos de violação dos direitos humanos nesses locais.
Segundo dados citados pelo documento, mais de 622 mil adultos estão atrás das grades, 67% a mais do que as prisões comportariam.
"As condições desumanas nas prisões e cadeias brasileiras são um problema urgente. Superlotação e falta de agentes penitenciários e técnicos tornam impossível às autoridades prisionais manter o controle nos estabelecimentos prisionais, deixando detentos vulneráveis à violência e às atividades de facções criminosas".
O documento ressalta ainda que as mesmas práticas, consideradas desumanas, são aplicadas em centros socioeducativos que abrigam menores infratores.
"Em vez de promover a educação e a reabilitação de crianças e adolescentes, os centros serviam como locais de punição e isolamento", afirma o relatório, que se baseia nas visitas do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura a nove instalações desse tipo em três Estados do Brasil.
O documento alerta que algumas crianças e adolescentes relataram agressões de funcionários em unidades infestadas de ratos e baratas e sem condições sanitárias ou ventilação adequadas.
Avanços
O documento da HRW também cita avanços nos últimos anos, como as audiências de custódia, que ajudam os juízes a decidir quem ficaria em prisão preventiva e quais acusados aguardariam o julgamento em liberdade.
Para a HRW, essas audiências podem ajudar a diminuir a superlotação, já que reduziriam o número de presos provisórios.
"Com relação ao relatório do ano passado, não podemos dizer que houve alguma melhoria no sistema carcerário. Mas se houve avanços, eles são as audiências de custódia e a consolidação do trabalho do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, que já mostrava, em seus relatórios, que a situação carcerária em Manaus, por exemplo, era uma bomba relógio", disse a diretora do Human Rights Watch no Brasil, Maria Laura Canineu.
Abusos policiais
O relatório da Human Rights Watch também alerta para o aumento do ciclo da violência no Brasil provocado por abusos policiais - como execuções extrajudiciais e tortura - cometidos dentro e fora das prisões.
Segundo dados do Fórum Nacional de Segurança Pública, mais de 3 mil pessoas foram mortas por policias em 2015. No mesmo período, foram mortos 393 policiais.
De acordo com a ONG, embora uma parcela das mortes por policiais sejam resultados de confrontos, algumas são decorrentes de execuções extrajudiciais, que alimentam a violência prejudicando a segurança pública e colocando em risco a vida de policiais por causa de ações de retaliação.
Nesse sentido, a ONG critica a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo sobre a anulação do julgamento dos 74 policiais envolvidos na morte de 111 detentos na prisão do Carandiru, e afirma que "apesar das provas contundentes de que a polícia teria executado os presos", um dos juízes afirmou que o ato teria sido em legítima defesa.



"Enquanto não houver responsabilização por estes crimes e abusos - dos presos e dos policiais - eles vão ter uma espécie de carta branca para continuarem agindo dessa forma", disse Maria Laura Canideu.

JUSTIÇA LOCALIZA R$ 403 MIL NA CONTA DE MAGGI APÓS ORDEM DE BLOQUEIO

Foram bloqueados R$ 387.941,32 das contas do ministro da Agricultura. 
Juiz de MT havia determinado o bloqueio de R$ 4 milhões dos nove réus.

