sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

LAVA JATO DEVE DOBRAR DE TAMANHO COM A DELAÇÃO DA ODEBRECHT, DIZ DELTAN DALLAGNOL
Deltan Dallagnol, 37, encarregado da operação Lava Jato no Ministério Público Federal, disse nesta quinta-­feira (26) à AFP que a delação de ex-executivos da Odebrecht dobrará o número de pessoas sob investigação. "A perspetiva é que a operação dobre de tamanho. A colaboração da Odebrecht e de vários de seus funcionários são fatos trazidos que podem continuar em boa parte em Curitiba, mas muito provavelmente vão ser espalhados pelo Brasil criando uma espécie de filhos da operação", disse, em entrevista à AFP.
Dallagnol, que dirige a equipe que revelou o esquema de corrupção e desvio de dinheiro na Petrobras, declarou que os investigadores ficaram espantados com a sofisticação do esquema montado pela Odebrecht no chamado "departamento de suborno".
"Ficamos surpresos porque uma coisa é você saber a partir de pesquisas internacionais, estudos, que a corrupção no Brasil é enraizada, sistêmica e volumosa; mas outra coisa é você ver o monstro em carne e osso com teus olhos."

Considerada a maior investigação de corrupção da história do Brasil, a Lava Jato já denunciou até o momento 259 pessoas, incluindo políticos e dirigentes das maiores empreiteiras do país.

Dezenas de empresários e políticos já foram condenados à prisão, entre eles o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, que aderiu à delação premiada.
A investigação poderá dar agora um salto qualitativo, com as delações premiadas de 77 executivos da Odebrecht.

"Estamos investigando milhares de crimes bilionários praticados por centenas de pessoas", declarou Dallagnol.

Os estilhaços do escândalo da Odebrecht atingiram o próprio presidente Michel Temer, após o ex-vice-presidente de Relações Institucionais da construtora Cláudio Melo Filho revelar que em 2014 o grupo doou 10 milhões de reais para campanhas do PMDB. O presidente nega as acusações.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já enfrenta cinco processos na justiça, foi apontado por Dallagnol como o cérebro por trás do mega esquema de corrupção na Petrobras, em uma apresentação pública que lhe valeu muitas críticas.

Mas no final, o juiz Sérgio Moro "acolheu a denúncia", recordou o procurador.

Conteúdo AFP