O DADO CONCRETO É QUE LULA É RÉU EM MEIA DÚZIA DE CASOS. ENTENDA AS CINCO AÇÕES PENAIS CONTRA O PETISTA NA JUSTIÇA
O ex-presidente Lula já bateu um recorde mundial como o ex-chefe de Estado com
maior número de ações concretas na Justiça em apenas um ano. Acompanhe abaixo as
ações penais em que o petista já figura como réu sob a forma da lei e que terá que se
sentar como julgado perante um juiz para se explicar, antes de ter sua sentença
definida:
1) Acusação: Obstrução da Justiça
Operação: Lava Jato
Situação: Réu
Em julho de 2016, a Justiça Federal do Distrito Federal tornou Lula réu pela primeira
vez. A ação também envolve o exsenador Delcídio do Amaral, o banqueiro André Esteves e outras quatro pessoas. Todas foram acusadas de tentar obstruir a Lava Jato
ao tentar comprar o silêncio de Nestor Cerveró, exdiretor da área internacional da
Petrobras e delator do esquema de corrupção na estatal.
As negociações foram conduzidas por Delcídio, que chegou a ser preso quando o caso
foi revelado. "Delcídio aponta Lula como sendo chefe da empreitada", diz a denúncia.
O que diz a defesa:
Os advogados de Lula negam as acusações e dizem que ele "jamais interferiu ou tentou
interferir em depoimentos relativos à Lava Jato". Ainda segundo a defesa, o caso se
baseia "exclusivamente em delação premiada de réu confesso e sem credibilidade
(Delcídio Amaral)".
2) Acusação:
Corrupção e lavagem de dinheiro
Operação: Lava Jato
Situação:
Réu
Lula se tornou réu pela segunda vez em setembro de 2016 pelas mãos do juiz Sérgio
Moro. Segundo a procuradoria, ele recebeu 3,8 milhões reais em propina da
empreiteira OAS, envolvida no esquema de desvios da Petrobras e que teria sido
beneficiada por meio da influência do ex-presidente.
O pagamento dos 3,7 milhões, de acordo com a denúncia, não foi feito em espécie,
mas por meio da reforma e decoração de um tríplex no Guarujá, além do
armazenamento de bens do expresidente em um depósito pago pela empreiteira.
Os procuradores apresentaram documentos e recibos que mostram os pagamentos,
mas foram vagos em ligá-los diretamente com algum ato específico de Lula na
Petrobras. O próprio Moro disse no despacho que as provas apresentadas que
apontam Lula como parte do esquema "criminoso" na Petrobras são "questionáveis".
Além de Lula, também figuram como réus a esposa do ex-presidente, Marisa Letícia,
entre outros.
O que diz a defesa:
A defesa do expresidente nega as acusações e disse que os procuradores não apresentaram provas. À época da apresentação da denúncia, os advogados de Lula
criticaram a forma como os procuradores apresentaram as acusações durante uma
coletiva, que contou com o uso de um gráfico em Power Point e presença massiva da
imprensa. "A força-tarefa da Lava Jato valeu-se de truque de ilusionismo,
promovendo um reprovável espetáculo judicial e midiático", disse a defesa.
3) Acusação: tráfico de influência, organização criminosa, lavagem de dinheiro e
corrupção passiva
Operação: Janus
Situação: Réu
Em outubro, a Justiça Federal do Distrito Federal aceitou nova denúncia contra Lula.
O ex-presidente é acusado de usar sua influência em órgãos do governo e no BNDES
para beneficiar a empreiteira Odebrecht em contratos de obras em Angola.
Segundo a procuradoria, em retribuição aos serviços do ex-presidente, a Odebrecht
pagou 30 milhões de reais em propina. Os valores teriam sido repassados como
pagamentos de palestras do ex-presidente e de contratos de fachada (sem prestação de
serviço) com uma empresa que tinha como sócio Taiguara Rodrigues dos Santos,
sobrinho da primeira mulher de Lula.
O que diz a defesa:
A defesa nega as acusações e diz ainda que o ex-presidente "jamais interferiu na
concessão de qualquer financiamento do BNDES". "Como é público e notório, as
decisões tomadas por aquele banco são colegiadas e baseadas no trabalho técnico",
disse a defesa. Em depoimento à PF, Lula também disse que "não chegou a tratar, em
nenhum momento, nem quando era presidente ou depois, das relações comerciais
vinculadas a Taiguara".
4) Acusação: tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa
Operação: Zelotes
Situação: Réu
Em dezembro, a Justiça Federal do Distrito Federal aceitou nova denúncia contra
Lula. Segundo os procuradores, Lula "integrou um esquema que vendia a promessa no governo" para beneficiar empresas.
Eles afirmam que investigações apuraram que Lula, seu filho, Luís Claúdio, e dois
lobistas donos da empresa Marcondes & Mautoni, que atua desde 1998 como
representante de montadoras, participaram de negociações ilegais para promover a
compra de 36 caças suecos Gripen pelo governo, além de atuarem na prorrogação de
uma medida provisória que concedida incentivos fiscais para montadoras de veículos.
As empresas envolvidas eram clientes da Marcondes & Mautoni.
Os procuradores afirmam que os lobistas pagaram 2,5 milhões de reais em propina à
empresa do filho de Lula disfarçados como contrato de consultoria. Luís Cláudio
chegou a elaborar alguns estudos para os lobistas, mas, segundo a Polícia Federal,
parte dos documentos foi plagiada de textos na internet. Os investigadores também
apontaram que os estudos "pareciam ser de rasa complexidade, em total falta de
sintonia com os milionários valores pagos".
O que diz a defesa:
Em nota, a defesa do ex-presidente e do seu filho negaram as acusações. "Nem o ex-presidente
Lula nem seu filho participaram ou tiveram conhecimento de qualquer ato
relacionado à compra dos aviões caças da empresa sueca SAAB, tampouco para a
prorrogação de benefício fiscais."
5) Acusação: Corrupção passiva e lavagem de dinheiro
Operação: Lava Jato
Situação: Réu
Também em dezembro, Lula se tornou réu pela quinta vez após o juiz Moro aceitar
mais uma denúncia. Segundo o MP, Lula recebeu propina da empreiteira Odebrecht
na forma da compra de um terreno (avaliado em 12,5 milhões de reais) que seria
usado para a construção do Instituto Lula e um apartamento em São Bernardo do
Campo (no valor de 504 mil), que fica no mesmo andar de um imóvel de propriedade
do ex presidente.
Também viraram réus Marisa Letícia, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e o
empreiteiro Marcelo Odebrecht.
Os procuradores do caso afirmam que o presidente teria recebido o terreno e o apartamento pelo seu papel como comandante de uma estrutura que organizava apoio
parlamentar para firmar contratos entre a Odebrecht e a Petrobras.
O Ministério Público afirma, por exemplo, que não existem registros de que Lula
pagou aluguel pelo apartamento vizinho entre 2011 e 2015, apesar de têlo usado. O
imóvel foi comprado por Glaucos da Costamarques, primo do pecuarista José Carlos
Bumlai, já condenado na Lava Jato. Ainda segundo o MP, o dinheiro usado por
Costamarques para comprar o apartamento foi repassado pela Odebrecht.
fonte: IMPRENSA VIVA