terça-feira, 20 de junho de 2017

DUAS CATEGORIAS DE JUÍZES

Sempre que o STF profere alguma decisão bizarra, o povo logo se apressa para sentenciar: “a Justiça no Brasil é uma piada”.
Nem se passa pela cabeça da galera que os outros juízes – sim, os OUTROS – se contorcem de vergonha com certas decisões da Suprema Corte, e não se sentem nem um pouco representados por ela.

O que muitos juízes sentem é que existem duas Justiças no Brasil. E essas Justiças não se misturam uma com a outra. Uma é a dos juízes por indicação política. A outra é a dos juízes concursados.

A Justiça do STF e a Justiça de primeiro grau revelam a existência de duas categorias de juízes que não se misturam. São como água e azeite. São dois mundos completamente isolados um do outro. Um não tem contato nenhum com o outro e um não se assemelha em nada com o outro. Um, muitas vezes, parece atuar contra o outro. Faz declarações contra o outro. E o outro, por muitas vezes, morre de vergonha do um.

Geralmente, o outro prefere que os “juízes” do STF sejam mesmo chamados de Ministros – para não confundir com os demais, os verdadeiros juízes.
A atual composição do STF revela que, dentre os 11 Ministros (sim, M-I-N-I-S-T-R-O-S!), apenas dois são magistrados de carreira: Rosa Weber e Luiz Fux. Ou seja: nove deles não têm a mais vaga ideia do que é gerir uma unidade judiciária a quilômetros de distância de sua família, em cidades pequenas de interior, com falta de mão-de-obra e de infra-estrutura, com uma demanda acachapante e praticamente inadministrável.
Julgam grandes causas – as mais importantes do Brasil – sem terem nunca sequer julgado um inventariozinho da dona Maria que morreu. Nem uma pensão alimentícia simplória. Nem uma medida para um menor infrator, nem um remédio para um doente, nem uma internação para um idoso, nem uma autorização para menor em eventos e viagens, nem uma partilhazinha de bens, nem uma aposentadoriazinha rural. Nada. NADA.
Certamente não fazem a menor ideia de como é visitar a casa humilde da senhorinha acamada que não se mexe, para propiciar-lhe a interdição. Nem imaginam como é desgastante a visita periódica ao presídio – e o percorrer por entre as celas. Nem sonham com as correições nos cartórios extrajudiciais. Nem supõem o que seja passar um dia inteiro ouvindo testemunhas e interrogando réus. Nunca presidiram uma sessão do Tribunal do Júri. Não conhecem as agruras, as dificuldades do interior. Não conhecem nada do que é ser juiz de primeiro grau. Nada.

Do alto de seus carros com motorista pagos com dinheiro público, não devem fazer a menor ideia de que ser juiz de verdade é não ter motorista nenhum. Ser juiz é andar com seu próprio carro – por sua conta e risco – nas estradas de terra do interior do Brasil. Talvez os Ministros nem saibam o que é uma estrada de terra – ou nem se lembrem mais o que é isso.

Às vezes, nem a gasolina ganhamos, tirando muitas vezes do nosso próprio bolso para sustentar o Estado, sem saber se um dia seremos reembolsados - muitas vezes não somos. Será que os juízes, digo, Ministros do STF sabem o que é passar por isso?
Por que será que os réus lutam tanto para serem julgados pelo STF (o famoso “foro privilegiado") – fugindo dos juízes de primeiro grau como o diabo foge da cruz?
Por que será que eles preferem ser julgados pelos “juízes” indicados politicamente, e não pelos juízes concursados?
É por essas e outras que, sem constrangimento algum, rogo-lhes: não me coloquem no mesmo balaio do STF. Faço parte da outra Justiça: a de VERDADE.


Ludmila Lins Grilo

Juíza de Direito - TJ MG

fonte: JUÍZA 

Tony Ramos anuncia que não é mais garoto propaganda da Friboi

Depois de a apresentadora Fátima Bernardes anunciar o rompimento do contrato de garota propaganda da marca Seara, integrante do portfólio da JBS, agora foi a vez do ator Tony Ramos dizer que não estampará mais os filmes da empresa.

Em entrevista à Rádio Gaúcha, o ator conta que decidiu pelo fim da parceria em razão da “crise institucional” que envolve a empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista.

“Não me envergonho da campanha da carne, não me envergonho de ter anunciado uma ótima carne, não me envergonho de ter anunciado carne. Por quê? Se anunciasse perfume seria mais elegante?”, questiona o ator.

“Anunciei carne porque a consumo. Agora, frente a uma crise institucional provocada pela própria empresa, eu tenho direitos, inclusive contratuais, de rediscutir o cancelamento. É o que está sendo feito e, formalmente, estamos sem contrato”, revelou ele para a rádio.

Em entrevista ao site Ego em março, o ator, que ficou conhecido como “a cara” das propagandas da Friboi, manifestou surpresa com o escândalo da operação "Carne Fraca".

Ele dizia que tinha carne da empresa no freezer e que usava o produto para os churrascos que preparava.

