domingo, 18 de março de 2018

Doria vence prévias do PSDB e será o candidato ao governo de São Paulo

O prefeito de São Paulo, João Doria, 60, venceu neste domingo (18), em primeiro turno, as prévias do PSDB que valiam uma indicação à disputa do governo do Estado. A candidatura ainda precisa ser oficializada pelos tucanos na convenção do partido, que deve acontecer em julho, conforme determina a Justiça Eleitoral.

Doria recebeu 80% (11.993) dos votos válidos (15.062 filiados aos PSDB participaram das prévias), segundo a direção do partido.

O prefeito bateu outros três adversários e, em uma votação interna inédita nos 30 anos do partido à sucessão estadual, será o nome da legenda para manter o domínio sobre o Palácio dos Bandeirantes — para o qual têm sido eleitos políticos do PSDB desde 1994, então com vitória de Mário Covas (1930-2001).

O prefeito, que deve deixar o cargo até 7 de abril, após 15 meses de mandato, venceu a votação contra o suplente de senador José Aníbal (6% dos votos), o cientista político Luís Felipe d'Ávila (6% dos votos) e o secretário Estadual de Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro (7% dos votos).

Outro tucano, Bruno Covas, 37, ex-deputado e e ex-secretário de Meio Ambiente de Alckmin, assumirá a prefeitura paulistana.

"Temos o melhor candidato a governador e o melhor candidato a presidente da República. Agora estamos juntos, unidos pela vitória de João Doria e Geraldo Alckmin", disse Pedro Tobias, presidente do PSDB-SP. Alckmin também deve deixar o governo do Estado para concorrer ao Planalto.

No discurso da vitória, Doria agradeceu "a grandeza e a dignidade" de Pesaro e d'Ávila em reconhecerem a derrota e criticou Aníbal, a quem sugeriu a saída da legenda.

"Um recado a José Aníbal: foram 15 mil filiados do PSDB que foram às urnas hoje [de 308 mil filiados em todo o Estado]. Não é a sua palavra desacreditando os militantes. A fraude está no seu coração. Tenha grandeza e aprenda com a estatura da sua idade", afirmou. "É para aprender a lição", completou. 

Entre os quatro candidatos, o único a não participar do anúncio oficial nem da apuração foi José Aníbal. Procurado, ele informou, por meio de sua assessoria, que se pronunciará sobre as prévias nesta segunda (18). 

Discurso pós-derrota 

Após o anúncio da vitória, Pesaro e d'Ávila falaram em união do partido. Essa é uma vitória inconteste de Doria. As pessoas devem saber ganhar e saber perder", afirmou Pesaro, que vai buscar, agora, a reeleição como deputado federal. 

De acordo com o secretário, "com certeza o paulistano vai entender" a renúncia de Doria à Prefeitura. "Serra [em 2006] já fez isso e se elegeu governador. Estou no partido há 28 anos; ajudei a fundá-lo e estou ajudando a construí-lo", disse. Indagado se atuaria em um eventual governo Doria, entretanto, refutou a hipótese: "Não, cumprirei meu mandato de deputado federal." 

Já d'Ávila, que também reconheceu a vitória do prefeito, afirmou que vai trabalhar, agora, "para eleger Alckmin presidente". 

"O processo das prévias foi açodado pela questão dos debates, mas precisamos fazer um balanço com o aprendizado desse processo e a definição de regras permanentes daqui em diante", disse. E completou: "Doria tem que explicar por que deixa a Prefeitura, mas Covas está apto a governar e certamente dará continuidade ao programa. O processo vai sempre favorecer quem o disputa no cargo, mas agora é trabalhar a unidade no partido", concluiu. 

Disputa polêmica 

A votação aconteceu em 72 cidades — capital, Grande São Paulo e interior — e 122 zonas do partido, sendo 55 delas na cidade de São Paulo. 

As prévias tiveram clima conturbado desde a definição delas, em reunião do diretório estadual realizada no último dia 5. Na ocasião, uma militância pró-Doria, ainda que majoritariamente não filiada, hostilizou adversários do prefeito — especialmente Aníbal. 

No dia seguinte, o suplente de senador acusou o diretório de armar uma "arapuca pró-Doria" e classificou o prefeito como "carreirista". Doria devolveu a crítica chamando Aníbal de "derrotado sistemático dentro do PSDB". 

Outro ponto de tensão nos dias que antecederam as prévias foi a definição de uma taxa de R$ 45 mil a cada um dos candidatos — e efetivamente paga apenas por Doria e d'Ávila. 

O diretório chegou a comunicar na quinta (15) os não-pagantes sobre o indeferimento da candidatura. Pesaro e Aníbal acionaram o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo pedindo a anulação das prévias caso seus nomes fossem excluídos da cédula, mas o partido recuou e, na noite de sexta (16), antevéspera da votação, decidiu mantê-los.