O ex-presidente fez de todo para embaraçar as investigações sobre a caixa preta de
propinas da Odebrecht.
Por meio de sua defesa, o petista tentou impedir o progresso
da perícia nos arquivos mantidos pela empreiteira, tentou ter acesso às informações
extraídas pelos peritos e contestou o uso das informações no processo que responde
como réu, acusado dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
Mas de nada adiantou gastar tanto dinheiro e energia com recursos infindáveis. A
Polícia Federal acaba de concluir aperícia na planilha intitulada “Programa Especial
Italiano”, que integrava o sistema de controle de pagamento de propinas do
Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht. O laudo encaminhado ao juiz
federal Sérgio Moro vai agilizar a conclusão da segunda ação penal que pesa contra o
petista na Lava Jato.
Os peritos apenas descobriram que a planilha foi criada em agosto de 2010, pouco antes do final do segundo mandato de Lula e que a última mudança nos dados ocorreu
em novembro de 2015, bem em meio às investigações da Lava Jato. A perícia faz parte
do processo que acusa o ex-presidente Lula de receber como propina da Odebrecht um
apartamento em São Bernardo do Campo e um terreno onde seria construída a sede
do Instituto Lula.
O laudo explicita que a planilha do excel possui a opção de registrar as alterações
feitas no documento. No entanto, esse recurso é opcional e no caso do “Programa
Especial Italiano” ficava na opção desligado. Portanto, não é possível saber
exatamente quando teriam sido feitas alterações na tabela.
Os peritos conseguiram apenas identificar o dia e horário da última alteração, que foi
em 25 de novembro de 2013. O arquivo foi criado em 2 de agosto de 2010. As
alterações teriam ocorrido nesse intervalo de tempo. Não foi localizado no arquivo
nenhum endereço de IP do equipamento utilizado para fazer as alterações.
O que se sabe é que a planilha foi criada em um computador cujo usuário do pacote
office era denominado “luciat” e que a última alteração foi feita em um PC cujo
usuário do office era Hilberto M. Alves da Silva Filho.
Nos sistemas de propina intitulados Drousys e MyWebDay constam milhares de
documentos que comprovariam o pagamento de propina a agentes públicos e
políticos. Entre os materiais está uma planilha que indicaria valores repassados ao ex-presidente
Lula e ao ex-ministro Antonio Palocci.
Doze milhões e quatrocentos mil reais teriam sido destinados a compra do terreno
para a instalação de uma nova sede para o Instituto Lula, o que nunca de fato
aconteceu. Respondem a este processo, além de Lula e Palocci, o empreiteiro Marcelo
Odebrecht e o empresário Glaucos da Costamarques.