sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

O caso Queiroz e o incômodo das militâncias

A militância petista fica incomodada na internet com quem cobra também investigação sobre outras movimentações bancárias atípicas, como a de R$ 49,3 milhões de quatro assessores do deputado estadual do PT André Ceciliano, publica O Antagonista.

Segundo a publicação, o argumento mais comum é que o PT não está mais no poder, logo o foco deve ser no gabinete do filho do presidente eleito, Jair Bolsonaro, que confirmou ter depositado na conta da mulher 24 mil reais recebidos de Fabrício Queiroz.

É preciso esclarecer alguns pontos básicos aos brasileiros de bem:

– A investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro, obviamente, não deve ter qualquer prioridade, senão a de esclarecer todas as movimentações suspeitas de assessores dos mais de vinte deputados estaduais citados no relatório do Coaf, posto que não se trata de órgão político nem de imprensa.

– A prioridade jornalística do caso Queiroz, ao contrário do que prega uma parcela dos bolsonaristas virtuais, é justificável, sim, porque tem relevância nacional, à medida que envolve, mesmo que indiretamente, a família do presidente eleito.

– A indiferença jornalística aos demais casos citados no mesmo relatório do Coaf é injustificável, especialmente para a imprensa fluminense, em razão da gravidade das suspeitas que pairam sobre deputados e funcionários de uma Assembleia Legislativa de alta relevância como a do estado do Rio de Janeiro e com histórico de corrupção.

– O PT não está mais no poder na esfera nacional, mas, na esfera estadual, está, sim, posto que André Ceciliano é o atual presidente em exercício da Alerj, já que Jorge Picciani foi preso e Wagner Montes vem renovando licença médica. Além disso, o volume de dinheiro movimentado pelos quatro assessores de Ceciliano é o maior da lista do Coaf. Em razão desses dois fatores, seria natural que a segunda prioridade jornalística fosse o seu caso, ainda que não fosse ele de um partido com histórico de corrupção no poder federal.

– Os casos de movimentações suspeitas, tanto de Queiroz quanto de assessores de outros deputados, foram citados no mesmo relatório do Coaf, incorporado a uma investigação do MP-RJ que corre sob sigilo. Então não se trata de miminizar o caso de Queiroz ao citar os outros, como a militância do PT costuma fazer diante das provas confirmadas pela Justiça contra petistas como Lula, citando Aécio Neves e Michel Temer, investigados em casos distintos. Trata-se de cobrar a apuração de suspeitas diversas – ainda não provadas – derivadas de uma mesma operação – a Furna da Onça –, bem como a punição de eventuais culpados nos termos da lei, sejam eles assessores, deputados, presidente eleito ou futura primeira-dama.

Não caiam na histeria de qualquer um dos lados.