sexta-feira, 8 de setembro de 2017

DEPOIMENTOS DE JOESLEY E DOIS DELATORES NA PGR SÓ CHEGARAM AO FIM APÓS QUASE DEZ HORAS

Iniciados às 10h de ontem (7), na sede da PGR (Procuradoria-Geral da República), em Brasília, os depoimentos dos executivos do grupo J&F Joesley Batista e Ricardo Saud e do advogado Francisco de Assis e Silva somente chegaram ao fim depois de dez horas, pouco antes das 20h20.

A ida deles à PGR foi definida após o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, anunciar, na segunda (4), uma investigação sobre a possível omissão de crimes por parte dos executivos do grupo J&F que não foram revelados durante o acordo de delação premiada entre a PGR e o grupo.

O primeiro a chegar e a depor foi  Francisco Silva que é advogado do grupo e participou das negociações do acordo de delação premiada firmado com a PGR e homologado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Em seguida, foi a vez de Joesley, cujo depoimento durou aproximadamente três horas. Segundo o jornal "Folha de S.Paulo", Joesley afirmou que não recebeu orientações do ex-procurador Marcello Miller para negociar um acordo de delação premiada, nem para gravar o presidente Michel Temer no encontro no Palácio do Jaburu, em 7 de março. O empresário teria dito ainda que foi apresentado a Miller por Francisco Silva durante busca por alguém para a área de anti-corrupção da empresa. 

O último a falar foi Ricardo Saud. Nenhum dos três falou com a imprensa.

Em nota divulgada à noite, a J&F Investimentos informou que "não é possível fornecer detalhes em razão de sigilo". "O empresário e os executivos continuam à disposição para cooperar com a Justiça", conclui o comunicado.


Áudios entregues pela defesa do grupo J&F como parte da complementação do acordo de delação premiada revelaram conversas entre Joesley e Saud nas quais eles falam sobre a suposta atuação do ex-procurador federal Marcelo Miller junto ao grupo antes de ele deixar o Ministério Público Federal e sobre a possibilidade de Rodrigo Janot ter conhecimento do plano do grupo para delatar políticos.

Os dois também faziam menções a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

Ao anunciar a investigação sobre as omissões da dupla, Rodrigo Janot disse que, a depender do que for constatado, é possível que o acordo de delação do grupo seja revisto.

Entre as consequências práticas dessa revisão estaria a possível suspensão dos benefícios concedidos aos executivos do grupo como a imunidade penal, que impede os delatores de serem presos pelos crimes que eles revelaram, por exemplo.

Ao longo da semana, Joesley e Saud emitiram uma nota oficial na qual eles afirmaram que as conversas sobre as atuações de Marcelo Miller, Rodrigo Janot e as menções feitas a ministros do STF não eram verdadeiras.

Na última quarta-feira (6), ministros do STF defenderam a suspensão dos benefícios concedidos aos executivos do grupo, mas sustentaram que as provas oferecidas pelo grupo até agora precisam continuar válidas. O ministro Luiz Fux chegou a sugerir que Joesley e Saud deveriam ser presos.