domingo, 30 de abril de 2017

Os 50% de Lula no Nordeste

Lula ainda pode contar com o curral eleitoral nordestino, além do seu curral eleitoral na USP.
É muita gente, mas o contingente anti-Lula, que se recusa a entrar no curral, é muito maior.
Diz a Folha de S. Paulo:
“É provável que o ex-presidente beneficie-se da memória de bons anos de crescimento e distribuição de renda durante seu governo. Entre os mais pobres e menos escolarizados, seu nome é preferido por 40%; no Nordeste, são 50%.
No primeiro turno, Lula perde entre os mais abonados, que preferem Bolsonaro. No segundo, aparece em empate técnico com Marina e com o juiz Sergio Moro.
Tais simulações dizem menos sobre a disputa pela Presidência e mais sobre as aspirações de quase metade do eleitorado - procura-se uma alternativa”.

Boechat 'destroça' sindicalistas 'vagabundos'

Boechat 'destroça' sindicalistas 'vagabundos': 'Ou tem um monte de vagabundo mamando na teta do imposto sindical, ou temos a estrutura mais avançada do mundo'

O jornalista Ricardo Boechat, comentando a "greve geral", mencionou o disparate que é o Brasil ter mais de 17 mil sindicatos. Para ele, "de duas uma: ou nós somos o ambiente com a maior e mais estruturada, mais avançada e mais moderna estrutura sindical do mundo, ou tem um monte de vagabundo mamando nessa teta do imposto sindical. Não tem outra possibilidade". 

Joaquim Barbosa, o Hamlet brasileiro

O ex-presidente do STF ainda não encontrou resposta para sua maior dúvida existencial: será ou não candidato à Presidência em 2018. Recentemente, segundo o Radar da Veja, respondeu do seguinte modo à pergunta:
“Às vezes, penso que sim. Em outras horas, acho que não. Política é um negócio muito complicado.”
Complicado é um modo de defini-la.

“Nenhuma boquinha acaba sem gás lacrimogêneo”

Em artigo ao Estadão, o ex-presidente do BC Gustavo Franco analisa o esperneio dos pelegos na greve de sexta. Leia:
“É um disparate que as pessoas (físicas e jurídicas) sejam obrigadas a recolher uma contribuição sindical mesmo quando não querem pertencer a nenhum sindicato.
O Brasil tem 11.327 entidades habilitadas a receber a contribuição, cuja arrecadação alcançou R$ 2,1 bilhões em 2016. Do lado patronal foram R$ 934 milhões. A imensa maioria dessas entidades só existe para captar esse recurso.
Nenhuma boquinha terminou no Brasil sem certa dose de esperneio e gás lacrimogêneo. A sexta-feira que passou foi dedicada a isso. Vida que segue.”

O plano de carreira de Alckmin para Doria

Para evitar que João Doria decole e passe voando sobre sua cabeça rumo ao Planalto, Geraldo Alckmin recorreu ao argumento de que é preciso acumular experiência para subir a rampa do Planalto. Em discurso a prefeitos paulistas, afirmou que “ninguém assume um Airbus em 24 horas.”
“[Primeiro] vai no monomotor, no bimotor, de copiloto… Vai adquirindo experiência.”
As informações são da Folha.

Temer: Inocente 5 X 2 Culpado

Se a votação da cassação da chapa Dilma-Temer fosse hoje, o TSE absolveria o presidente por 5 votos a 2, segundo o Estadão.
Herman Benjamin e Rosa Weber seriam os únicos ministros a condená-lo.
Mesmo um pedido de vistas para adiar ad aeternum a votação perdeu força. Napoleão Nunes, o candidato a fazê-lo, diz agora que quanto antes o caso for resolvido, melhor.

“Não deve existir foro privilegiado para ninguém”

Em entrevista ao Estadão, Celso de Mello foi claro quanto ao que pensa sobre o foro privilegiado: deve acabar e ponto. Leia:
“Eu entendo que não deve existir a prerrogativa de foro, para ninguém, porque ela fere gravemente o princípio republicano da igualdade. Ao mantê-la, e além de tudo ampliá-la, a Constituição de 1988, pretendendo ser republicana, mostrou-se estranhamente aristocrática.”

