O procurador da Lava Jato Carlos Fernando Santos Lima, concedeu uma entrevista
neste fim de semana ao e voltou a afirmar que o ex-presidente Lula é o
verdadeiro chefe da organização criminosa que assaltou os cofres públicos ao longo da
última década e meia.
Na entrevista, a jornalista Carla Jiménez pergunta ao procurador sobre os fatores que
apontam o petista como responsável por comandar os esquemas criminosos nos
últimos anos que acabaram contaminando praticamente todos os partidos políticos do
país:
El País. Como se explicar a tese de Lula como o chefe da quadrilha?
Carlos Fernando Santos Lima. Ele era o chefe, na nossa concepção, que comandava toda a organização criminosa. É o responsável final, último, e mais
importante da decisão. Mandava fazer, não se importava com os detalhes. A partir do
momento que você determinou, é responsável por tudo aquilo que acontece embaixo
desse guarda-chuva.
El País. Que incluíam os outros partidos?
Carlos Fernando Santos Lima. Infelizmente nós não pudemos fazer essa
acusação, que está no Supremo. Nós descrevemos isso na denúncia, mesmo porque a
denúncia só seria compreendida se escrevesse essa circunstância. Ele é o responsável
final pela construção desta forma pela qual, nesses 13 anos, se desviou o dinheiro
público. Ele é o comandante de toda esta organização. Inclusive das coligações.
Responsável por toda a propina paga seja para quem for, porque boa parte disso tudo
é o acordo partidário. Na verdade, tudo isso é como se faz política no Brasil. Eles
dizem que nós estamos criminalizando a política, mas na verdade a política se
criminalizou. Nós só estamos revelando esse fato.
El País. Uma pessoa só é responsável por toda a corrupção quando a gente vê
delatores dizendo que o esquema sempre existiu, desde a ditadura?
Carlos Fernando Santos Lima. Ele é apenas, naquele instante histórico, o líder
daquela organização criminosa. Mas, no mínimo, tem outras organizações criminosas
atuando em governos anteriores, algumas delas estão prescritas, outras – isso é uma
coisa que eu tenho que deixar bem claro – eu não posso sair investigando o que eu
quero. Eu posso investigar aquilo que surge com uma evidência. E a evidência é o
Paulo Roberto Costa [nomeado por Lula a pedido do PP]. O Governo, portanto, está
bem delimitado. Governo Lula, diretoria da Petrobras e a partir dali nós fomos
aumentando. É natural que irão mais recursos para os fatos mais recentes. Mesmo
porque uma parte está prescrito ou se não estiver prescrito é muito mais difícil de
provar
El País. Os recursos que atribuem ao Lula beneficiava o PT, mas os demais políticos
não captavam para os deles? O PMDB está sendo acusado até hoje por corrupção
presente.
Carlos Fernando Santos Lima. Qual é a tese do mensalão e que se confirmou? O
pagamento dos demais partidos serve para compra de apoio político para seu projeto
político de Governo enquanto presidente. Ele colocou o Paulo Roberto Costa para
trazer dinheiro para o PP e não para o PT. Por quê? Porque o PP dava ali apoio e
suporte parlamentar. Não faz diferença. Não digo que a organização era o Partido dos Trabalhadores. A organização é o Governo. Aquele governo montado daquela forma. A
política usou o crime para se perpetuar. A ideia de que você entra no governo com um
projeto de 20 anos de poder já começa errado porque, isso implica gerenciar caixa,
dinheiro, muito complicado. Foi onde, na minha opinião, o PT errou. O partido tinha
uma proposta de inclusão social, diferente de tudo que existia antes. Mas o método
para manter o poder é que torna tudo errado, conclui o procurador que conduz a
Operação Lava Jato em Curitiba, ao lado do colega Deltan Dallagnol.
conteúdo: Imprensa Viva