A Justiça do Mato Grosso encontrou R$ 403 mil nas contas do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, e mandou bloquear a maior parte do valor. A ação ocorre após um juiz de Cuiabá determinar o congelamento de até R$ 4 milhões das contas do ministro e de outras 8 pessoas suspeitas de comprar vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT) com dinheiro desviado dos cofres públicos.
A determinação do juiz Luís Aparecido Bortolussi Júnior, da Vara Especializada de Ação Civil Pública e Ação Popular de Cuiabá, ocorreu na segunda-feira (9).
A decisão foi parcialmente cumprida por falta de saldo nas contas bancárias dos acusados de improbidade administrativa e danos ao erário. O valor mais alto foi achado nas contas de Maggi. No entanto, houve a liberação de R$ 15.157,58, equivalente ao salário do governador de estado, suficiente para que uma pessoa possa se manter financeiramente por um período, segundo a Justiça. Com isso, foram bloqueados, de fato, R$ 387.941,32.
O ministro disse, por meio de assessoria, que não irá se manifestar sobre o bloqueio. No entanto, em nota divulgada na terça-feira (10), Maggi se disse surpreso com a decisão ao citar o arquivamento do inquérito pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que o investigava por suposta compra dessa vaga no TCE-MT. O arquivamento ocorreu em maio do ano passado, a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Busca pelo dinheiro
Nas contas bancárias de quatro réus não foram encontradas quantias suficientes para o bloqueio, e o saldo foi liberado. Nas contas de outros três não foi encontrado nenhum valor.
Ao todo, foram apreendidos via BacenJud R$ 479.513, 28 de Blairo Maggi e do conselheiro do TCE-MT Sérgio Ricardo - acusado de ter ocupado a vaga, em 2012, após negociação com o conselheiro aposentado Alencar Soares.
Segundo o juiz responsável pela ação, foram pagos R$ 4 milhões a Soares para que ele pedisse aposentadoria antes do prazo e liberasse a vaga para que Sérgio Ricardo viesse a ocupá-la posteriormente. Foram encontrados R$ 106.729,54 na conta bancária do conselheiro e bloqueados R$ 91.571,96.
Segundo a assessoria de comunicação, o TCE-MT e Sérgio Ricardo não foram notificados da decisão.
Além do bloqueio do dinheiro, foram apreendidos veículos do ministro e do empresário Gércio Marcelino Mendonça Júnior, o Júnior Mendonça, também réu na mesma ação do Ministério Público Estadual (MPE). No entanto, não foram detalhados quantos e quais os tipos dos veículos apreendidos a fim de se chegar à soma de R$ 4 milhões.
Outros valores encontrados
Na conta bancária do conselheiro aposentado Alencar Soares foram encontrados R$ 72,20; na do ex-conselheiro do TCE-MT Humberto Bosaipo, R$ 2,61; na do empresário Júnior Mendonça, R$ 3.935,01, e na do presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), José Geraldo Riva, R$ 83,04. Os valores foram devolvidos aos réus.
Nas contas do ex-governador Silval Barbosa, do ex-secretário de estado Eder Moraes, e do filho de Alencar Soares, Leandro Valoes Soares, não foi encontrado nenhum dinheiro.
Os valores bloqueados devem ser depositados na Conta Única do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) e vão ficar vinculados à ação que originou a determinação do bloqueio.
O magistrado menciona na decisão desta quarta-feira (11) que está buscando bloquear imóveis de propriedade dos réus.
Compra de vaga
As negociações para a compra da vaga do TCE-MT, segundo o MP-MT, teriam tido início em 2009, na época em que Blairo Maggi era governador de Mato Grosso.
O então secretário de Fazenda, Eder Moraes, teria agido a pedido de Maggi nas negociações. Éder Moraes é apontado pelo MPE como "mentor, articulador e gerente do plano imoral". A princípio, teriam sido pagos R$ 2,5 milhões e, em 2010, quando ao acordo foi selado, teriam sido repassados mais R$ 1,5 milhão ao conselheiro Alencar Soares.
O pagamento da vaga teria sido feito por meio de uma factoring do empresário Júnior Mendonça, tido como operador de um esquema de lavagem de dinheiro desviado dos cofres estaduais.
Afastamento
Na mesma decisão que determinou o bloqueio de bens dos réus, a Justiça mandou afastar Sérgio Ricardo do cargo de conselheiro do TCE-MT.
Para o magistrado, Sérgio Ricardo lesou o erário público ao colaborar e causar a perda do patrimônio público com desvio e apropriação indevida de dinheiro público. "[Sérgio Ricardo] comprou a vaga (cadeira) do TCE-MT (lugar ocupado por Alencar Soares), com o pagamento de propina, estando comprovada a transferência para ele, (...) tudo para forçar a aposentadoria antecipada de Alencar Soares, atendendo a seus interesses e em cumprimento a decisão espúria tomada em reunião com autoridades do alto escalão de governo", diz trecho da sentença.

CELULAR É ENCONTRADO EM CELA DE DEPUTADO EM PRESÍDIO DO AMAPÁ

Vistoria foi realizada pelo MP na quarta-feira (11), em Macapá.
Aparelho estava camuflado dentro de livro de matemática, segundo órgão.

