quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

NÃO SINTAM PENA DE EIKE BATISTA
Embora tenha feito boas ações, todo criminoso precisa pagar pelos seus atos.


Circula entre os cariocas um texto atribuído a Drª Rosa Célia Evangelista louvando o lado filantropo de Eike Batista. Para quem não a conhece, a doutora faz um trabalho espetacular no Hospital Pro Criança Cardíaca, onde atende meninos e meninas com problemas no coração. Na mensagem supostamente escrita por ela, Rosa Célia lembra que o empresário foi fundamental para o funcionamento de sua unidade. Doou cerca de 2 milhões de dólares para a compra de um equipamento que hoje faz diferença para definir a vida ou a morte dos pequenos. Na sua extrema bondade, Drª Rosa Célia diz no seu texto que reza todos os dias para Eike e que nenhum ser humano deve ser tratado com a falta de dignidade que ele (supostamente) está sendo submetido.
Embora faça com toda a boa vontade, a signatária comete o mesmo erro que a pessoa da favela beneficiada pelas benesses dos traficantes de drogas. Ela toma partido do criminoso, olhando apenas um lado de sua personalidade. Historicamente, diversos bandidos fizeram filantropia para esconder (ou expiar) uma parte dos seus crimes. Eike não é traficante nem nunca matou ninguém, é verdade. Mas trata-se de um criminoso confesso, que chegou a ser foragido da polícia e montou um império às custas de boas relações com o governo e da ingenuidade de milhares de investidores. Seu histórico de transações é extenso e talvez fique claro com sua possível delação. Como lembrou a jornalista Malu Gaspar em seu  blog na revista Piauí, Eike começou sua aproximação com o governo federal nos estertores da administração Fernando Henrique e, desde o começo do governo Lula, foi abraçado pelos petistas. Contratou José Dirceu para ajudar a resolver seus problemas na Bolívia e criou laços com políticos do naipe de Sarney, Lula, Dilma, Lobão e Cabral.
No seu tempo de empresário mais rico do Brasil, ele distribuiu dinheiro para ações importantes, como as UPPs no Rio e a despoluição da Lagoa Rodrigo de Freitas. Ganhou fama e reconhecimento por isso. Mas suas boas ações não podem diminuir o rigor da Justiça e do Ministério Público. Definitivamente, Eike não é digno de pena. Deve ser tratado com dignidade, mas de acordo com os crimes que cometeu. Se os dele não são tão graves, que saia antes, que tenha uma pena menor. Mas qual o problema de cortarem-lhe o cabelo e o jogarem numa cela comum? Ele é diferente dos outros por algum motivo? Na verdade, vários cuidados foram tomados para que Eike não tivesse sua integridade física ameaçada. Inclusive a escolha de um presídio de ex-policiais.
Está na hora do Brasil deixar de ser complacente com criminosos que pagam boas gorjetas.

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