segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

TRÊS ANOS DEPOIS, JUSTIÇA AGORA VAI POUVIR TESTEMUNHAS EM AÇÕES DO CARTEL DE TRENS DE GOVERNOS TUCANOS

Quase três anos depois da primeira leva de cinco denúncias contra executivos acusados de envolvimento no cartel do setor metroferroviário durante governos do PSDB em São Paulo, a Justiça deve começar a ouvir as primeiras testemunhas do caso em janeiro de 2017.

Das 12 ações penais em tramitação no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo, foram marcadas audiências apenas em três ações. A primeira delas está prevista para o dia 11 de janeiro e deve ouvir testemunhas de acusação e defesa de um ex-executivo da Siemens acusado de fraudes envolvendo duas licitações internacionais da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) em 2007 e 2008 sob suspeita de cartel para aquisição de 320 e 64 carros de trens, respectivamente, que juntas somaram R$ 1,4 bilhão. Ele foi denunciado em março de 2014.
Em outra ação, a audiência foi marcada para o dia 24 de janeiro para ouvir as testemunhas de acusação do Ministério Público de São Paulo, que arrolou o ex-presidente do Metrô e futuro secretário de Transportes da gestão João Doria (PSDB) em São Paulo, Sergio Avelleda.

Esta ação tem como alvo executivos de duas empresas e apura a suspeita de fraude e cartel na licitação de uma parceria-público-privada de 2009 no valor total de R$ 1,8 bilhão, que visava a aquisição de 288 carros novos para a frota da linha 8 – Diamante da CPTM, além da responsabilidade da empresa vencedora de realizar por 20 anos a manutenção preventiva, corretiva e revisão geral da frota.

Por fim, na terceira ação, que apura suspeita de fraude na extensão da Linha 2 – Verde do Metrô, foram marcadas audiências em 31 de janeiro para ouvir as testemunhas de defesa na Comarca de Campos do Jordão, e outra no dia 6 de abril, para ouvir as testemunhas restantes e os réus na ação.

Ao todo, o Grupo de Atuação Especial de Combate a Delitos Econômicos (Gedec) do Ministério Público paulista apresentou oito denúncias por cartel e fraudes a licitação contra executivos de grandes empresas nacionais e internacionais que teriam se envolvido no cartel que foi revelado pela multinacional alemã Siemens em seu acordo de leniência. As acusações acabaram sendo desmembradas, sobretudo as que envolvem executivos que moram no exterior, e hoje existem 12 ações penais tramitando em primeira instância.

O Ministério Público apontou suspeitas de fraudes em outras licitações além das reveladas pela Siemens, e as primeiras denúncias foram apresentadas em março de 2014. A última, referente a PPP da Linha 8, foi levada à Justiça em março de 2016.

Até aqui não foi apresentada nenhuma denúncia criminal contra funcionários públicos por envolvimento com o esquema. A principal investigação do caso, que apura o envolvimento de ex-diretores e ex-presidente da CPTM, está a cargo da Procuradoria da República em São Paulo.


FRAUDES EM PEQUENOS MUNICÍPIOS PODEM SUPERAR O PETROLÃO EM 'UM MILHÃO DE VEZES', DIZ ESPECIALISTA DA CGU

Todos os recursos repassados pela União para Estados, municípios e Organizações Não-Governamentais são fiscalizados pelo Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União. Cerca de 1400 auditores monitoram, no País, desvios de verba, fraude a licitação, falsificação de documentos e tudo mais que encontrarem de irregular pelo caminho. E não acham tudo.

Em 13 anos, a CGU deflagrou, em parceria com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, 247 ações de investigação de verbas federais. O prejuízo mínimo é estimado em R$ 4 bilhões. A pasta identificou que 67% das fraudes ocorreram nas áreas da saúde e da educação de municípios carentes, que detêm reduzido Índice de Desenvolvimento Humano.
“As consequências são muito mais altas do que bilhões de desvios em obras. Não são só R$ 4 bilhões. Um estudo econométrico da consequência disso para um País chega na casa de trilhão. São R$ 4 bilhões camuflados, pode transformar isso em uma quantidade um milhão de vezes maior do que os prejuízos que a Petrobrás apresenta”, alerta o secretário-executivo da Transparência, Wagner de Campos Rosário, em referência à Operação Lava Jato, que abriu a caixa preta do grande esquema de propinas instalado na estatal petrolífera entre 2004 e 2014.

