quarta-feira, 13 de setembro de 2017

'EU VI PALOCCI MENTIR AQUI', DIZ LULA NO DEPOIMENTO A MORO

Ex-presidente Lula da Silva foi ouvido por 2h10 nesta quarta (13) em ação que investiga se ele recebeu propina da Odebrecht. Lula da Silva disse que Palocci é "calculista e frio" e que só citou o nome dele para conseguir redução de pena.

Em depoimento na Justiça Federal de Curitiba nesta quarta-feira (13), o ex-presidente Lula da Silva afirmou que o ex-ministro de seu governo Antonio Palocci "mentiu" em depoimento ao juiz Sérgio Moro. "Eu vi o Palocci mentir aqui", afirmou. Lula chamou o ex-ministro de "calculista e frio" e disse que Palocci só citou seu nome para reduzir alguns anos de condenação. "Fiquei com pena disso".
Na ação, Lula é acusado de receber propina da empreiteira Odebrecht por meio da compra de um terreno para a nova sede do Instituto Lula e de um apartamento vizinho ao que mora em São Bernardo do Campo (SP).

Lula também afirmou a Moro:
Que não solicitou a compra do apartamento vizinho ao dele em São Bernardo do Campo.
Que visitou o terreno objeto da denúncia uma vez e que o achou inadequado.
Que as doações que o Instituto Lula recebeu da Odebrecht não eram propina.
Que as três denúncias apresentadas contra ele pela força-tarefa da Lava Jato são "ilações".

Palocci
Antonio Palocci foi interrogado por Moro nesta mesma ação na semana passada e afirmou que Lula tinha um "pacto de sangue" com o dono da empreiteira Odebrecht, que incluia um "pacote de propinas" para o ex-presidente no valor de R$ 300 milhões.

Em seu depoimento, que durou 2h10, Lula afirmou que a delação de Palocci é focada nele numa tentativa de redução de pena. "Palocci tem o direito de querer ser livre, tem o direito de querer ficar com um pouco do dinheiro que ele ganhou fazendo palestra, ele tem família, tudo isso eu acho. O que não pode é, se você não quer assumir a tua responsabilidade pelos fatos ilícitos que você fez, não jogue em cima dos outros", afirmou.

Lula da Silva disse ainda que o ex-ministro Palocci é "um simulador" e um "calculista. "Eu vi atentamente o depoimento do Palocci. Uma coisa quase que cinematográfica, quase feita por roteirista da Globo, sabe?", disse Lula. "Conheço o Palocci bem. O Palocci, se não fosse ser humano, seria um simulador. Ele é tão esperto que é capaz de simular uma mentira mais verdadeira que a verdade. O Palocci é médico, calculista, é frio", afirmou.

Sérgio Moro, então, perguntou se nada do que o ex-ministro disse é verdadeiro. "Nada é verdadeiro", respondeu Lula. "A úncia coisa que tem de verdade ali é ele dizer que está fazendo a delação porque quer os benefícios da delação. Ou quem sabe ele queira um pouco do dinheiro que vocês bloquearam dele", afirmou.
Sobre a menção de Palocci de que Lula cometeu obstrução de Justiça, o ex-presidente disse: "Eu não admito que ninguém diga que eu tento obstruir a Justiça. Porque eu, se não acreditasse na Justiça, eu não estaria fazendo política."
Lula afirmou não ter "raiva", mas pena, do colega de partido e ex-ministro da Fazenda do governo dele. "Eu não tenho raiva do Palocci. Eu tenho pena dele. Porque o Palocci é um quadro político excepcional do qual esse país não tem muito. Então, o companheiro Palocci vem aqui, conta uma série de inverdades, fala de um fundo, que uma hora é 300 [milhões de reais], que outra hora é 200, mas que ele não soube, que ele não estava lá, que fui eu que contei para ele."
Sobre as declarações de Lula, o advogado de Palocci, Adriano Bretas, afirmou que o ex-presidente é dissimulado e que a lógica dele é dizer que os que o acusam mentem.

Apartamento
Lula da Silva afirmou que não pediu a ninguém a compra do apartamento vizinho ao seu em São Bernardo do Campo. Ele também negou ter participado do contrato de locação do imóvel e disse que o local era usado por seguranças e também para reuniões políticas.

