sábado, 17 de março de 2018

QUEM MATOU MARIELLE FRANCO?

Percival Puggina
Não tenho a menor ideia. Surpreende-me que tantos analistas se apressem em indiciar “a polícia”, assim, genericamente, como se a instituição fosse executante de sentenças de morte. Tais generalizações me incomodam. Primeiro, porque presumem a burrice do interlocutor; segundo, porque se prestam para que a atividade policial, numa instintiva autodefesa, fique neutralizada. E quase acrescentaria um terceiro motivo, que me vem da morte de Celso Daniel. Lembram? No dia em que encontraram seu cadáver com 11 perfurações a bala e sinais de tortura, todo o alto comando petista desembarcou em Santo André tendo à frente o falante Dr. Eduardo Greenhalgh. Nos cochichos do velório, o que mais se ouvia eram insinuações de que o prefeito fora executado por adversários da campanha de Lula, que ele, Celso Daniel, iria coordenar. Depois, foi o que se sabe.

 Essas acusações afoitas sempre me parecem movidas a muito má intenção. Um crime pode ser cometido por médicos, mas isso não transforma o hospital em organização criminosa. Um crime pode ser cometido por policiais, mas isso não transforma a polícia em organização criminosa. Um crime pode ser cometido por uma facção criminosa. E isso é o que dela se espera. O que mais leio e ouço nestas últimas horas revela um esforço em entregar o cadáver da vereadora para as instituições policiais e em transformar sua morte numa questão racial. A “polícia” teria executado uma mulher negra. O assassinato não teria sido de uma pessoa humana, que para isso ninguém mais dá bola, mas de uma mulher  de pele escura e vereadora, o que amplia a dimensão política do fato. Já o seu motorista continua ignorado. Morto, oprimido e excluído, de “raça” ignorada, o infeliz. Entortou-se no Brasil a capacidade de análise. Em 2017, tal qual em 2016, 134 policiais foram mortos no Rio de Janeiro. Qual era a cor de sua pele? Isso não interessa pelo simples motivo de que isso realmente não interessa a qualquer pessoa intelectualmente honesta e mentalmente sã. Interessa a vida humana sacrificada.

 Todo esse empenho em transformar a morte da vereadora num conflito entre raças, entre oprimidos e opressores, vem vestido com aquela malícia que, para dar vida à respectiva ação política, precisa de conflitos tanto quanto do ar que respira. Morreu uma mulher negra; logo, seus assassinos são homens brancos – presume-se que deduzam os tolos. Em artigo na Zero Hora de hoje, uma repórter da RBS dá números extraídos do Atlas da Violência: no Brasil, sete em cada 10 vítimas de homicídio são negros. É fato. No entanto, a redatora do texto, para mostrar o fato como lhe convém à tese, passa por cima de outras evidências: o número de homicídios cometidos no Brasil é impulsionado por conflitos entre facções criminosas em disputas de território. Nessas verdadeiras guerras de conquista pelo controle local do tráfico de drogas, bem como do roubo e comercialização de cargas, ninguém olha para a cor da pele, senhora repórter!

Não há uma “chacina dos jovens negros” por serem negros. Há uma chacina de jovens brasileiros recrutados pelas facções criminosas entre a população dos morros que é majoritariamente formada por negros e pardos. Sem óculos danificados pela ideologia do conflito, sem a tolice das dicotomias oprimido-opressor, excluído-incluído, vendo os fatos como são, a maioria dos que morrem são pretos e pardos; e a maioria dos que os matam são pretos e pardos. Mera estatística.

Partidos políticos que sistematicamente antagonizam a polícia e as Forças Armadas têm razões inconfessáveis para isso.

texto por Percival Puggina

“Lava Jato mostrou o quanto o crime se apropriou da política”

O procurador Carlos Fernando Lima, da Lava Jato de Curitiba, comentou no Facebook o editorial de sexta-feira do Globo sobre o mercado de compra e venda de deputados.

“Quando se fala no mercado de compra e venda de deputados é que se percebe o baixíssimo padrão ético de nossa classe política.

O fundão partidário, como já dissemos antes, foi apenas uma forma de dar dinheiro público para os caciques dos partidos poderem ‘arrematar’ deputados.

Depois vêm alguns condenados dizer que a Lava Jato criminaliza a política. Na verdade, a Lava Jato mostrou o quanto o crime se apropriou da política.”

Ditadura “reeleita”

O Congresso da China reelegeu neste sábado Xi Jinping como presidente do país pelos próximos cinco anos, com Wang Qishan como vice. ​

Uma semana após a aprovação da mudança constitucional que pôs fim ao limite de dois mandatos presidenciais, a cúpula da ditadura chinesa garantiu assim seu poder até 2022.

Agora só faltam as “eleições” cubanas.