“Estou surpreso com essa notícia. Eu sou apenas contratado pela empresa de publicidade, não tenho nenhum contato com JBS. Não sou técnico no assunto sobre o qual a Polícia Federal está fazendo a ação, mas existe um controle em todas as embalagens, existe um código de barras pelo qual as pessoas podem acompanhar a qualidade e a validade. Eu já visitei uma das fábricas, continuo comprando os produtos Friboi. Tenho carnes deles agora no meu freezer e uso nos meus churrascos do fim de semana”, disse.

“Eu espero que se apure a verdade, eles têm o direito das minhas imagens. Não sei se faria novamente (as propagandas). Se eles forem inocentados dos erros que estão sendo acusados, eu faria. Eu vou checar essa informação imediatamente”, declarou Tony Ramos na ocasião.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a JBS confirmou a saída do ator e agradeceu “a parceria e confiança nos últimos anos”.

Gleisi fora do senado em 2018

A derrocada do PT nas próximas eleições será uma mensagem dura e clara de que os brasileiros acordaram e não admitem mais a corrupção generalizada da classe politica brasileira.
“A nova presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirma que tentará se eleger deputada federal em 2018. Sabe que dificilmente conseguirá se reeleger no Senado. Ela é ré na Lava Jato”.

Defesa de Lula entrega alegações finais sobre ‘caso tríplex’. Sentença de Moro pode sair a partir de amanhã

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou nesta terça-feira (20) suas alegações finais na ação que investiga o pagamento de propina da empreiteira OAS na posse de um apartamento tríplex na praia do Guarujá, em São Paulo.
O prazo final para defesa e acusação apresentarem seus relatórios ao juiz Sergio Moro, que lidera as ações da Operação Lava Jato, é esta terça. A partir de amanhã (20), a sentença poderá sair a qualquer momento.
Em uma transmissão ao vivo no Facebook, os advogados detalharam a defesa de Lula, que tem como ponto central o fato de que o apartamento está em posse da Caixa Econômica Federal. De acordo com Cristiano Zanin, a OAS transferiu o imóvel, a partir de 2010, para um fundo do banco, não podendo assim negociá-lo com o ex-presidente.
“Nós estamos protocolando hoje as alegações finais. A defesa conseguiu reunir mais provas que provam a inocência do presidente Lula. Estamos apresentando a prova contundente e cabal da inocência do presidente Lula e da improcedência da acusação”, disse ainda Zanin.
Segundo o advogado, o procedimento feito pela Caixa comprova que o ex-mandatário não era dono da unidade 164A do Solaris.
“A Caixa indica uma agência e uma conta onde os valores referentes aos apartamentos devem ser depositados para que haja a liberação do imóvel. Só se houvesse depósito nessa conta da agência da Caixa, os imóveis do Solaris estariam liberados para venda, doação ou qualquer forma de transferência da propriedade”, acrescentou Zanin.
Os defensores reafirmaram que as delações que envolveram Lula tinham como objetivo apenas dar benefícios judiciais aos delatores e que o caso não deveria estar nas mãos de Moro, mas sim do Supremo Tribunal Federal (STF).


Fachin tira Lula e Cunha das mãos de Moro

O ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), aceitou recursos apresentados pelas defesas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e tirou quatro investigações relacionadas às delações premiadas dos executivos da construtora Odebrecht da alçada do juiz federal Sérgio Moro, de Curitiba.

A pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Fachin havia remetido os trechos das delações que mencionam Lula e Cunha para Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância. Os advogados do ex-presidente da República e do deputado cassado recorreram ao relator da Lava Jato no Supremo argumentando que os três episódios citados pelos delatores da empreiteira não têm relação com as irregularidades cometidas na Petrobras.

Em relação a Lula, eram menções sobre favorecimento da Odebrecht em Angola, pagamento de mesada ao irmão do petista e irregularidades nas hidrelétricas do Rio Madeira. Já os fatos relatados pelos dirigentes da Odebrecht sobre Eduardo Cunha tratavam de suspeitas sobre a contratação da empresa Kroll para tentar barrar as investigações da Lava Jato.

Fachin reavaliou os casos a pedido dos advogados e decidiu mandar as suspeitas sobre pagamento de mesada ao irmão de Lula para a Justiça Federal de São Paulo. Além disso, o magistrado do STF despachou os relatos sobre o Rio Madeira e Angola para a Justiça Federal do Distrito Federal.
As menções a Cunha também ficarão na Justiça Federal de Brasília. Segundo o relator da Lava Jato no STF, os crimes devem ser apurados onde foram cometidos ou onde ocorreram as tentativas de praticá-los.


'Parabéns ao MPF pela coragem em cobrar a conta dos partidos corruptos. Agora, as legendas podres precisam ser cassadas', afirma Levy Fidelix

O presidente e líder nacional do PRTB, Levy Fidelix, congratulou o Ministério Público Federal após o anúncio de que a conta da corrupção será cobrada não apenas de políticos corruptos e agentes de esquemas criminosos que dilapidaram o patrimônio público, mas também das legendas que deram guarida a práticas ilícitas.

