segunda-feira, 22 de maio de 2017

Em decisão final, Monica Iozzi é condenada a pagar R$ 30 mil para Gilmar Mendes



Na última sexta-feira, 19, chegou ao fim o processo judicial movido por Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), contra Monica Iozzi. A Justiça do Distrito Federal mandou arquivar o processo, e a apresentadora terá de pagar R$ 30 mil de indenização.

A atriz e apresentadora já havia recorrido da decisão judicial, mas, com o arquivamento, o recurso não é mais permitido. No ano passado, Monica publicou uma foto de Gilmar em seu Instagram com o escrito 'cúmplice?', e com a seguinte legenda: "Gilmar Mendes concedeu habeas corpus para Roger Abdelmassih, depois de sua condenação a 278 anos de prisão por 58 estupros. Se um ministro do Supremo Tribunal Federal faz isso... Nem sei o que esperar".

Mendes então entrou com uma ação judicial de difamação e pediu indenização por danos morais. Inicialmente, ele pedia R$ 100 mil. Segundo o juiz responsável pelo caso, Monica "abusa do seu direito de liberdade de expressão" por ser "uma pessoa pública, que trabalha com comunicação, mídia e programas de auditório, reconhecidos por alcançarem altos índices de audiência", então o que ela pensa e fala "é repercutido em alta escala".


'O caminho de Lula é Diretas Já para a cadeia', afirmam jornalistas

Os jornalistas do site O Antagonista ironizaram a campanha de "Diretas Já" para tentar recolocar Lula na Presidência. 

Para eles, "Lula tenta fugir para o Palácio do Planalto". E sugerem uma nova campanha para Lula: "diretas já para a cadeia".

'Se este país fosse sério, todos esses saqueadores, políticos e empresários, estariam presos! Estão rindo de nós e com razão!', desabafa Janaína Paschoal



A jurista Janaína Paschoal manifestou toda a sua indignação com os crimes financeiros cometidos pelos irmãos Batista. Joesley e Wesley Batista lucraram com a própria delação, comprando dólares e vendendo ações às vésperas de estourar o escândalo. Para Janaína Paschoal, o fato de eles terem negociado imunidade para os crimes delatados não os libera para cometer novos crimes, e eles deveriam ser presos imediatamente.

Leia abaixo o desabafo de Janaína Paschoal: 

O fato de os "algumacoisaleys" terem cometido o crime de "insider trader" não afasta os crimes por eles delatados. Apure-se e puna-se tudo.
Acordo de colaboração premiada alcança crimes passados, mas não crimes futuros! Depois da delação, os irmãos JBS praticaram novo delito.
As informações que trouxeram são importantes, são válidas, mas não os liberam para cometer novos crimes!
Comprar dólares e vender ações, aos bilhões, usando informação privilegiada, é crime e enseja prisão!
O povo brasileiro não pode ser feito de otário! Ministro Fachin, manda buscar os caras! É o império da lei!
Já há condenação criminal pelo crime de insider trading no Brasil! No caso dos irmãos JBS, todos os elementos do crime estão presentes!
Se um diretor da Sadia foi condenado por usar informação privilegiada, que dirá no caso da JBS. As ordens pública e econômica foram feridas
Não estou sugerindo cancelar delação. As informações são válidas! Mas o crime posterior deve ter resposta. Eles estao rindo da nossa cara!
Nós brasileiros somos os donos da JBS! E as testemunhas de Dilma, no impeachment, diziam que estava tudo correto no BNDES!
O apartamento na 5a. Avenida e o jato particular são nossos! Que país é este?
O Governo Dilma, por meio da JBS e da Odebrecht, saqueou o Brasil! Os outros políticos calaram, por também se beneficiarem! É muito triste!
Como um juiz pode condenar alguém, sem sentir peso na consciência, diante dessa bandalheira? O que eu vou ensinar aos meus alunos?
Como o Ministério Público consegue denunciar um pequeno empresário, por não conseguir pagar seus tributos, diante dessa desfaçatez?
Se este país fosse sério, todos esses saqueadores, políticos e empresários, estariam presos! Estão rindo de nós e com razão!

