Os irmãos Joesley e Wesley Batista, controladores da JBS, tornaram-se réus nesta segunda-feira sob acusação de
uso de informação privilegiada e manipulação de mercado após o juiz João Batista Gonçalves, da 6ª Vara Federal
de São Paulo, aceitar denúncia feita contra ambos pelo MPF (Ministério Público Federal), informou a Justiça
Federal paulista.
Joesley e Wesley são acusados pelos procuradores de terem usado a informação sobre a delação premiada que
firmaram com a Procuradoria-Geral da República para obterem ganhos nos mercados financeiros. Os dois estão
presos por causa deste caso.
O MPF denunciou Joesley e Wesley na última terça-feira (10), com base em inquérito da Polícia Federal que
concluiu que ambos lucraram com operações de compra e venda de ações da JBS e com derivativos cambiais.
“Os acusados minimizaram prejuízos mediante a compra e venda de ações e lucraram comprando dólares com
base em informações que dispunham sobre o acordo de delação premiada que haviam negociado na
Procuradoria-Geral da República”, afirmou o MPF na terça-feira.
O inquérito apurou se os irmãos Batista se posicionaram no mercado sabendo que a divulgação do conteúdo de
suas próprias delações premiadas e de executivos da holding J&F Investimentos, envolvendo o presidente da
República Michel Temer, mexeriam com os mercados brasileiros.
As informações vieram à tona em meados de
maio, levando a um forte recuo dos preços de ativos brasileiros.
Segundo a PF, a empresa FB Participações, que é 100% dos irmãos Batista e detinha uma fatia de 42,5% da JBS,
vendeu 42 milhões de ações da processadora de carne por aproximadamente R$ 372 milhões antes do vazamento
da delação, enquanto a JBS posteriormente as recomprou no mercado. Essa movimentação permitiu aos
executivos da FB Participações evitar um prejuízo potencial de R$ 138 milhões, de acordo com a PF.
A investigação também abrangeu a compra de cerca de US$ 2 bilhões em contratos futuros de dólar ao preço de
R$ 3,11 pela JBS, segundo a PF. Apenas na véspera da divulgação do acordo de colaboração foram comprados
US$ 473 milhões.
Segundo o Ministério Público Federal, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) apurou que houve lucro de R$
100 milhões com a compra de dólares.
