sexta-feira, 10 de agosto de 2018

General Mourão não descarta intervenção militar se o Judiciário for “atacado”

A Crusoé publica uma entrevista esclarecedora com o general Hamilton Mourão, vice de Jair Bolsonaro.

Mourão afirma que não há espaço para intervenção militar, mas diz que ela pode ocorrer se o Judiciário “não cumprir mais a sua missão porque está sendo atacado”.

Leia o trecho:

Qual é a opinião do senhor sobre a ideia de intervenção militar e como os senhores agiriam em caso de crise?
Não vejo nenhum espaço para uma intervenção militar. Isso tem sido repetidamente dito pelo nosso comandante, o general Villas Bôas, e outros oficiais-generais. Agora, o que ocorre é que a gente nunca pode abandonar aquela nossa questão da missão constitucional das forças, das garantias dos poderes constitucionais e garantias da lei e da ordem. Nós temos alguns objetivos nacionais permanentes, que é o estado de democracia e paz social. Então, se quero preservar a democracia, tenho que conservar os poderes constitucionais. Se eu quero preservar a paz social, tenho que garantir a lei e a ordem. No momento em que isso estiver seriamente ameaçado, aí poderá ocorrer algum tipo de intervenção. Mas não é o caso no momento, nem vejo assim a curto e médio prazo. Teria que haver uma hecatombe no país.

O que, por exemplo, justificaria uma intervenção?
Digamos assim, uma total discordância em relação às ações de combate ao crime organizado e essas quadrilhas que estão por aí, o Judiciário incapaz de fazer cumprir suas sentenças, incapaz de conseguir julgar quem tem que ser julgado, em total desrespeito à lei. Então, a partir daí a gente está no caos, não é? Eu tenho dito seguidamente que uma democracia como a nossa só se sustenta, e as pessoas só conseguem conviver, porque existe a lei. Se não houver respeito à lei, nós vamos para a barbárie.

O senhor está reafirmando o que disse no ano passado, quando defendeu que seria necessária uma intervenção se o Judiciário não enfrentasse a corrupção?
Sim, eu estou. Estou mostrando a questão do caos. Não é única e exclusivamente que o Judiciário deixou de julgar fulano, beltrano. Não. É o Judiciário não conseguir cumprir mais a sua missão porque está sendo atacado.”