Liminar proíbe CUT de fazer ato na Paulista

O Tribunal de Justiça de São Paulo concedeu liminar proibindo a CUT de realizar seu ato de 1º de Maio na avenida Paulista. A multa, em caso de desobediência, é de R$ 10 milhões.
A liminar foi pedida pela prefeitura paulistana.
Na liminar, o juiz afirmou:
A CUT "tradicionalmente promove (o evento) no Anhangabaú", mas "resolveu apoderar-se de espaço reservado ao lazer do paulistano".
E ainda:
"Não se está a cercear o direito constitucional de reunião pacífica, mas de zelar pelo cumprimento das normas municipais quando se trata de realização de eventos comemorativos de grande magnitude (...) Não se verificam condições legais para que o evento seja realizado pela CUT na avenida Paulista."

Cabral não responde a perguntas de Moro e provoca risadas em audiência

Um fato inusitado marcou o interrogatório do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral pelo juiz Sérgio Moro em um dos processos da Operação Lava Jato, ontem (27), em Curitiba.

No início da oitiva, Cabral seguiu orientação de seu advogado e disse ao juiz que optaria pelo direito constitucional ao silêncio e que responderia apenas a perguntas de sua defesa.
Quando os questionamentos do juízo e do Ministério Público foram feitos, Cabral ficou literalmente em silêncio e provocou risadas em Moro e nas demais pessoas que estavam presentes na audiência.
“O senhor tem que dizer que não responde. Não é literal. Não é para brincar de vaca amarela”, disse Moro, em referência a uma brincadeira popular que consiste em um desafio para que todos fiquem em silêncio.
Durante a audiência, Cabral disse que não recebeu propina da empreiteira Andrade Gutierrez para favorecer a empresa nas obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), da Petrobras. O ex-governador admitiu, no entanto, ter recebido caixa 2 para financiar a própria campanha eleitoral ao governo do Rio de Janeiro.
Cabral é alvo de sete denúncias oferecidas pelo Ministério Público Federal (MPF) na Operação Calicute, um desdobramento da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro. Ele está preso desde 17 de novembro do ano passado no Complexo Prisional de Bangu, sob a acusação de receber propina em obras realizadas pelo governo do estado.
Segundo as investigações, o ex-governador chefiava um esquema de corrupção que cobrou propina de construtoras, lavou dinheiro e fraudou licitações em grandes obras no estado realizadas com recursos federais.

STF marca para terça-feira julgamento que pode libertar José Dirceu

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para a próxima terça-feira (2) a retomada do julgamento do pedido de liberdade do ex-ministro José Dirceu, preso por determinação do juiz federal Sérgio Moro na Operação Lava Jato. Dirceu está preso desde agosto de 2015 no Complexo Médico-Penal em Pinhais, região metropolitana de Curitiba.
Na sessão, os ministros voltarão a discutir a validade da decretação de prisões por tempo indeterminado na Lava Jato. Na sessão da semana passada, houve apenas um voto, o do relator, Edson Fachin, a favor da manutenção da prisão.
A sessão foi interrompida para ampliar o prazo para que os advogados de Dirceu e do Ministério Público Federal (MPF) possam se manifestar. Faltam os votos dos ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Celso de Mello e Ricardo Lewandowski.
Em seu voto, Fachin concordou com os argumentos utilizados por Sérgio Moro para manter a prisão de Dirceu e disse que há várias provas de “corrupção sistêmica” na Petrobras, fato que deve ser interrompido pelas prisões preventivas.
Em maio do ano passado, José Dirceu foi condenado a 23 anos de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Na sentença, Moro decidiu manter a prisão preventiva. Posteriormente, o ex-ministro da Casa Civil teve a pena reduzida para 20 anos e 10 meses.
Ele foi acusado de receber mais de R$ 48 milhões por meio de serviços de consultoria, valores que seriam oriundos de propina proveniente do esquema na Petrobras, de acordo com os procuradores da Lava Jato.
No STF, a defesa de Dirceu sustentou que o ex-ministro está preso ilegalmente e deve cumprir medidas cautelares diversas da prisão. Os advogados também argumentam que Dirceu não oferece riscos à investigação por já ter sido condenado e a fase de coleta de provas ter encerrado.