"Parabéns ao MPF pela coragem em cobrar a conta dos partidos corruptos. Agora, as legendas podres precisam ser cassadas. É inaceitável que partidos que devem lutar por um país melhor se transformem em verdadeiras fachadas para o crime organizado, o qual tem como único e exclusivo objetivo sugar os recursos do erário público e agravar ainda mais a situação de carestia de nosso povo, seja na saúde, seja na educação, seja na segurança pública", comenta.

PT e PMDB devem ser acionados nos próximos meses pelo MPF. O objetivo das ações na área cível, segundo O Globo, é ressarcir os cofres públicos de dinheiro recebido indevidamente, por meio de doações legais ou caixa 2, de empreiteiras beneficiadas em contratos com a Petrobras. 

Os procuradores já haviam pedido que o PP fosse condenado a devolver R$ 460 milhões (referentes a R$ 296 milhões de propinas, com multa e correção), mas, em abril, o juiz Friedmann Wendpap entendeu que só há provas de que o partido recebeu R$ 2,4 milhões de empresas que participaram do esquema na estatal. Somando multa, R$ 9,8 milhões do PP acabaram bloqueados.

'Cassem o PT, o PMDB e o PSDB com urgência! Caso contrário, a antidemocracia vai continuar!', afirma Levy Fidelix

A reforma política, como está sendo proposta, vai apenas perpetuar e fortalecer a corrupção que assola o País, diz o presidente do PRTB, Levy Fidelix. Para Fidelix, não faz sentido fortalecer os grandes partidos, que são peças fundamentais da corrupção, enquanto se prejudicam os pequenos partidos que agem honestamente. 

PF chega a Edgar, empresário apontado como elo de pagamento de propina a grupo de Temer

A Polícia Federal afirmou em seu relatório da investigação do caso Michel Temer (PMDB) que Edgar, citado como intermediário para receber propina para o grupo do peemedebista, é um empresário dos setores imobiliário e financeiro: Edgar Rafael Safdie. Os investigadores chegaram a essa informação por meio dos registros de ligações telefônicas do celular do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil de propina da JBS.

Ouvido pela PF, Edgar Safdie “reconheceu a relação de longa data que mantém com Rodrigo [Rocha Loures], rechaçando, no entanto, qualquer participação ou conhecimento dos fatos que estão sendo apurados”, aponta o relatório. Segundo a PF, não houve “tempo hábil” para aprofundar esse ponto da investigação. A defesa de Edgar será procurada para, se desejar, prestar eventuais esclarecimentos que complementem as declarações já manifestadas à Polícia Federal.


Caixa rebate tese da defesa de Lula e diz que o tríplex nunca foi do banco

Um alto funcionário da Caixa Econômica Federal, perguntado sobre a tese da defesa de Lula, afirmou que não há hipótese do banco ser dono do tríplex do Guarujá.

Segundo ele, a Caixa comprou debêntures da OAS Empreendimentos em 2009. A transação, entretanto, nada tem a ver com o fundo FI-FGTS e a debênture já foi quase toda amortizada.

O funcionário afirma que o edifício Solarias era uma das garantias nessa transação. Mas, como a dívida não foi executada, ele nunca pertenceu à Caixa.

Nas alegações finais entregues ao juiz Sergio Moro nesta terça (20), a defesa do ex-presidente Lula disse que o apartamento 164 A, do edifício Solaris, está em nome da OAS Empreendimentos S/A.

Os advogados dizem que, desde 2010, o fundo FI-FGTS detém 100% dos direitos econômicos-financeiros sobre o apartamento. 


Lula pede exoneração dos procuradores da Lava Jato

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta terça-feira (20) a exoneração dos procuradores da Lava Jato que o acusam de receber propina da empreiteira OAS por meio da posse de um apartamento tríplex em Guarujá (SP).

A defesa do ex-presidente apresentou nesta terça as alegações finais na ação penal, que já está pronta para julgamento do juiz Sergio Moro. Nela, os advogados buscam comprovar com documentos, inclusive, que Lula nunca foi proprietário do imóvel.

Em entrevista de cerca de dez minutos à rádio "Tupi AM", do Rio, durante o programa do radialista Antônio Carlos, ele disse que a acusação é uma "piada" e que agora os procuradores não sabem sair da "grande mentira" que contaram.

Lula disse não acreditar que possa ser preso em razão da ação penal e que espera que o magistrado possa "definitivamente anunciar ao Brasil" a sua inocência no processo. "Eu já provei minha inocência. Agora quero que eles provem a minha culpa", disse.

Perguntado pelo radialista se acredita que possa ser preso, Lula se defendeu e afirmou que não, porque "no Brasil e em outros países é preciso ter cometido um crime, um delito, alguma coisa errada" para que isso aconteça.

"No meu caso, os procuradores da Lava Jato que estão fazendo essa denúncia contra mim deveriam no fundo, no fundo, ser exonerados a bem do serviço público, porque eles inventaram uma grande mentira, junto com os meios de comunicação, sobretudo com a Globo, e agora eles não sabem como sair da mentira que contaram", afirmou.

"Se você pegar a peça de acusação que eles entregaram ao juiz Moro na semana passada, você vai perceber que é uma piada, não é uma acusação. Hoje nós estamos entrando com a nossa defesa. Espero o que o juiz Moro leia nos autos do processo para que possa definitivamente anunciar ao Brasil a minha inocência", disse Lula.