CVM acusa 40 da Petrobras, incluindo Foster, Gabrielli e Bendine

Quarenta atuais e ex-administradores da Petrobras ignoraram por cinco anos indícios de que a refinaria de Abreu e Lima e o Comperj valiam menos do que constava no balanço da estatal.

A acusação é da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que regula o mercado de capitais, informa O Globo.

Entre os acusados, estão:

– os ex-presidentes José Sergio Gabrielli, Maria das Graças Foster e Aldemir Bendine;

– o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega;

– o ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho;

– o ex-diretor financeiro da Petrobras Almir Barbassa.

– e atuais diretores, como Ivan Monteiro (financeiro) e Solange Guedes (Exploração e Produção).

Para a CVM, a maioria dos acusados falhou no dever de diligência e prejudicou a empresa e os investidores, induzindo esses últimos a erro de julgamento.

“A autarquia entende que a companhia deveria ter reconhecido baixas contábeis nos ativos de 2010 a 2013, o que não aconteceu, e ampliado o escopo da reavaliação dos valores feita em 2014 para Abreu e Lima.”

“Uma questão de honra nacional”

“É uma questão de honra nacional descobrir os assassinos de Marielle Franco”, diz Fernando Gabeira.

Ele continua:

“Li que Marielle Franco denunciava violência policial em Acari. É uma das hipóteses de investigação. Acari tem uma tradição de violência policial. Em 1990, houve a chacina de Acari, que levou sete jovens. As mães fizeram um movimento de denúncia. Uma delas também foi assassinada.

A 15 minutos de distância está Vigário Geral, onde também houve uma chacina. Estive lá no primeiro momento e falava-se muito na culpa de um grupo de PMs intitulado Cavalos Corredores.

Tudo isso parece sepultado no século XX. Mas a violência nunca desapareceu de fato e, agora, com a ruína do governo, o processo de decomposição dos órgãos policiais é ainda maior.

Outra hipótese são as milícias. Uma delas foi desbaratada na véspera do assassinato de Marielle. As milícias, também, com o processo de decadência do governo, ampliaram-se e, hoje, segundo ouvi, já ocupam 164 comunidades e mandam no cotidiano de dois milhões de pessoas.

Se conduzida com seriedade, a intervenção federal terá de encarar esses problemas.

A derrocada da polícia do Rio foi precipitada pela corrupção dos governantes. Vi, de relance, algumas pessoas na rua, pedindo o fim da PM. Mas, o que colocar no lugar? Talvez não seja nem a pergunta mais difícil. A mais difícil é essa: como trocar os pneus com o carro em movimento?

Todos nós queremos ter certeza de que não só o Rio vai emergir desta tragédia, mas que o próprio país, sobretudo o Nordeste, também vai encontrar uma saída para deter o avanço do crime organizado (…).

Acabou o tempo de espanto e espera. Como diz o poeta, o drama se precipita sem máscara.”

Cármen Lúcia não cede

Merval Pereira explicou o conluio entre as diversas alas da ORCRIM para salvar Lula da cadeia.

Leia aqui:

“As pressões sobre a presidente do Supremo Tribunal Federal vêm de várias partes, além do PT e dos advogados de Lula. Há um conluio surdo entre as diversas forças políticas que estão de alguma maneira envolvidas nas investigações e denúncias da Lava Jato e suas decorrências pelo país.

O grupo que pressiona a presidente Cármen Lúcia pretende se reunir com ela na terça-feira, mas não está certo que essa reunião se realizará. O certo é que a presidente não está disposta a aceitar passivamente uma pressão que nunca aconteceu na História do Supremo Tribunal Federal para tirar de seu presidente o poder de organizar a pauta dos julgamentos.”

A exploração lulista do cadáver de Marielle

A resolução da Executiva Nacional do PT que compara o assassinato de Marielle Franco ao processo penal que resultou na condenação de Lula é de um oportunismo político sem tamanho, afirma João Domingos no Estadão.

“De acordo com a resolução petista, tanto a execução de Marielle quanto a condenação de Lula são consequências de uma escalada de autoritarismo no País.

Nesse clima, afirma o PT no documento (…), ‘os movimentos sociais são reprimidos, professores são espancados, a universidade é atacada, artistas são censurados, setores politizados do Judiciário atuam casuisticamente e o governo golpista apela, de forma demagógica e irresponsável, para a militarização de esferas de competência do poder civil’.

Tudo o que está escrito entre aspas no parágrafo acima faz parte de uma argumentação política a partir de uma visão ideológica das coisas. Portanto, o PT tem todo o direito de dizer isso. (…)

Comparar o assassinato da vereadora Marielle ao processo penal que condenou Lula por lavagem de dinheiro e corrupção passiva, no entanto, supera a argumentação lógica da política.