PROTAGONISMO RETRÔ

Neste momento em que escrevo, militantes a serviço da organização criminosa que desgraçou o país põem em curso uma tentativa de greve geral que virou algo tipo "Vamos queimar pneus e parar o Brasil na porrada e no miguelito". Todos sabiam o que iria acontecer e não imagino a CNBB, que enfaticamente apoiou o movimento, tão ingênua a ponto de desconhecer as infames técnicas de "mobilização" utilizadas pelos companheiros da CUT. É assim o protagonismo do retrocesso.
Atuam com bastante vigor em nosso país grupos que oferecem resistência cerrada ao futuro. Ou, para dizer o mesmo com vocábulos de sua predileção: "dialogam" com o passado e "problematizam" o progresso. De bom grado, se pudessem, parariam o relógio. Aferram-se a uma idiossincrasia da nossa cultura que, embora reconhecendo inegáveis defeitos na ordem política e social, preferem que nada mude. Está errado, sim, mas não mexe. Tem sido muito perceptível sua atuação nestes dias em que o Congresso Nacional tenta promover algumas reformas indispensáveis ao país. Por contraditório que pareça, dizem-se "progressistas". CUT progressista? CNBB progressista? Já eram retrógrados nos anos 80! Nem toda militância e nem todo protagonismo social impulsiona o progresso. Atribuir malignidade a quem deseja promover reformas no país porque a vida, a demografia e o mundo do trabalho mudaram é maniqueísmo raso, primitivo, retrô.
 É ele que mobiliza as energias do atraso contra a reforma trabalhista, por exemplo. Considera como núcleo de uma atividade política essencial a contribuição sindical obrigatória, mantenedora do parasitismo pelego e da transferência de recursos dos trabalhadores para os coletivos que aparelha e manipula. E que atividade política é essa que se realiza pela via sindical? Ela se chama corporativismo, um dos maiores e mais renitentes males do Estado brasileiro. Ops! Corporativismo? Mas não é ele a própria essência do Estado fascista? Leia, a propósito, o discurso de Mussolini sobre o Estado Corporativo proferido em 14 de dezembro de 1933. Claro que o corporativismo, nesse mesmo discurso do Duce, pressuporá em seu desenvolvimento um Estado totalitário, mas qual é o conceito de Estado postulado pelas atuais corporações? E em que tipo de ente estatal desembocariam as corporações vigentes no país se todas as rédeas lhes forem soltas? Pois é.
 O protagonismo retrô ama a CLT. Jamais mencione suas analogias com a Carta del Lavoro porque, novamente, ops! A Carta del Lavoro é um documento essencial do fascismo, já bem conhecida como tal quando inspirou a legislação trabalhista brasileira. As muitas centenas de adendos e supressões que recebeu ao longo do tempo não lhe alteram a vertente. E a vertente não lhe retira, aos olhos do protagonismo retrô, sua suposta sacralidade.
 O protagonismo retrô ama o Estado, de paixão. Se o Estado tivesse foto oficial, estaria emoldurado e exposto na parede, com marcas de batom. "Tudo no Estado, nada contra o Estado e nada fora do Estado". Ops! Isso também é fascismo, é Mussolini falando, mas não diga porque a constatação os aborrece. Então, quando algo bom para a sociedade surge fora do controle do Estado, como o Uber, ou o Cabify, eles precisam, desesperadamente, estabelecer o modo pelo qual tais iniciativas sejam trazidas para o controle do Estado, para benefício do Estado e para dentro do Estado.
Acontece, leitor amigo, que, por mais que dialoguemos com o passado, por mais que o protagonismo retrô tente, sempre, deixar tudo como está, mesmo se tudo errado, é impossível deter o futuro, tanto quanto repetir a vida vivida. Impõe-se evitar, portanto, que algo assim se transforme em plataforma política e seja imposto a uma nação cujo presente lhe deixa muito claro: ou busca o futuro, ou vai estagnar em página virada. E eu não estou falando da Venezuela nem de Cuba, que tantos amores suscitam entre os protagonistas retrô.
Percival Puggina

Na calada da noite, Gilmar atende Guiomar

A soltura de Eike Batista, justamente pelo ministro Gilmar Mendes, atende um apelo doméstico.
Fossem as coisas encaradas com seriedade, esse ministro jamais poderia atuar no processo do empresário.
A advogada Guiomar Feitosa de Albuquerque Ferreira Mendes, esposa do ministro, tem notório interesse na ação. Ela é integrante da banca jurídica que defende Eike.
Fica evidente que debaixo do edredom, Gilmar e Guiomar discutiram o assunto. E parece óbvio que o ministro aguardou um dia propício para efetivar a peripécia.
Aliás, em se falando em peripécia, Gilmar Mendes é um exímio praticante.
Na terça-feira (2), logo após o feriado, será a vez de colocar na rua o petista José Dirceu.
O STF resolveu agir, praticando verdadeiros atentados contra a 'Lava Jato'.
A reação popular poderá ser devastadora
Otto Dantas