Um telefone celular foi encontrado na cela do deputado estadual e ex-presidente da Assembleia Legislativa do Amapá (Alap), Moisés Souza (PSC), detido desde novembro de 2016, no Centro de Custódia no bairro Zerão, na Zona Sul de Macapá. O aparelho foi localizado durante uma revista feita na quarta-feira (11) pelo Ministério Público do Estado.
O celular estaria escondido em um livro de matemática, na qual foram retiradas folhas para camuflar o aparelho, de acordo com o MP. O livro estava em uma prateleira acima da cama do deputado, segundo o órgão.
Uma denúncia anônima teria informado sobre a existência do telefone na cela, que além do deputado, mantém em detenção o servidor da Alap Edmundo Tork, um policial militar e um guarda municipal de Macapá.
A ação foi realizada em conjunto pelo Núcleo de Inteligência da Promotoria de Investigações Criminais, Promotoria de Execução Penal e teve o apoio do Batalhão de Operações Especiais (Bope), da Polícia Militar (PM).
De acordo com o MP, o policial militar teria relatado que era dono do telefone, mas depois confessou que recebeu propostas de vantagens para assumir a culpa. O órgão já identificou o agente que repassou o telefone para dentro do presídio. Segundo investigações do MP, ele teria recebido aproximadamente R$ 800.
A defesa de Moisés Souza negou ao G1 que o celular fosse do deputado e pediu apuração do Ministério Público para esclarecer a origem e o dono do aparelho.
"O MP insiste em atribuir a responsabilidade do aparelho para o Moisés Souza, mas essa situação tem que ser apurada. Se tem fiscalizações rigorosas para evitar que os detentos tenham acesso a esse tipo de aparelho, isso deve ser investigado", disse o advogado Maurício Pereira.
Moisés preso
Moisés Souza está preso desde o dia 29 de novembro, no Centro de Custódia do bairro Zerão, em Macapá. Ele está em cela dividida com Edmundo Ribeiro Tork Filho, ex-servidor da Alap.
A pena de Moisés foi fixada em 9 anos de reclusão pelo crime de peculato, e 4 anos de detenção por dispensa ilegal de licitação, em regime inicialmente fechado.
Além dele, foram condenados pelos mesmos crimes o ex-deputado Edinho Duarte, o servidor Edmundo Tork e os empresários Marcel e Manuela Bittencourt, que teriam firmado o contrato supostamente fraudulento com a Assembleia. Dos cinco, só Marcel ainda não foi preso. Ele é considerado foragido da Justiça.
O processo é resultante da operação Eclésia, deflagrada em 2012 pelo Ministério Público na Assembleia do Amapá. As investigações descobriram um rombo de R$ 52 milhões na gestão de Moisés Souza através de notas fiscais supostamente falsas, diárias que seriam fraudulentas e possíveis fraudes em licitações para serviços pagos e não prestados, segundo o MP.



JUSTIÇA BLOQUEIA BENS DE EDUARDO AZEREDO EM AÇÃO POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Indisponibilidade foi pedida em ação relacionada ao mensalão tucano; MP aponta irregularidades em repasses estatais em 1998.
A Justiça de Minas Gerais determinou o bloqueio de bens do ex-governador do estado Eduardo Azeredo (PSDB) em uma ação por improbidade administrativa relacionada ao mensalão tucano. A decisão do desembargador Jair Varão, da 3ª Câmara Cível, não especifica o valor a ser bloqueado. Da decisão cabe recurso.
Procurado pela reportagem, o advogado de Azeredo, Castellar Guimarães, disse que aguarda a decisão do mérito, com todos os desembargadores, ainda sem data definida. De acordo com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), a defesa tem até o dia 31 deste mês para recorrer da decisão.
A determinação se refere a uma Ação Civil Pública (ACP) ajuizada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), em 2003, no Supremo Tribunal Federal (STF) de suposta irregularidade no repasse de R$ 3 milhões de estatais para a realização do Enduro da Independência, em 1998. O desembargador aceitou um recurso do Ministério Público, que pediu o bloqueio de bens do ex-governador.
Na decisão de primeira instância, o juiz da 5ª Vara da Fazenda Pública e Autarquias, Adriano de Mesquita Carneiro, não aceitou a solicitação de indisponibilidade de bens de Azeredo e argumentou que faltava “justa causa para prosseguimento da Ação Civil Pública” contra ex-governador mineiro. Na mesma decisão, o magistrado determinou o bloqueio de bens do ex-senador Clésio Andrade (PMDB), de Marcos Valério e de outras cinco pessoas em um valor de até cerca de R$ 25,7 milhões.
Já o desembargador Jair Varão entendeu que ficou comprovado que Eduardo Azeredo tinha conhecimento de “toda trama envolvida em sua campanha” e que o ex-governador planejou e determinou “toda a execução da empreitada criminosa a fim de desviar dinheiro público das empresas estatais para alimentar a campanha eleitoral de 1998”. A decisão do magistrado é do último dia 23 de novembro.
O esquema teria ocorrido durante o governo de Azeredo, que concorria à reeleição do governo de Minas Gerais. Com a renúncia de Azeredo ao cargo de deputado federal e a de Clésio Andrade ao cargo de senador, a ação foi enviada à Justiça mineira.
Na ação encaminhada à Justiça, o Ministério Público sustentou ter havido ato de improbidade administrativa por meio da transferência de cerca de R$ 3 milhões das estatais Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e Companhia Mineradora de Minas Gerais (Comig) para as empresas SMP&B Publicidade e SMP&B Comunicação durante o Enduro da Independência. Segundo consta na ação, não houve realização de licitação nem formalização de contrato administrativo.
Em uma ação penal dentro do processo conhecido como mensalão tucano, Azeredo foi condenado há mais de 20 anos pela Justiça e recorre da decisão. Clésio Andrade, Valério e os empresários Ramon Hollerbach e Cristiano Paz também respondem criminalmente por suspeita de envolvimento neste caso. De acordo com a denúncia que gerou essas ações penais, o esquema teria desviado recursos para a campanha eleitoral do tucano em 1998.