O ex-presidente negou a todo momento se anunciar como candidato à Presidência da República em 2018 e até disse que o Ministério Público está tentando abrir um processo contra ele por antecipação de campanha, mas sempre que perguntado pelo radialista, demonstrou disponibilidade em concorrer as eleições.

"Se for necessário, serei candidato e estarei à disposição do povo brasileiro para provar que é possível fazer o povo voltar a ser alegre. Se for necessário, e eu voltar, nós vamos consertar esse país. Dá para consertar esse país, nós já provamos isso uma vez. É só acreditar no povo", afirmou Lula.

O petista criticou o governo do presidente Michel Temer e o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, chamando-o de golpe. "Fizeram o golpe prometendo que melhorariam o Brasil. Essa promessa não aconteceu. O Brasil piorou. Retiraram uma presidenta democraticamente eleita. Agora é preciso eleger um novo presidente ou presidenta", disse o ex-presidente.

Lula afirmou ainda que as reformas trabalhista e da Previdência propostas pelo governo estão "demolindo" as conquistas de muito tempo dos trabalhadores. "Se quiserem resolver o problema da Previdência Social, tem que fazer a economia voltar a crescer", disse. "Essa reforma, se tiver que ser feita, tem que sentar com os trabalhadores, para ajustes de modernização", completou.

Críticos desejam ‘defender amigos poderosos’, diz Janot



O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, fez na noite desta segunda-feira, 19, um duro discurso em defesa da Operação Lava Jato e afirmou que a instituição está “em guerra contra um inimigo sem face”. Janot, que deixará o cargo em setembro, falou durante a abertura de um seminário no Conselho Nacional do Ministério Público.

Leia abaixo a íntegra do discurso: 

Senhoras, Senhores,
“Onde foi parar tanto dinheiro? Parte foi gasta, parte desviada. Investigando os papéis da Câmara de Salvador, Teodoro Sampaio pinta um quadro de dissolução geral: ´os infratores, de todos os gêneros, eram contumazes, e as penas não passavam de ameaças. As multas raro se pagavam.  Os atravessadores de mercadorias zombavam das medidas que contra seu comércio aladroado adotavam os oficiais da Câmara. Os arrendatários dos impostos conluiavam-se com os mercadores, consentindo que estes fraudassem as almotaçarias'.  Quando os pregões de arrematação das empreitadas se encerravam, o nome do vencedor, anunciado com alguma solenidade pelo porteiro da Câmara, raramente causa surpresa. Os empreiteiros loteavam as obras entre si, combinando os lances antecipadamente, muitas vezes em conluio com o leiloeiro, e superfaturando o custo da obra.”

Esse trecho que acabei de citar foi extraído do livro do historiador Eduardo Bueno, e embora tenha o frescor da atualidade, conta, na verdade, parte da história da construção de Salvador, a famosa cidade da Baía, a primeira capital do nosso país, edificada ainda nos primórdios do período colonial.

Os fatos, que remontam há quase quinhentos anos, poderiam ser perfeitamente adequados para qualquer evento de corrupção da atualidade. Seria um parágrafo que bem se encaixaria em qualquer das inúmeras notícias de corrupção que pululam nos jornais de nossos dias.
A corrupção é uma antiga conhecida na vida pública brasileira, tão velha quanto o próprio país. Infelizmente, essa forma de gerir a coisa pública é, sob certo aspecto, um traço sombrio de nossa cultura.
Combatê-la exige esforço, determinação, coragem e muita resiliência. Afirmo isso, porque nenhum comportamento social sobrevive por tantas gerações se não encontra quem o pratique com afinco e o quem o defenda com vigor.

Não tenho mais direito a ilusões na quadra da vida em que me encontro. Sei que, apesar de toda a dedicação e esforço despendido em minha trajetória profissional para combater essa chaga, deixarei o cargo de Procurador-Geral da República rumo à aposentadoria com mais perguntas do que respostas, com mais dúvidas do que certezas. Sei que o caminho a seguir para nossa sociedade alcançar a verdadeira democracia será longo e ainda está em plena construção.

Tentamos, com nosso trabalho, apontar uma direção que nos pareceu viável, mas certamente ficará para a próxima geração de brasileiros dar seguimento ao esforço ingente de mudar definitivamente a cultura de tolerância com a corrupção que se impôs a nossa boa gente, não por uma natureza intrinsecamente degenerada – longe disso –, mas em razão da repetição indecorosa do mau exemplo de nossas elites ao longo de séculos de iniquidade.

Como tenho dito em diversas oportunidades, não será pelo sistema de justiça criminal que o país encontrará a sua redenção. Será preciso muito mais.
A alavanca da transformação só será acionada por um querer coletivo veemente e determinado que deverá direcionar-se contra o estado de degeneração da vida política brasileira atual.
A intuição me diz que a nossa sociedade está pronta e madura para essa mudança, pois por onde tenho passado recebo sempre palavras de encorajamento e incentivo para que o Ministério Público siga firme no cumprimento de seu dever. Não decepcionaremos os cidadãos brasileiros que confiam na nossa Instituição.
Para seguir, no entanto, na luta contra a corrupção com eficiência, ficou claro que o aperfeiçoamento do sistema jurídico brasileiro é condição indispensável. Pequenas modificações legislativas ou jurisprudências podem, muitas vezes, fazer uma enorme diferença na aplicação das normas penais. Cito aqui dois exemplos significativos: a nova regulamentação da colaboração premiada; e a mudança de entendimento do STF que viabilizou a execução da pena após sentença penal condenatória confirmada em grau de recurso. O resultado, especialmente na Lava Jato, desses dois avanços fala por si.

