Nos dias que antecedem as eleições de outubro, o juiz federal Sérgio Moro chamou a atenção sobre a necessidade de inclusão de temas relevantes no combate à corrupção no debate entre os candidatos à Presidência, publica o Estadão.
Segundo a publicação, o juiz responsável pelos processos da Lava Jato, em Curitiba, sugeriu que os candidatos sejam questionados durante a campanha eleitoral sobre suas posições em relação ao :
- cumprimento de pena após 2.ª instância,
- anistia ao caixa 2,
- lei de abuso de autoridade,
- foro privilegiado, entre outros temas.
“Nós precisamos que a classe politica e nossas lideranças politicas façam a sua parte e deem seu exemplo, não só com atitudes consistentes contra a corrupção, mas com posições vigorosas contra ela”, disse Moro. O magistrado falou para cerca de mil pessoas, entre elas cerca de 250 delegados federais, que participaram do Simpósio Nacional de Combate à Corrupção, realizado pela Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), em Salvador.
Moro destacou que a prisão após 2ª instância representou um passo importante para o combate a impunidade e disse que quem quiser ser candidato tem que ter uma posição firme sobre o tema para evitar um retrocesso. “Não pode ser aquela posição titubeante e dizer: isso é responsabilidade das cortes de Justiça. Não! Isso é responsabilidade da liderança política, do governo”, exemplificou o magistrado.
Moro falou ainda sobre a necessidade dos candidatos manifestarem suas opiniões sobre a possibilidade de extinção total do foro privilegiado.
Para o magistrado, este privilégio é responsável por garantir a impunidade na maioria dos casos, considerando o acúmulo de ações nos tribunais superiores.
Moro afirma ainda que o foro vai contra o “sentimento básico” da democracia sobre todos serem iguais perante a lei. “Deveria ser tomado o compromisso expresso de eliminação do foro para todas as autoridades, inclusive juízes”, disse.
Sobre o famigerado Caixa 2 Moro afirmou que o “Problema é querer anistiar corrupção a pretexto de anistiar caixa 2. Há casos de vantagem indevida mediante doação oficial. A doação não torna o dinheiro limpo ou o acerto de corrupção inexistente”, alertou Moro.