quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Joaquim Levy e a histeria esquerdista

Ainda que tenha sido ministro da fazenda de Dilma Rousseff durante o ano de 2015, o doutor em economia pela universidade de Chicago – tradicionalíssima escola formadora de liberais – Joaquim Levy, nome anunciado como futuro presidente do BNDES pelo governo eleito, ressoa saborosamente aos ouvidos esquerdistas como espúria oportunidade para disseminar entre as pessoas desprovidas de memória a falácia de que a opção pelo ex-integrante do governo petista seria uma suposta tentativa de aplicação do modelo econômico utilizado pelo PT.
Antes de mais nada, e sobretudo, antes das histéricas tentativas comunopáticas de disseminar este raciocínio ludibriador, façamos um rápido exercício de recordação.
Após a reeleição da dona Dilma, municiada por quiméricas promessas, em 2014, o governo petista encontrava-se em uma situação excruciante, ao deparar-se com uma economia em disposição apocalíptica, resultante das estapafúrdias políticas econômicas de Guido Mantega, e precisava desesperadamente de alguém que conseguisse estruturar um plano de recuperação à partir de medidas impopulares para o ajuste das ciclópicas contas públicas, tarefa ingratíssima, uma vez que o plano de governo anunciado era antagônico às ações realmente necessárias para a recuperação da saúde econômica nacional.
O desgaste entre Levy e Dilma era tão garantido quanto o fiasco da administração petista por si só. Seria impossível a implementação das medidas de ajustes orçamentários propostas pelo então ministro diante da lógica keynesiana da cúpula econômica do partido, demasiadamente influenciada pelo ímpeto progressista de Nelson Barbosa, então ministro do planejamento e não por acaso ministro da fazenda após a saída de Joaquim Levy.
Após não suportar mais ser combatido dentro do próprio governo, ser boicotado por aqueles que à priori deveriam fazer coro em torno das propostas apresentadas pelo ministro e demandadas por quem o indicou – o governo –, Levy abandona o ministério da fazenda, como corpo estranho expelido por um organismo que o reconhecia como não mais do que um mal necessário, um intragável antídoto para curar os males provenientes das péssimas práticas do próprio organismo.
Por essa e por tantas outras, torna-se implausível qualquer tentativa de calotear a memória do cidadão, aliciando-o à acreditar que a escolha de Joaquim Levy para comandar o BNDES é a tentativa de Bolsonaro e Paulo Guedes de absorver um ideal econômico supostamente praticado pelo PT, quando em realidade a escolha de Levy para o ministério da fazenda petista em 2015 tratou-se não menos do que um abespinhado balbucio para utilizar soluções liberais sobre os estragos concebidos pela política econômica esquerdista.
É imprescindível ressaltar que, não obstante o esclarecimento sobre a formação e conduta liberal de Joaquim Levy, seja no ministério da fazenda em 2015, seja como vice-presidente de finanças do Banco Interamericano de Desenvolvimento ou em outras passagens dentro da administração pública, como secretário do tesouro nacional e a secretaria da fazenda do estado do Rio de Janeiro, o princípio mais importante de sua indicação como presidente do BNDES, é a condição expressa e irrevogável imposta por Jair Bolsonaro, de abertura total dos sigilos da instituição, exteriorizando e dilucidando para toda a sociedade brasileira o que é, muito possivelmente, a maior caixa preta de nossa história política, o verdadeiro baluarte de perpetuação das campeãs nacionais.

Alain Ibrahim, em Conexão Política