'Aécio será preso em 2 minutos enquanto Lula permanecerá discursando. Por quê?', questiona filósofo Luiz Felipe Pondé

O filósofo Luiz Felipe Pondé questionou a diferença no tratamento jurídico entre partidos: "Aécio será preso em 2 minutos enquanto Lula permanecerá discursando. Por que?". 

Entre as respostas, incluiu: "A dificuldade de tirar o PT do poder é porque ele está em toda parte... até no judiciário".

'O Brasil é um esgoto a céu aberto, precisa de dedetização rápida. Dizem que Deus é brasileiro, mas está de férias há uns 4 anos', diz Faustão

Em seu programa dominical, o apresentador Faustão comentou os escândalos de corrupção que varrem o país e desabafou: "O Brasil é um esgoto a céu aberto, precisa de dedetização rápida. Dizem que Deus é brasileiro, mas está de férias há uns 4 anos".

Fracasso de atos petistas em defesa de 'Diretas Já' frustra líderes do partido, que culpam a chuva



Os protestos marcados pela esquerda fracassaram em todo o Brasil, com adesão extremamente baixa. 

Em São Paulo, uma dos maiores manifestações, os militantes chegaram a ocupar um único quarteirão da avenida Paulista. Os líderes culparam a chuva. 

Procurador preso no caso JBS fez festa luxosa de casamento no Copacabana Palace


O procurador Angelo Goulart, preso por espionar a Greenfield a soldo da JBS, casou-se em setembro de 2013 numa festa de arromba no Copacabana Palace – mesmo local escolhido pela filha de Eduardo Cunha.
A cerimônia religiosa foi no Outeiro da Glória. A também procuradora Ana Luisa Zorzenon usou vestido da David’s Bridal, de Nova York.
Em matéria sobre o casório, ainda disponível na internet, é possível ter uma ideia do tamanho do evento, que teve até bateria da Mangueira.
Veja:
“Para organizar tudo, a noiva contou com a indispensável ajuda de Roberto Cohen, definido por ela como o melhor cerimonialista da cidade. A igreja Nossa Senhora do Outeiro da Glória foi palco do tão esperado “sim”. Clássica, a decoração de A Roseira investiu em arranjos com diferentes flores brancas sobre vasos de prata. Ao som da Marcha Nupcial, Ana Luisa desfilou clássico modelo tomara que caia bordado, vindo diretamente da David’s Bridal, em Nova York.
Depois da cerimônia, todos foram festejar a ocasião no Copacabana Palace. Daniel Cruz apostou num décor sofisticado e, ao mesmo tempo, aconchegante. Mix de flores em diversos tons de rosa ficaram em harmonia com suntuosos lustres. Em contrapartida, velas suspensas foram distribuídas pelo salão para garantir o clima casual. Na hora de abrir a pista, os recém-casados contaram com o som do DJ Guga Weigert, acompanhado de um saxofonista.
Nenhum detalhe da produção escapou das sensíveis lentes de Ribas Foto e Vídeo. A equipe fez questão de registrar todos os momentos da noite, desde os preparativos, com um making off superespontâneo, até os pontos altos da noite com shows de MC Marcinho e da bateria da Mangueira.”