O fracasso da “greve” geral confirma: caos que a prisão de Lula supostamente geraria é lenda

O Juiz Sérgio Moro costuma ser considerado, acima de tudo, um bravo – pelo menos por aqueles ávidos pela devida responsabilização de agentes públicos e privados que dilapidaram como nunca os cofres estatais e contribuíram para mergulhar o país na recessão; bom que se faça a ressalva.
Muito além do conhecimento e da perspicácia, o trabalho do paranaense de Ponta Grossa (a cidade, ok?) tornou-se notório pela coragem de interpretar as leis sempre no sentido de assegurar a eficácia da persecução penal contra os criminosos (especialmente quando da expedição de mandados de prisão preventiva).
Até a lava jato começar a trazer figuras de relevo da política e do capitalismo de laços para sentir o frio de Curitiba, pareciam intocáveis pelo Judiciário e pelo ordenamento jurídico pátrio os maiores corruptos e corruptores de que se tem notícia na história da humanidade.
Ora, se a mesmíssima legislação que servia, até então, para promover a impunidade, agora faz infratores sofrerem as consequências de seus atos, resta claro que o elemento que faltava nesta questão era mesmo ousadia. E a chancela dos tribunais superiores a mais de 90% de suas decisões ainda prestou-se a comprovar que nunca estivemos diante de um suposto “justiceiro” atropelador das normas, mas simplesmente de alguém disposto a dar um basta na impenitência generalizada.
Ou seja, Sérgio Moro não faz nada, portanto, que seus colegas de profissão não possam fazer também – e esperamos que doravante,  diante de tão egrégio exemplo, o façam.
Mas é sabido, por outro lado, que a valentia do magistrado é temperada por sua notável capacidade de pensar a longo prazo, de agir pensando nos desdobramentos de seus despachos ali na frente, como se xadrez jogasse contra a bandidagem.
Não por acaso, ele chegou a pedir apoio da população, durante suas palestras, para que pudesse encarcerar altas autoridades do Brasil. Vale dizer: ele sabe ler o ambiente político, avaliar a vontade do cidadão, ponderar se uma dada ação sua pode vir a comprometer a credibilidade de toda a operação.
E é certamente esse o motivo pelo qual o ex-presidente Lula ainda não está preso: o temor, por parte dos membros da “República de Curitiba”, de uma suposta convulsão social que poderia ser gerada pela condução do ex-presidente para trás das grades.
Bastaria lançar mão, afinal de contas, dos mesmos critérios que foram empregados para aprisionar Eduardo Cunha, Sérgio Cabral e José Dirceu, dentre outros, e pronto: o “amigo” da Odebrecht começaria a pagar por seus crimes.
Não à toa, Sérgio Moro atendeu à solicitação da Polícia Federal para adiar o depoimento de Lula – no curso de uma das seis ações penais  nas quais é réu – em uma semana, com vistas a evitar enfrentamentos entre seus correligionários e as forças de segurança.
O magistrado chegou a afirmar que os grampos que flagraram conversas suspeitas de Lula, na Operação Aletheia, poderiam justificar sua prisão temporária, mas que, na ocasião, acabou-se optando por ‘medida menos gravosa’ – no caso, a condução coercitiva do petista.
Sérgio Moro deveria realizar este cálculo de possíveis danos à ordem pública antes de decretar uma prisão? Há controvérsias, pois cidadão algum deveria,  em tese, ser visto de forma diferenciada pelo Estado. Já a prática é bem diferente, e sabemos que este trade-off  que permite que Lula usufrua da liberdade até eventual condenação em segunda instância serve para garantir a continuidade da Lavajato e das demais operações dela derivadas.
De qualquer forma, frente a acontecimentos recentes diversos, já é possível afirmar sem medo de errar: este receio de que o encarceramento de Luiz Inácio poderia gerar caos nas ruas do país não tem mais razão de ser. É lenda urbana.
Com o impedimento de Dilma Rousseff, havia expectativa de que revoltas e protestos de padrões venezuelanos irromperiam impiedosamente. Mas que nada: meia dúzia de apaniguados insatisfeitos atearam fogo a pneus aqui, hashtags indignadas ali, e pronto. O governo que faliu o Brasil para reeleger-se, varreu tudo para debaixo do tapete dos bancos públicos e foi pego no flagra por pessoas como Janaina Paschoal, acabou sendo apeado do poder sem efeitos colaterais de espécie alguma.
