O ex-presidente Lula continua dando uma de desentendido sobre a inviabilidade de
sua candidatura à Presidência da República. Além do fato de se tornar ficha suja após
a condenação em Segunda Instância, prevista para junho do ano que vem, Lula sabe
que sua campanha seria inviável, tamanho é o repúdio da sociedade em relação ao
pleito do criminoso condenado.
Não adianta exibir pesquisas mentirosas para tentar pressionar as autoridades. Onde
quer que vá, Lula é hostilizado, chamado de ladrão e seus simpatizantes já perderam a
coragem de defendê-lo publicamente. Há inclusive militantes que se recusam a
participar de comícios, mesmo remunerados antecipadamente.
Há poucos dias, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, praticamente
sepultou a candidatura do petista durante entrevista à Folha. Ao firmar posição
contrária à candidatura de um condenado e réu em várias ações penais, Fux manifesta a opinião esmagadora da sociedade e pressiona os colegas no sentido de colocar logo
um fim no constrangimento para o país em conviver com um criminoso condenado se
inserindo sorrateiramente na disputa ao mais alto cargo da nação.
O ministro foi duro ao comentar “essa doutrina de presunção da inocência que às
vezes o Supremo aplica”, e que ele diz não aceitar:
"Ora, se o presidente é afastado, não tem muito sentido que um candidato que já tem
uma denúncia recebida concorra ao cargo. Ele se elege, assume e depois é afastado?",
disse Fux.
"E pode um candidato denunciado concorrer, ser eleito, à luz dos valores
republicanos, do princípio da moralidade das eleições, previstos na Constituição? Eu
não estou concluindo. Mas são perguntas que vão se colocar", completou o magistrado
do STF.
“Às vezes o sujeito é denunciado, é condenado em primeiro grau, é condenado no juízo
de apelação [segunda instância], a condenação é confirmada no STJ -e ele entra
inocente no Supremo?”
"Quando o presidente [da República] tem contra si uma denúncia recebida, ele tem
que ser afastado do cargo. Ora, se o presidente é afastado, não tem muito sentido que
um candidato que já tem uma denúncia recebida concorra ao cargo".
Lula não apenas foi denunciado à Justiça como já tem uma condenação em primeira
instância, de 9 anos e meio de prisão, determinada pelo juiz Sergio Moro, da 13a Vara
Federal de Curitiba. Ele apelou ao TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região). O
caso deve ser julgado antes das eleições de 2018. Caso a corte confirme a condenação,
Lula poderia ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa, que torna inelegíveis candidatos
condenados por um tribunal de segunda instância.
Após as declarações contundentes do ministro do STF, ex-aliados do PT já começaram
a traçar planos próprios para as próximas eleições. O PCdoB informou neste domingo
que desembarca da aliança de mais de 20 anos e vai lançar a candidatura da deputada
estadual Manuela D'ávila. O PSOL também definiu que irá lançar seu próprio
candidato. O recuo do apoio à candidatura de Lula deve se intensificar nos próximos
dias. Até o senador Renan Calheiros anda sondando como ficará o cenário no próximo
ano antes de confirmar seus compromissos com o petista.
"A fala do ministro Fux é uma pá de cal na candidatura de Lula, apesar da conivência
de setores da imprensa com esta desfaçatez. Até o momento, sabia-se que haveria uma
certa pressão social, mas a declaração de um ministro do Supremo em uma fase com
tanta indefinição já aponta para a inviabilidade do nome de Lula para 2018. Ninguém
vai querer pagar para ver", diz um dirigente do PSOL
"O ex-presidente Lula, sua defesa e os membros do PT vão tentar minimizar o impacto
das declarações do ministro do STF, mas é inegável que a partir de agora, a situação
muda completamente"
Nem o ex-presidente Lula nem o PT se pronunciaram sobre as declarações de Luiz
Fux, mas já há ministros do STF que apontam para o acerto do colega em antecipar os
debates sobre o tema.