MINISTRO DA JUSTIÇA RESPONDE A PETISTAS: "FALASSEM MENOS E TRABALHASSEM MAIS, NÃO ESTARÍAMOS NESSA SITUAÇÃO"

O Ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, manifestou-se sobre uma nota emitida pelo Centro Acadêmico XI de Agosto, que pediu seu afastamento. Na nota emitida pelo ministério, Moraes afirma que "é lamentável que algumas pessoas que exerceram cargos no Governo anterior e o PT tentem esconder sua incompetência na gestão de segurança pública e sistema penitenciário durante os 13 anos de gestão". 

Veja a nota completa:



Deputado se revolta: "A visita íntima precisa acabar. Presídio não é motel pra criminoso!"
O deputado Paulo Martins, em entrevista, manifestou sua revolta com privilégios de criminosos no sistema prisional brasileiro. O deputado chama a atenção para o fato de que as visitas íntimas tornaram-se um canal de comunicação para o crime organizado.
TRIBUNAL ENDOSSA ATOS DE JUIZ SÉRGIO MORO E LANÇA REGRAS GERAIS SOBRE GRAMPOS E DENÚNCIAS ANÔNIMAS
Os desembargadores da 4.ª Seção do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4) aprovaram, por unanimidade, súmulas que autorizam abertura de procedimentos investigatórios com base em denúncia anônima, ‘quando amparada por outro indício’, e a renovação sucessiva de interceptação telefônica ‘caso persista a necessidade de apuração’.

O TRF4 mantém jurisdição no Paraná, base da Operação Lava Jato.

Maior investigação já realizada no País contra a corrupção, a Lava Jato, constantemente, sofre pesadas críticas de juristas e criminalistas que atribuem supostos excessos a seus protagonistas, inclusive o juiz federal Sérgio Moro.
Todos os atos de Moro, símbolo da Lava Jato, são submetidos ao crivo do TRF4 – as decisões do magistrado de primeiro grau têm sido endossadas pela Corte federal sediada em Porto Alegre.

Súmula é a interpretação majoritária adotada por um colegiado do Judiciário sobre determinado tema. Ela é seguida pelos magistrados.

A denúncia anônima é a base de grande parte de investigações contra o crime organizado e a corrupção. Dela, muitas vezes, surgem pistas que levam a fraudadores do Tesouro. Mas a ocultação da identidade do denunciante abre caminho para ataques de especialistas da área penal.

Frequentemente, advogados também recriminam o longo período das interceptações telefônicas.

No dia 12 de dezembro, os desembargadores do TRF4 aprovaram quatro súmulas, entre elas a 128 e a 129.

A Súmula 128 prevê. “É válida a instauração de procedimento investigatório com base em denúncia anônima, quando amparada por outro indício.”

A Súmula 129: “É lícita a sucessiva renovação da interceptação telefônica, enquanto persistir sua necessidade para a investigação.”

O texto na íntegra foi publicado nesta terça-feira, 10, no Portal do TRF4.

As súmulas 128 e 129 registram o entendimento pacífico das 7.ª e 8.ª Turmas, especializadas em Direito Penal.

PATRÍCIA PILLAR PROCESSA INTERNAUTAS APÓS SE SENTIR OFENDIDA POR DEFENDER DILMA

A atriz Patricia Pillar entrou na justiça para investigar ofensas recebidas por ela nas redes sociais. Ela procurou a Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) , no Rio de Janeiro, para prestar queixa contra internautas que a hostilizaram por mostrar apoio à ex-presidente Dilma Rousseff, afastada do cargo no dia 31 de agosto de 2016. 

A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da atriz ao Viver, que confirmou que ela deve rastrear usuários específicos.  "As pessoas usam a internet para ofender e xingar achando que estão protegidas por um anonimato, mas a internet deixa rastros. O que a Patrícia fez foi pedir a quebra de sigilo dessas pessoas para entrar com um processo na Justiça", disse a assessoria. 

Aos 52 anos de idade, a artista brasiliense da TV Globo não abre mão de comentar assuntos relacionados a política nas redes sociais. Desde a posse do presidente interino Michel Temer, Pillar tem se posicionado contra a PEC 55 e outras ações do governo. "Um governo sem legitimidade, atolado até o pescoço em corrupção, não pode fazer reformas assassinas como a Reforma da Previdência, Reforma do Ensino Médio e a PEC 55 (PEC da morte). A única atitude digna é renunciar já! Fora Temer!!!", escreveu ela em dezembro. 