Além das fraudes milionárias, a CGU achou obras paralisadas e abandonadas, má conservação de equipamentos, armazenagem inadequada de medicamentos e falta de infraestrutura nas escolas.

“Quando você retira merenda de uma criança, você tira a possibilidade de crescimento daquele município a médio e longo prazo. É uma geração inteira que você está matando”, adverte Rosário, há 8 anos na Controladoria-Geral da União.

VEJA A ÍNTEGRA DA ENTREVISTA:

Quanto perde um País que tem 67% de R$ 4 bilhões desviados da Saúde e da Educação?
Condena o País a uma situação que nós vivemos hoje. Uma desigualdade social muito grande, pessoas sem condições mínimas de dignidade humana. Enquanto a gente não tiver um desenvolvimento dessas crianças, em um nível intelectual aceitável, a gente não vai ter reflexo no crescimento e desenvolvimento do País. Os países que saíram de uma situação semelhante à nossa e trilharam um caminho de desenvolvimento e melhoria de qualidade de vida da população tiveram essas mudanças em momentos críticos. Em alguns foi uma guerra, uma crise, cada um tem a sua história. Eu acho que esse momento crítico a gente está vivendo no País. Hoje é um momento de inflexão para que as pessoas parem para observar que a atuação de cada cidadão é importante. Os órgãos de defesa do Estado são essenciais. Mas enquanto a população não verificar que benefícios particulares não podem estar acima dos benefícios coletivos, não se sentir parte de uma sociedade, não vai ter uma vitória. A gente hoje está submetida ao ciclo vicioso da corrupção. Altos níveis de desigualdade social, pessoas que não acreditam nos seus representantes, isso gera um problema que as pessoas não acreditam que é possível mudar. A gente pode mudar como cidadão, acabar com a cultura do ‘jeitinho’. Enquanto a população não mudar, o País não vai andar. Isso é mais importante que as leis. Não adianta exigir que as pessoas que nos representam mudem, porque elas vão ter exatamente o comportamento que nós temos.

Os esquemas têm mais facilidade de se infiltrar em cidades mais pobres?
Acredito que sim. Em uma população com menor nível de educação, o controle social vai ser menor. A pessoa não tem muita noção se aquele gasto pode ou não pode. Torna-se mais fácil desviar recursos ali. Para pessoas que foram submetidas a um Estado de extrema pobreza por muito tempo, um saco de arroz é muito. Pessoas que já têm acesso a coisas básicas, talvez aquele pouco que você dê seja muito pouco, ela não vai aceitar. O nível de cobrança aumenta. A melhoria da educação, da qualidade de vida, de uma série de coisas, é essencial. Municípios que já chegaram a um nível maior de educação não toleram níveis de corrupção maiores. É muito mais fácil você agradar uma pessoa que não tem nada, nem o que comer, do que uma pessoa que tem condições básicas, com tudo. Na área de saúde, por exemplo, quando a gente pega os números de desvios, a maioria das fraudes é em saneamento básico, saúde da família e atenção básica à saúde. Saneamento básico é básico. Isso vai influenciar a expectativa de vida das pessoas, onde não tem saneamento as pessoas vivem menos. É uma coisa puxando a outra. Nos municípios mais pobres é mais fácil se manter a corrupção.

Muitas vezes as investigações da CGU pegam desvios de R$ 50 mil, R$ 100 mil em prefeituras. Qual o impacto da perda desses valores para os municípios?
A gente tem alguns critérios que pautam nosso trabalho e são conhecidos por todos os auditores: criticidade, materialidade e relevância. A gente sempre olha se aquele recurso realmente tem valor. Se eu tenho que fiscalizar R$ 10 bilhões ou R$ 100 mil, eu vou em R$ 10 bilhões. Mas tem recursos que a criticidade me faz olhar para eles. Por exemplo, merenda escolar. Os valores para municípios são pequenos, só que eles impactam muito forte no futuro do município. Eu tenho que fiscalizar, como não fiscalizar isso? A gente chama isso de assassinato da esperança. Quando você retira merenda de uma criança, você tira a possibilidade de crescimento daquele município a médio e a longo prazo. É uma geração inteira que você está matando. A gente tem trabalhos que não são de investigação, mas geram benefícios financeiros muito maiores. Muitas vezes a gente é obrigado a abrir um pouco mão do critério de materialidade e atuar em criticidade. É um dilema que a gente vive aqui. Vamos pautar pela materialidade, pela criticidade ou pela relevância daquele tipo de gasto? Muitas das vezes a gente tem valores baixos nesses trabalhos. Eu não posso largar isso de lado, porque é o futuro daquele município e do País. Você tem que fazer aquilo chegar lá, essa é a luta.