fonte: república de curitiba

Em cada 3 eleitos no Congresso, 1 teve dinheiro da JBS

Apostando em um futuro bom relacionamento com prováveis candidatos que fossem eleitos em 2014, a J&F (holding controladora do grupo JBS) destinou mais de R$ 500 milhões para ajudar a eleger governadores, deputados estaduais, federais e senadores de todo o país, segundo os delatores. 
Em um dos depoimentos que prestou ao Ministério Público Federal (MPF), com quem firmou acordo de delação premiada já homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o diretor de Relações Institucionais e Governo da J&F, Ricardo Saud, entregou um levantamento detalhado em que aponta todos os candidatos financiados pela empresa.
De acordo com Saud, o total em dinheiro repassado por meio de “pagamentos dissimulados” alimentou as campanhas de 1.829 candidatos. Destes, 179 se elegeram deputados estaduais em 23 unidades da federação e 166 deputados federais por 19 partidos.
Segundo reportagem do Estadão, no Congresso, 1 em cada 3 candidatos eleitos teve dinheiro da JBS. O jornal destaca ainda que, além dos 166 deputados já mencionados acima, a JBS teria doado recursos para 28 dos 81 atuais senadores. Ou seja, de acordo com o periódico, 32% dos 513 deputados e 35% dos senadores eleitos receberam dinheiro da empresa.
O delator não deixa claro quais pagamentos foram feitos via caixa 2 e quais foram doações oficiais. No depoimento, divulgado após a retirada do sigilo da delação, ele dá a entender que os valores citados se referem apenas às campanhas de 2014.
Em outro depoimento, o dono da JBS, Joesley Batista, também afirmou que a maioria das doações feitas pela empresa tratava-se de propina disfarçada por contrapartidas recebidas.
Doamos propina a 28 partidos”, contou Saud, admitindo que os mais de R$ 500 milhões destinados a agentes públicos para as eleições de 2014 formavam um “reservatório de boa vontade”. “Era para que eles não atrapalhassem a gente”, afirmou.
O delator cita ainda que foram distribuídas “propina para 16 governadores eleitos e para 28 candidatos ao Senado que disputavam a eleição, a reeleição ou a eleição para governador”, acrescentou. Segundo ele, os governadores eleitos pertenciam ao PMDB (4), PSDB (4), PT (3), PSB (3), PP (1) e PSD (1).
Ao entregar a documentação aos procuradores, Saud enfatizou a importância do “estudo” que fez por sua própria conta.
Acho que, no futuro, isso aqui vai servir. Aqui estão todas as pessoas que direta ou indiretamente receberam propina da gente.” Os documentos liberados pelo STF não trazem a lista de todos os nomes que fariam parte deste levantamento aponta por Saud.
fonte: // Agência BR

Anonymous invadem sistemas e divulgam banco de dados da JBS

Hackers do grupo ativista Anonymous confirmaram uma invasão aos sistemas da JBS, brasileira que é uma das maiores empresas do mundo no ramo alimentício. O ataque envolve a obtenção de senhas e a criação de usuários dentro do banco de dados da companhia, que vão servir para monitoramento de acessos a arquivos e navegação local.
Para comprovar o acesso, o Anonymous publicou na internet uma lista de bancos de dados disponíveis nos sistemas da JBS e outra com suas etiquetas de produção – algumas, inclusive, teriam sido alteradas pelo grupo. Em manifesto, o grupo se refere à empresa como “uma corja de ladrões, corruptos (…) que estão acabando com nosso povo e nosso país”.
No texto, ainda, tentam tranquilizar os funcionários da companhia, afirmando que não existe problema algum com eles, e desafiam as autoridades.
“Não vamos sossegar. Vocês podem pegar um, dois, três, quatro de nós, mais (sic) nunca conseguiram (sic) deter a todos”, termina o grupo, antes de apresentar uma sequência de informações sobre o banco de dados que comprova a invasão.
Apesar da revelação, dados de executivos ou usuários dos sistemas não foram vazados, nem senhas ou outras informações confidenciais.
No passado, entretanto, o Anonymous já realizou ações semelhantes, revelando uma lista de e-mails relacionadas à Odebrecht, por exemplo, bem como invadindo os sistemas da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) em protesto contra a iminência da imposição de franquias na banda larga doméstica.
A JBS, que é dona da Friboi, Seara, Swift e outras marcas, se tornou o centro de uma grande crise política na última semana. Em delação premiada, Joesley Batista, dono da companhia, revelou suas relações com o governo, que incluem mais de R$ 500 milhões em doações a políticos ao longo dos últimos 15 anos e gravações do presidente Michel Temer negociando o pagamento de propina ao ex-deputado Eduardo Cunha.
Outros nomes, como Aécio Neves, Fernando Pimentel, Ciro Gomes e Gilberto Kassab – bem como os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff – também foram citados.
fonte: // CanalTech

