sábado, 8 de julho de 2017

Cunha manda avisar Rodrigo Maia que ele será citado em delação premiada

Aliados de Michel Temer admitem, em privado, que as revelações contidas na delação premiada do ex-deputado Eduardo Cunha devem agravar ainda mais a situação do presidente no Congresso e ampliar as chances de a Câmara autorizar o Supremo  Tribunal Federal a processá-lo. Seria uma injeção extra de ânimo nos que, na surdina, trabalham para que Rodrigo Maia ascenda ao Planalto. O problema é que o horizonte para Maia é igualmente sombrio: assim como Temer, o atual presidente da Câmara também é citado na delação de Eduardo Cunha – ele aparece, segundo pessoas próximas ao ex-deputado, como intermediário de interesses empresariais na máquina pública e destinatário de recursos de origem ilícita.

Na semana passada, o próprio Cunha, da cadeia em Curitiba, fez questão de mandar o recado para o ex-colega. Por meio de um interlocutor que foi visitá-lo, Cunha pediu que um amigo em comum dissesse a Maia que ele estrelará um dos capítulos de sua delação. “Avisa que ele [Maia] também será lembrado”, pediu Cunha, segundo relatou o interlocutor a VEJA.

Na noite de quarta-feira, enquanto o presidente da Câmara preparava as malas para embarcar na manhã seguinte para uma viagem oficial de dois dias à Argentina, um grupo de advogados escalado por Cunha para auxiliá-lo na negociação da delação dividia a mesa de jantar em Brasília e repassava, um a um, os principais pontos da proposta de colaboração do ex-deputado. Foi durante o encontro que um dos presentes recebeu a incumbência de transmitir o recado. Rodrigo Maia entrou para o caderno de inimigos de Eduardo Cunha durante o processo que resultou na cassação do peedemebista – ele considerou que o colega nada fez para ajudá-lo.