São 247 operações de investigação e um prejuízo mínimo estimado em R$ 4 bilhões. A que valor pode-se chegar?
É um prejuízo mínimo, é o que a gente levantou durante as investigações. A gente foca muito nos prejuízos identificados financeiros. Os não-financeiros são muito maiores. Se fôssemos fazer um estudo econométrico das consequências, por exemplo, que você gera a um município que desvia dinheiro da merenda escolar, em que as crianças não têm o desenvolvimento básico cognitivo, qual é o custo disso para um município no futuro? Isso não está quantificado e é muito difícil quantificar. Nós temos alguns índices que mostram isso. Quando a gente pega esses Índices de Desenvolvimento Humano ou Ideb, você verifica que, normalmente, esses locais apresentam baixos níveis básicos de expectativa de vida, expectativa de estudo, de anos médio em escola. Na Operação Mascotch (em Alagoas), a gente fez entrevistas com professores que disseram que a alimentação ali era dia sim, dia não. Só aí são 50% de recursos desviados (da merenda). Quando era sim, normalmente serviam só parte. Você imagina uma criança que já é pobre, que não tem estímulo ao estudo e com fome. Qual é a probabilidade dessa criança ter um rendimento adequado na escola? Você matou uma geração. É uma fraude que às vezes não é alta, mas as consequências são muito mais altas do que bilhões de desvios em obras. Não são só R$ 4 bilhões. Um estudo econométrico da consequência disso para um País chega na casa de trilhão. São R$ 4 bilhões camuflados, pode transformar isso em uma quantidade um milhão de vezes maior do que os prejuízos que a Petrobrás apresenta.
A corrupção que tira a merenda e o transporte escolar afeta o desenvolvimento do município e dos habitantes?
Não há dúvida. Essa é uma das consequências da corrupção, retirar a possibilidade de desenvolvimento, de crescimento. Mantém a pobreza, gera uma descrença da população nos seus representantes, colocando em risco até o Estado Democrático. As pessoas têm de ter confiança nos seus governantes. Você tem uma desconfiança generalizada, isso tudo afeta o crescimento e gera a manutenção da pobreza naqueles municípios.

Nessas operações, mais de 700 cidades foram afetadas, a maioria no Nordeste. Por quê?
Cerca de 46% das operações estão no Nordeste, 23% na Região Norte. Nós temos algumas informações que talvez nos ajudem a entender o porquê. Muitas dessas operações aconteceram em recursos da Educação e Saúde. O Fundeb é um recurso a princípio vinculado a Estado e município. Quando a União complementa o dinheiro, nós fiscalizamos. Praticamente nós não fiscalizamos o Fundeb quando não existe complementação da União. Distrito Federal e Espírito Santo não têm complementação da União. Quando você vai analisar quem recebe, Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte, a maioria está no Nordeste e dois Estados do Norte. A gente verifica que chegam mais recursos da União nesses locais e, com isso, a gente fiscaliza mais. Talvez se tivesse mais recursos do Fundeb em outros Estados, a gente teria verificado mais problemas nos outros Estados. Essa é uma das explicações. A outra é que quando você vem para a Região Sul e Sudeste, além dos municípios, você tem muita aplicação de recursos em estatais, tem muitos órgãos públicos. Nós fiscalizamos isso. Nós não temos tempo e equipe para verificar a execução do gasto público municipal dos recursos federais. A gente fiscaliza mais isso no Nordeste. Praticamente não tem órgão público, poucas estatais, quando tem alguma coisa é Universidade. Essas são duas variáveis, portanto, que devem ser levadas em consideração.