Diante de Moro, Delcídio será testemunha de acusação contra Lula

O senador cassado Delcídio Amaral prestará depoimento nesta segunda-feira ao juiz Sergio Moro. Delcídio será ouvido como testemunha de acusação na ação penal em que o Ministério Público Federal (MPF) acusa o ex-presidente Lula de aceitar “vantagens indevidas” da Odebrecht. O petista nega as acusações.
Neste processo, Lula é réu junto com o ex-ministro Antônio Palocci, Marcelo Odebrecht, e outras cinco pessoas. O caso não tem relação com o tríplex do Guarujá, que está em fase de alegações finais, a penúltima antes de Moro dar a sentença.
Na ação, o MPF diz que Lula recebeu propina da Odebrecht na compra de um terreno para a construção de uma nova sede para o Instituto Lula e também num apartamento vizinho à cobertura onde o ex-presidente mora em São Bernardo do Campo (SP).

fonte: república de curitiba

A CAMINHO DO BREJO

A sociedade dá de ombros, vencida pela inércia

Um país não vai para o brejo de um momento para o outro — como se viesse andando na estradinha, qual vaca, cruzasse uma cancela e, de repente, saísse do barro firme e embrenhasse pela lama. Um país vai para o brejo aos poucos, construindo a sua desgraça ponto por ponto, um tanto de corrupção aqui, um tanto de demagogia ali, safadeza e impunidade de mãos dadas. Há sinais constantes de perigo, há abundantes evidências de crime por toda a parte, mas a sociedade dá de ombros, vencida pela inércia e pela audácia dos canalhas.

Aquelas alegres viagens do então governador Sérgio Cabral, por exemplo, aquele constante ir e vir de helicópteros. Aquela paixão do Lula pelos jatinhos. Aquelas comitivas imensas da Dilma, hospedando-se em hotéis de luxo. Aquele aeroporto do Aécio, tão bem localizado. Aqueles jantares do Cunha. Aqueles planos de saúde, aqueles auxílios moradia, aqueles carros oficiais. Aquelas frotas sempre renovadas, sem que se saiba direito o que acontece com as antigas. Aqueles votos secretos. Aquelas verbas para “exercício do mandato”. Aquelas obras que não acabam nunca. Aqueles estádios da Copa. Aqueles superfaturamentos. Aquelas residências oficiais. Aquelas ajudas de custo. Aquelas aposentadorias. Aquelas vigas da perimetral. Aquelas diretorias da Petrobras.

A lista não acaba.

Um país vai para o brejo quando políticos lutam por cargos em secretarias e ministérios não porque tenham qualquer relação com a área, mas porque secretarias e ministérios têm verbas — e isso é noticiado como fato corriqueiro da vida pública.

Um país vai para o brejo quando representantes do povo deixam de ser povo assim que são eleitos, quando se criam castas intocáveis no serviço público, quando esses brâmanes acreditam que não precisam prestar contas a ninguém — e isso é aceito como normal por todo mundo.

Um país vai para o brejo quando as suas escolas e os seus hospitais públicos são igualmente ruins, e quando os seus cidadãos perdem a segurança para andar nas ruas, seja por medo de bandido, seja por medo de polícia.

Um país vai para o brejo quando não protege os seus cidadãos, não paga aos seus servidores, esfola quem tem contracheque e dá isenção fiscal a quem não precisa.

Um país vai para o brejo quando os seus poderosos têm direito a foro privilegiado.

Um país vai para o brejo quando se divide, e quando os seus habitantes passam a se odiar uns aos outros; um país vai para o brejo quando despenca nos índices de educação, mas a sua população nem repara porque está muito ocupada se ofendendo mutuamente nas redes sociais.

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O Brasil caminha firme em direção ao brejo há muitas e muitas luas, mas um passo decisivo nessa direção foi dado quando Juscelino construiu Brasília, aquela farra para as empreiteiras, e quando parlamentares e funcionários públicos em geral ganharam privilégios inéditos em troca do “sacrifício” da mudança para lá.

