O presidente Michel Temer resolveu atender a um pedido de João Roberto Marinho,
um dos donos do Grupo Globo e concordou em se encontrar reservadamente com o
empresário, que promoveu um jantar na casa de seu irmão Roberto Irineu Marinho, há
poucos dias.
Obviamente, o jantar tinha como propósito pedir uma trégua ao presidente, após o
grupo de comunicação ter participado da maior conspiração da história da República
para derrubar um chefe do executivo. A Globo patrocinou a trama engendrada pelo
ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot e o criminoso Joesley Batista, que se
encontra preso.
Durante o encontro, os donos da Globo ouviram boas verdades do presidente Michel
Temer, que não se furtou da oportunidade de acusar o grupo de ter participado da
mais vergonha campanha contra os interesses do país de que se tem notícias até hoje.
Temer falou com todas as letras que a cobertura do grupo de comunicação para o caso
JBS que tinha o claro propósito de derrubá-lo.
Temer acusou que o comportamento imoral do grupo teve início no 17 de maio,
quando o jornal "O Globo" divulgou uma transcrição falsa de uma gravação feita pelo
açougueiro criminoso instruído pelos auxiliares de Janot.
O presidente não poupou críticas à atuação anti republicana da Globo e mencionou o
editorial de "O Globo" em 19 de maio. Intitulado "A renúncia do presidente", que
defendia que sua saída do cargo como a melhor opção para o país. Temer lembrou que o editorial foi veiculado mesmo depois que a divulgação da íntegra dos áudios
originais, que revelaram a verdade sobre o teor da conversa que desmentia a
transcrição divulgada pela Globo dois dias antes.
Implacável, Temer ainda jogou na cara dos Marinhos que usaram uma delação de
forma covarde e o acordo de colaboração do empresário J. Hawilla, da agência Traffic,
com a Justiça dos EUA, que apontou o envolvimento da Globo no pagamento de
propina no esquema de corrupção na Fifa.
Os donos da Globo, que até pouco tempo contavam com um socorro de propagandas
de governos do PT como os de Minas Gerais e Bahia, estão preocupados com a
disposição do presidente em manter o corte de mais de 40% de gastos com
publicidade. Para piorar, em pleno ano eleitoral, a Presidência da República anunciou
que fará um corte extra de R$ 200 milhões em publicidade.
Temer não quis conversa, afirmou que não pretende rever a política de redução de
gastos públicos ou sacrificar áreas como a saúde para gastar com propaganda. O
presidente apenas pediu que a cobertura da Globo reconheça a importância da
reforma da Previdência. Os empresários ouviram calados as reclamações de Temer.
Segundo a Folha, João Roberto Marinho contou com a ajuda do vice-presidente de
Relações Institucionais da Globo, Paulo Tonet e do deputado Beto Mansur (PRB-SP),
para conseguir o encontro com Temer.
Com informações da Folha.