domingo, 12 de março de 2017

Será uma covardia coletiva reeleger os atuais políticos

Os únicos que devem ser poupados são os que lutam a favor das 10 Medidas e apoiam a Lava Jato. Os demais devem ser banidos da política brasileira. Leia o artigo abaixo e veja o que você poderá fazer em 2018.
Em 2016, demos um grande passo e mudamos o mapa da política brasileira varrendo o PT. Das investigações da operação Lava Jato à crise econômica iniciada no governo Dilma Rousseff, os eleitores reconheceram a gravidade dos fatos. Após governar o país por 13 anos seguidos, o partido sofreu a pior derrota entre todas as legendas sob qualquer aspecto.

No vácuo do declínio petista, partidos de menor expressão, os chamados “nanicos”, avançaram. A pulverização beneficiou siglas como PHS e PTN, por exemplo, que elegeram mais prefeitos e ganharam mais votos. Entre partidos maiores, o PSDB foi o que mais cresceu.

De lá pra cá, a Lava Jato continuou e chegamos a um momento crítico, necessário e aguardado, em que o número de políticos descobertos em tramas de corrupção não para de crescer.  Enquanto isso, integrantes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados tentam, de todas as formas, fazer com que leis e conchavos os livrem das consequências dos crimes que cometeram.

O caso mais escandaloso é o da anistia do caixa dois. Sobre esse tema, em novembro do ano passado, parlamentares chegaram a elaborar um texto para que fosse incluído no projeto das 10 Medidas Contra Corrupção um “perdão” automático a qualquer crime que estivesse vinculado a doação legal ou ilegal.

Veja como foi redigido.

“Não será punível nas esferas penal, civil e eleitoral, doação contabilizada, não contabilizada ou não declarada, omitida ou ocultada de bens, valores ou serviços, para financiamento de atividade político-partidária ou eleitoral, realizada até a data da publicação dessa lei”.

Na operação Lava Jato, os delatores contam que pagaram doações, fossem elas registradas ou não, como forma de propina a partir de contratos com a Petrobras. E, como você viu, o texto apresentado em forma de emenda dizia expressamente que estas doações não poderiam ser punidas nas esferas criminal, civil e eleitoral.

Eu poderia continuar escrevendo sem parar a fim de ajudar o leitor a lembrar de todos os absurdos que a nossa atual classe política cometeu até hoje. De todas as afrontas e mentiras que nos foram ditas. De todas as propostas, completamente ignoradas após as eleições, que versaram sobre segurança pública, transportes, educação, saúde, política fiscal, energia, relações internacionais, etc.

Mas, prefiro incentivar o leitor a acompanhar as notícias, desenvolver o seu sentido de cidadania e estimulá-lo a investir, mesmo que seja um pouco por dia, parte do seu tempo em refletir sobre como se poderá fazer efetivamente uma mudança por meio do voto daqui a 19 meses.

Não estou supondo que qualquer eleitor vá abrir mão de sua vida para ficar pensando sobre uma série de questões complexas que estão fora da sua alçada, como, por exemplo, se a prioridade do investimento público seria a saúde ou educação e como equacionar esse problema. De forma alguma. Porque isso deve ser proposto e solucionado pelo gestor político e sua equipe sobre quem depositaremos nossa confiança a partir das urnas.  É ele quem deve estudar, calcular, investigar sobre como e quais investimentos vão atender de fato às demandas mais prementes da população.

O que nos resta, então?  A quem vamos confiar nosso voto?

Mesmo que ainda não tenhamos a resposta direta para essa questão, precisamos levar em conta dois fatores desde já.

Em primeiro lugar, não devemos reeleger os que estão aí.  Não reeleger os que lutam contra a Lava Jato e fazem de tudo pela manutenção desse velho sistema corrupto. Portanto, estamos falando da maioria. Pois, poucos estão ao lado da Lava Jato.

Em segundo lugar, termos em mente que se o capital gerado e administrado pelos atuais governantes satisfazem as necessidades da classe política e dos interesses especiais mancomunados com ela, só há uma saída: esses governantes precisam ser banidos da vida pública.

por Elisa Robson, jornalista.

conteúdo: república de curitiba