Brasília criou um fosso entre a nomenklatura e os cidadãos comuns. A elite mora com a elite, convive com a elite e janta com a elite, sem vista para o Brasil. Os tempos épicos do faroeste acabaram há décadas, mas os privilégios foram mantidos, ampliados e replicados pelos estados. De todas as heranças malditas que nos deixaram, essa é a pior de todas.
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Acho que está rolando uma leve incompreensão dos reais motivos de mobilização da população em alguns setores. Eles parecem acreditar que o MBL e o Vem Pra Rua falam pelos manifestantes, ou têm algum significado político, quando, na verdade, esses movimentos funcionam mais como agentes de mobilização — afinal, alguém precisa marcar uma data e um horário, ou nenhuma manifestação acontece.

A maioria das pessoas que foi às ruas está pouco se lixando para eles. Seu alvo primordial é gritar contra a corrupção, a sordidez que rege a vida política brasileira, a bagunça geral que toma conta do país. Seu principal recado é o apoio à Lava-Jato, que parece ser a única coisa que funciona num cenário em que o resto se desmancha.

Se ninguém fez muita questão de gritar #ForaTemer nos protestos de domingo passado, isso talvez se deva menos a palavras de ordem vindas de carros de som do que a dois fatos bastante simples. O primeiro é que está implícita na insatisfação popular a insatisfação com Temer, e naquele momento parecia mais urgente responder aos insultos do Congresso; o segundo é que há uma resistência natural a se usar uma palavra de ordem criada pelo “outro lado”, pela turma que acredita na narrativa do golpe.

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Gilmar Mendes disse que a decisão de Marco Aurélio Mello de afastar Renan da mesa do Senado é “indecente”. Não, ministro. Pode ser qualquer outra coisa, mas indecente não é. Indecente é um homem como Renan Calheiros ocupar a mesa do Senado. Aliás, indecente é um homem como Renan Calheiros, que já renunciou ao mandato para não ser cassado e tem mais prontuário do que biografia.

Com todo o respeito, ministro, o senhor precisa rever as suas prioridades e dar um trato nos seus adjetivos.


Por Cora Rónai (O GLOBO 08.12.2016)