O ex-presidente Lula disse que "deve ter" o recibo de pagamentos do aluguel do apartamento. "O recibo não fica comigo, mas isso pode ser pego e enviado", afirmou. Questionado pelo Ministério Público se o ex-presidente não achava relevante apresentar os recibos, Lula, orientado pelo advogado, não respondeu.

O ex-presidente relatou que, quando o dono do apartamento faleceu, ele não manifestou preocupação de que o imóvel fosse adquirido por um terceiro. Segundo Lula, ele ficou sabendo que o Glaucos da Costamarques [acusado de ser laranja na transação] havia comprado o imóvel quando foi estabelecido contrato de locação com a dona Marisa [ex-mulher de Lula, já falecida].
Lula disse que até interrogatório de Glaucos, tinha certeza que o aluguel estava sendo pago. "Para mim foi surpresa, porque o Glaucos nunca reclamou para mim que não estava sendo pago até 2015."

Terreno
Lula da Silva disse que visitou o terreno que é objeto da denúncia uma única vez, mas, segundo ele, achou "inadequado". "Isso aqui não é uma zona que pode frequentar muita gente. Nós vamos procurar em outro lugar", disse Lula. Outros lugares também foram visitados, segundo ele.

Doações da Odebrecht
O ex-presidente Lula também foi perguntado sobre as doações de R$ 4 milhões da construtora Odebrecht para o Instituto Lula entre 2013 e 2014. "Eu já respondi, mas vou responder outra vez: a Odebrecht não tinha que pedir a opinião do Lula para fazer doação, porque o Lula não é diretor do Instituto Lula. Se ela fez alguma doação, ela está contabilizada no instituto”, afirmou.

Questionado se o valor foi propina da Odebrecht para o governo do PT, Lula disse: "Essa é a peça de ficção mais hilariante que eu ouvi na fala do Palocci. Eu, sinceramente, não sei qual era a relação de Palocci com Marcelo Odebrecht. Os dois têm mais de 35 anos, tem autonomia, conversavam e nunca me pediram para conversar. Se tinha fundo ou não tinha fundo, o doutor Palocci que explique", disse.

Impacialidade
No final do depoimento, Lula questionou a imparcialidade de Moro e foi repreendido pelo juiz, que então encerrou o depoimento. O ex-presidente perguntou: "Eu posso olhar na cara dos meus filhos e dizer que eu vim a Curitiba prestar depoimento a um juiz imparcial?"
Sérgio Moro o repreendeu pela pergunta, mas respondeu: "Primeiro, não cabe ao senhor fazer esse tipo de pergunta pra mim, mas, de todo modo, sim." Lula então diz, em referência à condenação em primeira instância pelo triplex do Guarujá: "Porque não foi o procedimento na outra ação, doutor".
O juiz Moro rebateu: "A minha convicção foi de que o senhor foi culpado. O senhor apresente as suas razões no tribunal". O magistrado então terminou o interrogatório.

Ministério Público
O ex-presidente acusou o Ministério Público de promover uma caça às bruxas com ele. "O objetivo é encontrar alguém para me criminalizar. Só quero dizer que há uma caça às bruxas. Eu fiquei muito preocupado com a delação do Palocci. Porque ele poderia ter falado 'eu fiz isso de errado, eu fiz isso'. Ele: 'não é que sou santo, e pau no Lula', que é uma jeito de você conquistar veracidade na sua frase. Eu fiquei com pena disso."

O ex-presidente disse que vai provar ser inocente e espera um dia receber desculpa do MPF. "Eu poderia ficar zangado, nervoso, mas eu quero enfrentar o Ministério Público, sobretudo a força-tarefa, para provar minha inocência. Eu só espero que eles tenham grandeza de um dia pedir desculpa".

Interrogatório
O interrogatório do ex-presidente Lula da Silva na Operação Lava Jato terminou por volta das 16h20, depois de 2 horas e 10 minutos de depoimento, na sede da Justiça Federal, em Curitiba. Outro réu, o ex-assessor do ex-ministro Antonio Palocci, 
Branislav Kontic, foi interrogado logo depois de Lula.