JUIZ INVESTIGADO POR LIGAÇÃO COM FACÇÕES DIZ QUE DEVERÍAMOS SOLTAR TODOS OS PRESOS
Juiz de Execuções Penais há 17 anos, Luís Carlos Valois se colocou no epicentro da crise carcerária em Manaus, que resultou na morte, até o momento, de 64 custodiados. Valois esteve no Complexo Penal Anísio Jobim (Compaj) durante a revolta do domingo, chamado pelo secretário de Segurança Pública Sérgio Fontes para negociar o fim do motim. O magistrado, de 49 anos, notabilizou-se por uma declarada proximidade com os presos, com os quais já jogou bola. Ele também doou livros para a biblioteca de prisão, treinou judô com os detentos e participou até de sessões de terapia de grupo com os encarcerados, segundo suas palavras.

Valois é alvo de uma investigação no Superior Tribunal de Justiça (STJ), depois que seu nome foi mencionado em conversas de presos interceptadas pela Operação "La Muralla", da Polícia Federal, de 2015. Nos diálogos, presidiários ligados à facção criminosa Família do Norte (FDN) manifestam preocupação com a possibilidade de o magistrado deixar a Vara de Execução Penal e discutem como poderiam pressionar Judiciário e governo estadual a mantê-lo no cargo. Por ora, não há evidência de envolvimento do juiz com os criminosos. Valois nega qualquer relacionamento com a FDN.
Nesta entrevista ao Valor, Valois, que supervisiona 14 mil processos com o apoio de apenas oito funcionários, reconheceu já ter despachado favoravelmente a um preso dentro da própria penitenciária, sem ouvir manifestação do Ministério Público sobre o pedido. "Eu levo o meu notebook para dentro da penitenciária. Sento com eles, abro o processo. Eles formam uma fila gigante e eu os informo sobre o andamento. Quando eu vejo um absurdo eu solto na hora, sempre fiz isso", afirmou. Eis os principais trechos da entrevista concedida em seu gabinete, decorado com pôsteres de filmes com temática prisional, como "Papillon", "Birdman of Alcatraz", "Carandiru" e "Salve Geral".

Já aconteceu de em uma dessas ocasiões o senhor soltar o preso com decisão de ofício mesmo?
Já, de ver que há um absurdo ali envolvendo a prisão dele e soltar. É comum a pessoa já ter tempo de prisão em regime fechado para progredir para o semiaberto, por exemplo, e aí está faltando um parecer do Ministério Público ou algo assim. Aí eu vejo o processo, pego e solto mesmo. Deixa o Ministério Público se manifestar com ele solto. É uma medida cautelar que eu adoto. Não é nada do outro mundo, mas é um direito do preso.

O problema de superlotação de presídios não é exclusividade de Manaus. A que o senhor atribui isso? É uma cultura de encarceramento?
A cultura no Brasil é que a prisão é só segregação. É depósito de seres humanos. Deveríamos fazer as coisas de maneira racional, de preferência científica. A prisão não é resultado de nenhum experimento científico. E se foi, foi falho. A prisão não serve para nada, nada, nada. Sabe como é que nasceu a prisão? Antigamente as pessoas eram enforcadas, queimadas, guilhotinadas, chicoteadas. Tinha várias penas que não eram a de prisão. Mas para o cara ser condenado a uma dessas penas, ele tinha que ficar esperando na prisão. E essas penas foram acabando por causa da sensibilidade da sociedade industrial, da Revolução Francesa, elas foram acabando. E os caras foram sendo esquecidos. A prisão nasceu por acaso. E agora, então, o que vamos fazer? vamos decidir que o cara então vai ficar lá [na prisão] cinco anos. Não vamos poder matar, então ele fica cinco anos, não é nenhum resultado de pensamento científico. Imagine que pessoas diferentes cometam um crime, cada uma em um lugar. Aí pega essas pessoas e colocam presas no mesmo lugar para ficarem conversando. Olha que absurdo!

O que fazer então com um latrocida violento, por exemplo?
O que acontece é que hoje a gente não pensa em tecnologias para isso. Tem chip, tornozeleira eletrônica. Qualquer coisa é melhor do que a prisão. Até não se punir o cara. Preste bem atenção: se a gente parasse de prender as pessoas, todo mundo, de uma hora para a outra, daqui a 50 anos teríamos menos crimes. Olha que absurdo. Então a gente está fazendo uma coisa para aumentar a criminalidade. 'Ah, mas ele não vai ser punido?'. Não posso punir, porque senão vai aumentar a criminalidade. O nosso sentimento de punição é maior que a nossa racionalidade. Bota um capacete no cara, com luz piscando, sei lá. Mas botar numa prisão com outros bandidos é uma coisa idiota.