Dallagnol conquista plateia com exposição criativa sobre a Lava Jato

Terça-feira, 16 de maio, casa lotada e gente ocupando corredores ou qualquer espacinho disponível. Esse era o cenário na sala Fernanda Montenegro, do Teatro Leblon, onde se desenrolou uma espécie de debate para o lançamento do livro do procurador federal Deltan Dallagnol, de 37 anos, coordenador da Operação Lava-Jato. O encontro marcado para às 20h previa uma conversa informal entre Dellagnol e o jornalista Fernando Gabeira, 76. O ingresso para o evento era a compra da obra do paranaense, intitulada A luta contra a corrupção (Editora Primeira Pessoa / Sextante, R$ 39,90). Às oito em ponto, o palco foi ocupado pelos dois protagonistas e o que se assistiu ganhou ares de stand-up comedy (com a diferença que estavam ambos sentados), tamanho o volume das risadas da plateia. “Deltan às vezes é acusado de ser muito jovem. Eu não levo essas acusações a sério, porque as mesmas pessoas me acusam de ser um velho decadente”, disse Gabeira com a sua habitual calma, arrancando as primeiras gargalhadas. Tranquilo, Dallagnol  foi recebido com aplausos da plateia em pé. Ele era a imagem da felicidade, às vésperas da divulgação da existência das gravações dos irmãos empresários, Wesley e Joesley Batista, sobre o presidente Temer. Confira abaixo os melhores momentos do diálogo entre Dellagnol e Gabeira.
Dor de barriga
DALLAGNOL. Na Lava-Jato, é tudo muito corrido. A gente costuma comprar mantimentos no supermercado para não ter que sair para comer. Certa vez, eu passei mal. Tive problemas gástricos que me levaram ao banheiro muitas vezes. Eu não tinha tempo de ir ao médico, então fui fazer uma consulta via Whatsapp. Só que o nome do meu gastroenterologista é Paulo Roberto Costa Claro, e a gente tinha recém-feito o acordo de colaboração com o Paulo Roberto Costa. Cliquei no primeiro Paulo Roberto que apareceu e escrevi: “Dr. Paulo Roberto, estou me sentindo assim e assado. Quando vou ao banheiro, acontece isso. Me ajuda”. E veio a resposta: “Dr. Deltan, não sou médico, sou engenheiro. Sinto não poder ajudar, mas desejo sua pronta recuperação”. Gabeira, eu fico contente por não ter mandado fotos!
Blackberry
DALLAGNOL. A Lava-Jato recuperou 10 bilhões de reais num país em que a regra é recuperar zero. A operação é fruto de competência e muito trabalho, mas decorreu também de um conjunto de fatores improváveis. Os doleiros identificados nesse caso, lá na origem, trocavam mensagens através de aparelhos Blackberrys, porque entendiam que assim não poderiam ser interceptados. Mas eles mal sabiam que um agente da Polícia Federal tinha estado no Canadá, onde havia sido desenvolvido um sistema de quê? De interceptação de Blackberrys. Foi assim que chegamos ao Alberto Youssef.
GABEIRA. As circunstâncias estiveram muito contra nós no passado. No comício em Caruaru, Pernambuco, durante o movimento Diretas Já, as estrelas eram o Collor e o Lula. Os dois levantando a bandeira anticorrupção. Collor na época era o caçador de marajás, e o Lula era o homem que trazia ética para a política. Anos depois, os dois são réus da Lava-Jato. Fica bastante claro que há alguma coisa errada no sistema que construímos desde a redemocratização do país.
PowerPoint
GABEIRA. Uma das grandes críticas que foram feitas ao seu trabalho foi a apresentação de um PowerPoint. Ali eu acho que você cometeu um erro, porque você diz que o Lula é o comandante de tudo. E agora nós ficamos sabendo que ele é apenas o chefe.
DALLAGNOL Acho que vou chamar meu advogado e me reservar o direito de permanecer em silêncio. E hoje não tem PowerPoint.
Heróis
DALLAGNOL. Quem na plateia acha que a Lava-Jato transforma o Brasil? Infelizmente, a operação não vai mudar o país. Ela pode ser um passo nessa direção, mas é insuficiente. Tirar as maçãs podres do cesto não basta, porque as outras vão continuar apodrecendo. Não existem heróis da Lava-Jato. Eles são vocês, a sociedade. Mas o discurso do herói me preocupa, porque coloca a população como vítima da realidade, de representantes que não nos representam, do passado, da colonização portuguesa burocrática que trouxe a corrupção.
Pizza
DALLAGNOL O foro privilegiado desprestigia a ideia de República, de que todos devem ser iguais perante a lei. Hoje temos mais de 50 000 pessoas com foro. Eu mesmo tenho, e não deveria ter. Precisamos mudar essa realidade, estabelecer um governo entre iguais, em que todos estão sujeitos à lei e ao juízo de primeira instância, inclusive o presidente. E precisamos transformar a Lava-Jato em regra. Hoje, 97% dos casos comprovados de corrupção acabam em pizza. Apenas três a cada 100 casos resultam em punição. Você acha que os réus vão para a prisão? Não. São punidos com prestação de serviços à comunidade e doação de cestas básicas. Isso faz com que o crime da corrupção compense. O problema do país não é o partido A ou B, é o sistema político apodrecido. Vale a pena ser corrupto no Brasil.