Logo no início do interrogatório, Lula afirmou que queria falar. Na condição de réu, ele poderia optar por ficar em silêncio. "Apesar de entender que o processo é ilegítimo e injusto, eu pretendo falar. Talvez eu seja a pessoa que mais queira a verdade neste processo", afirmou o ex-presidente.

Em uma das ocasiões em que deu a palavra para Lula, Moro afirmou que não era hora de "discurso de campanha". "O senhor gostaria de dizer alguma coisa ao final, Sr. ex-presidente? Só assim, senhor presidente [levanta a voz]: não é momento de campanha, não é momento de discurso, é para falar do objeto da acusação, se for o caso. Certo?"

Acusação
Esta é a segunda vez que Lula da Silva presta depoimento como réu em um processo da Lava Jato conduzido por Moro. A acusação é sobre um suposto pagamento de propina por parte da construtora Odebrecht.

Segundo a denúncia, a empresa comprou um terreno para a construção de uma nova sede para o Instituto Lula. A empreiteira também teria comprado um apartamento vizinho ao que o ex-presidente mora, em São Bernardo do Campo (SP). O imóvel é alugado desde 2002 e abriga, principalmente, os seguranças que fazem a escolta de Lula.

No caso anterior, quando Lula da Silva foi ouvido por Sérgio Moro pela primeira vez como réu, ele era acusado de receber R$ 3,7 milhões em propina, de forma dissimulada, da empreiteira OAS. Em troca, ela seria beneficiada em contratos com a Petrobras. O ex-presidente acabou condenado naquela ação penal a nove anos e meio de prisão.

Entenda a denúncia
Segundo o MPF, os dois imóveis fazem parte de um total de R$ 75 milhões em propinas que foram pagas pela Odebrecht a funcionários da Petrobras e políticos, após a empreiteira firmar oito contratos com a estatal. De acordo com a denúncia, a parte de Lula foi repassada com a intermediação do ex-ministro Antonio Palocci e do assessor dele, Branislav Kontic.

O imóvel que seria para o Instituto Lula fica em São Paulo, na Rua Haberbeck Brandão. O MPF afirma que o terreno foi comprado pela Odebrecht, usando o nome de outra empreiteira, a DAG. Apesar das negociações terem sido feitas e a DAG ter adquirido o imóvel, nada foi construído no local.

Já a compra do apartamento, de acordo com a denúncia, foi realizada com o auxílio de um parente do pecuarista José Carlos Bumlai. Conforme o MPF, Glaucos da Costamarques serviu de "laranja" para adquirir o imóvel para Lula, já que o apartamento era alugado desde que ele chegou à Presidência.

Ao todo, oito pessoas foram denunciadas: Lula, Palocci, Kontic, Paulo Melo, Demerval Galvão, Glaucos da Costamarques, Roberto Teixeira e Marcelo Odebrecht. A ex-primeira-dama Marisa Letícia também constava na denúncia, mas teve o nome retirado após o falecimento dela.

Desde que foi denunciado, Lula da Silva tem negado o recebimento de propinas e o favorecimento da Odebrecht. A defesa diz que o MPF não tem provas que sustentem a denúncia.

Fase final
Após os depoimentos de Lula e de Kontic, o advogado Roberto Teixeira também deve ser ouvido. O depoimento dele já deveria ter ocorrido, mas a data foi adiada, depois que ele foi internado em São Paulo, com insuficiência cardíaca. A nova data está marcada para o dia 20 deste mês.

Depois do depoimento de Teixeira, o processo chegará à fase final. O MPF e as defesas poderão pedir as últimas diligências. Caso isso não ocorra, o juiz determinará os prazos para que as partes apresentem as alegações finais.
Em seguida, os autos voltam para Sérgio Moro, que vai definir a sentença, podendo condenar ou absolver os réus. Não há prazo para que a sentença seja publicada. 
Com Informações do G1

EX-GOVERNADOR ANTHONY GAROTINHO É PRESO NO RIO DE JANEIRO

Anthony Garotinho (PR),  ex-governador do Estado do Rio de Janeiro, foi preso na manhã desta quarta-feira (13) no Rio de Janeiro. Ele foi detido pela Polícia Federal quando apresentava o programa de rádio que ancora na Rádio Tupi. 