O senhor e a desembargadora Encarnação das Graças Sampaio Salgado, do Tribunal de Justiça do Amazonas, são investigados pelo Superior Tribunal de Justiça porque foram citados nas investigações da Polícia Federal sobre a facção Família do Norte. O que o senhor diz sobre essas suspeitas?
Eu não tenho muito o que falar, os presos falam bem de mim nas gravações porque sempre tive o respeito de todos os presos. Quer dizer, se fosse o [Primeiro Comando da Capital, facção que controla os presídios em São Paulo] PCC era o PCC, se fosse a FDN era a FDN. Por isso que eu estou dizendo, trato os presos de modo igual, com respeito. E a polícia está na batalha, na guerra do dia a dia, com combate e mais não sei o quê. Na Polícia Federal normalmente são pessoas de fora que vêm para cá e não sabem do meu trabalho. E aí veem um juiz sendo citado no meio de uma interceptação telefônica, e a investigação não era sobre mim, era sobre outra coisa, e aí ouviram os advogados falando com os presos... Se tudo aquilo fosse verdade, ainda assim não teria crime algum [na gravação os presos falam em fazer um abaixo assinado para manter Valois na Vara de Execução Penal, porque teriam ouvido comentários sobre uma suposta intenção dele de deixar o posto].

Mas lendo o relatório policial, tem-se a impressão de que a sua manutenção no cargo facilitaria a vida dos presos...
Pois é, mas eu nunca estive ameaçado de sair daqui. Na verdade os presos confundiram o meu pedido para me afastar para fazer meu doutorado em São Paulo com uma intenção de sair. Eu acho que eles resolveram me investigar, só que a medida foi muito rigorosa, entendeu? Mas, olha, eu nem fui afastado [do cargo]. Não existe isso de juiz suspeito em atuação, entendeu? Eu estou atuando, sou juiz da execução. Eu sou um juiz que foi investigado. Se eu fosse suspeito eu teria que ser afastado. Quer dizer, é uma investigação normal, tem de ser investigado mesmo. Eles não me conhecem, não sabem quem sou. Eu acho que eles [os policiais] deveriam ter se informado melhor, colhido mais informações antes de me colocar nessa jaca aí, entendeu?

O que é possível fazer, em termos penitenciários, enquanto estamos todos no meio de uma guerra de facções criminosas? Separar os presos surte efeito?
Separar os presos é contra a lei, inclusive. A lei prevê a separação por tipo de crime, por idade, a Constituição diz isso, inclusive. Então, botar todos os criminosos de uma facção pra cá e todos os de outra pra lá é contra a lei. Eu sou a favor de cumprir a lei. E já pensou fazer uma lei dessa, determinando a separação de presos por facções? Que ridículo que ia ser para o Brasil?

O senhor tem uma posição pessoal de ser contra o enfrentamento do Estado às drogas. Na sua opinião, a liberalização das drogas seria uma solução para o crime?
Resolver, não resolveria, numa sociedade com desigualdades sociais deste jeito. Inclusive, muitas dessas pessoas [traficantes de drogas] iam migrar para outros crimes. Mas, ao mesmo tempo, a polícia, que fica apenas na operação antidroga, teria mais tempo para investigar outros crimes. Hoje você é assaltado, vai à delegacia e recebe um BO [boletim de ocorrência]. Matam um familiar teu, tu vais lá e recebe um BO. Ninguém investiga mais nada. Por quê? Porque a polícia vai à esquina, pega o cara com 10 trouxinhas de droga e ela está trabalhando, mas não investiga mais nada. A polícia fica só fazendo blitz. Essa é a atividade da polícia brasileira atualmente. Eu não gosto nem de falar de descriminalização, gosto de falar de regulamentação. Porque droga tá tudo liberado aí. Acha que a polícia não sabe onde estão vendendo as drogas? E o que está havendo com isso? Mortes e mais mortes. O Estado deveria era ganhar um dinheiro com isso, ia retirar o financiamento do crime organizado. A única coisa ruim da droga é a própria droga em si. Eu não vejo nada de ruim na descriminalização, absolutamente nada. Só vejo coisa boa. Vai sobrar muito mais dinheiro, investimento e efetivo policial para outros crimes. Vai ter muito mais dinheiro para tratamento de viciado.

Mas hoje, no Brasil e no mundo, os tráficos de drogas e de armas andam juntos, quase se complementam...
Então imagine, tirar esse financiamento aí todo. Porque o grande problema da violência é o problema do varejo. O atacado está aí, andando de helicóptero. O atacado não está atingido por essa política de repressão. E o varejo quer a regulamentação, mas o atacado não quer.

