As consequências e o escândalo da delação da JBS trouxe de volta à baila um fato ocorrido em 2015 no SBT, mas só agora conhecido em detalhes.
Entre maio e junho de 2015, a JBS fez uma ofensiva milionária para ter Silvio Santos como garoto-propaganda da Friboi.
Naquela época, a JBS era pura ostentação. A empresa estava com valor recorde na Bolsa de Valores, cada ação custando mais de R$ 16. Atualmente, ela está valendo apenas cerca de R$ 6,00.
Poucas semanas antes, Ticiana Villas-Boas, mulher de Joesley, tinha assinado contrato com a emissora de Silvio Santos; e quase que imediatamente a JBS sondou Silvio para fazer o comercial, como informou à época o colunista Flávio Ricco, do UOL
O que ninguém sabe é que a JBS fez a Silvio a maior oferta da publicidade brasileira em todos os tempos: começou com R$ 35 milhões (maio) e, diante da negativa inicial do "patrão", subiu para R$ 50 milhões de cachê (junho).
Isso representava o dobro do que a empresa havia pago a Roberto Carlos um ano antes, e dez vezes mais do que pagaria a Tony Ramos dois meses depois da recusa de Silvio.
O problema é que não foi só o cachê que o apresentador recusou: a proposta da JBS era que, se ele aceitasse estrelar o comercial bovino exclusivo, a empresa faria investimentos de outros cerca de R$ 50 milhões no SBT até o final de 2015.
Ou seja, uma única empresa daria o equivalente a quase 10% do faturamento anual ao SBT e seu dono.
Em tempos de contração do mercado, a recusa de Silvio simplesmente levou o departamento comercial da emissora à beira de um ataque de nervos.
Que já estava nervoso porque, três anos antes (em 2012), ele já havia se recusado a vender as madrugadas para a Igreja Mundial, que acenava com um acordo que poderia render R$ 200 milhões anuais ao SBT.
Mas Silvio se manteve irredutível e recusou o cachê milionário da JBS; que, consequentemente, não investiu os tais R$ 50 milhões na emissora (nem mesmo com a mulher de Joesley lá contratada).
Muita gente à época disse que Silvio Santos havia feito a maior besteira de sua vida, por “puritanismo exagerado”, já que ele só aceita anunciar produtos de seu grupo, como Jequití e Tele Sena.
Nessas duas vezes, instintivamente, ele acabou acertando na mosca: preservou a própria imagem. O que para ele certamente não tem preço.