Não tenho dúvidas de que, no processo contínuo de evolução, muito ainda há por ser feito na seara normativa, de modo a trazermos para o Brasil o que existe de mais moderno e eficiente no direito comparado em matéria de combate à criminalidade sofisticada, sempre, por óbvio, respeitando-se as salvaguardas constitucionais.
Para além de tornarmos a punição mais eficiente, há também um outro aspecto que precisa ser devidamente sopesado quando falamos em soluções alternativas no campo do direito penal. Todos conhecemos o grave problema de lentidão na resposta do Poder Judiciário para as demandas dos cidadãos. Em matéria penal, essa disfuncionalidade leva à prescrição de crimes graves, à impunidade, ao descrédito no Estado e, consequentemente, à sensação generalizada de insegurança na sociedade.

Nos Estados Unidos, por exemplo, mais de 90% das demandas criminais são resolvidas na via negocial, por acordos penais celebrados entre o Ministério Público e o réu, devidamente assistido por advogado, e apenas submetidos à homologação judicial.
É voz corrente que se não fossem as soluções penais alternativas, o Poder Judiciário americano não daria conta da demanda e poderia caminhar para o colapso – e vejam que estamos falando da maior e mais rica economia mundial.

Desde o início acolhi com vivo entusiasmo a ideia de um seminário como este, patrocinado pelo Conselho Nacional do Ministério Público.

A feliz iniciativa parece-me alvissareira especialmente pelo caráter internacional do evento,que contará com palestrantes e debatedores de outros países, proporcionando, assim, a troca saudável de experiências.
O Brasil é, como sabemos, por si, um continente. Aqui se fala um belo, mas pouco difundido idioma.
Isso pode facilmente nos conduzir a um círculo vicioso na construção do discurso jurídico, em um processo de retroalimentação nas mesmas fontes, que apenas se auto-confirmam acriticamente. Sem nos abrirmos às experiências de outras nações que vivenciaram problemas sociais semelhantes aos nossos e que tiveram êxito no seu enfrentamento, perderemos a oportunidade de compartilhar boas práticas e conhecer ideias inovadoras que sejam adequadas às nossas necessidades e ao modelo constitucional brasileiro.

Acredito que não há melhor forma de desmistificar o discurso leviano que rechaça qualquer tentativa de tornar o direito penal mais efetivo senão nos abrirmos ao debate.
Eventos como este representam um caminho sensato e seguro para subsidiar o trabalho de aperfeiçoamento de nosso sistema de Justiça Criminal e, consequentemente, pôr cabo à impunidade que assombra os brasileiros.
Desejo, assim, que, doravante, iniciativas como esta sejam cada vez mais frequentes, porque tenho a convicção de que a soma de pequenos atos inspiradores será a melhor e mais eficaz forma de promovermos a mudança política e social de que tanto precisamos e desejamos.
Estamos, meus amigos, como instituição, em guerra contra um inimigo sem face!

Não é definitivamente uma guerra contra pessoas ou contra partidos; mas, sim, contra a impunidade e a corrupção que dilapida o patrimônio do país.
O Ministério Público não pode nem estará sozinho nesse combate, sob pena de vermos derrotada fragorosamente a causa que pertence a todos nós.
Contamos com a força e a independência do nosso brioso Poder Judiciário, que não se deixará influenciar por pressões políticas, e saberá, como guardião último da ordem jurídica, julgar com imparcialidade e impor a todos o império da lei e da Constituição, sem concessões aos poderosos de turno.
Da sociedade esperamos que exerça o seu juízo crítico e que saiba compreender os fatos para além das distorções que alguns veículos da imprensa infelizmente publicam – está na moda a pós-verdade. É dever cívico de cada brasileiro e brasileira decente empunhar a arma da cidadania para fazer valer a sua soberania e retomar o poder que verdadeiramente lhes pertence!

Há pessoas que acusam o Ministério Público e a Lava Jato de abuso. Afirmam que o Brasil está se tornando um Estado Policial de exceção. Só dois tipos de pessoas adotam e acolhem esse discurso. Os primeiros nunca viveram em uma ditadura, não conhecem, por experiência própria, o que representa uma vida sem liberdade; militam, portanto, na ignorância. Para estes, o esclarecimento dos fatos é suficiente.
Mas há também aqueles que operam no engodo; os que não têm compromisso verdadeiro com o país. A real preocupação dessas pessoas é com a casta privilegiada da qual fazem parte. Empunham estrepitosamente a bandeira do estado de direito, mas desejam mesmo é defender os amigos poderosos com os quais se refestelam nas regalias do poder. 

