segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

PT USOU PROVEDORES DE ESTATAL CUBANA EM 'ASSASSINATO DE REPUTAÇÃO' CONTRA AÉCIO
Provedores de uma estatal cubana, a Etecsa, foram usados por um perfil que promoveu ataques ao senador Aécio Neves (PSDB­-MG) nas redes sociais durante a campanha presidencial de 2014. 

A Etecsa é a empresa de telecomunicações do governo autorizada a fornecer conexão de internet em Cuba. 

O uso dos provedores da estatal foi revelado em processo que Aécio move há quase três anos na Justiça de São Paulo, com o intuito de quebrar o sigilo dos perfis e identificar seus detratores.

A ação tem como alvo disseminadores de informações que vincularam o tucano ao consumo e tráfico de drogas, em meio à disputa pelo Palácio do Planalto contra a ex­-presidente Dilma Rousseff. 

O perfil que usou a rede cubana também fez uma série de acusações ao senador de violência contra a mulher. 

A Justiça de São Paulo tem dado ganho de causa a Aécio e determinou que as redes sociais e provedores de internet e telefonia no Brasil entregassem dados vinculados a 20 perfis que o juiz responsável pelo caso entendeu terem, deliberadamente, atuado para produzir conteúdos degradantes contra o tucano. 

Segundo os dados entregues à Justiça, o perfil que usou a rede cubana para fazer os ataques foi acessado com login e senha por ao menos três pessoas diferentes. 

A Folha conseguiu localizar uma delas: Ana Maria Quaiato, secretária parlamentar do deputado Paulo Teixeira (PT-­SP). 

Procurados, tando o deputado como sua assessora disseram desconhecer detalhes do processo e afirmaram que vão aguardar o andamento das investigações. 

Além do cargo na Câmara, Quaiato também integrou como suplente o Conselho Municipal de Saúde de São Paulo durante a gestão do ex­-prefeito Fernando Haddad, também do PT. 

LOCALIZAÇÃO 

Pelos documentos obtidos até agora não é possível afirmar que a pessoa que usou provedores da Etecsa para acessar o perfil o fez de um aparelho da própria estatal. 

O uso do provedor pode ter se dado por meio de uma conexão simples ­com a compra de um cartão com pacote de dados, ou por wi­-fi em um ponto público ou privado, como casas e hotéis. 

Para descobrir a localização exata e o tipo de equipamento usado para acessar o perfil, Aécio precisaria obter uma ordem judicial para quebrar o sigilo dos dados de provedores da Etecsa. 

A assessoria jurídica do senador ainda estuda se impetrará a ação contra a estatal cubana na Justiça brasileira ou na daquele país. 

Aécio foi o primeiro político de projeção nacional a entrar com ações contra perfis de internet. O caso foi revelado pela Folha em setembro de 2014. Desde então, o jornal identificou outros que fizeram o mesmo.


Em novembro do ano passado, a Folha revelou que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), pediu a quebra do sigilo de seis usuários do Twitter que o chamaram de "ladrão de merenda". 

Já este mês, a Folha mostrou que o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, também pediu a abertura dos dados de perfis do Facebook que o vincularam a uma facção criminosa. 

OUTRO LADO 

A reportagem tentou contato com a assessoria da Etecsa, mas não obteve sucesso. Foi feito, primeiro, um contato com a embaixada cubana no Brasil, que disse não ter como dar qualquer informações sobre o caso ou mesmo indicações de contatos na estatal. 

A Folha também encaminhou um e-­mail para o endereço eletrônico que consta no site da Etecsa, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição. 

Procurada, Ana Maria Quaiato, secretária parlamentar do deputado Paulo Teixeira, afirmou que jamais foi notificada sobre a ação. "Vou aguardar o andamento do processo para verificar o que procede e o que não procede", disse. 

Teixeira fez afirmação semelhante. "Como é um caso que está sub judice e eu não conheço o teor, prefiro aguardar o desfecho para emitir qualquer juízo de valor." 

Os advogados de Aécio argumentam na ação que movem o processo para identificar o que eles chamam de "uma rede de detratores" que atuou de forma deliberada para difamar o tucano nas redes sociais. 


fonte: Folha Política