sábado, 27 de maio de 2017

Lava Jato mira em Gilmar Mendes

A varredura a um dos endereços de Aécio Neves em Minas não mirou só no tucano. A Lava-Jato procurava informações sobre Gilmar Mendes.  Os agentes tinham ordens explícitas com o nome do ministro.

No grampo realizado nos números de telefone de Aécio Neves, o ministro Gilmar aparece em conversa com o senador tucano. Os dois falam sobre o projeto de lei sobre o abuso de autoridade.

Na transcrição dos diálogos, Aécio pede ajuda ao ministro para conquistar um voto na comissão do Senado que analisava o projeto.

Aliás, cabe a Gilmar Mendes, mais do que nunca, o destino a curto prazo de Michel Temer. Nada acontecerá no TSE, no dia 6 de junho, que não seja o desejo do ministro do STF.

Supremo pode prejudicar combate à corrupção

Além dos riscos no Congresso, a Lava-Jato e outras operações do tipo passam a enfrentar o perigo da revisão pela Corte de decisão sobre cumprimento de pena.

Enquanto o cenário político é tomado pela crise em torno do presidente Michel Temer, desfechada pela delação de Joesley Batista, do JBS, ressurgem ameaças à Lava-Jato, e a qualquer outra operação contra a corrupção. Não são assuntos desconexos — as ameaças e Temer —, porque o novo ataque ao trabalho da força-tarefa de Curitiba pode tirar força do Ministério Público e da Justiça para que levem denunciados a fechar acordos de delação —, sem os quais não se saberia hoje a que ponto chegou a associação de partidos políticos e empresários para desviar dinheiro público de estatais.

O novo risco vem da defesa feita pelo ministro do Supremo Gilmar Mendes para que a Corte reexamine decisão reafirmada em outubro do ano passado, segundo a qual sentença confirmada em segunda instância pode começar a ser cumprida, enquanto recorre-se a instâncias superiores. Este voto vencedor — por seis a cinco — teve efeito vinculante, ou seja, precisa ser seguido por todos os tribunais.

Naquela ocasião, o ministro Dias Toffoli sugeriu que o réu ainda pudesse recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) em liberdade, no caso de prisão. Ao ter rejeitado o recurso, em terceira instância, aí, sim, passaria a cumprir a pena.

Gilmar Mendes se diz agora convertido à proposta de Toffoli. Isso significa que, colocado o assunto novamente em votação, a tese de permitir mais um recurso aos condenados nas duas primeiras instâncias tem grandes chances de ser vencedora. Confirma-se, infelizmente, que as maquinações contra a Lava-Jato não estão apenas no Congresso, mas se infiltraram no Supremo. Consta, não se deve esquecer, que a possibilidade de prisão na rejeição de recurso na segunda instância teria convencido a cúpula da Odebrecht a fechar o acordo de delação premiada.

Um aspecto grave é que isso ocorre depois dos testemunhos de Joesley Batista que envolvem Michel Temer, a cúpula do PMDB, o presidente do PSDB, Aécio Neves, além de Lula e Dilma Rousseff. As delações da JBS e da Odebrecht atingem o núcleo do poder político, e, por isso, dão rara chance de haver de fato uma limpeza histórica na vida pública — se forem conjugadas a uma reforma política sensata. O Supremo precisa ser firme, ainda mais nesta hora, e não desarmar as primeiras instâncias do Judiciário e o MP nesta luta contra a corrupção, justo quando se aproximam julgamentos-chave na Lava-Jato. Para completar o estrangulamento da Lava-Jato, faltará apenas o relaxamento de prisões preventivas.

Cabe relembrar que um dos objetivos prioritários dos interessados em esvaziar a Lava-Jato tem sido afastar ao máximo a possibilidade de acusados de corrupção serem presos. O assunto foi levantado na conversa gravada pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com peemedebistas de primeira linha — Renan, Jucá, Eunício, Sarney — sobre como parar com as delações. Com o Congresso paralisado pela crise, restou o Supremo.





Judiciário não pode ser 'instrumento para perseguir inimigos e proteger amigos', diz Barroso sobre proposta de Gilmar Mendes

O ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirma que um acordo de delação não pode ser revisto depois de homologado pela Justiça.

Ele se diz contrário à ideia de mudar os termos negociados pela Procuradoria-Geral da República com o grupo JBS, de Joesley Batista.

O trato foi chancelado pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato, e já deu base à abertura de inquérito contra o presidente Michel Temer e o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG).

Para Barroso, uma alteração no acordo impediria o Ministério Público de negociar novas colaborações judiciais.

"Uma vez homologada, a delação deve prevalecer sem nenhum tipo de modificação futura", afirma o ministro.

"A delação só faz sentido se o colaborador tiver a segurança de que o acordo feito será respeitado. Se ela puder ser revista, em breve o instituto deixará de existir."

O ministro diz que os investigados só aceitam delatar em troca de benefícios concretos, como a redução de pena ou até o perdão judicial.

Ele se abstém de comentar os termos negociados com executivos da JBS. "Não li o acordo, e portanto não tenho condições de opinar."

Principal alvo da delação, o presidente Temer protestou contra os benefícios concedidos a Joesley, que não será processado e recebeu permissão para se mudar com a família para os EUA.

Na sexta-feira (26), o ministro Gilmar Mendes defendeu que o acordo assinado por Fachin seja submetido ao plenário do Supremo.

PRISÕES

Barroso também se opõe à ideia, levantada por Gilmar, de o STF voltar atrás na decisão que determinou a prisão de réus condenados em segunda instância. A regra foi confirmada em outubro passado, por 6 votos a 5.

"Voltar ao modelo anterior é retomar um sistema que pune os pobres e protege os criminosos que participam de negociatas com o dinheiro público", afirma Barroso.

"Você só muda a jurisprudência quando existe mudança na realidade ou na percepção social do direito. Não aconteceu nem uma coisa nem outra", prossegue.

"O risco de impunidade dos criminosos de colarinho branco continua real, e a percepção da sociedade é de que a Justiça precisa enfrentá-los com punições mais céleres."

O ministro sustenta que o Judiciário não pode ser servir como "um instrumento para perseguir inimigos e proteger amigos". "A jurisprudência não pode ir mudando de acordo com o réu", ressalta.

Ele diz que o país está caminhando para trocar "um modelo aristocrático-corrupto por uma República de gente honesta". "É preciso mostrar às novas gerações que o crime não compensa e que o mal não vence no final. Será uma pena se o Brasil retroceder nisso", afirma.

