A advogada Fernanda Tórtima, do grupo JBS do açougueiro criminoso Joesley Batista
foi flagrada em conversas num grupo do Whatsapp combinando com os patrões e com
assessores do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, gravar o presidente
Michel Temer.
Além de advogada de Joesley, Fernanda Tórtima é meia irmã do ministro do STF Luís
Roberto Barroso e amiga do deputado federal Wadih Damous, do PT, mais conhecido
como o Pit Bill de Lula. Enquanto presidiu o presidente da Cdap da OAB/RJ,
Fernanda Tórtima teve um intenso convívio com o então conselheiro federal e expresidente
da Seccional fluminense da entidade, Wadih Damous.
Fernanda Tórtima também era amiga do ex-braço direito de Rodrigo Janot, Marcelo
Miller. Os dois são do Rio de Janeiro e mantiveram relações de amizade durante
muitos anos. Foi Fernanda que fez a ponte entre Marcelo Miller e Joesley Batista, quando o empresário começou a manifestar seu interesse em fazer 'barganhas' com
Janot em troca de um acordo de delação premiadíssima.
A Folha revelou a participação de Fernanda Tórtima na trama para derrubar o
presidente da República.
"Uma troca de mensagens encontrada pela Polícia Federal sugere que procuradores
orientaram executivos da JBS a gravar por conta própria –ou seja, sem autorização
judicial– o momento da entrega de dinheiro a pessoas que seriam delatadas pelo
grupo comandado pelo empresário Joesley Batista.
Os diálogos ocorreram em um grupo de WhatsApp de nome Formosa, provável
referência à cidade natal dos irmãos Joesley e Wesley Batista, em Goiás.
As conversas ocorreram em 4 de abril, data em que os advogados da empresa
participaram de uma reunião na sede da PGR (Procuradoria-Geral da República) com
Eduardo Pelella, chefe de gabinete do então procurador-geral, Rodrigo Janot, e Sérgio
Bruno, do grupo da Lava Jato.
Na ocasião, os sete executivos da JBS não tinham se tornado oficialmente
colaboradores da Justiça. O pré-acordo de colaboração premiada foi assinado em 7 de
abril e a homologação saiu em maio.
Participavam do grupo de WhatsApp o ex-procurador Marcello Miller, a advogada
Fernanda Tórtima, Joesley, Wesley, Saud e Francisco de Assis e Silva, advogado e
delator. Os diálogos indicam pressa da PGR para fechar a delação.
(…)
As mais de 200 mensagens, às quais a Folha teve acesso, estavam no celular de
Wesley, apreendido em maio.
“Eles acham que podem desconfiar se adiarem [os pagamentos pendentes].
[Procuradores] Acham que vcs podem fazer uma vez sozinhos gravando e deixariam a
controlada para a seguinte”, escreveu Tórtima no grupo, numa clara referência a
gravações planejadas para incriminar o presidente Michel Temer.
Joesley Batista havia oferecido R$ 500 mil ao ex-assessor do presidente, Rodrigo
Rocha Loures, para conseguir agendar um encontro com Temer. Ficou combinado que
Rocha Loures garantiria a Temer que estaria presente no encontro e que daria a placa
de um carro para informar a segurança da Presidência da República, para que não
houvesse nenhum problema. Joesley também combinou com Rocha Loures que ele
iria sozinho ao encontro de Temer e que lá inventaria uma desculpa para justificar a ausência do assessor do presidente.
A ação controlada combinada no grupo do Whatsapp era filmar Rocha Loures
recebendo a mala com R$ 500 mil, para dizer que aquele dinheiro era para Temer. O
ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, se empenhou ao máximo para que
toda a operação fosse concluída o mais rápido possível para poder denunciar o
presidente antes do fim de seu mandato na PGR.
Segundo Joesley afirmou em gravação, Janot queria derrubar Temer para ocupar seu
lugar ou ter o poder de indicar seu sucessor. O objetivo de Janot era o de continuar
controlando a PGR e evitar que Temer indicasse sua arqui-inimiga Raquel Dodge para
o cargo. Um ano antes, Janot fez uma visita não agendada ao presidente Michel Temer
no Palácio do Jaburu e pediu para ser indicado ao cargo pela terceira vez. Temer disse
que iria pensar no assunto, mas fez chegar a Janot, através de interlocutores, que não
o indicaria para mais um mandato por achar que aquilo seria até mesmo
inconstitucional.
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