A prometida guerra civil não deu às caras e, não fosse pela curiosidade mórbida de rever vídeos engraçados da ex-presidenta vez por outra, ela já teria sido esquecida de vez – embora seu marqueteiro insista em nos reavivar a memória em suas declarações à Justiça.
Nem mesmo as invasões de colégios por parte de estudantes capitaneados por militantes disfarçados de professores surtiram efeito algum. Apesar de contar com a complacência daqueles que deveriam garantir o direito de ir e vir dos alunos que pretendiam estudar, a forte reprovação por parte da população ordeira fez minguar o movimento.
Já há um sem número de pessoas saltando da barca lulista tal qual ratos durante um naufrágio. Quando até mesmo indivíduos outrora apoiadores incondicionais de Lula, como Paulo Henrique Amorim e Leonardo Boff, passam a afirmar que o Brahma “deturpou o petismo”, é porque a água (suja) já bateu no queixo – ou na barba.
Ademais, o partido dos trabalhadores foi varrido nas eleições municipais de 2016, em uma evidente demonstração de que sua capacidade de convencimento das massas reduziu-se quase ao zero absoluto.
E o ato final deste enredo de derrocada: o fracasso estrondoso do movimento que se pretendia paradista neste 28/04/2017. A adesão ficou muito abaixo do pretendido pelos organizadores, e restrita basicamente a descontentes com a perda de privilégios – especialmente o imposto sindical compulsório em vias de ser  extinto.
Primeiramente, deixemos claro: greve é resultado de desacordo entre empregados e empregadores após tentativa frustrada de negociação. O que ora ocorre nesta (conveniente) véspera de feriadão prolongado pode ser chamada, pois, de qualquer coisa menos greve. Assim sendo, o desconto de um dia de trabalho no salário dos faltantes (mais a remuneração do descanso semanal) é totalmente legal – bem como o emprego, sendo o caso, de outras medidas inerentes ao poder disciplinar, como advertência ou suspensão.
O principal problema causado pelo evento em comento foi a paralisação do transporte coletivo terrestre  (pois os aeroportos operaram normalmente), muito pelo fato de que a maioria dos motoristas de ônibus foi constrangida a não trabalhar por representantes sindicais – conduta tipificada como crime no Brasil, e que poderia perfeitamente (alô, PM) motivar a prisão de seus perpetradores.
Aliás, convém aqui ressaltar que multas impostas a sindicatos pela realização de greves ilegais de nada adiantam, pois como tais entidades são monopolistas em suas devidas regiões de alcance, não há motivo sequer para que elas preocupem-se com uma possível insolvência. A legislação, pois, salvaguarda suas atuações irregulares e prejudiciais à sociedade, incentivando suas práticas manifestamente ilegais.
Apesar, portanto,  de algum transtorno e da esperada paralisação de determinadas escolas (lugar comum na conjuntura atual Paulofreireana), o resultado da mobilização foi praticamente nulo. Pior: serviu para mostrar que as pautas da agenda dos protestantes não coincide com as do povo em geral, dando mais munição política para a aprovação das necessárias reformas que tramitam no parlamento.
Face ao exposto, rogo ao juiz Sérgio Moro, em nome dos demais brasileiros de bem: se o senhor já possui os elementos de convicção para prender preventivamente Luiz Inácio Lula da Silva, e tem segurado a caneta pensando em nossa segurança, fique susse, como se diz em Curitiba, e faça as honras. As delações premiadas são benéficas ao processo penal justamente por propiciarem a captura dos cabeças dos esquemas de corrupção. E se o procurador Deltan Dallagnol estiver certo em seu PowerPoint, vossa excelência está com a faca e o queijo na mão para pegar o Capo do petrolão.
Adaptando um certo slogan entoado por aí, “não vai ter bagunça”; no máximo um dia ou dois de incômodo. Nada mais. Valerá   (e muito) a pena.
Renato Duque, em novo depoimento marcado para 05/05, promete entregar mais subsídios ainda para sua apreciação. Não quer aproveitar o ensejo? Só uma sugestão…




