A situação do ex-presidente Lula se complicou sensivelmente esta semana na Lava
Jato. Após ter sido pressionado pelo juiz Sérgio Moro em seu último interrogatório, o
petista apelou para uma jogada suicida e apresentou recibos forjados à Justiça. A
força-tarefa da Lava-Jato acaba de confirmar que os documentos apresentados pelo
petista são falsos "sem margem de dúvida" e que "são ideologicamente falsos". O
Ministério Público Federal (MPF) entrou, na quinta-feira, com um pedido de
"incidente de falsidade" e cobrou a entrega dos recibos originais de Lula para que
sejam submetidos à perícia técnica.
"Os recibos apresentados pela defesa têm origem desconhecida, não trazem nenhuma
comprovação a respeito da data em que foram produzidos. Urge identificar o
momento em que foram apostas as assinaturas em cada qual, deslindando quando os
recibos foram confeccionados, e verificar se houve adulterações e/ou montagens desses documentos", diz a Força-Tarefa no documento encaminhado a Moro.
Os recibos, referentes ao período entre agosto de 2011 e novembro de 2015, foram
apresentados pelos advogados de Lula no último dia 26, quando já se passavam nove
meses do oferecimento da denúncia contra o petista pelo MPF. O material chamou a
atenção dos investigadores por apresentar incorreções: dos 26 comprovantes, dois
deles trazem datas que não existem — 31 de junho de 2014 e 31 de novembro de 2015.
Outros seis recibos trazem erros de digitação. O nome da cidade onde fica o
apartamento foi escrito como “São Bernanrdo”.
Para os procuradores, não há qualquer dúvida de que os recibos foram
"confeccionados para dar falso amparo à locação simulada do apartamento". Eles
argumentam que quebras de sigilo bancário demonstraram que Costamarques não
recebeu valores de Lula, da ex-primeira dama Marisa Letícia e nem mesmo do
Instituto Lula e da empresa LILS Palestras, pertencente ao petista, o que comprovaria
a inadimplência do aluguel. O MPF ressalta ainda que planilhas com registros de
despesas domésticas encontradas pela PF na casa de Lula também não fazem
referência ao pagamento do aluguel.
A Força-Tarefa complementa que as provas são papéis criados para disfarçar a real
titularidade do imóvel usado pelo ex-presidente, que foi comprovadamente comprado
com recursos oriundos da Odebrecht.
"Isto é, indicativos de que se trata de documentos falsos", diz o documento do MPF,
assinado pelo coordenador da Força-Tarefa e outros 11 membros do grupo de trabalho
da Lava-Jato.
(Imprensa Viva conteúdo)