domingo, 11 de fevereiro de 2018

Bastidor sobre o caso Segovia: Diretor-Geral da PF é desafeto do delegado que investiga Temer

Declaração que mexeu o mundo da política neste fim de semana tem um bastidor importante, segundo revela a âncora do Jornal da Globo, Renata Lo Prete. O diretor-geral da PF, que comentou detalhes de uma investigação em andamento, tem histórico de inimizade com o delegado que investiga o presidente Temer no caso do porto de Santos.

O delegado da Polícia Federal Cleyber Lopes, encarregado do inquérito sobre o porto de Santos, é desafeto histórico do diretor-geral da instituição, Fernando Segovia.

(Correção: após a publicação desta reportagem, a agência Reuters corrigiu informação sobre arquivamento de inquérito contra Temer, mas manteve que diretor da PF diz não haver indício de crime nem de pagamento de propina. A informação foi corrigida à 1h23 de 11/2).

Quando Segovia era superintendente no Maranhão, Cleyber presidiu um inquérito envolvendo a família Sarney. Que por isso não gosta de Cleyber. Mas gosta de Segovia, a quem Sarney apoiou para assumir a diretoria-geral.

A entrevista dada ontem por Segovia à agência Reuters tinha um propósito: deixar registrado em público que Cleyber seria alvo de um processo disciplinar por ter feito perguntas supostamente duras a Michel Temer no inquérito do porto de Santos. Na entrevista, Segovia sugeriu que Cleyber não reunia indícios suficientes para tal interpelação.

A expectativa do Palácio do Planalto era que a entrevista abrisse caminho para afastar Cleyber da investigação que paira sobre a cabeça de Temer. Vide as declarações dadas logo em seguida pelo titular da Secretaria de Governo, Carlos Marun. Para o ministro, o inquérito conduzido por Clayber seria "mais uma flecha saindo pela culatra".

Mas o efeito foi contrário ao esperado pelo entorno de Temer. Neste sábado, o ministro Luís Roberto Barroso, que cuida desse inquérito no Supremo, cobrou explicações de Segovia.

No Ministério Público e na própria Polícia Federal, muitos se perguntam como Segovia vai explicar tamanho conhecimento sobre um inquérito em curso e presidido por outra pessoa. Fora seus encontros frequentes com Temer.

Para completar, no bastidor do governo se discute uma medida provisória que daria "autonomia" à PF, com um mandato de três anos para o diretor-geral. Ou seja, o próximo presidente da República, querendo ou não, "herdaria" Segovia.


fonte: G1 e TV Globo, São Paulo
Renata Lo Prete, âncora do Jornal da Globo