terça-feira, 20 de junho de 2017

Lula é o comandante de toda a organização criminosa que vigorou no país por 13 anos, diz procurador da Lava Jato

O procurador da Lava Jato Carlos Fernando Santos Lima, concedeu uma entrevista neste fim de semana ao e voltou a afirmar que o ex­-presidente Lula é o verdadeiro chefe da organização criminosa que assaltou os cofres públicos ao longo da última década e meia. 

Na entrevista, a jornalista Carla Jiménez pergunta ao procurador sobre os fatores que apontam o petista como responsável por comandar os esquemas criminosos nos últimos anos que acabaram contaminando praticamente todos os partidos políticos do país:

El País. Como se explicar a tese de Lula como o chefe da quadrilha? 

Carlos Fernando Santos Lima. Ele era o chefe, na nossa concepção, que comandava toda a organização criminosa. É o responsável final, último, e mais importante da decisão. Mandava fazer, não se importava com os detalhes. A partir do momento que você determinou, é responsável por tudo aquilo que acontece embaixo desse guarda­-chuva. 

El País. Que incluíam os outros partidos? 

Carlos Fernando Santos Lima. Infelizmente nós não pudemos fazer essa acusação, que está no Supremo. Nós descrevemos isso na denúncia, mesmo porque a denúncia só seria compreendida se escrevesse essa circunstância. Ele é o responsável final pela construção desta forma pela qual, nesses 13 anos, se desviou o dinheiro público. Ele é o comandante de toda esta organização. Inclusive das coligações. Responsável por toda a propina paga seja para quem for, porque boa parte disso tudo é o acordo partidário. Na verdade, tudo isso é como se faz política no Brasil. Eles dizem que nós estamos criminalizando a política, mas na verdade a política se criminalizou. Nós só estamos revelando esse fato.

El País. Uma pessoa só é responsável por toda a corrupção quando a gente vê delatores dizendo que o esquema sempre existiu, desde a ditadura?

Carlos Fernando Santos Lima. Ele é apenas, naquele instante histórico, o líder daquela organização criminosa. Mas, no mínimo, tem outras organizações criminosas atuando em governos anteriores, algumas delas estão prescritas, outras – isso é uma coisa que eu tenho que deixar bem claro – eu não posso sair investigando o que eu quero. Eu posso investigar aquilo que surge com uma evidência. E a evidência é o Paulo Roberto Costa [nomeado por Lula a pedido do PP]. O Governo, portanto, está bem delimitado. Governo Lula, diretoria da Petrobras e a partir dali nós fomos aumentando. É natural que irão mais recursos para os fatos mais recentes. Mesmo porque uma parte está prescrito ou se não estiver prescrito é muito mais difícil de provar

El País. Os recursos que atribuem ao Lula beneficiava o PT, mas os demais políticos não captavam para os deles? O PMDB está sendo acusado até hoje por corrupção presente.

Carlos Fernando Santos Lima. Qual é a tese do mensalão e que se confirmou? O pagamento dos demais partidos serve para compra de apoio político para seu projeto político de Governo enquanto presidente. Ele colocou o Paulo Roberto Costa para trazer dinheiro para o PP e não para o PT. Por quê? Porque o PP dava ali apoio e suporte parlamentar. Não faz diferença. Não digo que a organização era o Partido dos Trabalhadores. A organização é o Governo. Aquele governo montado daquela forma. A política usou o crime para se perpetuar. A ideia de que você entra no governo com um projeto de 20 anos de poder já começa errado porque, isso implica gerenciar caixa, dinheiro, muito complicado. Foi onde, na minha opinião, o PT errou. O partido tinha uma proposta de inclusão social, diferente de tudo que existia antes. Mas o método para manter o poder é que torna tudo errado, conclui o procurador que conduz a Operação Lava Jato em Curitiba, ao lado do colega Deltan Dallagnol.

conteúdo: Imprensa Viva