Os dados apontam uma recorrência de fraudes semelhantes nos mesmos municípios por anos. O que fazer?
Essa é uma pergunta que vale muito. Os órgãos de controle têm se especializado nesse tipo de fraude, talvez torne mais fácil identificar. Em alguns Estados a gente verifica que a fraude em merenda escolar parece recorrente. Merenda escolar facilita muito a fraude, por ser um tipo de gasto de consumo, é perecível. Se eu te perguntar o que você comeu na semana passada, talvez você não se lembre mais. É difícil você provar. Se a pessoa alega que deu a merenda, você vai pegar como prova uma criança de 8 anos? Isso é uma das coisas que talvez leve as pessoas a fraudar esse tipo de gasto. Transporte escolar a mesma coisa. A dificuldade de quem chega de fora é como verificar se aquelas crianças realmente moram naqueles pontos que estão dizendo. Ou se aquele transporte realmente é feito naquelas condições. É um tipo de trabalho que a gente tem de ir até a ponta e tentar identificar ao máximo. É um trabalho bem meticuloso, chegando de surpresa muitas das vezes para poder pegar os problemas.

Como avalia a capacidade de gestão dos recursos pelos municípios? Algumas cidades não chegam a usar o montante total da verba destinada pela União.
É comum isso, e a gente tem trabalho de fomentos à gestão. Não adianta ter um trabalho de controle federal forte e um controle estadual e municipal fraco. Como também não adianta ter um controle forte com gestões fracas. Os órgãos de controle estão se juntando, se unindo para tentar fomentar a parte de governança, fazer com que os gestores pensem no futuro. Isso é difícil, ainda está no início. Nós temos problemas graves de gestão, pessoas que não têm conhecimento da legislação para gestão dos recursos e ocasiona isso. Muitas vezes não é a corrupção, mas é a péssima gestão aliada ao fato de que a pessoa não consegue gastar aquela verba.

Uma gestão que não sabe administrar os recursos também atrapalha o crescimento do município?
Totalmente. Esses gestores são escolhidos pela população através do voto. É importantíssimo a população prestar atenção nisso. Gerir recursos, principalmente públicos, é difícil. A gente precisa ter pessoas preparadas. Esse é um desafio a ser vencido.

As operações identificaram esquemas que atuam simultaneamente em 35 cidades, às vezes 50. Há relação com a geografia dos Estados, o fato de os municípios serem muito próximos?
Já tivemos casos que foram em seis Estados diferentes, como na Operação Saúde. Fornecimento de medicamentos com duas fornecedoras na mesma cidade no Rio Grande do Sul. Um esquema de corrupção e pagamento de propina para poder vender remédio naqueles locais, entregar remédios vencidos. Fizemos uma operação nacional. Os municípios idem. Às vezes, em uma região, você tem uma determinada empresa que vence todas as licitações de alimentação escolar, remédio ou obras naquela região. Você começa a investigação e vê que o esquema está distribuído pelos municípios da região. A gente não vai a todos, porque você ficaria 10 anos investigando. A gente tenta matar o esquema. Seleciona quatro ou cinco municípios, realiza o trabalho, confirma as fraudes, deflagra com a Polícia e o Ministério Público. Por mais que outros municípios não estejam envolvidos naquela deflagração eles estariam se nós tivéssemos mais tempo para investigar. Nós não temos perna para mandar auditores para 50 municípios. O mais urgente é estancar aquela sangria e tentar tocar a investigação já com aquele esquema de fraude de recursos pelo menos interrompido. Quando você vai ver é um único esquema com o mesmo grupo empresarial atuando nos vários municípios. Aquilo ali é só uma amostra, teria muito mais municípios. As cidades que não estão na operação vão ser beneficiadas, porque aquele esquema vai ser quebrado.
Ao longo dos anos, as operações têm sido deflagradas com cada vez mais parcerias entre os órgãos. Qual a importância disso?
A corrupção é totalmente ligada à criminalidade organizada. Você tem divisão de funções, de tarefas. Pessoas que executam a corrupção, que vão lavar o dinheiro. Há um grupo organizado. O Estado é dividido por órgãos, cada um com uma atribuição. O Ministério da Transparência consegue entrar na aplicação do recurso público e identificar a fraude. A Polícia Federal tem uma expertise muito grande na parte de investigação criminal. O Ministério Público entra com essa ação e também realiza investigação. A Receita Federal sabe da parte tributária. Nenhum órgão é capaz de saber tudo. A gente tem que trabalhar em conjunto, isso gera aproveitamento. Quando você junta essas pessoas em torno de uma mesa e planeja conjuntamente, os trabalhos têm outro nível.


