quinta-feira, 6 de abril de 2017

Entrevista de Dilma foi considerada um 'desastre completo' para sua própria defesa

Um dos únicos consensos entre ministros, advogados e procuradores na tumultuada sessão de ontem do Tribunal Superior Eleitoral era de que a entrevista concedida por Dilma Rousseff no dia do início do julgamento do pedido de cassação da chapa que encabeçava foi uma bomba. Para ela.

Advogados ligados ao PT já se arrepiaram de a ex-presidente abrir o verbo sobre o caso que pode levar à perda de seus direitos políticos justamente ontem. 

Mais: quando diz que seu comitê financeiro custeou quase todas as despesas de Michel Temer, de jatinhos ao pagamento de salário de assessores, e foi responsável pelo grosso da arrecadação, Dilma praticamente corroborou a tese de que Temer não teve a chamada “responsabilidade objetiva” por eventuais irregularidades no caixa.

“É um desastre completo essa entrevista agora!”, espantava-se um jurista simpático ao PT diante das declarações de Dilma, dadas ao jornal Folha de S.Paulo. Dois ministros do TSE expressaram a mesma opinião.

A defesa de Temer não deixará passar o sincericídio da ex-presidente. Vai utilizar a entrevista como prova na nova manifestação que poderá fazer nos autos com a reabertura do prazo. 

Outro revés lamentado pelos petistas foi a decisão de ouvir o marqueteiro João Santana e sua mulher, Mônica Moura. Os dois, que tiveram as delações homologadas ontem, podem corroborar o que disseram os delatores da Odebrecht sobre pagamentos feitos pela empreiteira no exterior para as campanhas dilmistas.

Resultado foi ‘melhor que a encomenda’, avalia Planalto

No Palácio do Planalto, o resultado ontem foi considerado melhor que a expectativa. A reabertura da fase de oitivas, avaliam aliados do presidente, complica apenas Dilma. E o adiamento sem prazo para que o caso volte ao plenário praticamente selou a ausência de Luciana Lóssio do julgamento. Ela é considerada um possível voto pela cassação da chapa, sem perda dos direitos políticos de ambos – desfecho que só prejudicaria Temer.