segunda-feira, 29 de maio de 2017

Em um país sério, os irmãos Batistas estariam presos e incomunicáveis

Estamos vivendo a maior crise de que se tem notícia na história deste país! Seguramente, podemos afirmar que “nunca antes na história deste país…” passamos por um momento como este que estamos vivendo atualmente. São escândalos absurdos de corrupção que nos deixam, a cada dia, mais enojados dos nossos políticos, de parte do empresariado brasileiro e, até mesmo, de alguns representantes do nosso poder judiciário. Parece que nada afeta a consciência destas pessoas. Talvez, porque não a tenham. São seres desprovidos, acima de tudo, de amor ao próximo. Quantas e quantas pessoas já morreram em filas de hospitais? Quantas e quantas pessoas vivem em situações de extrema pobreza, sem as mínimas condições que deveriam ser direito de todos os cidadãos? E no contraponto, bilhões de dólares são desviados dos cofres públicos para saciar a sede destes facínoras. E o pior é que não se satisfazem. Querem sempre mais e mais e mais…
O ultraje mais recente está na delação dos irmãos Batista – Joesley e Wesley – donos da JBS, empresa do grupo J&F. Extremamente ultrajante o que aconteceu. Dois seres abjetos se oferecem para um acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal, homologado em tempo recorde pelo Supremo Tribunal Federal, com material não corretamente periciado, porém aceito como prova… e afirmam ter doado aproximadamente 600 milhões de reais a 1.829 candidatos de 28 diferentes partidos, em troca de contrapartidas no setor público e, depois disto, saem praticamente ilesos, com direito a transferir residência para os Estados Unidos com toda a família, devendo apenas pagar uma multa de 225 milhões, que podem ser considerados uma pequena esmola, tendo em vista o faturamento da empresa que, em 2016, chegou a 170 bilhões. Fosse num país sério, estes dois já estariam presos e incomunicáveis.
Um acordo, no mínimo, estranho! E mais estranho ainda é que, imediatamente acoplado a publicização destes fatos seguem protocolados, numa velocidade espantosa, pedidos de impeachment combinados com discursos entusiastas pelas diretas já, num absoluto flagrante de desrespeito à Constituição Brasileira, que determina no parágrafo 1º de seu artigo 81, inequivocamente, que “ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos (Presidente e Vice-Presidente) será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.” É uma afronta a todos nós!
Não é à toa que o Instituto Brasileiro do Direito de Defesa (Ibradd) protocolou na última segundafeira, 22, no Supremo Tribunal Federal, um mandado de segurança, com pedido de liminar, para cassar a decisão do ministro Edson Fachin, que homologou o acordo de colaboração premiada do grupo J&F, feito pelos donos da JBS, Joesley e Wesley Batista. Para o advogado do Ibradd, as condições do acordo denigrem a imagem de todo o Estado Democrático de Direito de nosso país. Seria como se disséssemos a toda sociedade que roubar vale a pena. Ainda segundo o advogado do Instituto, os aludidos colaboradores resolveram a situação criminal de suas pessoas físicas com um acordo light e excepcionalmente favorável, mercê de uma inusual benevolência e generosidade do MP. O acordo foi feito em desfavor da coletividade brasileira e viola os princípios da proporcionalidade, razoabilidade e moralidade.
É nesta hora que fica evidente a diferença entre uma sociedade de alienados e uma sociedade politizada. Cidadãos cientes de sua responsabilidade social e política jamais permitiriam ser utilizados como massa de manobra de políticos maquiavélicos, que com seus discursos oportunistas buscam voltar ao poder a qualquer custo! Enfim, para que não tenhamos situações como esta no futuro, só há um caminho a ser trilhado: a educação definida como política de estado, não atrelada, portanto, a partidos políticos e a interesses partidários. Uma educação libertadora!
Por Eduardo Ferreira  de Castro