A ordem de prisão é do juiz Ralph Manhães, da 100º Zona Eleitoral de Campos dos Goytacazes. Garotinho é suspeito de comandar um esquema de troca de votos pela inclusão de famílias no programa social Cheque Cidadão, em Campos dos Goytacazes, de acordo com denúncia do Ministério Público Eleitoral (MPE). Ele foi secretário municipal na cidade.

Por volta das 10h30 desta quarta, após um intervalo na programação da Rádio Tupi, o locutor Cristiano Santos assumiu o “Fala Garotinho” e afirmou que "o ex-governador teve de deixar o programa por questões de saúde".

"A vinheta não entrou errada, não. Estou de volta para fazer companhia pra você. Nosso Garotinho até tentou, você viu, até tentou fazer o programa hoje, mas a voz foi embora, e a orientação médica é que ele pare de falar, agora tem que se cuidar. O marido de Rosinha vai se cuidar para amanhã estar de volta, se Deus quiser, quando estiver bom. Já falei com ele, volta quando estiver bom. Eu cuido aqui do programa com muito carinho", afirmou Santos nesta quarta.

Garotinho está sendo levado pela Polícia Federal para Campos dos Goytacazes (RJ), para fazer exame no Instituto Médico-Legal. Depois, seguirá para casa, onde cumprirá prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica.


CIDADÃOS PREPARAM 'RECEPÇÃO' A LULA EM CURITIBA E FOTOS VIRALIZAM NA INTERNET

O ex-presidente Lula, condenado a nove anos e meio de prisão, volta a Curitiba nesta quarta (13) para depor em mais um dos outros cinco processos em que já é réu. 
No primeiro depoimento prestado a Moro, os petistas garantiram que levariam 70 mil pessoas, obrigando a uma grande mobilização de forças de segurança, mas reuniram menos de 5 mil pessoas. 

Desta vez, os petistas afirmaram que pretendem reunir 5 mil pessoas para apoiar o ex-presidente. 

Já os cidadãos que desejam manifestar seu descontentamento com Lula se adiantaram e "decoraram" a cidade para o ex-presidente, com diversos outdoors espalhados por Curitiba, com votos de que Lula seja preso em breve. 

Veja as imagens:




OAB SUSPENDE REGISTRO DE EX-PROCURADOR MARCELO MILLER, MAS REGISTRO DE JOSÉ DIRCEU PERMANECE ATIVO

A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) confirmou nesta terça-feira (12) a suspensão do registro de advogado do ex-procurador da República Marcelo Miller, que foi braço direito do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot.

Ele é suspeito pela PGR (Procuradoria-Geral da República) de atuar para o grupo J&F, dos empresários Joesley e Wesley Batista, enquanto ainda era servidor público.

A suspensão pode durar 90 dias ou mais, a depender da conclusão do processo ético instaurado em maio passado para apurar a conduta do ex-procurador, que nega improbidade no caso.

A medida será formalizada nesta quarta-feira (13) pelo presidente nacional da OAB, Cláudio Lamachia, após um evento no Rio, onde Miller está registrado. Com a conclusão do processo ético, que corre sob sigilo, Miller pode ser punido novamente com a suspensão do registro e pagamento de multa.

Em nota, a assessoria do ex-procurador informou que a suspensão anunciada pela OAB "está em total desacordo com o estatuto" da instituição, que poderia acontecer somente "mediante sessão especial, assegurado ao advogado o direito de manifestação, o que não ocorreu." "Marcello Miller não foi notificado do processo de suspensão, muito menos foi ouvido", diz a nota.

Uma consulta ao Cadastro Nacional dos Advogados mostra que a inscrição do ex-ministro José Dirceu, que já foi condenado duas vezes na Lava Jato, permanece ativa. Veja:



GILMAR VOLTA A ATACAR JANOT

Em entrevista à Rádio Gaúcha, nesta terça (12)  pela manhã, Gilmar Mendes disse que o encontro de Rodrigo Janot com Pierpaolo Bottini, que defende Joesley Batista, não foi casual.
“É um respeitável advogado de São Paulo, correto, que certamente teve a indicação de encontrá-lo naquele local. Não é um encontro corriqueiro. Essa pessoa estava em Brasília para essa finalidade”, disse o ministro do STF.

Gilmar também comentou a foto do encontro, publicada por O Antagonista e depois reproduzida por outros veículos de imprensa.