FACHIN

Sem citar nomes, Barroso sugere que há uma campanha para desgastar Fachin e blindar réus com poder político e econômico.

O relator da Lava Jato tem sido criticado porque contou com apoio do lobista Ricardo Saud quando era candidato a uma vaga no STF, no início de 2015 –o caso foi noticiado pelo jornal "O Globo".

Dois anos depois, Saud se tornaria um dos principais delatores da JBS.

"As críticas são injustas. Na época não havia nada contra a empresa nem contra este senhor", diz Barroso.

"Conheço o ministro Fachin há 25 anos. Ele é uma pessoa de integridade a toda prova. Está fazendo com correção o que precisa ser feito, e agora está sofrendo as consequências previsíveis a quem faz o certo no Brasil", acrescenta. 


A doce vida de Joesley Batista no exílio

Acostumados a celebrar datas importantes com festas do grand monde e shows fechados de Ivete Sangalo, sempre badalados nas colunas e nas redes sociais, Joesley Batista e sua mulher, a apresentadora de TV Ticiana Villas Boas, optaram por rapidez e discrição em sua despedida do Brasil. Imagens das câmeras de segurança do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, mostraram o empresário entrando na área de embarque para voos internacionais às 22h10 do dia 10 de maio, acompanhado de Ticiana, do filho de 2 anos, da cunhada e de uma sobrinha. 

Apenas doze horas antes, Joesley prestara na Procuradoria-Geral da República (PGR) o último depoimento do acordo de delação que abalou a República. Livre, leve e solto, embarcou com a família no jato da JBS, um Gulfstream 550 avaliado em 208 milhões de reais, com destino a Nova York, graças ao acerto com a PGR de que não haveria denúncia contra ele — e as antigas seriam perdoadas.

Livre, leve e solto. 

Tão livre que, dois dias depois, a Polícia Federal não pôde cumprir o mandado de condução coercitiva contra ele no âmbito de outra investigação, essa sobre o favorecimento do BNDES à JBS. 

Tão leve que nem carregou a própria mala de mão e o casaco: um empregado, vestido com um colete amarelo por cima do terno, encarregou-se da tarefa durante todo o embarque. 

Tão solto que, para escaparem do assédio da imprensa em frente à famosa Olympic Tower, prédio construído por Aristóteles Onassis na Quinta Avenida, em Nova York, Joesley e sua família saíram do seu exclusivíssimo apartamento na cidade para hospedar-se no Baccarat Residences, um hotel cinco-estrelas com diária entre 1.000 e 16.000 dólares. Por ali, ficaram até evaporar-se no mapa americano. A Olympic Tower já teve moradores célebres, como os atores Nicolas Cage e Anne Hathaway, mas as irmãs herdeiras Alessandra e Allegra Gucci ainda ocupam uma das coberturas do prédio. A outra, de Joesley e Ticiana, tem 380 metros quadrados, sauna própria e a melhor vista do prédio de 51 andares: 180 graus de vidraças do chão ao teto por onde se veem a imponente Catedral de St. Patrick logo em frente, o East River a leste e o Empire State ao sul com a baía ao fundo.

O dúplex foi comprado do publicitário Nizan Guanaes. O valor de mercado é de 20 milhões de dólares, mas Joesley pagou alguns milhões a mais porque comprou o imóvel com tudo dentro, o que inclui não só o mobiliário predominantemente italiano, das marcas Flexform, B&B Italia, Living Divani, mas também um lustre de cristal Baccarat na sala de jantar e uma coleção de arte com vasos Murano e quadros do holandês Hendrik Kerstens, do americano Jean-Michel Basquiat e do brasileiro Vik Muniz. 

Para não esquentar a cabeça, Joesley manteve até o motorista, as copeiras e a cozinheira. 

Condomínio e impostos do imóvel custam 12 000 dólares por mês. 

Quando enjoa de ficar dentro do apartamento, o casal Batista nem precisa ir longe para se divertir. Duas quadras acima está o MoMA, com sua fenomenal coleção de Cézanne, Chagall, Picasso e Van Gogh. Duzentos metros abaixo, as luzes da Broadway e lojas de marcas requintadas, como Rolex, Prada e Valentino.


Temer passou a usar telefone seguro só após grampo



Somente após ter uma conversa interceptada por ordem judicial pela Polícia Federal, com o deputado federal Rodrigo Loures (PMDB-PR), o presidente Michel Temer solicitou e recebeu do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) um telefone protegido por criptografia.

A entrega do aparelho foi confirmada pelo GSI.

A Folha apurou que Temer, desde que tomou posse no ano passado na Presidência, nunca havia solicitado um aparelho do gênero. Um TSG (Telefone Seguro) possui, segundo o GSI, "dispositivo de criptografia para comunicações telefônicas e oferece segurança no tráfego de voz e dados".

Na Operação Patmos, deflagrada na semana passada para apurar os termos da delação do empresário Joesley Batista, veio a público que Temer teve pelo menos uma conversa interceptada pela PF com ordem do STF (Supremo Tribunal Federal).

Ligações feitas entre dois aparelhos criptografados podem ser interceptadas, mas o diálogo fica ininteligível. Entretanto, quando um telefone criptografado se comunica com um sem proteção, de nada adianta a criptografia.

Daí o aconselhamento de segurança de que o presidente da República só pode usar telefones com criptografia nas duas pontas da ligação.

Embora mantida no atual governo, essa falha de segurança não começou com Temer. Em 2013, durante uma audiência no Senado, o então ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse que a então presidente Dilma Rousseff não tomava cuidados ao falar pelo celular.

"Todos os ministérios têm um telefone criptografado e recebemos periodicamente ligação dos técnicos encarregados, para ver se estão funcionando. A presidente da República nunca me ligou por um desses telefones. Ela liga no meu celular e às vezes eu levo uma bronca porque faltou uma informação. Não há nenhuma preocupação de que seja vazado o que nós falamos", disse Bernardo.

A advertência parece não ter surtido grande efeito. Três anos depois, Dilma foi gravada pela PF ao conversar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em um telefone igualmente sem criptografia. 

PF encontra em endereço de Aécio anotações sobre doleiro

O relatório da Polícia Federal sobre o material apreendido no gabinete e em outros endereços do senador Aécio Neves (PSDB/MG) na Operação Patmos, deflagrada no dia 18, aponta para ‘folhas impressas no idioma aparentemente alemão, relativas a Nobert Muller’. Essas anotações, na avaliação de investigadores, pode ajudar no esclarecimento de informações prestadas em delação premiada pelo senador cassado Delcídio Amaral (ex-PT/MS) no âmbito da Operação Lava Jato.

