quarta-feira, 30 de novembro de 2016

“Viemos a público para denunciar o golpe mais forte desferido contra a Lava Jato concretamente em toda a sua história pelo Congresso Nacional”, afirmou o procurador Deltan Dallagnol durante coletiva de imprensa na tarde desta quarta.

FORÇA-TAREFA AMEAÇA DEIXAR A LAVA JATO APÓS DECISÃO DA CÂMARA
Decisão é resposta à votação da Câmara que aprovou possibilidade de juízes e membros do MP de serem processados por crimes de abuso de autoridade.
Os procuradores da Força-Tarefa da Operação Lava Jato afirmaram, em entrevista coletiva nesta quarta-feira (30), que podem deixar as investigações caso a proposta de abuso de autoridade aprovada na madrugada de hoje na Câmara seja sancionada pelo presidente da República.
“Viemos a público para denunciar o golpe mais forte desferido contra a Lava Jato concretamente em toda a sua história pelo Congresso Nacional”, afirmou o procurador Deltan Dallagnol.
Ele se refere à emenda apresentada pelo líder do PDT na Câmara, Weverton Rocha, ao projeto de lei das 10 medidas contra a corrupção.
Segundo o texto, juízes e membros do Ministério Público podem responder por crimes de abuso de autoridade, caso atuem segundo motivação político-partidária ou concedam entrevistas sobre processos pendentes de julgamento, entre outros fatores – veja a íntegra da emenda no link: http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1511912&filename=EMP+1/2016+%3D%3E+PL+4850/2016
A medida foi aprovada por 313 deputados. Apenas quatro partidos orientaram suas bancadas a votar contra a proposta: PPS, PSOL, PV e Rede. Foram 132 votos contrários e 5 abstenções.
Dallagnol afirmou que a decisão rasgou o projeto das 10 medidas contra a corrupção, proposto pelo Ministério Público Federal com a sanção de mais de 2,5 milhões de assinaturas em todo o país. “A Câmara sinalizou o começo do fim da Lava Jato”, disse o procurador.
“Eles aproveitaram um projeto de combate à corrupção para se protegerem”, afirmou o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima.
“Não é possível, em nenhum estado de direito, que não se protejam promotores e procuradores contra os próprios acusados”, disse Lima. “Nesse sentido, nossa proposta é de renunciar coletivamente à Lava Jato caso essa proposta seja sancionada pelo presidente”.
O projeto de lei segue agora para apreciação do Senado.