O ex-presidente Lula sempre se julgou um cara esperto. Dotado de um talento típico
de orador de boteco, o petista logo compreendeu que através de suas manhas
metafóricas poderiam livrá-lo do cartão de ponto e da rotina do chão de fábrica. Não
demorou muito para que trocasse o torno mecânico pelas rodas de sindicalistas,
regadas a muita cerveja e nada de trabalho.
Lula começou a trabalhar em 1966 nas Indústrias Villares e dois anos depois, em
1968, filiou-se ao Sindicato de Metalúrgicos de São Bernardo do Campo. Graças a sua
eloquência e facilidade de convencer os companheiros, ascendeu na carreira sindical
com extrema rapidez. No ano seguinte, em 1969, chegou a diretoria do sindicato e logo
em seguida, foi eleito como 1º secretário. Em 1973, fez um curso nos Estados Unidos
sobre sindicalismo na AFL-CIO, uma das maiores e mais importantes centrais
sindicais do mundo. Lula foi se preparar para assumir a presidência do sindicato em
1975.
A vida do ex-metalúrgico deu uma boa guinada e a renda também melhorou. Em
pouco tempo, Lula estava "administrando" uma bela receita do sindicato, um
ambiente onde ninguém trabalha de fato e a malandragem faz parte do "negócio". Lula
logo se aproximou e se tornou amigo de grandes empresários e presidentes das
empresas que "combatia".
O sindicalismo no Brasil sempre foi dominado por comunistas. Lula ganhou projeção
e o envolvimento com a política era não apenas um caminho natural, mas
meticulosamente estudado. Os sindicalistas eram o braço forte dos movimentos
contrários à ditadura e atraiam forças políticas de lutavam pela restauração da
democracia no país. Lula se fortaleceu e ganhou projeção nacional ao liderar uma
grande reivindicação em 1977 da reposição aos salários, que teve ampla cobertura na
imprensa.
O caminho para o ingresso na vida pública já estava pavimentado e, graças a sua
projeção, Lula começava a atrair lideranças políticas. Esperto, aproveitava a
aproximação de políticos notórios para ampliar sua projeção pessoal. Em meados da
década de 70, Lula passou a ser visto como uma alternativa da esquerda brasileira e
passou a fazer parte de um plano de poder de um grupo político formado por
ideólogos que planejavam criar um partido, mas que precisavam de um "mascote".
Lula topou a jogada e em 1980, antes mesmo da fundação do PT, alterou
judicialmente seu nome de Luiz Inácio da Silva para Luiz Inácio Lula da Silva, visando
a usar o nome em pleitos eleitorais; a legislação vigente proibia o uso de apelidos pelos
candidatos.
A ideia de chegar ao poder através do investimento maciço na imagem de um ex-metalúrgico
e líder sindical foi inspirada no exemplo do líder sindical Lech Wałęsa,
um dos fundadores do sindicato Solidarność (Solidariedade) da Polônia. Wałęsa se
tornou presidente do país 13 anos antes de Lula ocupar o mesmo cargo no Brasil.
O modus operandi dos ideólogos do Solidariedade era o mesmo do PT. A diferença é
que o sucesso subiu a cabeça de Lula. Achando-se muito esperto, o petista usou e
abusou da boa fé das pessoas, subestimou as instituições e acreditou ter se tornado
intocável, em virtude de sua extraordinária popularidade.
Lula não contava com o surgimento de uma figura como o juiz federal Sérgio Moro.
Com sua perspicácia e determinação, o magistrado revelou ao mundo a verdadeira
face de Lula: um mero oportunista ladrão e corrupto.
fonte: Folha Política