Delcídio relatou à força-tarefa do Ministério Público Federal ter ouvido de José Janene — ex-líder do PP, morto em 2010 — que Aécio era beneficiário ‘de uma fundação sediada em um paraíso fiscal, da qual ele seria dono ou controlador de fato’.

Segundo Delcídio, essa fundação seria sediada no paraíso fiscal Liechtenstein. “O declarante não sabe precisar, mas ao que parece, a fundação estaria em nome da mãe ou do próprio Aécio Neves”, disse o ex-senador, na delação.

Nobert Muller e a mulher Christine Puchmann são apontados como doleiros. Eles já foram investigados na Justiça Federal do Rio, na Operação Norbert.

O casal, segundo as investigações no Rio, seria responsável por criar e manter contas bancárias em Liechtenstein, paraíso fiscal na Europa. Na investigação havia uma referência a Inês Maria Neves Faria, mãe de Aécio. Os doleiros foram denunciados, mas o processo acabou arquivado.

As buscas nos endereços de Aécio foram realizadas pela PF com autorização do ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal.

No relatório sobre o material apreendido com o tucano a PF informa ter encontrado ainda ‘diversos comprovantes de depósitos e anotações manuscritas, dentre elas a inscrição ‘CX 2′”.

A lista de bens apreendidos inclui celulares, obras de arte, documentos e anotações sobre a Construtora Norberto Odebrecht e o empresário Joesley Batista, acionista da JBS que se transformou no pivô da maior crise já enfrentada pelo governo Michel Temer.

Joesley gravou conversas com Temer, Aécio e o deputado Rocha Loures (PMDB/RJ), todos os três agora alvos da Operação Patmos, no STF.

A partir das revelações do executivo, que está morando em Nova York, a Procuradoria-Geral da República deflagrou com a Polícia Federal a Operação Patmos, no dia 18.

No apartamento que o senador tem na Avenida Vieira Souto, no Rio, os agentes encontraram ‘diversos documentos acondicionados em saco plástico transparente, dentre eles um papel azul com senhas” e “diversos comprovantes de depósitos e anotações manuscritas, dentre elas a inscrição caixa 2’.

Um aparelho bloqueador de sinal telefônico também foi apreendido, além de 15 quadros, uma escultura. Um dos quadros tem a inscrição Portinari.

Já no gabinete do tucano no Senado, foram apreendidas ‘planilhas com indicações para cargos federais’, além de cópias de uma agenda de 2016 com os nomes do empresário Joesley Batista e a irmã de Aécio, Andrea Neves, presa na Patmos. E também “folha manuscrita contendo dados do CNO (Construtora Norberto Odebrecht)”.

Há ainda o registro de um “papel manuscrito contendo anotações citando o ministro Marcelo Dantas”, em uma possível indicação ao ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, investigado em um dos inquéritos da Lava Jato.

COM A PALAVRA, AÉCIO NEVES

NOTA À IMPRENSA
Os documentos a que se refere a matéria são de domínio público, já tendo, inclusive, sido publicados pela imprensa.
Delcídio do Amaral se refere, por ouvir dizer se terceiros, a uma fundação que a mãe do senador planejou criar no exterior. Trata-se de assunto requentado já amplamente divulgado nas redes petistas na internet e, inclusive, já investigado e arquivado pela Justiça e pelo Ministério Público Federal há vários anos.
O assunto em questão foi devidamente analisado e arquivado, há mais de cinco anos, em 2010, após a Justiça Federal e o MPF do Rio de Janeiro constatarem a inexistência de qualquer irregularidade. Não houve sequer abertura de ação penal.
Ano retrasado , membros do PT reuniram material divulgado na internet e voltaram a apresentar a mesma falsa denúncia à Procuradoria Geral da República. Após o fornecimento das informações, o assunto foi novamente arquivado. Desta vez pela PGR, mais uma vez constada a inexistência de qualquer irregularidade.
Em 2001, a mãe do senador Aécio Neves cogitou vender alguns imóveis e aplicar os recursos no exterior. No entanto, o projeto foi suspenso em função da doença do marido dela e a fundação não chegou a ser implementada de fato.
Para o projeto, ela buscou a assessoria de um profissional que havia sido durante anos representante oficial de instituição financeira internacional, legalmente constituída no Brasil, sr. Norbert Muller. À época do contato, não existia qualquer razão para se duvidar da idoneidade profissional do representante.
Durante os seis anos em que o projeto ficou em suspenso (período entre assinatura dos primeiros documentos e o cancelamento definitivo do projeto, em 2007, em função do agravamento do estado de saúde de seu marido), a responsável fez dois pagamentos, em moeda nacional, e no Brasil, ao sr. Muller, referentes a despesas cobradas por ele. Esses valores corresponderam a uma média anual de cerca de 5 mil dólares.
Esses valores foram transferidos pelo representante para uma conta e corresponderam à totalidade dos depósitos realizados que foram integralmente consumidos em pagamentos de taxas e honorários. A conta nunca foi movimentada.
A criação da fundação foi devidamente declarada no Imposto de Renda da titular.

TCU agora quer fiscalizar parcerias da JBS com o setor público

O Tribunal de Contas da União impôs prioridade a processos relacionados às liberações de recursos de bancos públicos à JBS. A decisão foi anunciada nesta quarta-feira, 24, pelo ministro Raimundo Carreiro. De acordo com o presidente do TCU, as delações premiadas do Grupo, que revelaram diversas fraudes em contratos e financiamentos de instituições estatais, vão ajudar também a esclarecer casos atualmente na pauta do colegiado.

Os relatos de executivos da JBS ao Ministério Público Federal são pivô da crise política que contaminou profundamente o governo Michel Temer, alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal. O peemedebista foi gravado, em conversa às escondidas, em março deste ano, no Palácio do Jaburu, com um dos donos do Grupo, Joesley Batista, na qual ouviu do empresário que o Grupo vinha pagando uma mesada de R$ 50 mil ao procurador da força-tarefa da Operação Greenfield – que investiga fraudes nos fundos de pensão – Ângelo Goulart Vilela. Em ação controlada, seu homem de confiança, o deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) foi flagrado pela Polícia Federal recebendo uma mala de R$ 500 mil do executivo Ricardo Saud, que seria parte da propina supostamente em benefício do presidente.