O maior direito do trabalhador é o trabalho


A propósito do quê mesmo é essa ‘greve geral’ deste dia 28 de abril?
Ah, sim, é contra a reforma trabalhista, essa que vai tirar os direitos do trabalhador brasileiro.
Posso estar muito errado, mas acho que o maior direito do trabalhador é o trabalho.
Todo o resto (décimo-terceiro, férias, aviso-prévio, FGTS, seguro desemprego etc) é decorrência desse direito primordial - pelo único e bom motivo de que, sem trabalho, nada disso existe.
O que a reforma pretende é conter o desemprego, facilitar novas contratações. Ela vai beneficiar o desempregado (que precisa recuperar o emprego), e desonerar o empregador, para que ele possa empregar mais.
Quem já está de carteira assinada perde o direito a férias remuneradas? Não. 
Perde o aviso prévio? Não. 
Perde o décimo terceiro? Não. 
Perde o fundo de garantia? Não.
Perde o seguro desemprego? Não.
Haverá, isso sim, relações mais flexíveis, possibilidade de fracionamento de férias, aumento da jornada de trabalho (remunerada) e um freio na indústria dos processos trabalhistas (antes de entrar com uma ação na Justiça do Trabalho será necessária conciliação prévia, o que é a coisa mais óbvia do mundo, já que só se deve judicializar uma causa após esgotadas as possibilidades de negociação).
(Uma vez, em Cuba, conversei com uma senhora, daquelas que defendiam o regime de Castro com unhas e dentes. Ela usou um argumento que me sensibilizou, à época: “No comunismo, não tenho manteiga, mas todos têm pão”.
Os esquerdistas daqui, que vão contra a reforma trabalhista, querem é garantir a manteiga, e que se danem o padeiro e quem ainda não tem pão.)
A greve também é contra a reforma da previdência, que vai nos fazer trabalhar até meia hora antes da missa de sétimo dia.
Posso também estar muito enganado de novo, mas a questão da previdência é matemática.
E, até onde sei, não existe matemática de direita e matemática de esquerda.
Num país em que há cada vez mais pessoas se aposentando e vivendo mais, e o número dos que contribuem não aumenta na mesma proporção, a conta não fecha nem a pau.
O rombo da Previdência já é bilionário. Sem a reforma, chegará a proporções dílmicas (uma coisa dílmica é uma coisa absurda, sem noção).
Todos terão que trabalhar mais e contribuir mais, se quiserem manter os benefícios para si e para os que estão na fila.
Claro que poderia haver um refresco se os grandes devedores da Previdência fossem cobrados, se acabassem os privilégios dos políticos, se houvesse mais controle sobre as fraudes. Mas chegaremos lá.
A greve, que pretende parar o Brasil, quer é isso mesmo: parar o Brasil. Impedi-lo de andar.
É feita por gente que apoiou quem nos jogou nesta crise, e não se dispõe a fazer qualquer sacrifício para nos tirar dela.
Ambas as reformas (trabalhista e previdenciária) são necessárias faz tempo, e foram empurradas com a barriga por FHC, Lula e Dilma – muito mais interessados na ‘governabilidade’, na popularidade e na reeleição do que em garantir um futuro sustentável.
A greve deste dia 28 de abril é pelo Brasil de ontem, organizada por quem acha que erro pouco é bobagem.
(Ironicamente, quem vai fazer o que tem que ser feito é o Temer, um vice decorativo (como Itamar), sem ambições eleitorais (como Itamar), herdeiro de um caos político e econômico (como o Itamar).
Itamar nos legou o Plano Real, o bote salva-vidas que nos resgatou dos naufrágios de Sarney e Collor. 
Temer pode fazer o mesmo, depois da Sodoma e Gomorra de Lula e do apocalipse de Dilma.
Algo me diz que devemos prestar mais atenção aos vices, esses inúteis. Inúteis até que se precise deles).
Esta greve, na véspera de um feriadão, misturando no mesmo saco quem quer cruzar os braços com quem não quer trabalhar, é de um oportunismo exemplar.
É também um ato de desespero. Vai que com as reformas o Brasil melhora, e fica provado, mais uma vez, que estivemos por treze anos no caminho errado?
Eduardo Affonso