A manobra dos ministros da 2.ª Turma do STF para livra a cara de Lula nos processos em curso sob jurisdição do juiz federal Sérgio Moro pode ter sido completamente em vão. A assinatura de um acordo de delação do ex-ministro Antonio Palocci a ser homologado pelo próprio Moro não apenas anula qualquer efeito sobre a decisão dos ministros do Supremo, como também agrava ainda mais a situação de Lula na Lava Jato.
Palocci era justamente o administrador das contas de Lula e do PT no banco de propinas da Odebrecht. Cabia a ele gerenciar os recursos ilícitos originários de desvios da Petrobras num montante que superou a cifra dos R$ 300 milhões, sendo que cerca de R$ 35 milhões eram de uso exclusivo do ex-presidente Lula, segundo Palocci.
Neste aspecto, de nada adiantou os ministros do STF Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski terem tirado os trechos das delações da Odebrecht relativos ao triplex do Guarujá, ao sítio em Atibaia, a cobertura de São bernardo do Campo e as negociações envolvendo a compra de um terreno para o instituto Lula. O próprio Palocci foi o responsável pela gestão dos recursos referentes a praticamente todas estas transações.
Um outro fator bastante claro neste episódio é que Palocci não teria conseguido fechar um acordo de delação com a Polícia Federal sem que conseguisse comprovar os relatos constantes no acordo.
Apenas fatos comprovados documentalmente entram num acordo de delação, após as longas tratativas e depoimentos colhidos pela Polícia Federal, etapa já concluída até este ponto.