Para essas figuras, não há esclarecimento suficiente, porque a luz os ofusca. Fogem da verdade com o pavor dos que vivem no embuste. Escondem-se nas cavernas sombrias de seus interesses mesquinhos.
Um alerta a esses senhores: a sociedade brasileira está cansada de homens públicos deste jaez; pode até levar um tempo, mas os brasileiros saberão reconhecê-los e serão fortes para repudiá-los, mesmo por detrás das fantasias cuidadosamente urdidas para enganar. Basta de hipocrisia! Não há mais espaço para a apatia. Ou caminhamos juntos contra essa vilania que abastarda a política, ou estaremos condenados a uma eterna cidadania de segunda classe, servil e impotente contra aqueles que deveriam nos representar com lealdade. 
Encerro aqui minha fala, compartilhando com vocês a esperança que acalento, não como membro do Ministério Público apenas, mas, antes, como um simples cidadão que acredita em um futuro decente para este país. 
Espero, um dia, ler o relato de Teodoro Sampaio a respeito da construção de nossa primeira capital, há 500 anos, e constatar que aqueles fatos de triste memória ocupam, enfim, o lugar que lhes cabe na vida do país: o passado longínquo, morto nas páginas frias da história e, definitivamente, superado.
A ideia pode, hoje, parecer para muitos um devaneio inconsequente, mas como disse um dos maiores estadistas do Século XX: “o sucesso é nada mais do que habilidade de seguir de fracasso em fracasso, mas sem jamais perder o entusiasmo.”

Desejo a todos um bom evento, agradecendo penhoradamente a honrosa presença do Ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, que muito agregará em conteúdo a este Seminário.


Lula diz que espera que Moro 'anuncie ao Brasil sua inocência'



No dia em que sua defesa apresentará as alegações finais ao juiz Sérgio Moro, no caso triplex, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que "não acredita" que será preso pela Lava Jato. O petista reafirmou nesta terça-feira, 20, à rádio Tupi AM, a sua inocência e disse que "para ser preso no Brasil ou em qualquer país do mundo, a pessoa tem que ter cometido um crime".   

O ex-presidente chamou a peça de acusação feita pelo Ministério Público de "piada" e disse esperar que Moro "leia os autos do processo para que possa, definitivamente, anunciar ao Brasil a sua inocência". 

Ainda na entrevista, Lula chegou a dizer que já pediu que os procuradores da Lava Jato, responsáveis pela denúncia contra ele, "deveriam ser exonerados a bem do serviço público porque inventaram uma grande mentira". O ex-presidente criticou, também, os meios de comunicação e disse que, junto com os procuradores, "não sabem como sair da mentira que contaram".

Nesta ação, o ex-presidente é acusado de ter recebido R$ 3,7 milhões em propinas da OAS que, em troca, teria fechado três contratos com a Petrobrás, supostamente por ingerência de Lula. A acusação é de recebimento de vantagens ilícitas da empreiteira por meio de um triplex no Guarujá, no litoral de São Paulo, e ao armazenamento de bens do acervo presidencial, mantidos pela Granero de 2011 a 2016. 

2018. Questionado sobre uma eventual candidatura em 2018, o ex-presidente falou à rádio que afirmar que estará na corrida presidencial seria precipitado e que poderia gerar uma ação por antecipação de campanha. "Não está em tempo de afirmar. Precisa ter convenção partidária, estamos fora de época. E eu sei que tem gente no Ministério Público tentando abrir processo contra mim por antecipação de campanha".

Fachin retira de Moro três processos contra Lula


O ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), tirou do juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, três casos contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que tiveram origem nas delações premiadas de executivos e ex-funcionários da Odebrecht.

Um diz respeito ao suposto tráfico de influência do ex-presidente, que em troca de vantagens indevidas teria atuado em favor da empresa em negociações referentes a projetos em Angola, mesmo que em prejuízo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O pedido de investigação sobre o assunto teve origem nos depoimentos de Emílio Odebrecht e Marcelo Bahia Odebrecht, controladores do grupo, e de mais três ex-funcionários da empresa.

Fachin determinou a remessa das provas referentes a esse caso para a Justiça Federal do Distrito Federal, por se tratarem “de fatos que supostamente se passaram na capital da República”, escreveu o ministro no despacho divulgado nesta terça-feira.

“Assim, do cotejo das razões recursais com os depoimentos prestados pelos colaboradores não constato, realmente, relação dos fatos com a operação de repercussão nacional que tramita perante a Seção Judiciária do Paraná”, escreveu Fachin. O ministro acatou um recurso da defesa de Lula.

Outro caso trata da suposta atuação de Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff em favor da liberação de recursos do BNDES para a construção das Usinas Hidrelétricas de Jirau e de Santo Antônio, ambas em Rondônia. Eles também teriam agido para acelerar licenças ambientais, segundo o depoimento de Emílio Odebrecht e de Henrique Serrano de Prado, ex-executivo da área de Energia da empreiteira. A investigação foi remetida por Fachin também ao Distrito Federal.