GABEIRA. A maioria dos casos não chega ao Supremo, não são alavancados até a mesa do STF, que dirá com uma boa pontaria precisamente à mesa do Gilmar.
História
DALLAGNOL Os esquemas de corrupção vêm de longa data, gente. Em 1650, o padre Antônio Vieira já dizia que quem era ladrão não era o ladrão de galinha, mas os governantes que vinham aqui, segundo ele, não buscar o nosso bem, mas buscar os nossos bens. Em 1820, surgiu uma riminha carioca: “Quem rouba é ladrão, quem rouba muito é barão, mas quem rouba muito e esconde é promovido de barão a visconde”. Recentemente, apareceu uma nova expressão, a do político que “rouba, mas faz”. A quem ela se relaciona?
PARTE DA PLATEIA. Maluf!
DELLAGNOL. Ademar de Barros. Mas o outro que vocês pensaram, até isso ele roubou.
A tática do inimigo
GABEIRA. Há quem diga que a Lava-Jato fere princípios legais. Já compararam os jovens procuradores aos tenentes. Isso inibe a operação?
DALLAGNOL. É muito comum, no Brasil, atacar o procedimento para evitar a discussão do mérito. Quando as investigações são cuidadosas e as provas são fortes, o político nega tudo alegando perseguição. O receio que a gente tem é que essa narrativa de perseguição política e abusos de autoridade acabe pegando com o tempo. Essa já era uma estratégia de Goebbels [Ministro da Propaganda na Alemanha Nazista]: uma mentira repetida mil vezes começa a parecer verdade.
GABEIRA. O que importa não são as evidências, é a narrativa…
DALLAGNOL. Vivemos a era da pós-verdade, que virou a expressão do ano 2016 no Oxford Dicionaries. Há blogs que simplesmente criam ou distorcem fatos todos os dias. São construídas narrativas, por exemplo, para dizer que as colaborações da Lava-Jato são extraídas mediante pressão. E isso viraliza na internet. Mais de 80% dos casos de colaboração, no entanto, foram feitos em casos em que não existia prisão.
GABEIRA. Escrevi hoje um artigo em que concluí o seguinte: no século passado, caiu o muro; nesse século, precisa cair a ficha.
DELLAGNOL. No Brasil, são desviados 200 bilhões de reais por ano em esquemas de corrupção. Um montante que poderia triplicar o orçamento federal na saúde ou na educação. Em dois anos e meio, o país resolveria o problema do saneamento básico. Não importa se você é de esquerda, direita, de cima ou de baixo, dá para fazer muito com esses 200 bilhões.
Itália
DALLAGNOL. Houve uma operação parecida com a Lava-Jato, na Itália, na década de 90. Tinha até uma estatal petrolífera no centro do escândalo. Lá, o sistema político inteiro estava danificado, como o nosso. Aí, começaram a aparecer alguns discursos de supostos abusos na operação, que jamais foram comprovados. Mas, se a população começa a desconfiar do procedimento, acabou. Foi o que aconteceu na Itália. Oito anos depois, esvaziaram a Operação Mãos Limpas e chegaram até a aprovar uma lei que proibia a prisão preventiva especificamente nos casos de corrupção. Lá, a pauta anticorrupção foi substituída no legislativo pela pauta de abuso de autoridade do judiciário. Qualquer semelhança…
GABEIRA. Em último caso você pode prometer, numa campanha política, que vai prender todos os procuradores.
DALLAGNOL Gabeira, infelizmente a Itália perdeu a janela para a transformação. Se não aproveitarmos a oportunidade que a Lava-Jato está nos oferecendo agora, vamos viver o resto de nossas vidas assistindo aos escândalos, sentados no sofá, e reclamando da vida. Somos capazes, sim, de construir um Brasil melhor, mas a hora é agora.
Projeto anti-corrupção
NELSON FREITAS, HUMORISTA, DA PLATEIA. Mas o que a gente, o povo, pode fazer? Temos que seguir o exemplo da Ucrânia, pegar os políticos e jogar na lata do lixo?
DALLAGNOL. Precisamos avançar com as reformas. Nós do Ministério Público Federal redigimos propostas anticorrupção com três eixos centrais: prevenção, punição e recuperação do dinheiro desviado. No final de 2016, as medidas foram aprovadas no Congresso quase na íntegra. Lá no plenário, no entanto, na noite seguinte à tragédia do Chapecoense, enquanto a sociedade brasileira chorava a morte daquelas pessoas, a Câmara dos Deputados deturpou completamente as propostas, desfigurou o projeto. Eu me arrastei até o trabalho e, pela primeira vez, pensei em desistir. A grande verdade é que existem causas pelas quais vale a pena lutar, independente do resultado. E o nosso país é uma delas. Não sei se vamos ganhar ou perder, mas nós precisamos prosseguir. Concordo com Gandhi quando ele disse que a força não vem das vitórias. Quando você passa por dificuldades e decide não se render, isso é força.

Fonte: Veja