Rodrigo Janot, Procurador-Geral da República, perdeu o controle com propostas de
delação que recebeu recentemente, e que julgava bastante promissoras em sua
cruzada contra o presidente Michel Temer. Irritado, ouviu dos procuradores que os
candidatos a delatores eram apenas “bate-fofo”.
A irritação de Janot tem nome e sobrenome: Eduardo Cunha. A proposta de delação
do ex-deputado tirou o procurador-geral do sério. Segundo a coluna Expresso, Janot
não conseguiu esconder sua decepção. "Está muito ruim”, foi a frase mais repetida por
Janot e pelos demais procuradores da Lava Jato - toda a força-tarefa em Brasília
parou para analisar o material. Não se trata de técnica de negociação para pressionar Eduardo Cunha a falar mais; os procuradores, até então entusiasmados com o arsenal de Cunha,
estão de fato decepcionados com o que viram. Nem mesmo as histórias sobre Michel Temer animaram os investigadores".
Todo entusiasmo de Janot com as promessas dos advogados de Eduardo Cunha foi por água
abaixo quando se deparou com os anexos da delação do ex-deputado. O procurador
não escondeu sua frustração por mirar no Palácio do Planalto sem ter munição. A
parte que compromete os governos Lula e Dilma não interessou ao PGR.
Rodrigo Janot tentou de tudo para convencer Cunha a comprometer Temer e queria obter algo
comprometedor antes de sua viagem aos Estados Unidos esta semana. Disposto a
tudo, Janot ofereceu um amplo pacote de bondades, como imunidade total, passe livre
para morar no Brasil ou onde desejar e estendeu garantias de imunidade à mulher e a
uma das filhas do ex-deputado. O ex-deputado Eduardo Cunha não se entusiasmou com as maravilhas
oferecidas pelo PGR.
Janot também enfrenta um problema sério. O eterno candidato a delator, Lúcio
Funaro, não goza de qualquer credibilidade junto aos procuradores. Desde que foi
preso em 1 de julho de 2016, o doleiro já prometeu delatar metade de Brasília em troca
de um acordo de delação, mas não obteve sucesso pela ausência de provas de seus
relatos e pela falta de proximidade com os alvos de suas delações. Ninguém na Lava
Jato nunca levou o doleiro Lucio Bolonha Funaro a sério por considerá-lo um franco-atirador
desesperado, mas dissimulado e totalmente desprovido de caráter. Seu maior
elo nos esquemas de corrupção em que esteve envolvido é justamente o ex-presidente
da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.
Nos bastidores, comenta-se que a PGR tenta inutilmente chantagear Cunha,
ameaçando fechar um acordo de delação com Lúcio Funaro. Frio e calculista, Eduardo Cunha
sabe muito bem que caso Funaro tivesse realmente algo do interesse da PGR já teria
conseguido o tão cobiçado acordo de delação. Janot está ficando impaciente, pois sem
tempo está se esgotando no comando do órgão. O procurador nutria a esperança de
incluir alguma revelação de Eduardo Cunha na nova denúncia que anunciou que apresentaria
contra Temer nos próximos dias.
Sem bala de prata não tem denúncia. Tem só
flechinha de bambu.
conteúdo: Imprensa Viva