quarta-feira, 20 de setembro de 2017

EX-PRIMEIRA-DAMA DO RJ ADRIANA ANCELMO É CONDENADA A 18 ANOS DE PRISÃO

Adriana Ancelmo, ex-primeira-dama do Rio, foi condenada, nesta quarta-feira, a 18 anos e três meses de prisão na Operação Calicute por lavagem de dinheiro e organização criminosa. A decisão foi tomada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio e responsável pela Lava-Jato no Rio. 

É a primeira condenação da mulher do ex-governador Sérgio Cabral, que também foi condenado por Bretas a 45 anos de prisão. Na primeira condenação de Cabral, proferida pelo juiz Sergio Moro, Adriana Ancelmo havia sido absolvida. Ela está em prisão domiciliar e permanece nessa condição até julgamento em segunda instância. 

Na denúncia, o juiz Marcelo Bretas se refere à Adriana como "companheira de vida e práticas criminosas" do ex-governador e diz que ela também era "mentora de esquemas ilícitos", junto com Cabral.

"Ao lado de seu marido, ora apenado, usufruiu como poucas pessoas no mundo os prazeres e excentricidades que o dinheiro pode proporcionar, quase sempre a partir dos recebimentos que recebeu por contratos fraudulentos celebrados por seu escritório de advocacia, com o fim de propiciar que a organização criminosa que integrava promovesse a lavagem de capitais que, em sua origem, era fruto de negócios espúrios", escreveu Bretas.

Segundo Bretas, Adriana Ancelmo atuava para seduzir empresários a falsear operações e promover atos de lavagem de dinheiro — "razão pela qual a sua culpabilidade é extremamente elevada", disse o juiz. Bretas classificou a atuação de seu escritório de advocacia como uma "arquitetura criminosa".

"COMPORTAMENTO VERGONHOSO"

O magistrado disse que Adriana desfilava "com pompa ostentato o título de primeira dama do Estado do Rio de Janeiro, na mesma época em que recebia vultosas quantias 'desviadas' dos cofres públicos, com lastro em documentos forjados para dissimular a origem ilícita". Na sentença, Bretas afirma que Adriana Ancelmo representava a imagem do Estado do Rio em solenidades oficiais, mas optou por agir "contra a moralidade e o patrimônio público".

"Negativas são também as consequências dos crimes de lavagem de dinheiro pelos quais Adriana Ancelmo foi condenada, sobretudo pela mensagem depreciativa que passa ao mundo, associando a imagem deste Estado a práticas hodiernamente repudiadas no mundo civilizado. Seu comportamento vergonhoso tem ainda o potencial de macular a imagem da advocacia nacional, posto que sua atividade e sua estrutura profissional foram utilizadas nesta pratica criminosa", escreveu o juiz.

Segundo a sentença, Adriana tinha o papel dentro da organização criminosa de dar aparência de legalidade aos "milhões em propinas" recebidos pelo grupo.

"Parece óbvio que a tarefa a cargo desta condenada era da maior relevância, seja pela função de promover a lavagem de dinheiro seja pelo seu relacionamento íntimo com o mentor dessa organização criminosa, e por isso a sua culpabilidade é extrema", disse o juiz.

Ao todo, foram condenadas doze pessoas. Apenas um — o ex-assessor pessoal do ex-governador Pedro Miranda — foi absolvido.

(O GLOBO conteúdo)