terça-feira, 4 de setembro de 2018

PT vai ao Supremo para adiar o inadiável: a saída da Lula

O PT segue esticando a corda da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva. Termina hoje o prazo para a defesa do ex-presidente entrar com recursos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ontem, o candidato a vice em sua chapa, Fernando Haddad, disse que o partido entrará com recursos extraordinários na esfera eleitoral e também no Supremo Tribunal Federal para derrubar a decisão do TSE que vetou a candidatura de Lula com base na Lei da Ficha Limpa. O PT também apresentou novo recurso à ONU, cujo Comitê de Direitos Humanos recomendou a presença de Lula na disputa presidencial.

Daqui para frente, o PT caminha numa linha tênue. O partido tem até o 11 de setembro para substituir o nome do cabeça de chapa na disputa, segundo decisão do TSE na última sexta-feira. Após reunião com o partido na noite de ontem, o advogado Luiz Fernando Casagrande Pereira afirmou que há o risco de o registro da chapa ser anulado caso o plenário do Supremo venha a rejeitar o recurso apenas após o dia 17 de setembro, prazo final para a troca dos candidatos.

Segundo a Folha de S. Paulo, o principal aliado petista, o PC do B, manifestou preocupação com a dispersão de eleitores de Lula antes de Haddad ser apresentado oficialmente como seu sucessor. Um balizador pode ser a pesquisa eleitoral do Ibope, a ser divulgada nesta terça-feira. Ontem, levantamento do BTG Pactual mostrou que, com Haddad como candidato, iriam para o segundo turno Jair Bolsonaro (PSL), com 26%, e Ciro Gomes (PDT), com 12%. O ex-prefeito de São Paulo teria 6% dos votos.

Até a substituição do candidato, o PT pode ter dificuldade crescente até de fazer propagandas eleitorais, uma vez que as peças vão ser analisadas com lupa pelos adversários. Ontem, o TSE decidiu que o partido não poderá voltar a veicular as propagandas transmitidas no sábado, por entender que elas apresentam Lula como candidato. O tribunal respondeu a uma ação do Partido Novo.

A decisão de manter Lula na disputa por mais alguns dias é essencialmente política. Mas vai ficar cada dia mais difícil o partido fazer política sem anunciar seu candidato oficial.

fonte: Exame