(…) A condenação de Lula veio depois de um processo judicial (…). Para se defender, o ex-presidente contratou os melhores advogados, produziu as melhores peças jurídicas com as mais afamadas teses, ocupou as redes sociais, atacou Judiciário, Ministério Público, meios de comunicação e tudo o mais que viu pela frente.

Ao contrário de Lula, a vereadora não teve nenhuma oportunidade de defesa. Foi fuzilada.”

O site O Antagonista registra que, além de já ter pulado os trechos do artigo que exaltam a militância de Marielle, só tiraria da parte sobre advogados e peças jurídicas a palavra “melhores”.

4 anos de Lava Jato: 40 vezes Moro

A Lava Jato completa quatro anos neste sábado e, desde a deflagração da 1ª fase da operação, em março de 2014, 40 processos já foram sentenciados por Sergio Moro, registra o G1.

“Foram 188 condenações contra 123 réus, que somam 1.861 anos e 20 dias de pena.

O tempo médio de trâmite das ações da Lava Jato na 13ª Vara Federal de Curitiba – desde a aceitação da denúncia até a publicação da sentença – foi de 9 meses e 10 dias.”

Lembramos que o STF ainda não condenou político algum na Lava Jato.

Parabéns, Moro.

O IRREDUTÍVEL TOTALITARISMO CUBANO

Na minha segunda visita a Cuba, em 2002, encontrei-me com o dissidente Oswaldo Payá, dirigente do Movimiento Cristiano Liberación. 
Uma figura humana admirável, que enfrentava com tenacidade as perseguições, injúrias, restrições e ameaças com que o regime tolhia sua ação e suas manifestações. Naquele mesmo ano, fora distinguido pelo Parlamento Europeu com o Prêmio Sakahrov de Direitos Humanos.

Convidei-o para jantar e nos encontramos certa noite nas circunstâncias novelescas que relatei em “Cuba, a tragédia da utopia”. Contou-me as quase invencíveis peripécias de seu cotidiano (nosso encontro mudou de lugar momentos antes de eu me dirigir para lá porque o local aprazado já estava sob vigilância). Sua casa era pichada e ele proibido de repintá-la, seu telefone grampeado, sua família vítima de acintes e provocações. Todas as suas tentativas de participar dos processos “eleitorais” eram bloqueadas desde a possibilidade de registro de candidatura. O manifesto de Payá à ONU sobre o regime cubano ilustra a contracapa da primeira edição do livro que escrevi e foi publicado em 2004.

Mediante contato mantido através de seu irmão Carlos, que mora na Espanha, havíamos combinado encontrar-nos novamente quando voltei a Cuba nove anos mais tarde. Dessa feita, porém, era o meu hotel que estava sendo vigiado naquela manhã de 22 de outubro de 2011. E Oswaldo não apareceu. Morreu no ano seguinte, numa rodovia deserta, em estranho acidente de carro.

Estou contando isso porque tenho lido curiosas afirmações sobre uma suposta abertura do regime, a propósito das recentes eleições. Abertura? Eleições? No sistema cubano, quando o eleitor é chamado à urna, todo um processo de filtragem assegurou que opositores ao regime não constem entre as alternativas a ele apresentadas. 

Nas eleições de novembro de 2017, nenhum dos 200 candidatos dissidentes conseguiu superar a barreira da respectiva comissão. 

Na eleição do último domingo para a Assembleia Nacional, 605 candidatos escolhidos pelas assembleias provinciais, disputaram as 605 vagas. Todos serão empossados, todos estão previamente alinhados com o Partido Comunista Cubano (PCC). 

Nenhum dissidente obteve mandato na mais exótica “democracia do mundo” e o futuro ditador já está escolhido pelo partido. Chama-se Miguel Diáz-Canel e cumprirá 10 anos de mandato.

Opor-se a isso, contestar o regime, continua fazendo mal à saúde. O notável Oswaldo Payá virou nome de um troféu – o Prêmio Payá. Através dele, movimentos dissidentes, sob a liderança de sua filha, Rosa Maria Payá, reconhecem o esforço de personalidades estrangeiras em favor da redemocratização e dos direitos humanos em Cuba. 

Pois nem mesmo os ex-presidentes Andrés Pastana e Jorge Quiroga, da Colômbia e Bolívia, conseguiram desembarcar em Havana no último dia 3 de março para receberem os troféus que lhes estavam destinados. Foram deportados. 

Assim é a “abertura” e assim são as “mudanças” em curso na ditadura imposta, há 60 anos, sobre o bom povo da ilha.

texto por Percival Puggina

 

ALEXANDRE FROTA COMENTA SOBRE A MORTE DA VEREADORA DO PSOL

TIROTEIO NO COMPLEXO DO ALEMÃO

OCORRENDO ESTA NOITE NO COMPLEXO DO ALEMÃO - RIO DE JANEIRO. Segundo informações da PM, duas pessoas morrem em tiroteio no Alemão, entre eles criança de 1 ano