O clima de controvérsias envolvendo o leque de opções do PT para as eleições
presidenciais de 2018 tem causado rebuliço entre dirigentes do partido. Enquanto
uma corrente da legenda defende a tese de virar a página com Lula e partir para uma
candidatura alternativa, como Ciro Gomes, Guilherme Boulos ou Fernando Haddad,
outro grupo insiste em levar a candidatura do ex-presidente condenado até as últimas
consequências.
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann já deu o tom de como a legenda deverá
reagir, caso Lula seja condenado na Segunda Instância e se torne inelegível antes de
registrar sua candidatura em 2018. Segundo a senadora, "o partido não reconhecerá
uma eventual condenação de Lula pela Lava Jato.
A ex-presidente Dilma Rousseff também defende a transgressão da Lei da Ficha
Limpa e acredita que a candidatura de Lula provocará uma tensão cada vez maior entre as instituições do país. Este é exatamente o objetivo do ex-presidente. Ao tentar
impor seu nome mesmo diante de uma condenação em Segunda Instância, Lula
persegue dois objetivos distintos: o primeiro, e mais importante para ele no momento,
é transferir sua defesa da esfera criminal para o campo político, e assim conseguir
minimizar condenações inevitáveis. O segundo é construir uma narrativa de que ele e
o PT foram impedidos de disputar as eleições e usar este discurso para tentar eleger
seu eventual substituto.
Há poucos dias, uma série de controvérsias em torno da figura do cantor Caetano
Veloso também gerou debates calorosos no partido. Bandeado para o lado de
Guilherme Boulos, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, MTST, o cantor declarou que pretende votar em Ciro Gomes.
Segundo um dirigente do PT, Caetano está inserido no contexto de debates internos
em torno do apoio a lideranças alinhadas com os projetos do partido para 2018. Tanto
Boulos quanto Ciro fazem parte da reserva estratégica do PT e os artistas que se
beneficiaram de recursos públicos durante os governos de Lula e Dilma têm obrigação
de assumir e defender as bandeiras do partido.
"Tem que mostrar a cara sim. Tem que assumir que está do nosso lado. Ao contrários
de alguns artistas petistas históricos, Caetano não recuou de seus compromissos",
reclamou o dirigente, numa possível referência ao cantor Chico Buarque, que desde
que lançou seu último disco, tem evitado se manifestar em defesa do PT e de suas
lideranças. O ator Wagner Moura, que anda tentando viabilizar a captação de R$ 9,77
milhões por meio da Lei do Audiovisual junto ao governo Temer é outro que anda
meio 'desmobilizado".