Dentre os crimes confessados por empresários da JBS, além das propinas a agentes políticos, também estão irregularidades junto a instituições financeiras públicas. Parte das irregularidades é alvo de processos no TCU, que tem, em seu horizonte, o julgamento de benefícios do BNDES, da Caixa Econômica Federal, do Fundo de Investimentos do FGTS e dos Fundos de Pensão, ao Grupo JBS. Os contratos também com bancos públicos ainda são alvo das Operações Greenfield, Bullish, Sepsis e Cui Bono, cujas investigações também podem embasar questionamentos e decisões do Tribunal de Contas da União.

Durante da sessão desta quarta-feira, 24, o presidente da Corte, Raimundo Carreiro, chamou atenção para as vantagens indevidas a agentes públicos e políticos, confessadas pelos dirigentes da JBS.

“Se os fatos são verídicos, precisamos identificar as fragilidades de controle que permitiram tão inúmeras operações sem qualquer alerta”, afirmou.

A Corte agora deve fazer um pente fino nas delações premiadas com o fim de identificar informações úteis aos processos em pauta, envolvendo a JBS e instituições financeiras públicas.

Segundo o TCU, o presidente Raimundo Carreiro também ‘determinou que, dentro das delações premiadas já realizadas, sejam identificadas informações que possam colaborar com as ações de controle do tribunal.

COM A PALAVRA, A JBS

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da JBS, mas não obteve resposta. O espaço está aberto para manifestação.


Iniciativas de Gilmar Mendes atingem em cheio dois pilares fundamentais da Lava-Jato, diz jornalista

O jornalista Alan Gripp, do jornal O Globo, analisa os últimos movimentos do ministro do STF e presidente do TSE, Gilmar Mendes. Após alguns dias de silêncio, Gilmar Mendes demonstrou querer mudar o entendimento do Supremo sobre prisões após condenação em segunda instância e criticou as delações premiadas. Segundo Gripp, "ainda que haja argumentos de debate em ambos os casos, é importante pontuar que as iniciativas de Gilmar Mendes atingem em cheio dois pilares fundamentais da Lava-Jato".

Leia abaixo o artigo de Alan Gripp: 

Pode-se (e deve-se) discutir todas as polêmicas que acompanham as delações premiadas. O número de acordos é exagerado? Alguns são excessivamente benevolentes com os delatores? Acusações infundadas não levaram ao cancelamento de colaborações infrutíferas?
Há problemas no uso do instituto jurídico, mas é inegável que a Lava-Jato não seria o que é hoje sem informações dos delatores. Elas produziram provas contundentes que levaram a prisões incontestáveis, como as de Sérgio Cabral, Eduardo Cunha e José Dirceu, para ser econômico. O saldo é, sem dúvida, vantajoso para a sociedade.

Parte do sucesso das delações se dá em razão de uma mudança significativa na lei. Por determinação do STF, em julgamento recente feito pelo conjunto de seus ministros, réus condenados em segunda instância devem passar a cumprir pena imediatamente, salvo em situações de baixa periculosidade para a segurança de vítimas ou de investigações.
A mudança na lei reduziu a sensação de impunidade e estimulou novas colaborações. Sem ter mais a oportunidade de adiar a pena até que o crime prescrevesse, os delatores se deram conta de que ou colaboravam ou enfrentavam uma perspectiva real de ir para a cadeia. É, portanto, também, fundamental para o sucesso da Lava-Jato.
Em menos de 24 horas, o ministro Gilmar Mendes, do STF, atacou tanto as delações quanto o cumprimento da pena em segunda instância - que, registre-se, ajudou a aprovar. 
Mendes quer submeter o acordo de Joesley Batista, da JBS, já homologado por Edson Fachin, ao plenário do Supremo. Se isso ocorrer, criará um ambiente de insegurança e desestímulo para futuras colaborações. Também passou a defender a revisão da regra para o cumprimento de penas, contrariando sua própria posição em duas votações anteriores, em fevereiro e outubro do ano passado. Ou seja, há apenas sete meses. O que mudou de lá para cá?

Ainda que haja argumentos de debate em ambos os casos, é importante pontuar que as iniciativas de Gilmar Mendes atingem em cheio dois pilares fundamentais da Lava-Jato.

Para deixar o país, Joesley mostrou mensagens de celular com ameaças

Para poder deixar o país, Joesley Batista relatou à PGR que foi ameaçado pelo advogado Willer Tomaz, preso pela PF.  

A prova? Mensagens enviadas de um número desconhecido. Frágil…

J&F ganha 72% dos recursos no Carf; índice é maior que a média geral de ganhos no órgão

As empresas dos irmãos Wesley e Joesley Batista --donos
da J&F Investimentos, controladora de marcas como JBS, Friboi, Seara e Havaianas entre outras, incluindo um banco online-- deixaram de pagar à União pelo menos R$ 434 milhões nos últimos dez anos com recursos ao Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), indica levantamento feito pelo UOL. Foram ao menos 129 recursos de 2008 a 2017. Destes, os irmãos ganharam total ou parcialmente 93 causas e perderam 36.

Assim, os irmãos Batista ganharam 72% dos recursos disputados no período em questão. De acordo com o relatório do Carf divulgado em outubro do ano passado, com dados de 6.000 julgamentos feitos pelo órgão de janeiro a agosto de 2016, a taxa média de sucesso dos contribuintes nos recursos é de 52%, e a da União, 48%.

Antes da delação dos irmãos Batista, no início de 2016, referências à JBS foram flagradas em escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal na Operação Zelotes, que investiga corrupção com a venda de sentenças e decisões favoráveis por parte de conselheiros do Carf.

O levantamento feito pelo UOL não inclui a maioria das 93 decisões favoráveis, já que elas não possuem valor total calculado nas peças. Dessa forma, o volume de dinheiro aferido pelos irmãos Batista é, na realidade, maior. A J&F Investimentos faturou cerca de R$ 170 bilhões em 2016 e está presente em diversos países. Pouco menos de 50% do faturamento total é nos Estados Unidos.

