sábado, 4 de março de 2017

‘Juca Bala’, doleiro do esquema Sérgio Cabral, é preso no Uruguai

A Procuradoria-Geral da República e a Polícia Federal, em parceria com a Interpol e o Ministério Público do Uruguai, prenderam nesta sexta-feira, 3, os doleiros brasileiros Vinícius Claret, o Juca Bala, e seu sócio Cláudio Fernando Barbosa, ambos investigados por envolvimento em operações de lavagem de dinheiro do esquema do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB-RJ).

A informação sobre a prisão de ‘Juca Bala’ e Barbosa foi divulgada pelo Jornal Nacional, da TV Globo, e confirmada pela reportagem do Estadão.

As ordens de prisão foram decretadas pelo juiz Marcelo Bretas, da Justiça Federal no Rio, a pedido da força-tarefa do Ministério Público Federal.

A operação que levou à prisão dos doleiros foi coordenada pela Secretaria de Cooperação Internacional da Procuradoria com as autoridades uruguaias e o adido da PF no Uruguai, delegado Martinez.

Juca Bala e Barbosa estão detidos na polícia uruguaia, onde aguardam a conclusão do processo de extradição junto às autoridades do país para que sejam transferidos para o Rio. O MPF ainda não encaminhou o pedido de extradição, que só é enviado após as prisões, o que deve ocorrer nos próximos dias.

Em delação premiada na Operação Calicute – cujo alvo maior é Sérgio Cabral, preso desde novembro de 2016 em Bangu 8 – os irmãos e também doleiros Renato e Marcelo Chebar confessaram participação no esquema de lavagem de dinheiro atribuído ao peemedebista.

Os Chebar revelaram que, em 2007, com ‘o aumento do ingresso do volume de recursos’ no esquema Cabral, tiveram de adquirir dólares no mercado paralelo’.

“As operações com os clientes do IDB/NY (Israel Discount Bank of New York) já não eram mais suficientes”, disseram. Acionaram, então, ‘um doleiro de apelido ‘Juca’, referência a Juca Bala.

Apesar de não identificar o doleiro ‘Juca’ ou ‘Juca Bala’, os delatores afirmaram que “ele é brasileiro que mora no Uruguai, mas que tem uma ‘estrutura’ no Rio para movimentar o dinheiro ilícito”.

Os delatores afirmaram que só falavam com o doleiro através do programa de mensagens Messenger, usando um sistema de criptografia. Segundo os irmãos Chebar, o ex-governador do Rio tem US$ 100 milhões escondidos no exterior.

Sérgio Cabral já responde a cinco ações penais na Justiça Federal no Rio e no Paraná, acusado de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha envolvendo desvios milionários ligados a obras durante sua gestão à frente do governo do Rio (2007 a 2014).