segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

LULA AUTORIZOU REPASSES DA ODEBRECHT À EX-PRIMEIRA-DAMA DO PERU, RELATAM DELATORES
O Ministério Público do Peru investiga se a ex­-primeira­-dama Nadine Heredia, mulher do ex-presidente Ollanta Humala (2011­ 2016), recebeu da Odebrecht cerca de US$ 3 milhões de caixa dois para a campanha do marido. 

Até agora, a Odebrecht firmou um termo preliminar no qual se compromete a pagar 30 milhões de soles peruanos (R$ 28 milhões). A empresa negocia um acordo de delação premiada naquele país. 

Anotações em agendas de Nadine mostram valores ao lado do nome "Marcelo" em 2010 e 2011. Procuradores acreditam ser Marcelo Odebrecht, ex-­presidente e herdeiro da Odebrecht. 

"Marcelo, 21 de maio. + 30 mil dólares; Marcelo, 24 de julho. + 30 mil dólares; Marcelo, 23 de julho. + 30 mil dólares; Marcelo, 10 de janeiro de 2011. + 70 mil dólares", diz uma das anotações.

Outra rubrica mostra que foi marcada em 2010 reunião entre Humala e Jorge Barata, principal representante da Odebrecht no Peru e delator da Lava Jato. 

A hipótese dos investigadores peruanos é que a empreiteira teria repassado ao todo R$ 4,8 milhões. O valor consta na planilha "Italiano", apreendida no e­mail da área de pagamentos de propinas da Odebrecht, o setor de Operações Estruturadas. No documento, o valor R$ 4,8 milhões está ao lado da citação "Projeto OH" (que seria de Ollanta Humala). 

O assunto foi abordado por executivos da Odebrecht no acordo de delação assinado no Brasil recentemente. 

Segundo envolvidos na negociação, a Odebrecht disse que os R$ 4,8 milhões saíram do caixa que a empreiteira tinha junto ao PT administrado pelo ex-­ministro Antonio Palocci, chamado internamente de "Italiano". 

O dinheiro teria sido direcionado a Humala com autorização de Lula. A Folha não confirmou se o nome de Nadine está no relato. 

A investigação sobre o ex­presidente peruano é um novo capítulo na internacionalização da Lava Jato. A Odebrecht começou a atuar no Peru em 1979. De acordo com a companhia, oito obras estão em andamento no país. 

A Odebrecht realizou obras de saneamento e mineração, entre outras, além de negócios com a subsidiária Braskem e de participar como investidora em projetos de infraestrutura no Peru. Ao longo dos últimos 35 anos, trabalhou em 67 projetos. 

De acordo com o Departamento de Justiça americano, a Odebrecht pagou mais de US$ 29 milhões em propinas no Peru entre 2005 e 2014 com o objetivo de conseguir contratos com o governo. Com o suborno, a empresa obteve benefícios superiores a US$ 143 milhões. 

OUTRO LADO 

A defesa de Heredia não respondeu às perguntas enviadas a seu advogado, Roy Gates. 

O Instituto Lula disse que, "se delações feitas em acordos para obter benefícios judiciais não são provas, muito menos o vazamento de supostas delações merecem (sic) comentários". 

José Roberto Batochio, que defende Palocci, negou que seu cliente seja o "italiano". A Odebrecht disse que não se manifesta sobre conteúdo de acordos. 

Fonte: Folha Política