Algumas empresas foram incorporadas ao grupo mais recentemente, logo o levantamento considerou apenas o período a partir de suas aquisições. A maioria dos processos em julgamento no Carf são referentes a multas ou à não concessão de créditos tributários e incentivos fiscais às empresas do grupo por parte da Receita Federal. O quase meio bilhão de reais "economizado" inclui desde a concessão total dos créditos tributários e o cancelamento das multas pretendidas até decisões parciais que enviam o processo de volta para o início na Receita, por exemplo.
Pedido de ajuda em gravação

Os irmãos Wesley e Joesley Batista e alguns executivos do grupo são suspeitos de crime de corrupção em diversos inquéritos da Polícia Federal e na Justiça, mas não eram réus em ações penais e não foram condenados. Com o acordo de delação premiada fechado com a Procuradoria-Geral da República, eles ficam livres de responsabilidade penal nos crimes que cometeram e delataram, inclusive com liberdade para morar fora do Brasil. A única penalidade foi uma multa de R$ 225 milhões.

Fora isso, as empresas do grupo tem de fechar um acordo de leniência com a procuradoria para também ficarem livres das investigações: A PGR exigiu cerca de R$ 10 bilhões no acordo, mas os irmãos Batista ofereceram R$ 1 bilhão. As negociações continuam.

Não há menção direta a julgamentos do Carf nos trechos das delações dos irmãos Wesley e Joesley Batista - parte da delação ainda está sob sigilo. Em gravação clandestina de conversa com o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) feita no dia 16 de abril e entregue à Polícia Federal no acordo de delação premiada feito com a PGR (Procuradoria-Geral da República) e homologado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), Joesley Batista demonstra preocupação com o tema. O empresário fala da retenção de créditos tributários da ordem de R$ 1 bilhão, referentes a contribuições como PIS (Programa de Integração Social) e Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social).

Ele aproveita o encontro, na casa do deputado em Brasília, para discutir estes interesses das empresas do grupo junto à PGFN (Procuradoria Geral da Fazenda Nacional), que representa a União no Carf, responsável em última instância por julgar questões administrativas como créditos de PIS e Cofins, entre outras matérias tributárias, e em disputas na Receita Federal.

Instantes antes deste trecho da conversa, Loures telefona no viva-voz supostamente para um funcionário do Ministério da Fazenda ou da Receita Federal e discute a indicação de nomes de confiança para a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) na frente do dono da J&F.

Depois de colocar a questão dos créditos a receber, Joesley escuta de Rocha Loures que diversas empresas estão com o mesmo problema e que a solução provavelmente virá do Congresso Nacional, via alguma medida legislativa para destravar os créditos tributários (ouça abaixo), e não da PGFN. Quando aborda o assunto, um pouco antes na gravação, Joesley dá a entender que já havia falado sobre dificuldades na PGFN com o deputado. A conversa continua depois disso. A gravação inteira tem 57 minutos de duração.

Em um dos anexos na denúncia contra o deputado Rocha Loures e o presidente Michel Temer apresentada ao STF, a Procuradoria-Geral da República reforça o assunto e afirma que Joesley ofereceu "lançar mais créditos na planilha [supostamente de propina para os políticos] à medida que outras intercessões de Temer e Rodrigo em favor do Grupo J&F fossem bem-sucedidas em negócios tais como energia de longo prazo e destravamento das compensações de crédito de PIS/Cofins com débitos de INSS. Rodrigo também aceitou". Parte do conteúdo das delações dos irmãos Batista e executivos de suas empresas ainda é mantido sob sigilo pelo STF.

Em um dos depoimentos da delação, Joesley afirma que pagou propina a deputados, inclusive em um episódio para evitar a convocação do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega a depor na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Carf.
Livres da Operação Zelotes e outras

Antes da delação dos irmãos Batista, no início do ano passado, referências à JBS foram flagradas em escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal na Operação Zelotes, que investiga corrupção com a venda de sentenças e decisões favoráveis por parte de conselheiros do Carf.

A JBS é citada nas gravações e e-mails que constam no relatório da investigação do esquema de venda de sentenças. Segundo a PF, há indícios de que as empresas foram beneficiadas e tiveram dívidas tributárias reduzidas.

A PF gravou um diálogo entre um conselheiro do Carf e um lobista, que comprovaria "tráfico de influência" no colegiado, de acordo com relatório da PF. A dupla combina o valor a ser cobrado da JBS para garantir resultados favoráveis em julgamentos de três processos que somavam R$ 276,7 milhões em dívidas tributárias. Ficou decidido que a propina seria de 10% do valor, ou R$ 27,7 milhões.

Com o acordo de delação premiada, os irmãos Batista e outros executivos do grupo que prestaram depoimentos e esclarecimentos à PGR ficam livres de qualquer responsabilidade criminal sobre os casos de corrupção que denunciaram. Além da Operação Zelotes, a J&F e seus executivos eram investigados em pelo menos outros cinco inquéritos da PF: Operação Greenfield, Operação Carne Fraca, Operação Cui Bono, Operação Bullish e Operação Sepsis.

Na mesma gravação, instantes antes, Joesley havia oferecido 5% de propina sobre o faturamento de uma usina de energia do grupo em Cuiabá, em troca de uma interferência em disputa por gás boliviano com a Petrobras no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Pedido que o deputado se compromete a tentar atender. O Cade negou, em nota, qualquer favorecimento.

Os dois ainda tratam de interesses de Joesley na CVM (Comissão de Valores Imobiliários), mas não fica claro do que se trata.

Procurado pela reportagem para comentar o assunto por meio de sua assessoria de imprensa, o Ministério da Fazenda (responsável pela Receita Federal e o Carf) afirmou que não tem nada a dizer sobre o assunto. A defesa do deputado Rocha Loures diz que vai manifestar-se no inquérito e que seu cliente está a disposição da Justiça.

Por e-mail, a assessoria da J&F diz que "as informações, dados e provas encontram-se em poder da Justiça, órgão responsável pela avaliação de tais documentos". A companhia diz que segue em seu firme propósito de colaborar com a Justiça brasileira no combate à corrupção no país.


Investigação vê elo entre JBS e Transpetro

A empresa de fachada usada pela JBS para camuflar recursos na Suíça também aparece nas investigações sobre a transferência de dinheiro ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. No ano passado, áudios divulgados de conversas do ex-executivo levaram à queda do senador Romero Jucá (PMDB-RR), na época, ministro do Planejamento do governo Michel Temer.

A empresa fundada no Panamá, Lunsville International, era controlada pela JBS e, conforme revelou o jornal "O Estado de S. Paulo", mantinha suas contas no banco Julius Baer como forma de distribuir pagamentos de propinas.

