sábado, 23 de junho de 2018

Agora a Polícia Federal vai poder usar delação de Palocci em novas investigações, operações e diligências


A decisão do Supremo Tribunal Federal em autorizar a Polícia Federal a fechar acordos de delação premiada na quarta-feira, 21, deve desencadear uma nova leva de investigações contra os ex-presidentes Lula e Dilma, além de vários integrantes do Partido dos Trabalhadores, publica o site Imprensa Viva.

Segundo a publicação, a consequência imediata da decisão do STF, a validação do acordo de delação do ex-ministro Antonio Palocci, era um dos maiores temores da cúpula do PT. Nesta sexta-feira, 22, o desembargador João Pedro Gebran Neto, relator da Operação Lava Jato no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), homologou o acordo do ex-ministro dos governos de Lula e Dilma. A partir de agora, a Polícia Federal vai poder usar delação de Palocci em novas investigações, operações e diligências.

Entre as revelações já feitas por Palocci, está o 'pacto de sangue' de Lula com Odebrecht, que teria destinado cerca de R$ 300 milhões em propinas ao ex-presidente e ao partido, além da doação de terreno para Instituto e de apartamento em São Bernardo. Palocci também relatou que o ditador líbio Muamar Kadafi abasteceu campanha de Lula com US$ 1 milhão, em 2002.

Preso desde setembro de 2016 na Operação Omertà, fase 35 da Lava Jato, e condenado a 12 anos e 2 meses de reclusão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Palocci firmou acordo exclusivamente com a Polícia Federal meses antes do STF estender à delegados o poder de negociar acordos de delação.

A Lava Jato apreendeu R$ 70 milhões de Palocci. Investigadores informaram que ele vai sair com R$ 35 milhões, ou seja, a Justiça deverá manter o confisco de apenas metade daquele montante.

Em interrogatório no âmbito de ação penal em que Lula responde por supostas propinas de R$ 12,5 milhões da Odebrecht, Palocci confessou negociar propinas em 2010, quando teria sido acertado um pacto de R$ 300 milhões em corrupção ao PT.

Outra sinalização do acordo foi a carta de desfiliação do PT, redigida de próprio punho e divulgada em setembro de 2017, em que incriminava Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff.

“Não posso deixar de registrar a evolução e o acúmulo de eventos de corrupção em nossos governos e, principalmente, a partir do segundo governo Lula”, escreveu.

A colaboração deve fortalecer as acusações contra Lula, condenado e preso na Lava Jato, e abrir frentes de investigação ligadas aos setores financeiro e automobilístico, além do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Palocci complica Dilma. Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, Palocci relatou que no dia 30 de dezembro de 2010, Lula se reuniu com Emílio Odebrecht, com a presidente eleita Dilma Rousseff, que era ministra da Casa Civil, e com o então presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, quando ele pediu que fosse mantida as relações do governo, “lícitas e ilícitas”, com a Odebrecht. Diz que não estava na reunião, mas foi chamado no dia seguinte. “(Emílio) Ele confirmou os R$ 300 milhões e falou que pode ser mais se necessário”, teria dito Lula.

No depoimento concedido ao juiz Sérgio Moro, Palocci afirmou que tinha informações e documentos que poderiam render anos de investigações para a Operação Lava Jato. O PT sabe que o desembargador João Pedro Gebran Neto não teria homologado a delação de Palocci sem a comprovação de tópicos importantes apontados pelo ex-ministro petista. A ameaça representada pela delação de Palocci é óbvia, pois se trata do primeiro homem de dentro dos esquemas do partido a abrir o bico na Lava Jato. Palocci era o terceiro na hierarquia do PT, atrás apenas de José Dirceu e do próprio Lula.