“Essa foto é o epitáfio da gestão Janot. É uma gestão de bêbado.”

COMO PRODUZIR ANALFABETOS, COTISTAS E MORTADELAS

A OCDE divulgou que o Brasil gasta somente 3,8 mil dólares por ano com cada aluno do ensino fundamental.
E 11,7 mil dólares por ano com cada aluno universitário.

Assim funciona a máquina de produzir analfabetos funcionais, cotistas e mortadelas.

SAIBA COMO SERÁ O DEPOIMENTO DE LULA NA REPÚBLICA DE CURITIBA, NESTA QUARTA-FEIRA, DIA 13

O ex-presidente Lula da Silva volta a Curitiba nesta quarta-feira (13) para prestar depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância. O primeiro depoimento do ex-presidente na capital paranaense aconteceu no dia 10 de maio e foi relativo ao caso triplex.
Lula da Silva, desta vez, será ouvido pela acusação de ter recebido da empreiteira Odebrecht, um terreno de R$ 12,4 milhões destinado a ser a nova sede do Instituto Lula – mudança que acabou não saindo do papel – e mais um apartamento de R$ 504 mil em São Bernardo do Campo.
Esse depoimento acontece na sede da Justiça Federal em Curitiba, de onde Moro conduz os processos. O depoimento começa às 14h e Lula da Silva será o primeiro réu interrogado. Além dele, Branislav Kontic também será ouvido – ele é ex-assessor do ex-ministro Antonio Palocci, que, na semana passada, fez novas acusações contra Lula em depoimento na mesma ação penal.
Também são réus nesta ação Marcelo Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht, Paulo Melo, ex-diretor da Odebrecht, Demerval Gusmão, proprietário da DAG Construtora, e Glaucos da Costamarques, dono do apartamento vizinho ao do ex-presidente Lula. Todos já foram interrogados.
Outro réu, Roberto Teixeira, amigo e advogado de Lula, será o último a ser ouvido, no dia 20 de setembro. Ele seria interrogado na semana passada, mas a defesa pediu o adiamento por causa de problemas de saúde.
Procedimentos
Além dos réus e defesas, também estarão presentes advogados da Petrobras, que atuam como assistentes de acusação, e um representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Por questões de segurança, Sérgio Moro não permite a presença de pessoas que não tenham relação com o processo, como assessores, estudantes e advogados que não sejam defensores dos réus. Assim como em maio, o juiz também não vai permitir celulares na sala, para evitar vazamentos de informações. Entretanto, gravadores de áudio podem ser usados. Devem participar também três membros da Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF).
Todas as pessoas que estarão na audiência confirmaram presença na Justiça Federal até a última segunda-feira (11) para “definição de procedimentos de segurança especiais”.
O depoimento começa após o juiz falar o número do processo. A audiência é gravada em vídeo. Em geral, utiliza-se apenas uma câmera, voltada para o interrogado. Porém, uma câmera adicional será usada nesta quarta-feira – os advogados do petista pediram para fazer uma gravação própria, como no primeiro depoimento, pedido negado por Moro, que autorizou a instalação de uma segunda câmera, que filma todos os presentes.
Na sala, existem duas mesas, que formam um “T”. Na ponta, estarão Moro, a assistente de audiência e os representantes do MPF. Ao redor da outra mesa, ficam o interrogado, sentado próximo a Moro, seus defensores e os assistentes de acusação. Estes últimos, porém, podem ceder seu espaço para os advogados dos outros réus, que estarão sentados em cadeiras dispostas pela sala de audiência.
Sérgio Moro é quem começa a questionar o réu, que pode permanecer calado. Depois, é a vez da acusação, ou seja, dos procuradores do MP e dos advogados da Petrobras. Na sequência, os defensores dos réus têm a oportunidade de questionar Lula. Os advogados do interrogado são os últimos a perguntar.
Caso deseje, Sérgio Moro pode voltar a questionar Lula da Silva a qualquer momento. Em geral, ele costuma utilizar os últimos minutos da audiência para tirar dúvidas que tenham surgido. Em seguida, o juiz abre espaço para que o réu faça suas considerações finais, encerrando a sessão.
Só haverá intervalos caso o juiz assim determine. Encerrada a audiência, a assistente pede que os presentes assinem o termo de audiência. O papel é escaneado e publicado, junto com os vídeos do depoimento, no sistema da Justiça Federal. Os documentos podem ser acessados com a chave do processo.
Não há limite de tempo para a audiência. No primeiro interrogatório, foram quase cinco horas de depoimento. Se o interrogatório desta quarta-feira se estender, o depoimento de Branislav pode ser reagendado.

fonte: Paraná Portal

SOB NOVA DIREÇÃO: COMO RAQUEL DODGE VAI RECONSTRUIR A LAVA JATO APÓS A BOMBA DA JBS?