Com base em Zurique, a empresa de fachada usava três contas -- em euro, dólar e franco suíço -- para fazer as movimentações. Procurado pelo Estado, o nome oferecido pela JBS como o gerente da conta na Suíça, o brasileiro Fernando Marques, não se pronunciou. Entre os documentos apresentados ao Ministério Público, estava um cartão de visitas do gerente de contas.

No caso de Machado, o nome da empresa de fachada também aparece em sua delação premiada. É seu filho, Expedito Machado da Ponte Neto, que explica aos procuradores como seu pai recebia o dinheiro da propina no exterior. Uma das empresas que fazia o depósito era a Lunsville International.

Segundo Expedito Machado, existia uma planilha que ele usava para "prestar contas" a seu pai. Nela, aparecia o nome Lunsville International. Essas transferências teriam ocorrido em 2007 e 2008. O que se busca saber agora é o motivo pelo qual o mesmo nome de empresa aparece tanto no caso da Transpetro como no caso da JBS.

Machado fechou um acordo de delação premiada e indicou que repassou propina a mais de 20 políticos de seis partidos.



'Os inimigos da democracia só apreciam a Constituição quando esta lhes dá alguma vantagem', diz editorial do Estadão

Em editorial, o jornal O Estado de S. Paulo chama a atenção para os esforços em mudar a Constituição para permitir eleições diretas:  "Essa concepção do voto direto como panaceia dos problemas nacionais se presta a vários propósitos, a maioria inconfessáveis, e nenhum deles efetivamente democrático. Quem apregoa a eleição direta para presidente agora, de afogadilho, ou defende interesses turvos ou é apenas oportunista".

Leia abaixo o editorial: 

Os defensores da antecipação da eleição direta para presidente querem fazer acreditar que somente assim teremos um governo com legitimidade e, portanto, capaz de tirar o País da crise. Essa concepção do voto direto como panaceia dos problemas nacionais se presta a vários propósitos, a maioria inconfessáveis, e nenhum deles efetivamente democrático. Quem apregoa a eleição direta para presidente agora, de afogadilho, ou defende interesses turvos ou é apenas oportunista.
Em primeiro lugar, basta observar quais partidos lideram o esforço para colocar o tema na pauta do Congresso. São em sua maioria siglas que desde sempre se dedicam a questionar a legitimidade e a sabotar qualquer governo democraticamente eleito que não seja integrado por um dos seus. Os notórios PT, PSOL, Rede e PCdoB, entre outros, informaram que vão se reunir na semana que vem para discutir a formação de uma “frente nacional” para defender a antecipação da eleição presidencial direta. A memória nacional está repleta de exemplos de como os petistas e seus filhotes mais radicais jamais aceitaram o resultado das eleições presidenciais que perderam, e provavelmente continuarão a não aceitar caso o vencedor do próximo pleito não seja Lula da Silva ou alguém da patota.
 
Com Michel Temer na Presidência, a estratégia antidemocrática consiste em infernizar a vida do presidente para que ele renuncie e, ato contínuo, sejam convocadas eleições diretas. Para tanto, apostam na aprovação de alguma das propostas que estão no Congresso com vista a alterar o artigo 81 da Constituição, que determina que, em caso de vacância da Presidência e da Vice-Presidência nos últimos dois anos do mandato, haverá eleição para ambos os cargos “trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei”. Na proposta que está no Senado, torna-se direta a eleição quando ocorrer a vacância nos três primeiros anos.

O casuísmo é tão evidente que custa acreditar que esse tipo de proposta esteja sendo levado a sério e eventualmente avance. Os parlamentares envolvidos nesse esforço usam o especioso argumento, expresso no projeto, de que é preciso “devolver à população brasileira o direito de escolher o presidente da República, por meio de eleições diretas”. Para eles, o atual Congresso, engolfado em escândalos de corrupção, não tem “legitimidade” para fazer essa escolha.
Ora, os atuais congressistas foram eleitos pelo voto direto, o mesmo voto direto que os defensores da antecipação da eleição presidencial direta consideram essencial para conferir legitimidade ao eleito. Michel Temer também foi escolhido em eleições diretas. Estava, como vice, na chapa de Dilma Rousseff à Presidência em 2010 e em 2014. Por quatro vezes – os dois turnos de cada eleição –, cada um de seus eleitores visualizou sua foto e seu nome na urna eletrônica e confirmou o voto. Hoje se encontra no exercício da Presidência em decorrência do estrito cumprimento dos preceitos constitucionais. E, se tiver de deixar o cargo, a Constituição diz claramente como substituí-lo.
Mas os inimigos da democracia só apreciam a Constituição quando esta lhes dá alguma vantagem. Se for um entrave para suas pretensões políticas, então que seja rasgada, sob a alegação aparentemente democrática de que a antecipação da eleição direta “atende aos anseios da sociedade brasileira, sob o eco do histórico grito das ruas a clamar ‘Diretas Já’, nos idos da década de 1980”, como diz o texto da PEC no Senado. A justificativa omite, marotamente, que aquele era um dos componentes do processo de restabelecimento da democracia, na saída do regime militar, ao passo que hoje a democracia está em pleno vigor.
Finalmente, não são apenas eleições diretas que definem um regime democrático, muito menos conferem legitimidade automática aos eleitos. A democracia, em primeiro lugar, se realiza pelo respeito à Constituição, expressão máxima do pacto entre os cidadãos. Aproveitar-se da convulsão política para promover alterações constitucionais com vista a favorecer um grupo político viola escandalosamente esse pacto e, portanto, a própria democracia. 


Políticos articulam 'acordão' para usar eleições indiretas para se salvarem da Lava Jato

O jornalista Alberto Bombig, do jornal O Estado de S. Paulo, revela os bastidores de um "acordão" para conduzir a sucessão do presidente Michel Temer,  de forma a "anistiar" políticos encrencados com a Lava Jato. O acordo, entre outros pontos, concederia foro privilegiado aos ex-presidentes. 

Leia abaixo o texto de Bombig: 

Estão em curso em Brasília as tratativas de um acordão que visa a utilizar uma eventual eleição presidencial indireta para “anistiar” parte do mundo político e colocar o Congresso como contraponto à Lava Jato e ao Ministério Público Federal. Os cérebros da trama atuam, sobretudo, no Senado Federal. Na ponta final da maquinação está o compromisso de alterar a Constituição para garantir foro privilegiado a ex-presidentes da República, o que beneficiaria diretamente Lula, Sarney, Collor, Dilma e, eventualmente, Michel Temer, todos alvo de investigações.

