segunda-feira, 23 de julho de 2018

Quase metade da população não tem acesso a internet ou TV por assinatura. Horário gratuito na TV aberta pode definir eleições


A preferência de parte do eleitorado por nomes como os do ex-presidente Lula, Renan Calheiros e até mesmo Paulo Maluf, é um fenômeno pouco digerido por parte da da população, sobretudo aqueles que possuem acesso à internet, TV por assinatura e smartphones conectados.

Mas é justamente em meio a camada da população que não tem acesso a meios de comunicação mais modernos, diz o site Imprensa Viva, que prosperam os nomes históricos da política nacional. Gente que passou décadas sedimentando seus nomes no consciente coletivo leva uma ligeira vantagem em época de eleição nas periferias, rincões distantes e comunidades carentes.

Neste aspecto, a TV aberta ainda é considerada a ferramenta mais eficiente para alcançar os eleitores em época de eleições. Até outubro, o noticiário, os debates e horário eleitoral gratuito serão cruciais para a sedimentação dos nomes dos candidatos junto ao eleitorado mais distante das Redes Sociais e da internet.

Segundo o Imprensa Viva, esta é a realidade de quase metade dos eleitores brasileiros. Apesar da ampliação do acesso à internet por meio dos dispositivos portáteis, apenas cerca de 60% dos eleitores dispõem destas ferramentas. Os eleitores mais velhos, de menor grau de instrução e renda, justamente aqueles que ainda sofrem influência de campanhas do passado de gente como Lula e outros dinossauros da política nacional, serão mais impactados pelos debates e pelo horário eleitoral gratuito na TV e Rádio.

A desigualdade no acesso à internet no Brasil está diretamente relacionada com a disparidade com relação à renda. Segundo estimativa do IBGE, apenas 32,7% das pessoas com renda menor que ¼ do salário mínimo costumam acessar a internet, enquanto o índice chega a 92,1% entre os que ganham mais de 10 salários mínimos. Uma pesquisa divulgada no final do ano passado pelo IBGE revelou que 50% dos trabalhadores brasileiros recebem por mês, em média, 15% menos que o salário mínimo.

O levantamento foi feito por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD). Naquele ano, o salário mínimo era de R$ 880. Dos 88,9 milhões de trabalhadores ocupados no ano, 44,4 milhões recebiam, em média, R$ 747 por mês. Este público, que em tese representa a maior parte dos eleitores indecisos, deve ser impactado pela propaganda eleitoral gratuita ao longo dos 45 dias que antecedem as votações no dia 07 de outubro.

De acordo com o Huffpostbrasil, "Além do horário eleitoral fixo, transmitido duas vezes por dia, os candidatos têm direito às inserções, que são peças de 30 segundos ou 60 segundos, veiculadas ao longo da programação. No total, são 70 minutos de inserções por dia, de segunda a domingo. Ao contrário da propaganda eleitoral com horário fixo, as inserções pegam os eleitores de surpresa".

Neste sentido, O PT é o partido com mais tempo de TV: sozinho, tem 88 segundos. Na sequência vem o MDB, com 86 segundos. O PSDB do pré-candidato Geraldo Alckmin tem 71 segundos, mas este tempo deve ser bastante ampliado após as alianças com partidos importantes do Centrão, de modo que Alckmin, ao que tudo indica, poderá contar com mais tempo na TV do que todos os demais candidatos juntos. Após o anúncio da aliança em torno de Alckmin, o mercado financeiro reagiu bem. O dólar registrou queda de -2,18% e a Ibovespa subiu 2,05%, com forte alta, alcançando os 79.075 pontos.

Ciro Gomes (PDT), que oficializou sua candidatura nesta sexta, tem pelo menos 26 segundos. Jair Bolsonaro, (PSL), conta até o momento com 8 segundos. A propaganda eleitoral começa a ser exibida no dia 31 de agosto pelas emissoras de rádio e TV. A partir desta data, poderá ocorrer uma mudança significativa dos indicadores registrados até o momento pelas pesquisas eleitorais.