O que o senhor quer dizer com atacado?
Ninguém sabe quem é o atacado, ele anda de helicóptero, de jatinho. Tu achas que o traficante brasileiro é Fernandinho Beira-Mar [líder do Comando Vermelho, no Rio] e Marcola [líder do PCC]? Acha? Cadê os helicópteros deles? Cadê o helicóptero do Zé Roberto [líder da FDN], que mora em uma periferia aqui em Manaus? O Fernandinho Beira-Mar morava na favela. Acha mesmo que esses são os traficantes brasileiros comandando o tráfico brasileiro? E apareceu um helicóptero com meia tonelada de cocaína no Brasil e a gente fica achando que são eles os traficantes. É muita ingenuidade, né? [o juiz se refere à apreensão de um helicóptero com 445 kg de cocaína em Minas Gerais, em 2013, durante ação da PF A aeronave pertence a uma empresa do ex-deputado estadual mineiro Gustavo Perrella].
O senhor então considera o combate às drogas uma hipocrisia?
Não uma hipocrisia, mas algo alienante. Você fica enxugando gelo para fazer de conta que está fazendo alguma coisa enquanto o tráfico real, milionário, de milhões e milhões de dólares está circulando no 'alto clero'. Veja um exemplo: bancos abriram caixas eletrônicos específicos no México para distribuir dinheiro dos Estados Unidos, sabendo que o dinheiro era originado do tráfico. E ninguém foi punido. Houve uma CPI nos Estados Unidos, indiciaram os gerentes dos bancos. O gerente do banco foi punido. A gente está tapando o sol com a peneira com essa guerra às drogas. E é difícil defender a descriminalização das drogas, porque as pessoas dizem logo: 'ah, esse cara é maconheiro'.

O senhor já foi chamado de maconheiro?
Já, já. Porque eu cheguei em Londres e vi que tinha um energético feito de cannabis [maconha]. Daí eu bati uma foto e eu não bebi, só fingi que estava bebendo para bater a foto. E nem comprei aquela merda, que eu nem gosto de energético. E é um energético, tem efeito oposto ao da maconha. Ai eu postei no Facebook, 'olha que absurdo, conseguem fazer um energético de maconha, podiam fazer muito mais coisas em vez de ficar encarcerando as pessoas'".

O senhor usa algum tipo de droga?
Não, nunca usei. Nem beber eu bebo. Fui atleta a vida inteira. Apesar de que no esporte tem um monte de gente que usa maconha. Se você andar em Ipanema, vai ver muita gente fumando maconha. Na Avenida Paulista, nas passeatas durante os movimentos de 2013, todo mundo fumando maconha. No próprio movimento contra a corrupção gente fumando maconha. Eu sou doido por que eu falo a verdade? É impressionante isso. Não consigo ser irracional.

O senhor é considerado um juiz ativista...
Quando eu digo que sou a favor da regulamentação de todas as drogas, eu estou pensando diferentemente do traficante.

Como lidar com organizações criminosas violentas como a FDN e o PCC? Essas pessoas podem ser reeducadas, ressocializadas?
Eu acho que até tu, com aquela violência da prisão, pode perder o limite para tudo. Muitas dessas pessoas não fariam ou não vão fazer isso em liberdade. A prisão leva àquilo. O medo, o terror, a ignorância, o ódio. É tudo misturado ali. Por exemplo, uma guerra. O soldado pai de família, tem o filho dele que ele leva à escola, a esposa que ele beija toda noite. Ele é convocado para a guerra e ele estupra, ele mata, ele corta a cabeça, ele faz o escambau lá dentro. Acabou a guerra ele continua com a vida dele normal. A prisão é uma guerra. É violência 24 horas por dia, a prisão. Não é natural ficar atrás de grades. Não tem como a gente avaliar aqui de fora.

E a pessoa submetida a isso tem como ser reinserida na sociedade?
Depende dela. Vou te dar um grande exemplo. Malcolm X [ativista negro americano, assassinado em 1965]. Ele foi preso por um assalto e ele era analfabeto. Na penitenciária em que ele ficou não podia ter livro. Ele traficava livro, à noite ele esperava um guarda acender a luz da sala dele para aproveitar um raio de luz para enxergar e aprendeu a ler assim na penitenciária. Saiu de lá e virou um grande líder revolucionário negro nos Estados Unidos. Foi a prisão que ressocializou Malcolm X? Quer dizer, esse pensamento de mudar funciona com, sem ou apesar da prisão. Depende da pessoa. Mas é sempre apesar da prisão quando acontece, porque a prisão não está auxiliando nisso.

Então é um equívoco pensar que a prisão ressocializa?
Claro. Até do Big Brother, que é um lugar com um monte de mulher bonita, o cara quer sair.

O senhor acha que nessa questão dos presídios e do crime organizado está se dando pouca atenção ao problema da corrupção do Estado?
O Estado não serve para nada. Às vezes eu falo assim a pessoa pensa, 'pô, esse cara é um liberal'. Mas Marx nunca gostou do Estado. A sovietização do marxismo é um fenômeno. O Estado, onde esteve, nunca foi boa coisa não. Todos os países socialistas tiveram movimentos de defesa dos direitos humanos contra violência do Estado como os países capitalistas também. O Estado é um problema.