Raquel Dodge, nova procuradora-geral da República, assume o cargo na segunda-feira (18) tendo de limpar a Lava Jato em Brasília dos escombros provocados pela bomba da auto-gravação dos delatores da JBS. E, ironicamente, a reconstrução da credibilidade da operação na Procuradoria Geral da República (PGR), que não se restringe ao caso da JBS, pode levar à invalidação das provas apresentadas contra cerca de 1,8 mil políticos citados pelo empresário Joesley Batista e outros delatores da empresa.
Dentro do Ministério Público Federal (MPF), Raquel Dodge faz parte de um grupo adversário ao do atual procurador-geral, Rodrigo Janot. E, mesmo antes das trapalhadas dos delatores da JBS e das polêmicas criadas por Janot no cargo, a aposta nos bastidores de Brasília já era de que ela iria mudar a condução da Lava Jato na PGR: menos ações midiáticas e mais investigação técnica e contenção dos excessos da operação.
Encruzilhada
Porém talvez nem mesmo Raquel Dodge imaginasse que seria colocada numa encruzilhada tão logo que tomasse posse no cargo. A nova procuradora-geral vai assumir a investigação do bombástico áudio entre Joesley e o diretor da JBS Ricardo Saud em que falam que pretendem usar o procurador do MPF Marcello Miller como uma “ponte” para chegar em Janot. Miller foi braço-direito de Janot na Lava Jato por dois anos.
É justamente a suspeita de que Miller estava advogando para a JBS enquanto ainda era membro do MPF que pode colocar a delação em risco. Especialistas em Direito Penal afirmam que, caso haja comprovação disso, a colaboração premiada pode ser questionada com base no princípio jurídico de que uma ilegalidade contamina as provas produzidas a partir dela. Ou seja, toda a delação estaria ameaçada e não apenas os benefícios obtidos pelos delatores.


Nesse sentido, Raquel pode ficar num beco sem saída: chegar à conclusão de que houve irregularidades, da parte da própria PGR, na delação da JBS. E, para preservar a credibilidade do restante da Lava Jato, pode ter de optar por perder os anéis para não ficar sem os dedos. Tudo a um custo muito elevado: ser acusada de “melar” a Lava Jato – ao menos a parte referente à JBS.
Controle dos excessos
Raquel Dodge vinha dando sinais de que será rígida com os desvios na operação antes da nova polêmica envolvendo a colaboração premiada da JBS. Durante sabatina no Senado para ser efetivamente confirmada no cargo, em 12 de julho, ela defendeu os acordos de colaboração premiada. 
Entretanto destacou que as delações têm de seguir estritamente o que prevê a lei, que o MPF tem de produzir provas idôneas e que eventuais abusos do Ministério Público devem de ser controlados pela Justiça. “Se há excessos, é isso que deve ser controlado. E o principal órgão de controle é sempre o Poder Judiciário.”
Em outro momento da sabatina, a procuradora afirmou aos senadores considerar ser normal que “erros ocorram” na negociação de acordos de colaboração premiada. Mas afirmou que essas falhas devem “estar no horizonte” do MPF.
A nova chefe da PGR também defendeu mudanças na Lei de Abuso de Autoridade. E sinalizou que não vai tolerar esse tipo de atitude na Lava Jato. “Freios e contrapesos são necessários. 
Controles são necessários, inclusive sobre órgãos de administração de Justiça. Nenhuma instituição é imune a erros. É nessa perspectiva de que seja dada ampla autonomia para o exercício da função jurisdicional e membros do MP, mas contidos os excessos, é que vejo a importância de se aprovar uma lei que controle o abuso de autoridade”, afirmou.

por Fernando Martins, Gazeta do Povo conteúdo.