terça-feira, 14 de março de 2017

Mais um executivo da Odebrecht diz que Palocci era o ‘italiano’ da planilha de propina

Mais um delator da Odebrecht confirmou que o ex-ministro Antonio Palocci era o "italiano" na planilha de pagamentos não contabilizados da empresa. Ao prestar depoimento nesta segunda-feira ao juiz Sérgio Moro, Márcio Faria, apontado como representante da Odebrecht no cartel de empreiteiras da Petrobras, afirmou que Palocci mantinha contato diretamente com Marcelo Odebrecht. Segundo ele, Palocci e Marcelo faziam 'follow up' dos projetos onde a Odebrecht era investidora.

Moro perguntou a Faria quem era "italiano" e o executivo respondeu:

- Era o ex-ministro Palocci.

As iniciais "LC" e "JSG" em emails trocados sobre negócios do estaleiro Enseada Paraguaçu eram, segundo Faria, referência a Luciano Coutinho, ex-presidente do BNDES, e José Sérgio Gabrielli, então presidente da Petrobras.

O primeiro a identficiar Palocci como o ‘italiano’ foi o executivo da Odebrecht Fernando Sampaio Barbosa, na semana passada. Nesta segunda-feira, porém, o patriarca Emílio Odebrecht disse pela manhã desconhecer o codinome de Palocci.

Faria contou que outro executivo da Odebrecht, Rogério Araujo, foi procurado pelo ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, que lhe informou que a propina no contrato do estaleiro seria de 1% do valor do contrato, dos quais dois terços iriam para o PT e um terço para "o pessoal da casa" - funcionários da Petrobras.

Depois disso, Barusco teria procurado novamente a empresa e dito que "o assunto evoluiu" e o 1% de propina que valeria para todos os estaleiros nacionais deveria ser pago integralmente ao PT, pois o "pessoal da casa" receberia dos estaleiros estrangeiros - Jurong e Keppel.

- Já tínhamos dito que não pagaríamos - afirmou Faria, explicando que o pagamento de propina foi recusado porque o investimento privado era muito alto.

O executivo confirmou, no entanto, que a empresa pagou propina em outros contratos da Petrobras aos então diretores Renato Duque, Paulo Roberto Costa e Pedro Barusco dentro e fora do pais.

No depoimento, Faria também explicou como era operacionalizado o pagamento de propina da empreiteira no esquema de corrupção da Petrobras. Faria disse que assim que recebia os pedidos de pagamentos de propina, repassava as informações para o setor de operações Estruturadas, o chamado departamento de propina da empresa, onde o então diretor Hilberto Silva dava as cartas. Este determinava que seus assessores Fernando Migliacio e Eduardo Soares fizessem os pagamentos.

— Uma vez surgida a demanda eu passava através do meu assessor que entrava em contato com o setor de operações estruturadas que providenciava seja no Brasil em espécie, ou no exterior, por meio de contas informadas.


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