JUIZ AUTORIZA BLOQUEIO DE BENS DE MINISTRO DA AGRICULTURA

O juiz Luís Aparecido Bertolucci Júnior, da Vara Especializada de Ação Civil Pública e Ação Popular de Cuiabá, determinou liminarmente a indisponibilidade de bens em até R$ 4 milhões do ministro da Agricultura Blairo Maggi (PP-MT) e de outros oito réus de uma ação civil pública proposta pelo Ministério Público do Estado do Mato Grosso.

Segundo o MP, foi montado no estado um esquema fraudulento que utilizava recursos públicos sob a aparência de factoring durante os governos de Blairo Maggi e Silval Barbosa (PMDB-MT). Factoring, também chamada de fomento mercantil, é uma operação financeira na qual uma empresa vende seus direitos creditórios – que seriam pagos a prazo – por meio de títulos a um terceiro, que compra estes à vista, com um desconto.
Na decisão, o juiz escreveu que “enfatiza o Ministério Público que o governador, à época, Blairo Maggi estimulou e permitiu a utilização de factoring como forma de levantar recursos para fazer frente às despesas políticas, procedimento que teve continuidade no governo de Silval Barbosa”.

Quanto a Maggi, segundo o magistrado, “não é possível recusar os indícios dos atos de improbidade administrativa que lhe são atribuídos”.

Na decisão, o juiz disse que o periculum in mora evidencia-se “na urgência de acautelar, o quanto antes, o erário estadual” na medida em que o “dinheiro que abastecia a conta corrente, depositado por outros empreiteiros e outros prestadores de serviço ao Estado, provinha de propina paga ao grupo de políticos, vale dizer, dinheiro público desviado por agentes públicos”.

E, segundo ele, “no caso, nada asseguraria que os réus, ao final do processo, que costuma durar anos, se condenados, conservariam patrimônio suficiente à garantia da condenação ou viessem espontaneamente a reparar danos”.

Além do ministro e do ex-governador Silval Barbosa, são réus também na ação: o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Sérgio Ricardo de Almeida, os ex-conselheiros Alencar Soares Filho e Humberto Melo Bosaipo, o ex-presidente da Assembleia Legislativa José Geraldo Riva, o ex-secretário estadual Eder de Moraes Dias, além de Gercio Marcelino Mendonça Júnior e Leandro Valoes Soares.

Afastamento

Na mesma liminar, o juiz Bertolucci Júnior decretou o afastamento de Sérgio Ricardo de Almeida do cargo de conselheiro do TCE.

Segundo o juiz, “o cargo e as funções públicas são diretamente afetados na hipótese destes autos não porque o Conselheiro tivesse atuado contra a lei e moralidade administrativa, mas porque, segundo se aponta na inicial, o então deputado estadual comprou a cadeira do então conselheiro Alencar Soares Filho, com um pseudo empréstimo tomado numa factoring, onde uma conta corrente era abastecida com dinheiro público desviado pelo grupo político a que pertencia”.
 O preço pago pelo cargo vitalício, segundo o Ministério Público, teria sido de R$ 8 milhões, numa vaga que viria a ser provida por indicação da Assembleia Legislativa do Estado.

Segundo a inicial, o ministro Blairo Maggi teria questionado o então conselheiro Alencar Soares sobre a razão de ele abrir mão de sua vaga antes do tempo, “obtendo a resposta de que o deputado estadual Sérgio Ricardo já havia dado um adiantamento da quantia de R$ 2,5 milhões para ocupar sua vaga”.

Para o Ministério Público, Maggi “concordou com a pretensão espúria de Éder Moraes e Sérgio Ricardo, participou de reuniões e ordenou devolução de dinheiro, tendo também ordenado pagamentos, retardando e depois concretizando compra de vaga de Conselheiro do TCE”.

Outro lado

Em nota, o ministro Maggi disse que, no dia 26 de abril do ano passado, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, determinou o arquivamento de todas as acusações que pesavam contra ele na Operação Ararath. Segundo o ministro, o procurador-geral entendeu “que não haviam nos autos indícios suficientes de crimes praticados pelo senador Blairo Maggi, nem vislumbra o Parquet outras diligências úteis à formação da justa causa necessária para oferecimento de denúncia no presente caso”.
Por isso, Maggi se disse surpreso com a decisão, ainda que provisória, do juiz da Vara Especializada em Ação Civil Pública e Ação Popular.

“Sem que absolutamente nada de novo tenha sido acrescido ao processo, o juiz veio na contramão do entendimento do Procurador-Geral da República, a quem coube apurar com rigor as denúncias que geraram o presente feito. Com a consciência tranquila, estou pronto para prestar todos os esclarecimentos à Justiça e, recorrer da medida, por entender não ter sido justa a decisão proferida, ainda que liminarmente”, disse em nota.