LAVA JATO PRIORIZA ODEBRECHT E OUTROS ACORDOS FICAM EM ESPERA

O empenho da Operação Lava Jato para concluir as delações premiadas da Odebrecht adiou para depois de fevereiro as negociações de acordos já em andamento.

Entre os réus, há presos que tratam de delações consideradas importantes para a força-tarefa, como o ex-presidente da OAS, José Adelmário Pinheiro, o Léo Pinheiro, e o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque.

Prioridade zero para a Operação Lava Jato, a Odebrecht passou a protagonizar a atenção dos investigadores a partir de junho deste ano, quando o ex-presidente da construtora Marcelo Odebrecht começou a negociar o acordo de delação premiada. O auge da negociação, no entanto, ocorreu entre os dias 12 e 17 deste mês.
Nesse período, o Ministério Público Federal (MPF) organizou um mutirão para a coleta de depoimentos e negociações para firmar os acordos de 77 executivos da Odebrecht.

O trabalho tomou uma semana de dedicação exclusiva não apenas dos 13 procuradores da força-tarefa em Curitiba. Ao todo, foram acionados mais de cem procuradores em 30 cidades, que colheram cerca de 800 depoimentos.

O esforço tinha como objetivo entregar a documentação ao ministro-relator das ações da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, antes do dia 19, data em que começou o recesso de fim de ano do Judiciário.

O prazo foi cumprido, mas a custo da suspensão das demais negociações. “A Procuradoria estava até sem tempo para conversar com as outras empresas por causa disso”, afirmou o advogado Edward Rocha de Carvalho, que, na Lava Jato, defende réus ligados às construtoras Andrade Gutierrez e OAS.

Uma das principais negociações suspensas foi a de Léo Pinheiro. Condenado a mais de 35 anos de prisão, o executivo está em nova tratativa com o MPF depois de ver seu acordo ser cancelado, em agosto, após o vazamento do conteúdo. Contatado, o advogado

José Luís de Oliveira Lima disse que não falaria sobre o assunto.

Expectativa

Advogados esperam que as negociações só devam ser retomadas, na melhor das hipóteses, em fevereiro. “Nossa expectativa é de que, com o esforço concentrado para obter os depoimentos da delação da Odebrecht, depois do recesso, possam cuidar de outros casos que estavam parados aguardando o desenvolvimento desse aí”, disse o advogado Marcelo Leonardo, que defende o empresário Marcos Valério, condenado no mensalão, e réu da Lava Jato.

PRESOS DA LAVA JATO PASSAM NATAL SEM CEIA NEM LUXOS NA CADEIA

O Natal dos presos da Operação Lava Jato foi sem ceia e sem luxos. Nas cadeias onde eles estão, 24 e 25 de dezembro foram dias comuns. Nada de peru, panetone ou champanhe. O almoço de Natal foi bife, farofa, cenoura, feijão, arroz e salada. O deputado cassado Eduardo Cunha, o ex-senador Gim Argello, o ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada e outros presos da Operação Lava Jato receberam exatamente essa quentinha. Neste sábado e domingo, eles não tiveram visitas nem ganharam presentes.

PROPOSTA PRETENDE ACABAR COM A VITALICIEDADE DE MINISTROS DO SUPREMO

Após as últimas liminares concedidas pelos ministros Marco Aurélio e Luiz Fux, ganhou força no Senado a PEC 35/2015, estabelecendo mandato de dez anos para os membros do Supremo Tribunal Federal (STF). A PEC, de autoria do senador Lasier Martins (ex-PDT-RS), está pronta para ser votada desde fevereiro deste ano, quando foi aprovada pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado. A informação é do colunista Cláudio Humberto, do Diário do Poder.

A PEC 35 modifica o processo de escolha para ministro do STF e o torna inelegível pelo prazo de cinco anos, após o término do mandato. 

Ao defender sua proposta, Lasier Martins disse que a vitaliciedade no cargo pode trazer “vários riscos à estabilidade institucional”.

Pela PEC, além de idades mínima e máxima, para ser ministro do STF serão exigidos notável saber jurídico e 15 anos de atividade jurídica.

O presidente continuará escolhendo ministros do STF, mas a partir de lista tríplice, elaborada por um colegiado de ministros de tribunais.