O grupo suprapartidário de senadores entende hoje que uma eventual eleição indireta para a Presidência deve seguir o modelo bicameral: aprovação de um candidato pela Câmara a ser referendada posteriormente pelos senadores.
Na prática, isso significaria um peso maior para o voto dos 81 senadores sobre o dos 513 deputados, o que diminuiria drasticamente as chances de Rodrigo Maia (DEM-RJ), atual presidente da Câmara, ser eleito para o Planalto. Ciente desse movimento, os apoiadores de Maia sondaram o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), para ser o vice do deputado.

O problema é que os senadores acham que Maia, uma vez eleito presidente da República, não sobreviveria ao que chamam de “jogo baixo da Lava Jato”. Avaliam que a cabeça de Maia se tornaria o troféu a ser apresentado pela longa fila que hoje tenta fazer delação premiada. A gravação feita por Joesley Batista de uma conversa com Temer comprovou, na visão dos senadores implicados na Lava Jato, que o Ministério Público Federal está disposto a tudo para “destruir o mundo político”.


Pelo arranjo dos senadores, Eunício seria, sim, vice, mas de um outro candidato, alguém com coragem suficiente para enfrentar a opinião pública e frear os procuradores e o juiz federal Sérgio Moro.

Para o grupo do Senado Federal, apenas dois nomes entre os colocados até agora como pré-candidatos têm peso e tamanho para a missão: Nelson Jobim e Gilmar Mendes. Só para lembrar: no Senado, são investigados, entre outros, o próprio Eunício, Renan Calheiros (PMDB), Gleisi Hoffmann (PT) e Aécio Neves (PSDB), todos considerados da “elite política da Casa”, como gostam de dizer os parlamentares.
A parte final do acordão inclui a saída do presidente Michel Temer, a ser convencido pelos aliados de que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já tem consenso formado pela cassação da chapa e pode até convocar eleições diretas. Para facilitar a renúncia de Temer, o acordo garantiria a ele um indulto (a imunidade penal a ser dada pelo futuro presidente) e a votação da PEC que manteria o foro privilegiado a ex-presidentes, evitando que o caso dele chegue até Moro. Essa PEC também livraria Lula das garras do juiz federal, parte que mais interessa ao PT.


O novo presidente, oriundo do acordão, ainda convocaria uma nova Constituinte e se aprovaria uma reforma mínima da Previdência, para acalmar os mercados e o setor produtivo. A Constituinte instituiria eleições e mandatos a promotores e procuradores, a exemplo do que ocorre nos Estados Unidos. Seria o House of Cards Brazil. 

Família de Gilmar Mendes fornece gado para a JBS-Friboi

A família do ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), é fornecedora de gados para a JBS, uma das maiores processadoras de carne do mundo e que acaba de ter um acordo de delação premiada homologado pelo tribunal.

A informação foi dada pelo ministro à Folha de S. Paulo. No cargo, Gilmar pode ter de tomar decisões sobre a delação.

A reportagem questionou o ministro sobre encontro recente que teve com o empresário Joesley Batista, um dos sócios da JBS que gravou secretamente o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Gilmar confirmou a reunião, ocorrida, segundo ele, a pedido do advogado Francisco de Assis e Silva, um dos delatores da empresa. Joesley, de acordo com Gilmar, apareceu de surpresa ao encontro, que, diz o ministro, tratou de questão referente ao setor de agronegócio.

A conversa ocorreu fora do Supremo, no IDP, escola de direito em Brasília da qual o ministro do STF é sócio. A data da conversa, segundo Gilmar, é posterior a 30 de março, quando o tribunal realizou um julgamento sobre o Funrural, fundo abastecido com contribuições de produtores rurais à previdência.

Os ruralistas questionavam o pagamento ao fundo na Justiça e o STF manteve a obrigatoriedade. O ministro afirmou que votou contra os interesses da JBS.

A gravação de Joesley com Temer foi feita no dia 7 de março, no Palácio do Jaburu.

Gilmar afirmou que conheceu Joesley por causa de negócios na área de agropecuária. Disse que não o via havia mais de um ano, até o encontro recente, em Brasília.

"Minha família é de agropecuaristas e vendemos gado para a JBS lá (Mato Grosso)", afirmou, acrescentando que um irmão é quem negocia os valores com a empresa.

"Eu já havia o [Joesley] encontrado em outras ocasiões. A JBS tem um grande frigorífico em Diamantino (MT), minha terra, implantado pelo grupo Bertin no governo Blairo [Maggi, governador do Mato Grosso entre 2003 e 2010]".

Segundo o ministro, a relação comercial com a empresa não é motivo para ele se declarar impedido de participar das votações futuras relacionadas à JBS no STF.

"Não. Por quê? As causas de impedimentos ou suspeição são estritas", disse.

"[Se fosse assim] Eu não poderia julgar causas da Folha, Carrefour, Mercedes-Benz, Saraiva", acrescentou, fazendo referências a empresas com quem tem alguma relação comercial [no caso, empresas das quais é cliente].

As declarações foram dadas por ele à Folha antes das 13h, ao ser questionado sobre o encontro que teve com Joesley. Depois, em entrevista a jornalistas no STF, ele declarou que o plenário do tribunal tem de discutir os termos do acordo de delação da JBS, alvo de críticas por supostas fragilidades em relação a penas dos envolvidos.

Para Gilmar, não cabe apenas ao relator (no caso, o ministro Edson Fachin) homologar um acordo. "Me parece que nesse caso, como envolve o presidente, certamente vamos ter que discutir o tema no próprio plenário", disse.

Perguntado pela Folha se tem receio de ter sido gravado, assim como ocorreu com Temer e Aécio, o ministro do STF respondeu: "Não [tem receio]. Como lhe disse, a conversa se limitou a esse tema [Funrural]", respondeu.

VOTAÇÃO EM MARÇO

Mendes argumentou que foi um dos seis ministros que votaram a favor de manter a cobrança das contribuições para o Funrural no dia 30 de março, indo contra o pedido dos ruralistas (incluindo a JBS) - o placar foi de 6 a 5.

"Votei contra os meus próprios interesses econômicos, pois minha família terá de pagar a contribuição atrasada."

"O advogado dele havia procurado para falar sobre o caso julgado pelo STF sobre o Funrural. O setor estava em polvorosa. Eu já havia recebido toda a bancada ruralista, que alegava a necessidade de modularmos efeitos da decisão", acrescentou Gilmar.

