O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, já começou a abrir o bico mesmo
antes de dar início às tratativas de seu acordo de delação premiada. O político
demonstrou irritação na semana passada ao ser introduzido por agentes
penitenciários na traseira de um camburão que o levou para prestar depoimento ao
juiz Marcelo Bretas.
Durante o depoimento, Cabral jogou pedras no atual governador Luis Fernando Pezão
e em seu cúmplice Fernando Cavendish, a que que chamou de puxa-saco. O humor
azedo de Sérgio Cabral fez soar um alerta na cúpula do PT e deixou os ex-presidentes
Lula e Dilma bastante preocupados.
Cabral possui uma longa história de amor com Lula e os dois viveram momentos
gloriosos quando desfrutavam de prestígio e poder. Mas o declínio de seu status
retratado nas páginas policiais e a vida nada glamourosa na prisão fez com que Cabral se tornasse um homem amargo, ressentido e perigoso. Esta semana, o ex-governador
admitiu que gastou mais de R$ 100 milhões em recursos de origem ilícita em suas
campanhas. A preocupação do PT agora é que Cabral terá que prestar conta sobre
como, quando e com influência de quem conseguiu colocar a mão nesta bolada. Todos
sabem que na 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, comandada pelo juiz
Marcelo Bretas, um milhãozinho à toa pode complicar a vida de muita gente.
Prevendo que terá problemas com o ex-colega, Lula afirmou esta semana que "acha
que Cabral é culpado pelos crimes que é acusado". O amor já acabou. Agora começa a
fase do litígio.