quinta-feira, 21 de junho de 2018

Mesmo com decisão favorável a Gleisi, PT vê poucas chances de Lula ser solto no dia 26

O resultado do julgamento que livrou nesta terça (19) a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) das acusações de corrupção, lavagem e caixa dois eleitoral foi recebido com alívio pelo PT. Caiu por terra a preocupação com o impacto de uma condenação nas negociações da corrida presidencial, assim como o receio de que o veredicto pudesse exigir uma troca do comando partidário. Mas o placar está longe de ser motivo para alimentar a esperança de ver o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva solto, na visão de integrantes da cúpula petista, informa o site Folha Política.

Oficialmente, o discurso é de otimismo. Nesta terça-feira, por exemplo, o advogado e deputado Wadih Damous (PT-SP) exaltou ao Broadcast Político a tese de que Lula pode "sair eleito" da prisão. Nos bastidores, entretanto, o tom é bem mais ameno.
Em primeiro lugar, há a avaliação de que ao menos boa parte dos ministros da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) optará por respeitar o entendimento prévio sobre a execução da pena em segunda instância. Mais do que isso, diz um líder petista, eles dificilmente tomarão para si o desgaste de segurar a caneta numa decisão para tirar Lula da prisão.

Ainda assim, há no PT o entendimento de que a Segunda Turma do STF de fato demonstra "alguma vontade de colocar um freio de arrumação" em casos da Lava-Jato. Isso pelo fato de o colegiado ter enfatizado a importância de provas documentais e da coerência dos depoimentos, ao analisar na terça-feira a denúncia contra Gleisi e Paulo Bernardo, ex-ministro do governo Lula e marido da atual presidente nacional do PT.

Com base nisso, ressalta um dirigente partidário, haveria uma pequena chance de o julgamento da semana que vem surpreender. A Segunda Turma do STF marcou para o dia 26 a apreciação do recurso de Lula, pedindo que sejam suspensos os efeitos da condenação do caso tríplex no Tribunal Regional Federal da 4º Região (TRF-4) até que os recursos sejam esgotados.

A discussão sobre os desdobramentos do julgamento de terça-feira (19) e as expectativas para o da próxima semana certamente apareceram ontem à noite, em Brasília, em uma reunião convocada pelo PT. O encontro já estava previsto, para tratar da estratégia da legenda para as eleições deste ano, mas líderes que não integram o chamado Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) acabaram sendo chamados a participar. A negociação de alianças para a corrida presidencial e o cenário da disputa nos Estados devem guiar boa parte das discussões.

De qualquer forma, a expectativa no PT é de que uma eventual derrota de Lula no julgamento da semana que vem dificilmente terá efeito imediato sobre os planos de manter a pré-candidatura do ex-presidente ao Planalto. 

Mesmo com Lula preso na sede da Polícia Federal, em Curitiba, o partido mantém a afirmação de que irá registrar a chapa encabeçada por ele no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), até 15 de agosto.