Ele afirmou também que o pedido de Joesley, posterior ao julgamento, foi para encontrar uma fórmula que permitisse o alongamento da contribuição. 


Gleisi Hoffmann defendeu internações compulsórias de viciados em crack quando era ministra



Em 2013, durante a apresentação de um programa do governo federal para combate ao crack, Gleisi Hoffmann, então ministra-chefe da Casa Civil, defendeu a internação compulsória de viciados. Ela disse que se opor às internações era uma "falsa polêmica". O então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que "a lei é clara a esse respeito". 

Leia matéria publicada pelo G1 em 30/01/2013:

A ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, defendeu nesta quarta-feira (30) a internação compulsória ou involuntária de viciados em crack em casos que, no entendimento dela, a ação for "necessária". Desde o dia 21, o estado de São Paulo passou a adotar a internação compulsória para dependentes químicos. Essa modalidade de internação precisa ser autorizada pela Justiça.
Ela também chamou de "falsa polêmica" a divergência de opiniões sobre esse tipo de internação. A ministra apresentou a novos prefeitos e prefeitas que participam de encontro em Brasília o programa do governo federal para combate ao crack, o "Crack, é Possível Vencer", lançado em 2011.

"Vamos acabar com essa falsa polêmica na questão das internações. Toda vez que vislumbramos risco de morte na pessoa e ela  não consegue discernir, cabe à família e ao estado decidir. Temos que salvar vidas", afirmou a ministra.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que também apresentou o programa do crack para os prefeitos, afirmou que, sobre as internações, a ele cabe analisar a parte da lei. " Nós temos uma lei que determina que, quando há ordem judicial, deve haver a internação. Então a mim cabe a parte da lei, e a lei é clara a esse respeito", disse.
Os ministros anunciaram que,em 2013, o Crack, é possível vencer" vai ser levado também para municípios. Hoje, o programa, que foi lançado em dezembro de 2011, promove parceria entre União e 14 governos estaduais.
De acordo com números apresentados pelo governo, R$ 990 milhões já foram investidos em ações de saúde mental, polícia e justiça para combater o crack. Em 2013, a meta é levar a parceria para os 13 estados restantes e começar e estendê-la também para municípios.
"Não se vence o crack sozinho. É preciso ter envolvimento da União, estados e municípios. Esses três agindo juntos, tenho certeza que vamos vencer o crack", disse Cardozo. 

Desarmamentista, Aécio tinha arma irregular em sítio da família



Nas buscas realizadas na fazenda de Frederico Pacheco de Medeiros, primo do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), em Cláudio, cidade do interior de Minas Gerais, a Polícia Federal encontrou uma carabina calibre .38 e algumas munições. Os agentes, contudo, não localizaram no local nenhum documento para comprovar a posse regular da arma de fogo. Ao pesquisar a numeração da carabina, a PF constatou que ela está registrada em nome de Valdir Ovidio de Paula, que mora em Goiás, e que o registro está vencido há muito tempo.

Diante disso, o delegado Daniel Fábio Fantini, que atuou nas buscas, apreendeu a arma e a munição, já que a posse irregular de armamento é crime, e os donos do imóvel podem ser eventualmente condenados a penas que variam de um a três anos e multa.


'Mostra o nível de canalhice dessa gente', diz General sobre grampo no qual Lula e Lindberg falam sobre 'ir para a guerra'

O general da reserva Paulo Chagas comentou o áudio do grampo de uma conversa entre Lula e o senador Lindbergh Farias, que voltou a circular pela internet. 

O general ressaltou a importância do grampo: "mostra  o nível de canalhice dessa gente". 

SAÍDA OU DESTINO?

DESTINO!

Quando alguém se dispõe a viajar, ou se locomover, certamente tem na cabeça o destino. Quem não tem destino definido é porque resolveu andar à toa, sem se preocupar com que encontrará pela frente desde o ponto de partida.

SAÍDA???
Pois, o que mais chama a atenção neste nosso cada dia mais pobre Brasil, é que muita gente, quando percebe que estamos em maus lençóis, só faz uma pergunta: - QUAL É A SAÍDA? Ora, não estamos em busca de uma SAÍDA, mas de um DESTINO.

DANOS ECONÔMICOS
Vejam, por exemplo, o que neste momento em que a crise política atingiu um novo patamar, produzindo DANOS ECONÔMICOS ainda mais sérios (como se isto fosse possível depois de uma queda de quase 9% do PIB nos últimos três anos), são raros os brasileiros que têm mostrado preocupação com o DESTINO a ser alcançado.

TRÁGICO

Volto a afirmar, por pura reflexão técnica e matemática, carregadas de total bom senso e muito discernimento, que a viabilidade econômica no nosso país (mesmo que muito tímida) depende das REFORMAS que estão tramitando no Congresso.

REFORMAS
Isto significa, para maus e bons entendedores, de forma absolutamente irrefutável, que sem estas REFORMAS (Trabalhista e Previdenciária) o destino do Brasil é TRÁGICO. Em termos comparativos, é o mesmo que a VENEZUELA experimentou, cujos resultados (lamentáveis) estão aí para serem vistos e muito bem compreendidos.

PASSO IMPORTANTE
Deixo bem claro que não defendo governos e muito menos governantes. Defendo planos econômicos decentes e promissores. O fato é que presidente Temer, ainda que esteja numa situação complicadíssima politicamente, deu um passo importante ao livrar o Brasil da Matriz Econômica Bolivariana e, a partir daí encaminhar REFORMAS mínimas para tentar uma recuperação econômica.

FUTURO DO BRASIL
Como as forças contrárias às REFORMAS (notadamente o exército formado por 15.007 sindicatos, que não querem apenas a saída de Temer mas, principalmente, a volta de Lula) resolveram entrar de cabeça nesta luta política, visando, objetivamente, restaurar a MATRIZ DO ATRASO. Caso saiam vitoriosos o futuro do Brasil é NEGRO.


COMPRA DO INGRESSO
Gostem ou não, o fato é que os brasileiros que estão sendo seduzidos pelas propostas arquitetadas pelo Foro de São Paulo, que apoia a volta de Lula e seus parceiros, o que menos querem é uma SAÍDA. Estão, isto sim, adquirindo o ingresso para o MESMO DESTINO escolhido pela Venezuela. Será um encontro e tanto, não?

por Gilberto Simões Pires