Um terceiro caso trata do suposto pagamento de uma mesada pela Odebrecht a José Ferreira da Silva, o Frei Chico, líder sindical e irmão de Lula, segundo relatos dos ex-executivos da empresa Hilberto Mascarenhas Filho e Alexandrino Alencar. Os repasses seriam feitos como um modo de prestigiar o ex-presidente, declararam os colaboradores. Fachin determinou que a investigação sobre o assunto seja remetida à Justiça Federal de São Paulo, também a pedido da defesa de Lula.

Nas três situações, a Procuradoria-Geral da República (PGR) havia se manifestado contra a retirada dos processos de Moro, alegando que guardam relação com as investigações da Lava-Jato conduzidas no Paraná.

À época em que os casos foram remetidos a Sérgio Moro, no início de abril, o ex-presidente Lula negou ilegalidades, afirmando que as acusações eram “frívolas” e “sem nenhuma materialidade”.

Ciro Gomes chama Lula e seu filho de ladrões, mas quer votos de petistas nas próximas eleições

Muitos petistas se negam a acreditar que o ex­-ministro Ciro Gomes chamou o ex-presidente Lula de ladrão em diversas oportunidades. Talvez por se tratar do plano B do PT, até mesmo os dirigentes do partido procuram ignorar as ofensas de Ciro contra o petista. Por outro lado, o próprio Ciro tem trabalhado para atrair a simpatia dos eleitores do PT visando a eleição presidencial de 2018. 

O ex­-ministro, que tem dito que a candidatura de Lula nas próximas eleições seria um desserviço ao país, já deu sinais de que pode concorrer como vice de Lula, caso o petista consiga preservar seus direitos políticos até o próximo pleito. Ciro afirmou em várias entrevistas que não pretende disputar a Presidência, caso Lula concorra. Como o PT está abrindo todas suas portas para o ex-­ministro, é possível concluir que o plano B do partido envolva outras combinações de última hora.




Lula é o comandante de toda a organização criminosa que vigorou no país por 13 anos, diz procurador da Lava Jato

O procurador da Lava Jato Carlos Fernando Santos Lima, concedeu uma entrevista neste fim de semana ao e voltou a afirmar que o ex­-presidente Lula é o verdadeiro chefe da organização criminosa que assaltou os cofres públicos ao longo da última década e meia. 

Na entrevista, a jornalista Carla Jiménez pergunta ao procurador sobre os fatores que apontam o petista como responsável por comandar os esquemas criminosos nos últimos anos que acabaram contaminando praticamente todos os partidos políticos do país:

El País. Como se explicar a tese de Lula como o chefe da quadrilha? 

Carlos Fernando Santos Lima. Ele era o chefe, na nossa concepção, que comandava toda a organização criminosa. É o responsável final, último, e mais importante da decisão. Mandava fazer, não se importava com os detalhes. A partir do momento que você determinou, é responsável por tudo aquilo que acontece embaixo desse guarda­-chuva. 

El País. Que incluíam os outros partidos? 

Carlos Fernando Santos Lima. Infelizmente nós não pudemos fazer essa acusação, que está no Supremo. Nós descrevemos isso na denúncia, mesmo porque a denúncia só seria compreendida se escrevesse essa circunstância. Ele é o responsável final pela construção desta forma pela qual, nesses 13 anos, se desviou o dinheiro público. Ele é o comandante de toda esta organização. Inclusive das coligações. Responsável por toda a propina paga seja para quem for, porque boa parte disso tudo é o acordo partidário. Na verdade, tudo isso é como se faz política no Brasil. Eles dizem que nós estamos criminalizando a política, mas na verdade a política se criminalizou. Nós só estamos revelando esse fato.

El País. Uma pessoa só é responsável por toda a corrupção quando a gente vê delatores dizendo que o esquema sempre existiu, desde a ditadura?

Carlos Fernando Santos Lima. Ele é apenas, naquele instante histórico, o líder daquela organização criminosa. Mas, no mínimo, tem outras organizações criminosas atuando em governos anteriores, algumas delas estão prescritas, outras – isso é uma coisa que eu tenho que deixar bem claro – eu não posso sair investigando o que eu quero. Eu posso investigar aquilo que surge com uma evidência. E a evidência é o Paulo Roberto Costa [nomeado por Lula a pedido do PP]. O Governo, portanto, está bem delimitado. Governo Lula, diretoria da Petrobras e a partir dali nós fomos aumentando. É natural que irão mais recursos para os fatos mais recentes. Mesmo porque uma parte está prescrito ou se não estiver prescrito é muito mais difícil de provar

El País. Os recursos que atribuem ao Lula beneficiava o PT, mas os demais políticos não captavam para os deles? O PMDB está sendo acusado até hoje por corrupção presente.

Carlos Fernando Santos Lima. Qual é a tese do mensalão e que se confirmou? O pagamento dos demais partidos serve para compra de apoio político para seu projeto político de Governo enquanto presidente. Ele colocou o Paulo Roberto Costa para trazer dinheiro para o PP e não para o PT. Por quê? Porque o PP dava ali apoio e suporte parlamentar. Não faz diferença. Não digo que a organização era o Partido dos Trabalhadores. A organização é o Governo. Aquele governo montado daquela forma. A política usou o crime para se perpetuar. A ideia de que você entra no governo com um projeto de 20 anos de poder já começa errado porque, isso implica gerenciar caixa, dinheiro, muito complicado. Foi onde, na minha opinião, o PT errou. O partido tinha uma proposta de inclusão social, diferente de tudo que existia antes. Mas o método para manter o poder é que torna tudo errado, conclui o procurador que conduz a Operação Lava Jato em Curitiba, ao lado do colega Deltan Dallagnol.

