quinta-feira, 18 de maio de 2017

A renúncia de Temer - Como fica a situação do país

O presidente Michel Temer foi mortalmente comprometido pela investigação da Polícia Federal com base nas delações dos executivos do Grupo JOB­-Friboi. Por mais que tente se explicar a nação, Temer dificilmente conseguirá resistir à pressão exercida pelo Congresso, tendo em vista seu baixíssimo índice de aprovação popular. 

Sem um argumento extremamente convincente para se manter no cargo e sem apoio dos partidos aliados, Temer deve sucumbir ao escândalo e renunciar. Ministros e líderes de pelo menos quatro partidos aliados de Michel Temer já colocaram na mesa a possibilidade da saída do presidente do cargo em uma reunião na noite de quarta-feira (17) na residência oficial do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM­-RJ). 

Na conversa, os parlamentares e integrantes do primeiro escalão do governo afirmavam que a implicação de Temer na delação do empresário Joesley Batista jogava o país em uma "situação muito delicada". 

Para eles, a melhor solução política para a crise aberta pelo episódio seria a renúncia de Temer. A situação do presidente tende a se tornar cada vez mais insustentável. Nesta tarde, o ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou abertura de inquérito para investigá-­lo. O pedido de investigação foi feito pela Procuradoria­-Geral da República (PGR). Se antes, Temer já enfrentava dificuldades em governar, agora como investigado no STF, a situação piora e praticamente inviabiliza a governabilidade do país. 

O presidente da Câmara Rodrigo Maia é o primeiro na linha sucessória da República. Em caso de saída de Temer, Maia assumiria o governo e teria um prazo de 30 dias convocar eleições indiretas. Neste caso de vacância da Presidência da República, a Constituição prevê a eleição de um novo presidente deve ser definida por uma eleição na Câmara dos Deputados. 

O cenário seria o mesmo se o presidente renunciar ao cargo ou sofrer impeachment no Congresso Nacional. A eleição do novo presidente seria feita pelos deputados e senadores, 30 dias depois da vacância no cargo. Caberá aos parlamentares eleger o novo presidente e o novo vice­-presidente da República. 

Qualquer brasileiro com mais de 35 anos filiado a um partido político, exercendo mandato ou não, está apto a concorrer ao cargo, desde que não apresente nenhum embaraço previsto na Lei da Ficha Limpa. 

O problema é que o Brasil continua refém de um Congresso apodrecido, com mais de um terço dos parlamentares envolvidos em esquemas de corrupção. A eleição seria decidia por este Congresso em votações secretas. Isto significa que a classe política pode chegar a um acordo nos bastidores do poder e escolher um novo presidente conivente com o atual quadro de estagnação do sistema político nacional.