sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Jean Wyllys, um zero à esquerda da esquerda. Quem irá sustentá-lo no exterior?

A desistência de Jean Wyllys de ocupar o mandato pode querer dizer muita coisa. Sinceramente, o que me parece mais improvável é que seja pelas razões que alegou.
O deputado teve a pior votação de sua história política. Não era bem recebido em nenhum lugar fora da extrema esquerda que o elegeu. E virou uma caricatura ambulante de "oposição à esquerda" desde o impeachment, com gestos de subserviência ao petismo no melhor estilo de força auxiliar.
Além disso, não representa, de fato, mais do que um incômodo besta para qualquer governo. Não tem a sanha nem o ímpeto investigativo de um Freixo. Tampouco a capacidade de mobilizar muita gente. É um zero à esquerda da esquerda em termos de potencial.
Em compensação, pode ter aceitado o encargo de falso exilado com fins políticos. É mais do que provável que vá para o exterior na tentativa de repetir o feito de Arraes no passado, grande articulador da desmoralização do regime militar junto à comunidade internacional. A esquerda sabe que a guerra de narrativas muitas vezes começa de fora para dentro.
Nesse aspecto, há fortes chances de ser recepcionado por progressistas e radicais de esquerda, dispostos a comprar a tese de um proto-fascismo brasileiro. Essa turma já pagou micos maiores no passado.
De um jeito ou de outro, duvido que o Wyllys de fato tenha se retirado da política. No máximo, mudou de posição. Provavelmente a mando e sustentado por alguém. Em breve, saberemos.
(Texto de Eduardo de Alencar)
via Jornal da Cidade