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Temer já entrou com ação cível e criminal na Justiça contra Joesley Batista e vai exigir indenização milionária

O presidente Michel Temer acaba de lançar mais uma lança ofensiva contra o empresário Joesley Batista com a entrada de ações nas esferas cível e Criminal pouco antes de sua viagem para Rússia e Noruega. Temer divulga um vídeo pouco antes da viagem, programada há mais de trinta dias. Na pela, Temer afirma que criminosos não ficarão impunes no País. Em nota à imprensa, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República anunciou que adotará medidas judicias duras contra Joesley Batista. Fontes do Palácio do Planalto informam que Temer pretende impedir que Joesley Batista deixe o Brasil e já orientou seus advogados a adotarem medidas neste sentido. 

Nota à Imprensa

Em 2005, o Grupo JBS obteve seu primeiro financiamento no BNDES. Dois anos depois, alcançou um faturamento de R$ 4 bilhões. Em 2016, o faturamento das empresas da família Batista chegou a R$ 183 bilhões. Relação construída com governos do passado, muito antes que o presidente Michel Temer chegasse ao Palácio do Planalto. Toda essa história de "sucesso" é preservada nos depoimentos e nas entrevistas do senhor Joesley Batista. Os reais parceiros de sua trajetória de pilhagens, os verdadeiros contatos de seu submundo, as conversas realmente comprometedoras com os sicários que o acompanhavam, os grandes tentáculos da organização criminosa que ele ajudou a forjar ficam em segundo plano, estrategicamente protegidos. 

Ao bater às portas do Palácio do Jaburu depois de dez meses do governo Michel Temer, o senhor Joesley Batista disse que não se encontrava havia mais de dez meses com o presidente. Reclamou do Ministério da Fazenda, do CADE, da Receita Federal, da Comissão de Valores Mobiliários, do Banco Central e do BNDES. Tinha, segundo seu próprio relato, as portas fechadas na administração federal para seus intentos. Qualquer pessoa pode ouvir a gravação da conversa na internet para comprová­-lo. 

Em relação ao BNDES, é preciso lembrar que o banco impediu, em outubro de 2016, a transferência de domicílio fiscal do grupo para a Irlanda, um excelente negócio para ele, mas péssimo para o contribuinte brasileiro. Por causa dessa decisão, a família Batista teve substanciais perdas acionárias na bolsa de valores e continuava ao alcance das autoridades brasileiras. Havia milhões de razões para terem ódio do presidente e de seu governo. 

Este fim de semana, em entrevista à revista Época, esse senhor desfia mentiras em série. A maior prova das inverdades desse é a própria gravação que ele apresentou como documento para conseguir o perdão da Justiça e do Ministério Público Federal por crimes que somariam mais de 2 mil anos de detenção. Em entrevista, ele diz que o presidente sempre pede algo a ele nas conversas que tiveram. Não é do feitio do presidente tal comportamento mendicante. Quando se encontraram, não se ouve ou se registra nenhum pedido do presidente a ele. E, sim, o contrário. Era Joesley quem queria resolver seus problemas no governo, e pede seguidamente. Não foi atendido antes, muito menos depois. 

Ao delatar o presidente, em gravação que confessa alguns de seus pequenos delitos, alcançou o perdão por todos seus crimes. Em seguida, cometeu ilegalidades em série no mercado de câmbio brasileiro comprando um bilhão de dólares e jogando contra o real, moeda que financiou seu enriquecimento. Vendeu ações em alta, dando prejuízo aos acionistas que acreditaram nas suas empresas. Proporcionou ao país um prejuízo estimado em quase R$ 300 bilhões logo após vazar o conteúdo de sua delação para obter ganhos milionários com suas especulações. 

Os fatos elencados demonstram que o senhor Joesley Batista é o bandido notório de maior sucesso na história brasileira. Conseguiu enriquecer com práticas pelas quais não responderá e mantém hoje seu patrimônio no exterior com o aval da Justiça. Imputa a outros os seus próprios crimes e preserva seus reais sócios. Obtém perdão pelos seus delitos e ganha prazo de 300 meses para devolver o dinheiro da corrupção que o tornou bilionário, e com juros subsidiados. Pagará, anualmente, menos de um dia do faturamento de seu grupo para se livrar da cadeia. O cidadão que renegociar os impostos com a Receita Federal, em situação legítima e legal, não conseguirá metade desse prazo e pagará juros muito maiores. 

O presidente tomará todas medidas cabíveis contra esse senhor. Na segunda­-feira, serão protocoladas ações civil e penal contra ele. Suas mentiras serão comprovadas e será buscada a devida reparação financeira pelos danos que causou, não somente à instituição Presidência da República, mas ao Brasil. O governo não será impedido de apurar e responsabilizar o senhor Joesley Batista por todos os crimes que praticou, antes e após a delação. 

Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República

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